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segunda-feira, 20 de junho de 2016

EVANGELHO ESSENCIAL 12 #12 - AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

EVANGELHO ESSENCIAL 12

Eulaide Lins
Luiz Scalzitti

12 - AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

Aprendestes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiaras os teus inimigos.” Eu, porém, te digo: “Ama os teus inimigos; faça o bem aos que te odeiam e ora pelos que te perseguem e caluniam, a fim de seres filho do teu Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque se só amares os que te amam, qual será a tua recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os teus irmãos saudardes, que é o que com isso farás mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)

- “Digo-te que, se a tua justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrarás no reino dos céus.” (S. MATEUS, cap. V, v. 20.)

“Se somente amares os que te amam, que mérito se reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que os amam? – Se o bem somente fizeres aos que te fazem-no, que mérito se reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida? - Se só emprestares àqueles de quem possas esperar o mesmo favor, que mérito se reconhecerá, quando as pessoas de má vida se ajudam mutuamente dessa maneira para auferir a mesma vantagem? Pelo que te toca, ama os teus inimigos, faças bem a todos e auxilia sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a tua recompensa e serás filho do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus. - Sejas cheio de misericórdia, como cheio de misericórdia é o teu Deus.” (S. LUCAS, cap. VI, vv. 32 a 36.)

Retribuir o mal com o bem

Se o amor ao próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a sua aplicação máxima, porque a posse dessa virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
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Não pretendeu Jesus assim falando que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela demonstrações de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude.

Entre as pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver os mesmos laços de simpatia que existem entre as que compartilham das mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, satisfação igual ao que sente na companhia de um amigo.
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Amar os inimigos não é ter-lhes uma afeição forçada, por que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diferente do seu bater ao contato de um amigo.
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Amar os Inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos fazem; é não opor nenhum obstáculo á reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar alegria, em vez de tristeza, com o bem que lhes aconteça; é socorrê-los, em caso de necessidade; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
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Pela destinação da Terra, encontram-se homens maus e perversos; já que as maldades com que o homem se defronta fazem parte das provas que deve suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca torna-lhe menos amargos os problemas da vida, quer venham dos homens, quer das coisas.
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O homem não se deve queixar das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe servem de instrumento. Se, em vez de se lamentar, agradece a Deus experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá oportunidade de demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esta ideia o dispõe naturalmente ao perdão. Sente que quanto mais generoso for, tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do alcance dos dardos do seu inimigo.
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O homem que no mundo ocupa elevada posição não se considera ofendido com os insultos daquele a quem olha como seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o diminuiriam e o rebaixariam. Para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre e generosa do que a desse último.

Os inimigos desencarnados

A morte apenas livra ao homem da presença material de seu inimigo, pois este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; assim, a vingança assassina que se proponha realizar falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de prosseguir de uma existência a outra.
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A expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo.
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Não há coração tão perverso que, mesmo de má vontade, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo motivo da vingança, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte.
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Com um mau procedimento, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento da justiça de Deus para punir aquele que não perdoou.
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Pode-se assim encontrar inimigos entre os encarnados, bem como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua maldade pelas obsessões e subjugações a que tantas pessoas estão expostas e que representam um variedade de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser que, por isso, as deve receber com resignação e como consequência da natureza inferior do globo terrestre. Se não existissem homens maus na Terra, não haveriam Espíritos maus ao seu redor.
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Antigamente, sacrificavam-se vítimas sangrentas para apaziguar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém consegue pacificá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, por meio da caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e sim, também o de os conduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles.

Se alguém te bater na face direita, apresenta também a outra Aprendeste que foi dito: olho por olho e dente por dente. - Eu, porém, te digo que não resistas ao mal que te queiram fazer; que se alguém te bater na face direita, lhe apresente também a outra; - e que se alguém quiser pleitear contra ti para te tomar a túnica, também lhes entregues o manto; - e que se alguém te obrigar a caminhar mil passos com ele, caminhes mais dois mil. - Dá àquele que te pedir e não rejeites aquele que te queira tomar emprestado. (S. MATEUS, cap. V, vv. 38 a 42.)

Veio o Cristo e disse: Retribui o mal com o bem. E disse ainda: "Não resistas ao mal que lhes queiram fazer; se alguém lhes bater numa face, apresenta-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porque ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em realizar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente. Enunciando aquela máxima, não pretendeu Jesus proibir toda defesa, mas condenar a vingança.

Disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ferido do que ferir, de suportar pacientemente uma injustiça do que praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros.
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Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhes sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio.

Daí repetirmos incessantemente: Lancem para o futuro o olhar; quanto mais se elevarem pelo pensamento acima da vida material, tanto menos lhes magoarão as coisas da Terra.

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A vingança
Espírito Júlio Oliver-Paris,1862

A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. É, como o duelo, um dos últimos vestígios dos hábitos selvagens que faziam a Humanidade sofrer no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui sinal certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem.
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Vingar-se é tão contrário àquele ensinamento do Cristo: "Perdoa aos teus inimigos", que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão.
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O agressor não recua diante da calúnia e suas traiçoeiras insinuações que são habilmente espalhadas em todas as direções, vão crescendo pelo caminho. Em consequência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro envenenado do perseguidor, espanta-se por encontrar rostos frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que anteriormente o acolhiam. Fica atônito quando mãos que se estendiam, agora se recusam a apertar as suas. Enfim, sente-se arrasado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam. O covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que aquele que vai direto a seu inimigo e o insulta de cara limpa.
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O ódio
Fénelon –Bórdeus, 1861

Penoso é o sacrifício de amarem os que lhes ofendem e perseguem; mas, precisamente, esse sacrifício é que lhes torna superiores a eles. Se os odiassem, como lhes odeiam, não valeriam mais do que eles. Embora a lei de amor mande amar indistintamente a todos os nossos irmãos, ela não protege o coração contra os maus procedimentos; esta é, ao contrário, a prova mais angustiosa porque, durante a minha última existência terrena experimentei essa tortura. Mas Deus existe e pune nesta vida e na outra os que violam a lei de amor. Não esqueçam que o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distância dele.

