Programa 1 # Tomo I # Modulo I # Roteiro 4
# O Judaismo2
O JUDAÍSMO
JUDEUS
Uma das ironias do cristianismo primitivo é
que o próprio Jesus era um judeu que adorava o Deus judeu, mantinha costumes
judeus, interpretava a lei judaica e recrutava discípulos judeus que o
aceitavam como o messias judeu.
Mesmo assim, poucas décadas depois da morte
de Jesus, os seus seguidores formaram uma religião que se opôs ao judaísmo.
Como é que o cristianismo mudou tão
rapidamente, deixando de ser uma seita judaica para se tornar uma religião
anti-judaica?
Trata-se de uma pergunta difícil. Dar a ela
uma resposta satisfatória exige um livro inteiro.
Entre os judeus, sentimos o sopro da
revelação do Deus Único, estabelecendo o reino da justiça na terra, mas, apesar
da glória sublime que coroa a fronte de Moisés e dos profetas que o sucederam,
o orgulho racial é uma chaga viva no coração do povo escolhido
Na Carta de Paulo à Barnabé, Era mister que
a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas visto que a rejeitais e
vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios.
Fiz-me como judeu para os judeus, para
ganhar os judeus. Primeira Epístola Do Apóstolo Paulo Aos Coríntios (NT) 9:20
Nós, os judeus, perdemos o Cristo por falta
de relações públicas. Fizemos um mau negócio. Porque um homem como aquele não
se perde. ADOLPHO BLOCH (1908-1995), Revista Manchete, maio de 2008
Lembrar e rememorar permanentemente, tendo
como corolário a proibição de esquecer. Essa atitude frente à vida costura a
trajetória diaspórica judaica, dando-lhe consistência e esperança messiânica. A
essa postura deve ser creditada, além de outros fatores, a responsabilidade
pela continuidade judaica, pela manutenção de uma memória ativa, presente em
todas as gerações. Continuidade e mudança são forças sempre presentes na tensão
pulsante de um povo portador de uma singularidade combinatória de
circunstâncias sociais, políticas, econômicas, temporais e espaciais, que
convertem a experiência judaica em um exemplar único de fusão entre história,
cultura, religião, filosofia, ética e mística, construindo com seu patrimônio
um grande bloco do pensamento humanista. HELENA LEWIN
O JUDAÍSMO PALESTINENSE NO TEMPO DE CRISTO
O ambiente histórico-religioso em que o
Evangelho nasceu é o do judaísmo formado e alimentado pelos livros sacros do
Antigo Testamento, condicionado pelos acontecimentos históricos, pelas
instituições nas quais se encontrou inserido e pelas correntes religiosas que o
especificaram.
Embora o cristianismo seja uma religião
revelada, diferente da judaica, apareceu historicamente como continuação e
aperfeiçoamento da revelação dada por Deus ao povo de Israel. Jesus era um
judeu, que nasceu e viveu na Palestina.
Os apóstolos eram todos da sua gente e da
sua religião.
Por isso, nos Evangelhos encontramos
descrições, alusões e referências a pessoas, instituições, idéias e práticas
religiosas do ambiente judaico, frente às quais Jesus e os apóstolos tomaram
posição, aceitando-as ou rejeitando-as (Battaglia, 1984, p. 118).
O CRISTIANISMO
Ainda há pouco, escrevia um autor espírita
que o Cristianismo representa apenas uma tradição morta, estratificada no tempo,
e que os espíritas devem evitar toda confusão entre ele e o Espiritismo.
Ao dizer isso, o autor não refutava a
verdade cristã, os princípios evangélicos, mas tão-somente o processo histórico
conhecido por Cristianismo. Para ele, o Espiritismo é o cumprimento da promessa
evangélica do Consolador, mas, por isso mesmo, deve ser separado do
Cristianismo, como este o foi do Judaísmo, do qual se originou.
O erro desse autor decorre da premissa falsa
de que o Consolador pode ser outra coisa que não o Cristianismo. Sim, pois se
aceitarmos a promessa do Consolador, temos de aceitar também o que ela
representa, ou seja, a continuidade e o restabelecimento do Cristianismo em
espírito e verdade.
Entre o Judaísmo e o Cristianismo havia
pouco mais que a ligação profética do advento do Messias. O espírito do
Judaísmo era, em muitos sentidos, contrário ao do cristianismo. O rompimento
entre os dois se fazia inevitável e necessário.
Mas, entre o Cristianismo e o Espiritismo
não existe esse antagonismo. Pelo contrário, o que existe é a mais perfeita
unidade espiritual. Todos os princípios fundamentais do Cristianismo, que
realmente caracterizam o ensino evangélico, estão presentes no Espiritismo.
E as únicas diferenças entre o que
conhecemos por tradição cristã e o que o Espiritismo ensina decorrem dos
elementos estranhos que se misturaram àquela tradição, ao longo dos séculos.
O fato de ter havido essa mistura,
entretanto, não representa uma quebra no desenvolvimento do processo histórico
do Cristianismo.
E tanto não representa, que a promessa do
Consolador já encerrava a previsão dessa mistura. A verdade é que o
Cristianismo, como um processo de transformação substancial do homem e do
mundo, exige, para o seu desenvolvimento, uma sucessão muito mais complexa de
fases evolutivas do que todos os demais processos que conhecemos.
Essa complexidade leva os estudiosos, no
desejo natural de simplificá-la, a negarem a unidade da linha evolutiva do
Cristianismo.
Jose Herculano Pires - O Mistério Do Bem E
Do Mal
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