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**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**
EDUCAÇÃO 2/2
EDUCAÇÃO - O APRENDIZADO DA VIDA
Hermínio C. Miranda
Um amigo meu (americano) provocou certo reboliço na área
educacional de seu País quando desejou o título de engenheiro. Tinha de entrar
para a faculdade regularmente como todo mundo, lhe disseram. Mas ele insistiu que
já estava pronto. O que queria era apenas provar que já sabia o que precisava
saber para ser um bom engenheiro. Para isso, requereu uma banca examinadora e
tanto lutou e insistiu que acabou conseguindo ser examinado. Não foi possível
recusar-lhe o diploma. Ele era um engenheiro, tão bom quanto os melhores. Tão
bom que ainda hoje vive confortavelmente como consultor “free lancer”, fazendo
estudos e projetos especiais de alta complexidade. É um especialista em estruturas
metálicas, autor de vários inventos importantes, homem culto, inteligente, sensível
e reencarnacionista convicto.
Ocorre-me um terceiro exemplo dessa metodologia pouco
ortodoxa de obter conhecimentos (ou recordá-los, como queria Platão). Trata-se
do poeta inglês Robert Browning. Houve, de fato, uma tentativa de fazê-lo
freqüentar faculdade; mas não deu certo. O futuro poeta preferiu educar-se sob as
vistas do pai, um erudito bancário, ao qual a família considerava uma
enciclopédia ambulante. Em LA JEU NESSE DE ROBERTO BROWNING, o escritor francês
Henri-Léon Hovelaque declara que o poeta sabia tudo quanto um jovem de formação
universitária poderia conhecer; a diferença é que “il le savait autrement”, ou
seja, sabia de modo diverso.
— Gostaria de que todo imigrante soubesse que Lincoln
passou apenas um ano na escola sob a tutelagem de cinco professores diferentes
— escreveu o Dr. John H. Finley — e que esse homem foi capaz de escrever o discurso
de Gettysburg. Não se veja nisto — mera opinião pessoal, repito — qualquer intenção
crítica sobre a metodologia e os currículos universítários predominantes.
Desejo apenas destacar a conveniência, senão a necessidade
de prover sempre condições para que Espíritos diferentes tenham tratamento
diferenciado, a fim de que possam desenvolver harmoniosamente suas potencialidades.
A familiaridade com os aspectos teóricos e práticos do Espiritismo ensina, com
insistência, que muitos são os que renascem precisamente para romper com
estruturas e metodologias superadas, a fim de abrir janelas panorâmicas para o
futuro e indicar caminhos ainda não trilhados ou nem sequer suspeitados.
Segundo estou informado, esse critério de flexibilidade e liberdade responsável
tem sido o grande fator de êxito em instituições de ensino dedicadas à educação
dos superdotados. Há que proporcionar- lhes espaço livre, mesmo dentro de um
currículo mínimo obrigatório, para que possam movimentar seus talentos e
realizar suas programações espirituais. Um dia, todos os educadores estarão
alertados para o fato de que a criança é um Espírito reencarnado e que, a
despeito das limitações que lhe impõem a imaturidade do corpo físico, em
particular, e da encarnação, em geral, ali está um Ser com importantes
experiências anteriores, muitas vezes dono de vasta cultura intelectual e respeitável
padrão ético. A muitos pais e mestres espanta e até assusta a identificação de
certos sinais de precocidade em tais crianças. Um desses pais procurou-me certa
vez, extremamente apreensivo, sentindo-se inadequado ante a impressionante potencialidade
intelectual que seu filho começava a revelar. Disse-lhe eu que não se preocupasse.
Desse-lhe amor, apoio e compreensão; ele sabia o que viera fazer aqui e saberia como abrir seus
caminhos. Volvidos alguns anos — cerca de uma década —, já adolescente o
menino, encontramo-nos novamente, os pais e eu. Estávamos todos felizes porque
a modesta “profecia” se realizara na sua plenitude: o casal recebera como filho
um Espírito de elevada condição intelectual.
Foi um privilégio que, em tempo, eles compreenderam e
aceitaram, comovidos e humildes. Estou certo de que algum dia, não muito
distante, ouviremos todos falar dele.
É importante, pois, vital mesmo, que Espíritos dessa ordem
sejam prontamente identificados e adequadamente educados para que possam
entregar à Humanidade as contribuições que se incumbiram de trazer-lhe.
Isto não significa, porém — jamais — que deva ser relegada
a plano secundário a educação dos seres que renasceram com deficiências
inibidoras do intelecto. Estes também têm tarefas a realizar na Terra, como todos
nós. E mais do que os normais ou os da faixa excepcional elevada, precisam de compreensão,
paciência, atenção e amor.
Não disse o Cristo que são os doentes que precisam de
médico? Entre os dois extremos a exigirem cuidados especiais e metodologias
excepcionais, está a massa densa de inteligências normais, se é que podemos
estabelecer um padrão de normalidade para tais atributos. Para concluir, a
reforma social deve partir da reforma moral do Ser humano, um impulso centrífugo,
de dentro para fora, do indivíduo para a sociedade. O instrumento adequado para
a realização desse ideal é a educação, no seu mais amplo e abrangente sentido, como
promotora da cultura intelectual e da elevação dos padrões éticos, sem esquecer
o trabalho de adequação do corpo físico, ferramenta de trabalho indispensável
ao Ser encarnado, morada temporária do Espírito imortal.
FONTE
Amorim, Deolindo; Hermínio C.
Miranda; O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS SOCIAIS ed. USE
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