*O LIVRO DOS
ESPÍRITOS *Estudo de:
Eurípedes Kühl
PARTE QUARTA - Das esperanças e
consolações
CAPÍTULO I — DAS PENAS E GOZOS
TERRENOS - (questões 920 a 957)
*1.1 – Felicidade e infelicidade relativas - (questões 920 a 933)*
Na Terra o homem só
encontrará felicidade parcial, eis que as provas e expiações não permitem a
total. A prática do bem carreará bem-estar e paz de consciência, fatores que,
de alguma forma, representam felicidade relativa.
A resignação das
vicissitudes terrenas e a fé na vida futura consolam o passageiro,
comparando-as a nada mais que eventuais transtornos de uma viagem com destino a
local aprazível.
À questão 922 encontramos memorável
resposta (dentre tantas desta obra) dos Tutelares da Vida Maior, refletindo
sobre o que seria a felicidade para todos:
*Com relação à vida material, é a posse do necessário.*
*Com relação à vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro.*
Vamos repetir o
conselho do saudoso Chico Xavier: “tudo o que estiver sobrando em nossa casa
com certeza estará faltando na casa de alguém”.
Dito isso, nada
mais seria necessário aduzir quanto ao supérfluo, senão e apenas como figura de
retórica lembrar que, se só temos dois pés, para quê manter dezenas de pares no
porta-calçados? Se só moramos numa casa, para quê possuir incontáveis imóveis
residenciais? Se só podemos dirigir um carro, para quê estacionar muitos deles
na garagem? E a conta no Banco: exclusive o que seja previdente, para quê
amontoar mais ouro?
A riqueza é prova
difícil. Atrai inveja, desperta o poder do mando, oferta facilidades e
mordomias incontáveis, confere poder e autoridade... E, na verdade, não passa
de um empréstimo de Deus.
A pobreza extrema
induz ao raciocínio de que quem a padece expia falta cometida, contudo e
obviamente, jamais essa reflexão excluirá o dever cristão da ajuda.
Chegada a época de
trabalhar o homem já tem estruturado em sua mente um projeto vocacional, que
deverá auscultar. Desviar-se dessa espécie de intuição só trará aborrecimentos,
deslocamento profissional, revezes e humilhação. Por ex: talvez onde há um mau
advogado, existe em potencial um excelente mecânico... Assim, os anos na
faculdade de Direito podem ser taxados de desperdício (de tempo e de vocação).
Assim, não há
profissão desprezível. O que há é profissionais sem vocação.
Ao incapaz o mundo
deve — repito: deve — prover.
Invejar os ricos é
desconhecer suas vidas, de forma integral. Quem assegura que todos são felizes
e que a paz lhes é companhia?
OBS: No capítulo
anterior (3ª. Parte, XII) vimos conceituações de paixão. Agora, neste
capítulo, à questão 933, encontramos esse registro:
“(...) os sofrimentos materiais
algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição
frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões,
numa palavra, são torturas da alma” (Grifei). E fiz essa observação para frisar
como paixão é coisa complicada...
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