DOS CONFRADES
NÃO SE TURBE O VOSSO CORAÇÃO
Quando as folhas das árvores começam a ficar douradas, enfeitando os nossos jardins com um colorido nostálgico e brando, a alma começa a recordar-se do Natal. E o pensamento voa até aos dias da infância quando a vida era apenas uma promessa.
Quase sempre é com um sorriso que recordamos esta época. Há, porém, aqueles em cujo coração se instala a angústia, a frustração, a sensação de abandono que se agudiza numa fase em que, de tanto se falar em solidariedade e fraternidade, eles se sentem ainda mais sós.
São pessoas a quem a vida deu recursos suficientes para viverem com dignidade, que têm um emprego que lhes permite a manutenção da vida material, que estão integrados num núcleo familiar mas que vivem desajustados e para quem as imagens de alegria produzem uma imensa tristeza.
São almas portadoras de perturbações difíceis de definir e, sobretudo, difíceis de solucionar. Têm as suas raízes nas vidas pretéritas, em momentos de insensatez e leviandade vividos de forma inconsequente. Mas toda a ação tem um efeito. E na sequência das reencarnações, mais dia menos dia, sentimos o resultado das nossas decisões. Surgem as mutilações físicas, visíveis, e surgem também as mutilações do campo emocional, no campo psíquico, e nos dias de alegria a alma parece sentir-se agredida, sem mérito para viver essa felicidade que parece pertencer apenas aos outros.
Porém, a mensagem de Jesus mantém-se atual, dirigindo-se, sobretudo, aos que mais precisam de consolo e compreensão: os aflitos, a quem Ele continua a abençoar. Se os que mais sofrem guardassem a certeza de que são assistidos nas suas dores, compreenderiam melhor o Natal e entenderiam que a verdadeira alegria desta época paira acima das manifestações ruidosas. Que o colorido que enfeita as ruas das nossas cidades não se compara à beleza que irradia da alma daqueles que entendem Jesus. E que o Mestre, o próprio Mestre, ao surgir aos nossos olhos na figura de um menino, fê-lo na esperança de que aprendêssemos a tornar a nossa alma simples, vazia de preconceitos e repleta de generosidade.
Compreender o Natal é sair de nós próprios para ver o mundo à nossa volta, com o olhar da criança que tudo observa pela primeira vez e fazer pelos outros tudo o que estiver ao nosso alcance. A depressão será eliminada do campo mental, o desajuste afetivo será diluído pela força de um novo amor que surgirá, forte e enriquecedor. E a expressão de desalento e tristeza será substituída pela tranquilidade que reflete a aceitação e a capacidade de esperar melhores dias relembrando as palavras de Jesus: Não se turbe o vosso coração....
A Libertação, revista da Fraternidade Espírita Cristã (Rua da Saudade, 8 1o 1100-583 Lisboa Portugal www.fec.pt).
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