*Pensar o Espiritismo*
*Doutrina*
REENCARNAÇÃO: OUTROS DETALHES
A reencarnação significa a volta do Espírito em sucessivos corpos, diferentes uns dos outros. A reencarnação é o enclausuramento do Espírito, uma prisão, a qual fornece subsídios
valiosos para a sua purificação. É uma espécie de auto-aniquilamento das paixões, uma depuração moral que facilita a iluminada oportunidade de entendimento. De re + encarnar, ou seja, entrar novamente na carne, encarnar novamente.
A reencarnação é um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita. Ela não é uma invenção moderna do Espiritismo; já existia na Antiguidade, especificamente na Índia
(o Budismo e o Hinduísmo são um exemplo). Embora fosse característica das religiões orientais, aparece também nas religiões primitivas e nos mistérios órficos dos gregos.
Mais recentemente, há menção dela no maniqueísmo e no gnosticismo, como também, nos movimentos teosóficos. O ponto central é a lei do karman (efeito), ou seja, a lei de causa e efeito, em que mostra que o que fizermos nesta vida terá conseqüência na próxima, isto é, na vida futura.
A reencarnação pode ser vista sob diferentes ângulos, inclusive como metempsicose, que é a volta do Espírito num corpo animal, e mesmo em plantas. Embora as religiões orientais defendam a tese moral da metempsicose (punição
pelos erros cometidos), a Doutrina Espírita, sob a orientação dos Espíritos superiores, não aceita tal teoria, afirmando que a reencarnação propriamente dita diz respeito apenas
aos seres humanos, aqueles Espíritos que adentraram no reino hominal, e não podem mais retrogradar.
Muitos escritores espíritas usam o termo reencarnação como sinônimo de palingenesia. Há que se esclarecer: a palingenesia, de palin (de novo) e genese (nascer) é um termo amplo que se refere a todo e qualquer renascimento, quer se trate da biologia, da matéria bruta ou da vida social. O correto seria usar
a palingenesia como um caso particular de reencarnação. Em outras palavras, a reencarnação somente será sinônima de palingenesia quando as duas se referirem ao ser humano. Nesse sentido,
José Herculano Pires, em Introdução à Filosofia Espírita, diz que a palingenesia pode ser mais bem visualizada no final da pergunta 540 de O Livro dos Espíritos: “É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele mesmo começou do átomo”.
A reencarnação é a única que está de acordo com a justiça divina. Sem ela, não saberíamos explicar por quê viemos
a este mundo, por quê uns são ricos e outros pobres, por quê que uns nascem sãos e outros doentes. Ela mostra que o ser humano deve fazer a sua evolução espiritual e moral e, uma vez
iniciada, não pode mais retroagir, porque a lei do progresso é compulsória.
Há muitas pessoas que não concordam com a justiça da reencarnação. Acham que nossa existência serve apenas para
pagar dívidas passadas. A reencarnação, porém, não é punição, mas oportunidade de reajuste às Leis Divinas. Como reflexão, suponha que tivéssemos
passado esta encarnação somente fazendo mal ao nosso próximo. Desencarnamos. Isso fica incólume? Não. É preciso que tenhamos uma outra oportunidade para refazer o que fizemos de errado
e dar continuidade ao nosso progresso moral. Nesse caso, a reencarnação é um sofrimento, que devemos suportar com coragem e resignação, pois o mal sofrer pode acarretar novos débitos para o futuro.
Agradeçamos a oportunidade da reencarnação. Quem estiver cansado de reencarnar que se purifique.
*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*
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