EVANGELHO
ESSENCIAL 6b
Eulaide
Lins
Luiz
Scalzitti
5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
Causas anteriores das aflições
Se
há males nesta vida cuja própria causa é o homem, há outros também aos quais,
pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo
como por fatalidade. Por exemplo, a perda de entes queridos e a dos que são o
amparo da família. Tais os acidentes que nenhuma previsão poderia impedir; os
reveses da vida, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência;
as calamidades naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram de
tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a
idiotia, o cretinismo, etc,
Os
que nascem nessas condições nada fizeram na existência atual para merecer, sem
compensação, tão triste sorte, que não podiam evitar, que são impotentes para
mudar por si mesmos e que os põe à mercê da comiseração pública.
*
* *
Por
que seres tão desgraçados, enquanto, ao lado deles, sob o mesmo teto, na mesma
família, outros são favorecidos de todos os modos? Que dizer das crianças que
morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses
que ainda nenhuma filosofia pôde resolver, anormalidades que nenhuma religião
pôde justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência
de Deus, se se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o
corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de
alguns instantes na Terra.
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* *
Que
fizeram essas almas, que acabam de sair das mãos do Criador, para se verem,
neste mundo, ligadas a tantas misérias e para merecerem no futuro uma
recompensa ou uma punição qualquer, visto que não hão podido praticar nem o
bem, nem o mal?
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* *
Em
virtude da máxima segundo a qual todo efeito tem uma causa, tais
misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus
justo, essa causa também há de ser justa. Ao efeito precedendo sempre a causa,
se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, há de
estar numa existência anterior.
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* *
Não
podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos
punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida,
tê-lo-emos feito noutra. É uma conclusão a que ninguém pode fugir e em que a
lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.
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* *
O
homem nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual;
mas não escapa nunca às consequências de suas faltas.
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A
prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará
amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado.
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* *
A
infelicidade que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e
aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: 'Perdoa-me, Senhor,
porque errei!
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Os
sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, bem como os que
se originam de culpas atuais, são muitas vezes as consequências de erros
cometidos, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva,
sofre o que fez sofrer aos outros.
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* *
Se
foi duro e desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com
desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi
avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do
necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos,
etc.
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* *
Se
explicam pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como
mundo expiatório, os absurdos que apresenta a distribuição da felicidade e da
infelicidade entre os bons e os maus neste planeta.
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* *
Semelhante
absurdo só existe na aparência, porque considerada tão somente do ponto de
vista da vida presente. Aquele que se elevar, pelo pensamento, de maneira a
apreender toda uma série de existências, verá que a cada um é atribuída a parte
que lhe merece, sem prejuízo da que lhe caberá no mundo dos Espíritos, e verá
que a justiça de Deus nunca se interrompe.
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* *
Jamais
deve o homem esquecer que se encontra num mundo inferior, ao qual somente as
suas imperfeições o conservam preso. A cada contrariedade ou sofrimento da
vida, deve lembrar-se de que, se pertencesse a um mundo mais adiantado, isso
não se daria e que só de si depende não voltar a este, trabalhando por se
melhorar.
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* *
As
aflições podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente
ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Os
Espíritos arrependidos desejosos de reparar o mal que hajam feito e de
proceder melhor, esses as escolhem livremente.
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* *
Tal
o caso de um que, havendo desempenhado mal sua tarefa, pede lha deixem
recomeçar, para não perder o fruto de seu trabalho
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* *
As
tribulações são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que recebe nelas o
merecido castigo, e provas com relação ao futuro, que elas preparam.
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Rendamos
graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o
condena irrevogavelmente por uma primeira falta.
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* *
Não
se deve crer que todo sofrimento suportado neste mundo demonstre a existência
de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo
Espírito para concluir a sua purificação e agilizar o seu progresso.
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A
expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
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Provas
e expiações são sempre sinais de relativa inferioridade, porque o que é
perfeito não precisa ser provado.
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Pode
um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e desejando adiantar-se
mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado
será, se sair vitorioso, quanto mais difícil haja sido a luta. Tais são essas
pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de nobres sentimentos
inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas existências anteriores e
que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a
Deus que as possam suportar sem murmurar.
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Pode-se
considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à
revolta contra Deus.
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O
sofrimento que não provoca queixas pode ser uma expiação; mas, é sinal de que
foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte
resolução, o que é sinal de progresso.
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Os
Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não tenham se tornado
puros: qualquer mácula lhes impede a entrada nos mundos felizes.
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Mediante
as diversas existências corpóreas é que os Espíritos vão eliminando pouco a
pouco suas imperfeições.
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As
provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas.
Como
expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpam as
feridas e curam o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve
ser o remédio.
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Aquele
que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve alegrar-se à
ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o
seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que,
do contrário, terá de recomeçar.
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