O LIVRO DOS
MÉDIUNS
(Guia dos
Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
ALLAN KARDEC
Contém o
ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIV
OS MÉDIUNS
Médiuns videntes
Estudo 57- Itens 167 - 171
Médiuns videntes são os
dotados da faculdade de ver os Espíritos. Pode ser em estado normal, em
vigília, guardando a lembrança precisa do que viu. Outros, só a possuem em
estado sonambúlico. Não é permanente, muitas vezes sendo o resultado de alguma
situação passageira. O médium acredita ver com os olhos, como os que têm dupla
vista, isto e, é a alma que vê, podendo dispor dela quem tem visão normal ou
não. É uma faculdade em que se há de ter especial atenção, porque o vidente
normalmente interpreta o que vê segundo seu modo pessoal ou o momento que
esteja vivendo. Recordemos Emmanuel Swendenborg que interpretou e adaptou a
realidade segundo suas ideias, restrições e convicções.
Afirma Allan Kardec que
"(...) A faculdade consiste na possibilidade, senão permanente, pelo menos
muito frequente de ver qualquer Espírito que se apresente, ainda que seja
absolutamente estranho ao vidente. A posse dessa faculdade é que constitui
propriamente falando, o médium vidente (...)".
No livro Mediunidade o
professor Herculano Pires esclarece que "(...) a vidência, como todas as
formas de mediunidade, pode ocorrer ocasionalmente a qualquer pessoa, mas a sua
ação permanente, nos casos de mediunato, pode bloquear a razão e excitar o
misticismo. Nesses casos o místico está sujeito a enganos fatais. O espírito
encarnado está condicionado à vida do plano material, não dispondo de segurança
para lidar com os problemas do plano espiritual. No desdobramento, com fins de
pesquisa no outro plano, esse problema se agrava, pois o deslocamento do
espírito para um campo de ação que não é o seu, durante a encarnação, o coloca
no plano espiritual como um estrangeiro que precisaria de um tempo para
ajustar-se a ele. Por isso Kardec preferiu o estudo e a investigação através
das manifestações mediúnicas, onde é possível controlar-se a legitimidade das
informações dadas pelos habitantes do plano espiritual.
Ressalta ainda o autor que
Charles Richet, o fundador da metapsiquica, levantou o problema do
condicionamento da vidência à crença do vidente. Relembra também que Frederic
Myers demonstrou que a nossa mente está condicionada para a interpretação das
percepções sensoriais. A consciência supraliminar, onde funciona a nossa mente
de relação, está voltada para as condições do mundo em que vivemos, e que a
consciência subliminar, que equivale ao inconsciente, destina-se a funcionar
normalmente na vida futura, ou seja, no plano espiritual.
Para Allan Kardec nada
disso passou despercebido, como se pode ver nos relatos de pesquisa nas
comunicações mediúnicas de encarnados que se encontram na Revista Espírita. Os
próprios espíritos recém-desencarnados referem-se às dificuldades que enfrentam
para adaptar-se as condições do mundo espiritual.
Como entender a existência
do mediunato de vidência? A razão nos mostra, ressalta o prof. Herculano Pires,
que esse mediunato jamais será concedido para aventuras de Espíritos encarnados
no plano espiritual, porque isso seria condenar o médium a uma situação de
dualidade perigosa na vida terrena. Esse mediunato existe, afirma ele, para
fins de auxílio às pesquisas ou para demonstrações da verdade espírita, mas não
para criar condições anômalas no campo mediúnico.
Todas essas reflexões nos
levam a entender a mediunidade de vidência como uma tarefa que está, como as
outras, condicionada ao aspecto moral, a uso que o médium dela fará,
considerando a sua condição moral. Sabemos que é uma expressão mediúnica que
coloca o médium em evidência, daí a necessidade de cuidados.
Relembramos Allan Kardec:
"(...) A faculdade de ver os Espíritos pode, sem dúvida, se desenvolver,
mas é uma dessas faculdades cujo desenvolvimento deve processar-se
naturalmente, sem que se provoque, se não quiser expor-se às ilusões da
imaginação. Quando temos o germe de uma faculdade, ela se manifesta por si
mesmo. Devemos, por princípio, contentar-nos com aquelas que Deus nos concedeu,
sem procurar o impossível, porque, então, querendo ter demais, arrisca-se a
perder o que tem (...)"
O Codificador chama a
atenção também para o fato de que médiuns videntes, propriamente ditos, são ainda
mais raros e que é prudente não lhes dar fé senão mediante provas positivas.
Algumas pessoas podem, sem dúvida, enganar-se de boa-fé, mas outras podem
simular essa faculdade por amor próprio ou interesse e nesse caso, deve-se
levar em conta o caráter, a moralidade e a sinceridade habituais da pessoa.
Em nosso próximo estudo
abordaremos Médiuns Sonâmbulos.
Bibliografia:
Kardec,
Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2ª Parte
Bighetti,
Leda Marques - Educação Mediúnica - Teoria e Prática-1º volume: 1.ed. Ribeirão
Preto: BELE, 2005 - pág 208- 210
Pires,
José Herculano - Mediunidade: 1.ed. São Paulo: PAIDÉIA,1986 - Cap III
Tereza Cristina D'Alessandro
Maio/2006
Centro
Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão
Preto - SP
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