Céu inferno_069_2ª parte cap. VI -
Criminosos Arrependidos – Benoist
TEXTO PARA ESTUDO
Um Espírito se apresentou espontaneamente ao
médium, sob o nome de Benoist, e disse ter morrido em 1704 e suportado
horríveis sofrimentos.
1. Que éreis quando vivo?
– R.
Monge sem fé.
2. A falta de crença foi sua única falta?
– R.
Basta para arrastar os outros.
3. Podeis nos dar alguns detalhes sobre a
vossa vida? A sinceridade da vossa confissão ser-vos-á contada.
– R. Sem fortuna e preguiçoso, eu escolhi as
ordens, não por vocação, mas para ter uma posição. Inteligente, fiz para mim um
lugar; influente, abusei do poder; vicioso, arrastei para as desordens aqueles
que eu tinha a missão de salvar; duro, persegui aqueles que tinham a coragem de
censurar os meus excessos; os in pace encheram-se com as minhas solicitudes. A
fome torturou muitas vítimas; seus gritos, frequentemente, eram extintos com a
violência. Desde então, expio e sofro todas as torturas do inferno; as minhas
vítimas atiçam o fogo que me devora. A luxúria e a fome insaciadas me
perseguem; a sede irrita os meus lábios ardentes sem jamais aí deixar cair uma
gota refrescante; todos os elementos se obstinam contra mim. Orai por mim.
4. As preces que são feitas para os que
morrem vos devem ser atribuídas como aos outros?
R. Credes que elas sejam bem edificantes.
Elas têm para mim o valor daquelas que eu simulava fazer. Não cumpri as minhas
tarefas. Dela não encontro o salário.
5. Nunca vos arrependestes?
– R. Há muito tempo; mas não veio senão
depois do sofrimento. Como fui surdo aos gritos de vítimas inocentes, o Mestre
é surdo aos meus gritos. Justiça!
6. Reconheceis a justiça do Senhor;
confiai-nos à sua bondade e rogai para que vos ajude.
– R. Os demônios uivam mais alto do que eu;
os gritos se afogam na minha garganta; eles enchem a minha boca com breu
ferventes!... Eu o fiz, grande... ( o Espírito não pôde escrever a palavra
Deus).
7. Não estais ainda bastante separado das
idéias terrestres para compreender que as torturas que suportais são todas
morais?
– R. Eu as suporto, eu as sinto, vejo os
meus carrascos; todos têm um rosto conhecido; todos têm um nome que retine no
meu cérebro.
8. O que pôde vos empurrar para todas as
infâmias?
– R. Os vícios dos quais estava imbuídos; a
brutalidade das paixões.
9. Nunca implorastes a assistência dos bons
Espíritos para vos ajudarem a sair dessa posição?
– R. Eu não vejo senão demônios do inferno.
10. Deles tínheis medo quando vivo?
– R. Não, nada; o nada era a minha fé; os
prazeres a todo preço eram o meu culto. Divindades do inferno, não me
abandonaram; eu consagrei-lhes a minha vida, elas não me deixam mais!
11. Não entrevedes um fim para os vossos
sofrimentos?
– R. O infinito não tem fim.
12. Deus é infinito em sua misericórdia;
tudo pode ter um fim, quando ele o quer.
– R. Se eu pudesse querer!
13. Por que viestes vos inscrever aqui?
– R. Eu não sei como; mas quis falar como
queria gritar para me aliviar.
14. Os vossos demônios não vos impediram de
escrever?
– R. Não, mas estão diante de mim, me
esperam; por isso, não gostaria de acabar.
15. É a primeira vez que escreveis assim?
– R. Sim.
– Sabíeis que os Espíritos podem se
aproximar assim dos homens?
– R. Não.
– Como, pois pôde compreendê-lo?
– R. Eu não sei.
16. Que sentistes para vir perto de mim?
– R. Um entorpecimento nos meus terrores.
17. Como percebestes que estáveis aqui?
– R. Como se desperta.
18. Como fizestes para vos pôr em relação
comigo?
– R. Eu não compreendo, mas não sentiste,
tu?
