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domingo, 3 de abril de 2016

EVANGELHO ESSENCIAL 6b - 5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

EVANGELHO ESSENCIAL 6b
Eulaide Lins
Luiz Scalzitti

5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

Causas anteriores das aflições
Se há males nesta vida cuja própria causa é o homem, há outros também aos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Por exemplo, a perda de entes queridos e a dos que são o amparo da família. Tais os acidentes que nenhuma previsão poderia impedir; os reveses da vida, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência; as calamidades naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram de tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc,
Os que nascem nessas condições nada fizeram na existência atual para merecer, sem compensação, tão triste sorte, que não podiam evitar, que são impotentes para mudar por si mesmos e que os põe à mercê da comiseração pública.
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Por que seres tão desgraçados, enquanto, ao lado deles, sob o mesmo teto, na mesma família, outros são favorecidos de todos os modos? Que dizer das crianças que morrem em tenra idade e da vida só conheceram sofrimentos? Problemas são esses que ainda nenhuma filosofia pôde resolver, anormalidades que nenhuma religião pôde justificar e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, se se verificasse a hipótese de ser criada a alma ao mesmo tempo que o corpo e de estar a sua sorte irrevogavelmente determinada após a permanência de alguns instantes na Terra.
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Que fizeram essas almas, que acabam de sair das mãos do Criador, para se verem, neste mundo, ligadas a tantas misérias e para merecerem no futuro uma recompensa ou uma punição qualquer, visto que não hão podido praticar nem o bem, nem o mal?
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Em virtude da máxima segundo a qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, há de estar numa existência anterior.
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Não podendo Deus punir alguém pelo bem que fez, nem pelo mal que não fez, se somos punidos, é que fizemos o mal; se esse mal não o fizemos na presente vida, tê-lo-emos feito noutra. É uma conclusão a que ninguém pode fugir e em que a lógica decide de que parte se acha a justiça de Deus.
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O homem nem sempre é punido, ou punido completamente, na sua existência atual; mas não escapa nunca às consequências de suas faltas.
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A prosperidade do mau é apenas momentânea; se ele não expiar hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele que sofre está expiando o seu passado.
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A infelicidade que, à primeira vista, parece imerecido tem sua razão de ser, e aquele que se encontra em sofrimento pode sempre dizer: 'Perdoa-me, Senhor, porque errei!
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Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, bem como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes as consequências de erros cometidos, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros.
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Se foi duro e desumano, poderá ser a seu turno tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer em humilhante condição; se foi avaro, egoísta, ou se fez mau uso de suas riquezas, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer pelo procedimento de seus filhos, etc.
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Se explicam pela pluralidade das existências e pela destinação da Terra, como mundo expiatório, os absurdos que apresenta a distribuição da felicidade e da infelicidade entre os bons e os maus neste planeta.
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Semelhante absurdo só existe na aparência, porque considerada tão somente do ponto de vista da vida presente. Aquele que se elevar, pelo pensamento, de maneira a apreender toda uma série de existências, verá que a cada um é atribuída a parte que lhe merece, sem prejuízo da que lhe caberá no mundo dos Espíritos, e verá que a justiça de Deus nunca se interrompe.
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Jamais deve o homem esquecer que se encontra num mundo inferior, ao qual somente as suas imperfeições o conservam preso. A cada contrariedade ou sofrimento da vida, deve lembrar-se de que, se pertencesse a um mundo mais adiantado, isso não se daria e que só de si depende não voltar a este, trabalhando por se melhorar.
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As aflições podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. Os Espíritos arrependidos desejosos de reparar o mal que hajam feito e de proceder melhor, esses as escolhem livremente.
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Tal o caso de um que, havendo desempenhado mal sua tarefa, pede lha deixem recomeçar, para não perder o fruto de seu trabalho
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As tribulações são, ao mesmo tempo, expiações do passado, que recebe nelas o merecido castigo, e provas com relação ao futuro, que elas preparam.
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Rendamos graças a Deus, que, em sua bondade, faculta ao homem reparar seus erros e não o condena irrevogavelmente por uma primeira falta.
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Não se deve crer que todo sofrimento suportado neste mundo demonstre a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua purificação e agilizar o seu progresso.
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A expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
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Provas e expiações são sempre sinais de relativa inferioridade, porque o que é perfeito não precisa ser provado.
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Pode um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e desejando adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais difícil haja sido a luta. Tais são essas pessoas de tendências naturalmente boas, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas existências anteriores e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar.
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Pode-se considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.
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O sofrimento que não provoca queixas pode ser uma expiação; mas, é sinal de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.
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Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não tenham se tornado puros: qualquer mácula lhes impede a entrada nos mundos felizes.
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Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos vão eliminando pouco a pouco suas imperfeições.
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As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas.
Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpam as feridas e curam o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio.
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Aquele que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve alegrar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.

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