**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**
EDUCAÇÃO 1/2
**EDUCAÇÃO - O APRENDIZADO DA
VIDA**
Hermínio C. Miranda
Os modelos até agora desenvolvidos e implementados partem todos da
premissa de que para cada Ser humano que nasce é criado um Espírito, sem
nenhuma experiência anterior. Isto na melhor hipótese, porque são muitos os
educadores que sequer cogitam da possibilidade da existência da alma. Para
eles, o Ser humano não passa de um engenhoso mecanismo cibernético montado no
campo da Biologia pelo processo da seleção natural.
Não faz muito tempo dizia um professor universitário americano aos seus
alunos: “Aqueles que acharem que têm alma, deixem-na no estacionamento lá
fora.”
E era professor de Psicologia, ciência que, supostamente, deve cogitar
dos problemas do psiquismo. Se nos lembrarmos de que a palavra grega psyché quer dizer alma, percebemos, no
mínimo, a contradição semântica da incongruente postura didática de abstrair o
conceito de alma de uma ciência criada precisamente para estudar a alma! São
esses, contudo, os critérios predominantes desde que a própria educação se
deixou contaminar por princípios de inspiração dogmático-religiosos por longo
tempo e materialistas como alternativa mais recente.
— A educação começa com a vida — escreveu Franklin.
A Doutrina Espírita não tem, pois, fórmulas mágicas para os problemas
humanos em geral e para os da educação em particular. Tem, contudo, uma
estrutura de princípios lógicos, racionais e testados na vivência espírita, segundo
os quais são aferidos e avaliados os métodos empregados, identificando os que conduzem
a soluções adequadas e desejáveis e os que levam à esterilidade ou
aniquilamento do esforço educacional.
Não é de seu propósito ou interesse disciplinar rigidamente os
mecanismos sociais, prevendo situações e regulamentando comportamentos, como
tentou empreender o Positivismo. O clima propício ao funcionamento adequado do processo
evolutivo — uma das premissas básicas da Doutrina — é o da liberdade responsável
e consciente, isto é, o exercício do livre arbítrio, mesmo porque — e aqui
voltamos a Deolindo Amorim — “a reforma social deve partir da reforma moral
do homem”. O Reino de Deus está em
vós, disse o Cristo. Não está aqui ou ali, não é um acontecimento
cósmico, ou a resultante de uma ordenação vertical, de cima para baixo e sim
uma conseqüência da própria ordenação
íntima do Ser humano. É, portanto, meta a ser alcançada por esforço consciente,
livre e voluntário, a partir de um entendimento individual da realidade
espiritual.
Tal realidade pode ser resumida em uns poucos conceitos fundamentais,
entre os quais destaque especial merecem os seguintes:
O Ser humano é um Espírito imortal, temporariamente revestido de um
corpo físico perecível. — “Tem assim o homem duas naturezas — escreveu
Kardec na Introdução a O LIVRO DOS ESPÍRITOS — pelo corpo, participa da
natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da
natureza dos Espíritos”.
Na impraticabilidade de realizar toda a sua programação evolutiva numa
só existência, o Espírito só poderá
alcançar os extremos limites da perfeição através do mecanismo das vidas sucessivas,
ou seja, da reencarnação.
“Os Espíritos
— diz ainda Kardec — pertencem a diferentes
classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em
moralidade”. O Espírito é responsável por todos os seus atos, tendo o
mérito de suas virtudes e ônus de seus erros, que lhe cumpre reparar. Ante essa
realidade, assume vital importância a educação do Ser humano, de vez que é
através dela que se viabiliza o processo evolutivo. O Espiritismo, contudo, não
preconiza esta ou aquela fórmula, este ou aquele modelo, mesmo porque fórmulas
e modelos são necessariamente transitórios e precisam ser flexíveis, não apenas
para atendimento de condições locais e temporais específicas, como porque
também a metodologia é categoria evolutiva, como o próprio Ser humano. Haverá sempre
espaço adiante e acima para conceber, testar e melhorar qualquer metodologia educacional.
A Doutrina prefere mostrar os valores permanentes da vida para que, no âmbito deles,
se movimentem com liberdade e criatividade responsáveis os educadores.
Uma advertência, contudo, impõe-se aqui: a de que continua fazendo falta
ao correto equacionamento dos problemas educacionais o conceito da
reencarnação.
— A educação da mente humana começa no berço — afirmou Cogan,
médico inglês.
Já Hosea Ballon, pastor americano, declarava que a educação começava no
colo das mães.
Até agora, somente o Espiritismo sabe que a educação
não começa com a vida, no berço ou junto das mães, ela continua, prossegue, avança
para um novo ciclo de experiências em cada existência na carne, mesmo porque também
no intervalo entre uma vida e outra o Espírito (desencarnado) aprende e,
portanto, educa-se.
