**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**
Eixo Temático: A Busca da Felicidade
Ética da Felicidade
(Vianna de Carvalho, in “Espiritismo e Vida” – Cap
29)
No seu tratado de Ética a Nicómano,
seu filho, Aristóteles afirma que o ser humano foi galardoado por três tipos de
bênçãos da vida: as que vêm de fora, as do corpo e as da alma.
Vinte e um séculos quase depois das suas profundas
reflexões que serviram de base para a construção da ética ocidental, Arthur
Schopenhauer, analisando os valores da vida, mantém as três divisões, porém sob
aspecto algo diversificado, como seja: a personalidade, a propriedade e a posição.
Na sua análise, o ilustre filósofo alemão conceitua a personalidade como aquilo que o ser humano é, incluindo a saúde, a educação, o
temperamento, as suas conquistas intelectuais, sociais, os tesouros de ordem
moral de que se exorna, adquirindo a individualidade, aquilo que permanece, embora
se alterem as circunstâncias existenciais.
A personalidade
desenvolve-se no ser humano cada vez
mais graças aos recursos da vontade e da aplicação do esforço interior para
qualificar-se, autorrealizando-se e fruindo bem-estar em razão das conquistas
que incorpora à própria conduta.
A propriedade
constitui o fruto das aquisições
externas que se consegue amealhar em decorrência das necessidades aparentes
para o triunfo material.
Nada obstante, o acúmulo de bens e de tesouros vários,
embora proporcione conforto e destaque na comunidade, não consegue impedir o
surgimento dos conflitos geradores do tédio e da dor, na sua opinião, grandes
adversários da felicidade.
O que se possui é externo e passa de mãos, transferindo-se
de um para outro possuidor, normalmente deixando uma certa frustração naquele
que detinha a posse. Isto porque, o que se possui não satisfaz plenamente,
induzindo a ambições descabidas e tormentosas, em forma de sede insaciável de
querer-se mais.
Na atualidade, os jogos das bolsas de valores e os seus
pregões, as variações do câmbio e as alterações do mercado, as disputas
empresariais e a oscilação dos preços das ações geram ansiedade e medo,
normalmente afligindo os endinheirados e possuidores de grandes
empreendimentos.
Por um momento encontram-se no topo da fortuna, e, logo
depois, trocam de lugar, em decorrência das mudanças impostas pelos interesses
e pressões nacionais e internacionais...
Sob outro aspecto, a facilidade para desfrutarem o prazer
até a exaustão e a luxúria até o entorpecimento das sensações abre espaços
emocionais para o desinteresse pela vida que se transforma em vazio existencial.
As incertezas a respeito da preservação dos recursos
acumulados induzem a comportamentos alienantes, quais a desconfiança nos
relacionamentos, a dificuldade para as resoluções afetivas e a perda da
identidade, passando a crer que as demais pessoas são incapazes de devotar-lhes
amor, pelo contrário, antes mantendo interesses subalternos voltados para as
suas posses...
Certamente, seguindo a linha de pensamento do filósofo de
Dantzig, um mendigo saudável é muito mais feliz do que um monarca poderoso e
enfermo...
De alguma forma, esse jogo de interesses, para
Schopenhauer, proporciona uma visão especial a respeito da vida que se
transforma num teatro, no qual as criaturas se convertem em atores desempenhando
papéis transitórios, todos, no entanto, iguais na sua essência;
Esse comportamento induz a uma desvalorização do subjetivo
em relação ao objetivo, no qual se colocam os interesses existenciais, sem que
se deem conta aqueles que assim procedem, da relatividade desses últimos, que
se fixam na insegurança emocional dos seus proprietários que se lhes imantam,
deixando de experienciar outros extraordinários significados que a vida oferece
a todos quantos com eles se identificam.
A posição
diz respeito à maneira como cada
pessoa se coloca em relação à consideração que espera receber dos outros, no
grupo social onde se movimenta, sempre preocupado com a opinião externa em
torno de si, defluente da honorabilidade como é tratado e da respeitabilidade que
goza ou não a sua fama.
