**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**
A ARMA
INFALÍVEL
Pelo
Espírito Neio Lúcio. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro: Alvorada Cristã. Lição nº 12. Página 57.
Certo dia, um homem revoltado criou um poderoso e longo pensamento de
ódio, colocou-o numa carta rude e malcriada e mandou-o para o chefe da oficina
de que fora despedido.
O pensamento foi vazado em forma de ameaças cruéis.
E quando o diretor do serviço leu as frases ingratas que o expressava,
acolheu-o, desprevenidamente, no próprio coração, e tornou-se furioso sem saber
por quê.
Encontrou, quase de imediato, o subchefe da oficina e, a pretexto de
enxergar uma pequena peça quebrada, desfechou sobre ele a bomba mental que
trazia consigo.
Foi a vez do subchefe tornar-se neurastênico, sem dar o motivo. Abrigou
a projeção maléfica no sentimento, permaneceu amuado várias horas e, no
instante do almoço, ao invés de alimentar-se, descarregou na esposa o perigoso
dardo intangível.
Tão só por ver um sapato imperfeitamente engraxado, proferiu dezenas de
palavras feias; sentiu-se aliviado e a mulher passou a asilar no peito a
odienta vibração, em forma de cólera inexplicável.
Repentinamente transtornada pelo raio que a ferira e que, até ali,
ninguém soubera remover, encaminhou-se para a empregada que se incumbia do
serviço de calçados e desabafou. Com palavras indesejáveis inoculou-lhe no
coração o estilete invisível.
Agora, era uma pobre menina quem detinha o tóxico mental. Não podendo
despejá-lo nos pratos e xícaras ao alcance de suas mãos, em vista do enorme
débito em dinheiro que seria compelida a aceitar, acercou-se de velho cão,
dorminhoco e paciente, e transferiu-lhe o veneno imponderável, num pontapé de
largas proporções.
O animal ganiu e disparou, tocado pela energia mortífera, e, para
livrar-se desta, mordeu a primeira pessoa que encontrou na via pública. Era a
senhora de um proprietário vizinho que, ferida na coxa, se enfureceu
instantaneamente, possuída pela força maléfica.
Em gritaria desesperada, foi conduzida a certa farmácia; entretanto,
deu-se pressa em transferir ao enfermeiro que a socorria a vibração
amaldiçoada. Crivou-o de xingamentos e esbofeteou-lhe o rosto. O rapaz muito
prestativo, de calmo que era, converteu-se em fera verdadeira.
Revidou os golpes recebidos com observações ásperas e saiu, alucinado,
para a residência, onde a velha e devotada mãezinha o esperava para a refeição
da tarde. Chegou e descarregou sobre ela toda a ira de que era portador.
- Estou farto! – bradou - a senhora é culpada dos aborrecimentos que me
perseguem! Não suporto mais esta vida infeliz! Fuja de minha frente!...
Pronunciou nomes terríveis. Blasfemou. Gritou colérico, qual louco.
A velhinha, porém, longe de agastar-se, tomou-lhe as mãos e disse-lhe
com naturalidade e brandura:
- Venha cá, meu filho! Você está cansado e doente! Sei a extensão de seus
sacrifícios por mim e reconheço que tem razão para lamentar-se. No entanto,
tenhamos bom ânimo! Lembremo-nos de Jesus!... Tudo passa na Terra. Não nos
esqueçamos do amor que o Mestre nos legou...
Abraçou-o, comovida, e afagou-lhe os cabelos!
O filho demorou-se a contemplar-lhe os olhos serenos e reconheceu que
havia no carinho materno tanto perdão e tanto entendimento que começou a
chorar, pedindo-lhe desculpas.
Houve então entre os dois uma explosão de íntimas alegrias.
Jantaram felizes e oraram em sinal de reconhecimento a Deus.
A projeção destrutiva do ódio morrera, afinal, ali, dentro do lar
humilde, diante da força infalível e sublime do amor.
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