As estruturas doutrinárias do Espiritismo oferecem espaço suficiente
para acomodar qualquer procedimento que promova o desenvolvimento harmonioso da
interação conhecimento/moral, conjugada com os cuidados adequados com o corpo
físico do Ser humano encarnado, visando à sua melhor integração na comunidade.
Lembra, contudo, a Doutrina, insistentemente, não apenas a responsabilidade
inalienável de cada um, mas
também as desigualdades de inteligência, saber e moral entre os seres.
Em minha opinião pessoal — e aqui não falo necessariamente em nome do
Espiritismo — sou por um modelo educacional que não apenas leve em conta os
parâmetros doutrinários, mas que seja suficientemente flexível para comportar
adaptações a condições específicas. Acho que a exagerada rigidez de currículos
e de métodos pode levar à sufocação de importantes potencialidades em
indivíduos bem dotados. Reconheço necessário um mínimo de formação básica
indispensável, senão compulsória, especialmente nas matérias fundamentais. No
momento em que escrevemos este estudo assistimos, por exemplo, a um
impressionante processo de degradação do poder de comunicação do indivíduo,
paradoxalmente numa época em que os meios de comunicação atingem elevados
índices de diversificação, eficiência e expansão. São muitos os que não conseguem
expressar em nível satisfatório aquilo que pensam e desejam transmitir.
Degradou-se a qualidade dos textos escritos, tanto quanto a da palavra
falada.
Testemunhamos uma tendência de retorno ao pictograma,
à figurinha, à imagem gráfica, em lugar da inteligente manipulação da palavra, refinado
e destilado produto de milênios e milênios de aperfeiçoamento da instrumentação
veiculadora do pensamento.
Daí, dizem alguns, o sucesso crescente das histórias em quadrinhos ou da
imagem falante na televisão ou no cinema. Preguiça mental? Retrocesso
intelectual? Bloqueios resultantes das práticas de múltipla escolha?
Que pesquisem e falem os técnicos no assunto, certos, porém, de que é de
suma importância para a comunidade humana como um todo — e isto inclui seres encarnados
e desencarnados — um bom e eficiente mecanismo de comunicação, enquanto não
atingirmos os elevados patamares da evolução nos quais o pensamento se
transmite ao vivo, in natura, direto, sem necessidade de recorrer a símbolos,
imagens ou sons. Dizia H. G. WeIls que a primeira obrigação do educador está em
levar o aluno a “entender, falar, ler e escrever sua língua materna”.
Seja como for, um mínimo de conhecimento básico é indispensável, senão
mandatório.
Nesse mínimo, estaria incluído um adequado treinamento visando à
inteligente utilização dos mecanismos de comunicação.
À margem disso, contudo, além e acima, deverá estar sempre reservado
certo espaço para as peculiaridades e opções individuais.
Há alguns exemplos realmente dramáticos de que algo nesse sentido seria
oportuno e aconselhável, como podemos ver.
O primeiro que me ocorre é o de Alberto Santos Dumont. Pouco mais que um
adolescente, o jovem Alberto foi emancipado pelo pai e enviado, sozinho, a
Paris para estudar. Lá chegando, em vez de procurar uma das excelentes universidades
francesas, adotou o inusitado procedimento de escolher suas próprias matérias
e, mais do que isso, seus professores e instrutores. Ele é que entrevistou os
candidatos a professor, em lugar de deixar-se entrevistar por eles. Só ele
sabia o que desejava aprender.
Se em lugar disso, resolvesse matricular-se numa faculdade tradicional,
estaria sujeito a um currículo inadequado aos sonhos e objetivos que trazia no
Espírito. Teria que aceitar matérias que não lhe interessavam, ao passo que nas
de seu interesse imediato, iria ser alimentado com bloqueios que talvez
inviabilizassem os seus propósitos. Em Física, por exemplo, uma importante
noção bloqueadora era a de que o mais pesado do que o ar não podia voar. Pois não
era isso mesmo o que ele queria? Quando se interessou pelos balões, foi
informado enfaticamente de que nada mais havia a fazer com eles, pois já haviam
alcançado o máximo em tecnologia. A questão é que, no fundo, talvez de maneira
até não articulada ou consciente, ele sabia, como Espírito, que o sonho de
fazer o homem voar estava apenas em princípio de realização e não na terminal
do impossível.
E foi assim e por isso que Alberto Santos Dumont conseguiu voar em
aparelhos mais pesados do que o ar, uma das “impossibilidades” da física no início do século.
Algum tempo depois o físico e astrônomo alemão Friedrich Zoellner
realizaria com o concurso do médium Slade outra “impossibilidade” física — a
interpenetralidade da matéria.
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