O duelo
Adolfo, bispo de Argel. (Marmande, 1861.)

Arriscar a vida em duelo para se vingar de uma ofensa é recuar diante das provações da vida, é sempre um crime aos olhos de Deus; e, se não fossem como são, iludidos pelos seus preconceitos, tal coisa seria ridícula e uma suprema loucura aos olhos dos homens.
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Há crime no homicídio em duelo; a própria legislação o reconhece.

Ninguém tem o direito, em caso algum, de atentar contra a vida de seu semelhante: é um crime aos olhos de Deus, que lhes traçou a linha de conduta que tem de seguir. Nisso, mais do que em qualquer outra circunstância, são juízes em causa própria. Lembrem-se de que somente lhes serão perdoados conforme perdoares; pelo perdão se aproximam da Divindade, pois a clemência é irmã do poder. Enquanto na Terra correr uma gota de sangue humano, vertida pela mão dos homens, o verdadeiro reino de Deus ainda aí não se terá implantado, reino de paz e de amor, que há de afastar para sempre deste planeta a animosidade, a discórdia, a guerra. Então, a palavra duelo somente existirá na linguagem humana como longínqua e vaga recordação de um passado que se foi.
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Um Espírito protetor. (Bordéus, 1861.)

O duelo, para o duelista hábil, é um assassinato praticado a sangue frio, com toda a ação planejada, uma vez que ele está certo da eficácia do golpe que desfechará. Para o adversário, quase certo de morrer em virtude de sua fraqueza e inabilidade, é um suicídio cometido com a mais fria reflexão.

COMENTÁRIO
AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

Se o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar os inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa virtude constitui uma das maiores conquistas sobre o egoísmo e o orgulho. Essa manifestação de amor não será a mesma que exprimimos a um ente que nos é querido e fraterno, não estará revestida da mesma ternura que alimentamos àqueles que os são mais solícitos e correspondem-nos de maneira carinhosa. Não poderemos ter também a mesma confiança reservada a quem nos inspire reciprocamente o ódio. Não pode ser uma relação falsa, pois nunca será da mesma forma que quando estamos com um desses que nos tocam o íntimo de maneira mais serena. É mesmo uma lei da física a atração e repulsão dos fluidos, sentimentos e afinidades. Sabemos todos que de acordo sejam os pensamentos que emitimos, junto vão nossos fluidos mais leves quando resultantes da simpatia, e mais pesados se resultantes da antipatia. Podemos dizer de maneira simples e direta que o que não devemos é alimentar o pensamento menos nobre em relação àqueles que nos instigam o sentimento de repulsa. É não alimentarmos o sentimento de ódio, rancor, e mesmo sentimento de vingança, assim como quando vemos um garoto da vizinhança em uma moto e dizemos: “podia cair e quebrar a cara para aprender”, esse é o tipo de pensamento e ação que Jesus nos incita a controlar, pode não nos ser simpática a atitude do mesmo, mas não nos é dado julgar.

Precisamos aprender a perdoar assim como gostaríamos de sê-lo quando cometemos alguma atitude menos agradável ou ação que produza prejuízo a alguém, mas que por nossa esperteza passa muitas vezes despercebida. Só por que aquele que queremos odiar não conseguiu progresso moral, não quer dizer que sejamos mais perfeitos.

Essa é a ideia mais aproximada da que Jesus nos disse amar ao nosso inimigo. Não alimentemos os nossos sentimentos de ira, rancor e ódio, pois somos nós mesmos os mais prejudicados. Essa atitude encerra mais um singelo, embora difícil procedimento. Se não devemos odiar, não devemos também humilhar, sim precisamos amar aos inimigos e mesmo ter condescendência em relação às suas atitudes, mas não fazermos disso uma arma que o atinja na sua dignidade, demonstrando com esta atitude o orgulho nosso, assim como detestamos no outro.

Devemos ser indulgentes, mas não ferir o amor próprio daquele que consideramos ser nosso inimigo. Entendendo por que muitas vezes o nosso irmão não tem a mínima intenção de ser nosso inimigo, mas, nós com nossa maneira de pensar, assim o avaliamos. Por isso precisamos ter em mente que não devemos criar barreiras à nossa volta, não permitindo nenhuma possibilidade de reconciliação. O caminho desta situação é resolvido muito coerentemente pelo entendimento que o próprio Jesus nos deu de vida futura, e de ressarcimento de dívidas passadas, além é claro do processo reencarnatório que nos suscita a ideia de podermos enfrentar tais vicissitudes para que assim, e como é do nosso entendimento moderno, sem estudo não há mérito e nem promoção da pessoa humana, nem intelectual, nem materialmente falando. É evidente que muitos desses desentendimentos seriam inexistentes se fossemos menos orgulhosos, pois o orgulho é que, na verdade, alimenta a nossa fúria, mas notem que aquele que se sente inatingível, pela posição que ocupa na sociedade, ou pela humildade de espírito de que é investido, não leva tudo em consideração e nem se perturba com determinadas declarações de animosidade alheia. “Só é verdadeiramente grande aquele que, considerando a vida como uma viagem que tem um destino certo, não se incomoda com as asperezas do caminho, não se deixa desviar nem por um instante da rota certa.”

Adolfo, Bispo de Alger, Marmande, 1861.E.S.E.

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