19. Não se trata de mim, mas de vós; tratai
de dar-vos conta do que fizestes neste momento quando eu escrevo.
– R. És o meu pensamento, eis tudo.
20. Não tivestes a vontade de me fazer
escrever?
– R. Não, sou eu quem escreve, tu pensas por
mim.
21. Tratai de vos dar conta; os bons
Espíritos, que vos cercam, nisso vos ajudarão.
– R. Não, os anjos não vêm para esse
inferno. Tu não estás só?
– Vede ao vosso redor.
– R. Sinto que me ajudam a
pensar em ti... Tua mão me obedece. Eu não toco em ti, e eu te tomo... Não
compreendo.
22. Pedi assistência de vossos protetores;
iremos orar juntos.
– R.
Queres me deixar? Fique comigo; eles vão retornar. Peço-te isso, fica! Fica!
23. Eu não posso permanecer por muito tempo.
Retornai todos os dia; oraremos juntos e os bons Espíritos vos ajudarão.
– R. Sim, quero a minha graça. Pedi por mim;
eu, eu não posso.
O guia do médium – Coragem, meu filho;
ser-lhe-á concedido o que pedes, mas a expiação ainda está longe de terminar.
As atrocidades que cometeu são sem nome e sem número, e é tanto mais culpado
porque tinha a inteligência, a instrução e a luz para se guiar. Faliu, pois,
com conhecimento de causa; também os seus sofrimentos são terríveis; mas com o
socorro da prece eles se abrandarão, porque verá o fim possível, e a esperança
o sustentará. Deus o vê no caminho do arrependimento, ele deu a graça de poder
se comunicar, a fim de que seja encorajado e sustentado. Pensa, pois,
frequentemente, nele; deixamo-lo contigo para fortificar-se nas boas resoluções
que poderá tomar, com a ajuda de teus conselhos. Ao arrependimento, sucederá
nele o desejo da reparação; será então que ele mesmo pedirá uma nova
existência, sobre a Terra, para praticar o bem no lugar do mal que fez, e
quando Deus estiver satisfeito com ele, e vê-lo bem fortalecido, fá-lo-á
entrever as divinas claridades que o conduzirão ao porto da salvação, e
recebê-lo-á em seu seio, como o filho pródigo. Tem confiança, nós te ajudaremos
a cumprir a tua obra.
PAULIN
Colocamos este Espírito entre os criminosos,
se bem que não tenha sido atingido pela justiça humana, porque o crime consiste
nos atos, e não no castigo infligido pelos homens.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1. Qual(is) foi (foram) o(s) crime(s), por
assim dizer, que Benoist cometeu?
2. Benoist fez a sua primeira comunicação.
Ele sabia o que estava acontecendo? Como entendia o fato?
3. Qual a finalidade da comunicação neste
caso?
4. Benoist, se arrependendo, o que ocorrerá
depois?
CONCLUSÃO
1. Influente, abusou do poder; vicioso,
arrastou para as desordens aqueles que ele tinha a missão de salvar; duro,
perseguiu aqueles que tinham a coragem de censurar os seus excessos. Os vícios
aos quais estava imbuído, a brutalidade das paixões. As atrocidades que cometeu
são sem nome e sem número, e é tanto mais culpado porque tinha a inteligência e
a luz para se guiar. Faliu com conhecimento de causa.
2. Ele não sabia o que estava lhe
acontecendo. Para ele, o médium escrevia o seu pensamento, não sabia exatamente
como isso acontecia.
3. Deus o vê no caminho do arrependimento,
ele deu a graça de poder se comunicar a fim de que seja encorajado e
sustentado. Foi deixado aos “cuidados” do médium para que este fortificasse
Benoist nas boas resoluções que poderia tomar, com a ajuda dos conselhos do
médium.
4. Ao arrependimento, sucederá nele o desejo
de reparação; será então que ele mesmo pedirá uma nova existência na Terra,
para praticar o bem no lugar do mal que fez, e quando Deus estiver satisfeito
com ele, e vê-lo bem fortalecido, fá-lo-á entrever as divinas claridades que o
conduzirão ao porto da salvação, e recebê-lo-á em seu seio, como o filho
pródigo.
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