Filha da insensatez presunçosa, a posição torna-se
uma ambição desregrada para cultivar-se e preservar-se a imagem, a aparência
exclusivamente.
Atormentam-se essas criaturas que assim se comportam,
sofrendo enquanto não alcançam os patamares das situações de relevo, e, mesmo
quando os conseguem, ainda permanecem sob os camartelos da angústia, chegando à
promoção de escândalos de modo a serem motivo de comentários, permanecendo no
topo das opiniões divergentes na mídia terrestre.
Gostariam de estar sempre bem vistas, de receberem a
bajulação dourada e mentirosa, de chamarem a atenção, embora no íntimo
reconheçam que todo esse teatro não passa de uma comédia ridícula e cansativa.
São-lhes de alta magnitude essas situações que as
evidenciam, destacando-as na comunidade humana, inflando-as de orgulho vazio,
porque responsáveis pela exteriorização, lutando sempre para disfarçarem os
conflitos nos quais se debatem.
A honra, ou aquilo que consideram como tal, deve ser
conquistada, impondo superioridade e proporcionando comportamentos, às vezes,
esdrúxulos, pela preocupação incessante de parecerem ante a impossibilidade de
serem realmente honoráveis.
Esse tipo de valor, que deflui das conquistas ético-morais
equivocadas, nessa luta vã em que se procura aparentar felicidade sem a
harmonia de ser ditoso, proporciona a postura mentirosa em decorrência da qual
firmam-se conchavos indignos, elaboram-se leis inqualificáveis, negociam-se
situações calamitosas, de maneira que fiquem escamoteados os crimes e os
deslizes morais e comportamentais, enquanto a máscara da farsa mantém-se
afivelada à face do indivíduo.
A presunção também se destaca nessa circunstância,
intoxicando o seu portador com os vapores que levam às fantasias da
superioridade que se atribuem, da existência excepcional que desfrutam, do
status que fruem...
Trata-se de glórias assentadas na neblina da ilusão que o
sol da realidade dilui, deixando suas vítimas desnudas enfrentando a própria
consciência.
Felizmente, Schopenhauer destaca o primeiro requisito como
fundamental para a construção da ética da felicidade, que seriam as aquisições
internas da personalidade, as que dignificam e tranquilizam o indivíduo,
proporcionando-lhe contínuo bem-estar.
A visão espírita em torno da ética para a conquista da
felicidade ilumina o conceito de Aristóteles, no que diz respeito às dádivas da
alma, em razão da sua imortalidade, assim como completa a classificação de
Schopenhauer ao acrescentar a reencarnação, em cujas vivências múltiplas são
adquiridos os preciosos tesouros da sabedoria e da iluminação interior.
Através dessas inúmeras experiências evolutivas o Espírito
desenvolve os atributos divinos que lhe são inerentes, libertando-se das
constrições impostas pelas fases primeiras por onde transitou e desvelando o
sol da eterna primavera – felicidade ! – cada vez mais pujante.
Na retaguarda ficam as conquistas de fora – propriedades – por ultrapassadas, logo esquecidas as externa – do corpo,
a posição – destituídas de sentido ético, porquanto no curso dos
sucessivos renascimentos, o príncipe retorna como pajem, o escravo volve na
condição de senhor, o mandatário ressurge em submissão, vivenciando-se
personificações múltiplas, cujas contribuições produzem a individualidade real,
que é o Espírito em si mesmo.
A ética espírita para a felicidade encontra-se estatuída
nas lições incomparáveis do amor que, sem relutância, é o instrumento mais eficaz
para a conquista do universo de si mesmo, em razão da harmonia interna que
proporciona e da alegria perene de viver no corpo ou fora dele, sempre, porém,
na vida, já que se é imortal.
FREQUENTE UMA
CASA ESPÍRITA,
QUER RESPOSTAS?
ENCONTRE-AS NO
LIVRO DOS ESPIRITOS .
GRUPOS
UNIVERSO ESPÍRITA
- 16 9
97935920 - 31 8786-7389
WHATSAPP E
TELEGRAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário