Entre a Terra e o Céu _06_Num lar cristão
CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e
Estudo do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das obras de André Luiz
Livro em estudo: Entre a Terra e o Céu
Tema: Num lar cristão
Referência: Capítulo VI
R E S U M O
Deixou-nos o Ministro numa casinha singela
de remota região suburbana, depois de informar-nos:
- Aqui reside nossa irmã Antonina, com três
filhos dos quatros filhos que o Senhor lhe confiou. Incapaz de vencer as
tentações da própria natureza, o marido abandonou-a, há quatro anos, para
comprometer-se em delituosas aventuras. A dona de casa, porém, não desanimou.
Trabalha com diligência numa fábrica de tecidos e educa os rebentos do lar com
acendrado amor ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. Tem sabido
resgatar com valor dívidas que trouxe do pretérito próximo. Perdeu, há meses, o
pequeno Marcos, de oito anos, atacado de fulminante pneumonia, e com ele se
encontrará, depois da prece que proferirá com os pequeninos.
.......
Hilário e eu penetramos a sala desataviada e
estreita.
Uma senhora ainda jovem, mas extremamente
abatida, achava-se de pé, junto de três lindas crianças,...
Dona Antonina colocou sobre a toalha muito
alva dois copos com água pura, tomou um exemplar do Novo Testamento e
sentou-se.
Logo após, falou carinhosamente:
- Se não me falha a memória, creio que a
prece de hoje deve ser feita por Lisbela.
A pequena levou as minúsculas mãos ao rosto,
apoiou graciosamente os cotovelos sobre a mesa e, cerrando os olhos recitou:
- Pai Nosso que estais no Céu,...
E dividindo agora a atenção com os dois
meninos, entregou o Evangelho a um deles, convidando:
- Abra, Henrique. Vejamos a mensagem a mensagem
cristã para os nossos estudos da noite.
O rapazinho escolheu o texto, ao acaso,
restituindo o livro às mãos maternais.
A genitora, emocionada, leu os versículos
vinte e um e vinte e dois do capitulo dezoito das anotações do apóstolo Mateus:
- "Então Pedro, aproximando-se dele,
disse:
- Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: - Não te digo que até
sete, mas até setenta vezes sete."
...
O pequeno Henrique, iniciando a conversação,
perguntou, com simplicidade:
- Mãezinha, porque Jesus recomendava um
perdão, assim tão grande?
Demonstrando vasto treinamento evangélico, a
senhora replicou:
- Somos levados a crer, meus filhos, que o
Divino Mestre, em que ensinando a desculpar todas as faltas do próximo,
inclinava-nos ao melhor processo de viver em paz. Quem não sabe desvencilhar-se
dos dissabores da vida, não pode separar-se do mal. Uma pessoa que esteja
parada em lembranças desagradáveis caminha sempre com a irritação permanente.
...
Uma pessoa que não sabe desculpar vive
comumente isolada. Ninguém estima a companhia daqueles que somente derramam de
si mesmos o vinagre da queixa ou da censura.
Nesta altura do ensinamento, dona Antonina
fitou o primogênito e perguntou:
- Você, Haroldo, quando tem sede preferiria
beber a água escura de cântaro recheado de lodo?
- Ah! Isso não - replicou o mocinho muito
sério -, escolherei água pura, cristalina...
- Assim somos também, em se tratando de
nossas necessidades espirituais. A alma que não perdoa, retendo o mal consigo,
assemelha-se ao vaso cheio de lama e fel. Não é coração que possa reconfortar o
nosso. Não é alguém capaz de ajudar-nos a vencer nas dificuldades da vida. Se
apresentamos nossa mágoa a um companheiro dessa espécie, quase sempre nossa
mágoa fica maior. Por isso mesmo, Jesus aconselhava-nos a perdoar
infinitamente, para que o amor, em nosso espírito, seja como o Sol brilhando em
casa limpa.
...
- Mas a senhora crê, mãezinha, que devemos
perdoar sempre?
- Como não, meu filho?
- Ainda mesmo quando a ofensa seja a pior de
todas?
- Ainda assim.
E, observando-o, inquieta, dona Antonina
acentuou:
- Porque tratas deste assunto com tamanha preocupação?
- Refiro-me ao papai - disse o menino algo
triste -, papai abandonou-nos quando mais precisávamos dele. Seria justo
esquecer o mal que nos fez?
- Oh! meu filho! - comentou a nobre mulher -
não te detenhas nesse problema. Porque alimentar rancor contra o homem que te
deu a vida? Como condená-lo se não sabemos tudo o que lhe aconteceu? Seria
realmente melhor para o nosso bem estar se ele estivesse conosco, mas se
devemos suportar a ausência dele, que os nossos melhores pensamentos o acompanhe.
Teu pai, meu filho, com a permissão do Céu, deu-te o corpo em que aprendes a
servir a Deus. Por esse motivo, é credor de teu maior carinho. Há serviços que
não podemos pagar senão com amor. Nossa dívida para com os pais é natureza...
Recordando talvez que a família se achava
num curso de formação cristã, a dona da casa acrescentou:
- Um dia, quando Moisés, o grande profeta,
foi ao monte receber a revelação divina, uma das mais importantes determinações
por ele ouvidas do Céu foi aquela em que a Eterna Bondade nos recomenda:
"Honrarás teu pai e tua mãe". A Lei enviada ao mundo não estabelece
que devamos analisar a espécie de nossos pais, mas sim que nos cabe a obrigação
de honrá-los com o nosso amoroso respeito, sejam eles quais forem.
Haroldo mostrou-se conformado, todavia,
ainda ponderou:
- Compreendo, mãezinha, o que a senhora quer
dizer. Entretanto, se papai estivesse junto de nós, talvez que Marcos não
tivesse morrido. Teríamos o dinheiro suficiente para tratá-lo.
Dona Antonina enxugou, apressada, as
lágrimas que lhe caíram, espontâneas, ante a evocação do filhinho, e continuou:
Seria um erro permitir a queda de nossa
confiança de Jesus, porque o chamava.
...
Nesse ponto da conversação, Lisbela
inquiriu, graciosa:
- Mãezinha, Marcos nos vê?
- Sim, minha filha - esclareceu dona
Antonina, emocionada -, ele nos ajuda em espírito, pedindo a Jesus forças e
benção para nós. Por nossa vez, devemos auxiliá-lo com as nossas preces e com
as nossas melhores recordações.
QUESTÕES
PARA ESTUDO
1 - Antonina se reúne com seus filhos
para fazer a reunião de estudo do Evangelho. Que benefícios o traz para o
nosso lar essa prática?
2 - Como você responderia a seu filho a
seguinte pergunta de Henrique:
-"Mãezinha, porque Jesus recomenda um
perdão tão grande?"
3 - Como a falta do perdão pode prejudicar a
nossa evolução?
4 - Devemos ser benevolente ao nosso
semelhante tanto quanto a nós mesmos?
Justifique.
5 - Além do perdão, qual foi a outra
lição que Antonina passou para seus filhos?
6 - O que a genitora queria dizer com:
"Seria um erro permitir a queda de nossa confiança no Pai Celestial."
Conclusão:
André Luiz e a equipe de benfeitores
comandada pelo Ministro Clarêncio compareceram ao lar de Antonina, onde a chefe
da família, em companhia dos filhos, fazia a reunião do culto do Evangelho no
lar. No curso da reunião, ao estudar os ensinamentos de Jesus,
importantes questionamentos foram levantados por seus
filhos, propiciando valiosas reflexões a respeito do perdão.
QUESTÕES
PROPOSTAS PARA ESTUDO
1 - Antonina se reúne com seus filhos
para fazer a reunião de estudo do Evangelho. Que benefícios trazem para o nosso
lar essa prática?
O culto do Evangelho no lar é uma reunião
destinada à família, para o estudo do Evangelho de Jesus. Podem participar os
membros da família que residem no local, admitindo-se, eventualmente, a
presença de visitantes que se encontre na casa à hora destinada ao culto.
Benfeitores espirituais, incluindo os guias protetores da família, comparece ao
local e participa da realização da reunião, intuindo os presentes com relação
ao estudo, fluidificando a água e aplicando
passes magnéticos. É comum estarem presentes entidades desencarnadas, muitos
dos quais que têm afinidades com a família, que comparecem ao culto, muitas das
vezes levados pelos benfeitores espirituais, para também serem esclarecidas
através do estudo.
O culto do Evangelho no lar faz uma
verdadeira profilaxia espiritual no lar. Melhora a psicosfera do ambiente, que
passa a manter uma sintonia vibratória mais elevada. Por outro lado, cria uma
espécie de cinturão de proteção que impede o acesso de espíritos perturbadores,
que somente querem nos criar dificuldades e deteriorar o ambiente.
- Dúvida surgida durante o estudo:
Suponhamos que, em uma casa onde apenas um dos moradores é Espírita, este pode
fazer o culto sozinho? Surtiria o mesmo efeito benéfico dos casos onde mais de
um familiar participa da prática?
Sem dúvida nenhuma que sim. Mesmo nos lares
onde apenas um dos integrantes seja espírita, o culto do Evangelho no lar pode
e deve ser realizado. Se os demais membros da família o desejarem, também podem
participar, mesmo sendo profitentes de outras religiões. Caso contrário, aquele
que professa o credo espírita pode fazer o culto sozinho, sempre nos mesmos
dias e horários, recolhido em um compartimento do lar. Os efeitos benéficos
serão os mesmo e estender-se-ão a todos, mesmo aos que não participam do ato. O
culto é interior. O que importa é a fé, a sinceridade de propósitos e o amor
que se emprega na sua realização.
2 - Como você responderia a seu filho a
seguinte pergunta de Henrique:
- "Mãezinha, porque Jesus recomenda um
perdão tão grande?"
Ao ser indagado por Pedro se, quando um irmão
pecar contra nós, devemos perdoar até sete vezes, Jesus respondeu--lhe
que devemos perdoar não sete vezes, mas até setenta vezes sete, ou seja,
sempre. Quando uma ofensa é dirigida a outrem, cria-se um elo fluídico formado
entre os espíritos envolvidos na relação conflituosa, que os
prende, um ao outro, numa permanente troca de energias
negativas. Enquanto não se reconciliam e alimentam a animosidade, essa
troca de energias negativas perdura, atuando sobre ambos.
Hoje, a Ciência já comprova que o estado
emocional ocasionado por circunstâncias como essas podem gerar um número grande
de doenças, não apenas psicológicas mas, até mesmo, no organismo físico, como
tumores, doenças cardíacas, etc. Isto porque o nosso corpo físico
somatiza o desequilíbrio espiritual resultante da instabilidade emocional
provocada pela ofensa.
Quando se perdoa ou se roga o perdão, aquele
que assim age se libera desse elo malévolo, libertando-se das energias
negativas. Toda a carga provocada fica agindo apenas naquele que não quis ou
não soube perdoar ou ser perdoado.
Recordemos a passagem evangélica que
demonstra a importância que Jesus deu ao ato de perdoar:
"Se vieres tua ao altar fazer a sua
oferta e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa
diante do altar a tua oferta e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e
depois vem fazer a tua oferta.
Concilia-te depressa com o teu adversário,
enquanto estás com ele a caminho; para que não aconteça que o adversário te
entregue ao juiz, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de lá não
sairás enquanto não pagares o último centavo." (Mt, 5, 23-26)
3 - Como a falta do perdão pode prejudicar a
nossa evolução?
Como vimos, o perdão liberta. Aquele que não
perdoa torna-se prisioneiro do passado e não evolui. Fica ligado ao ofensor, às
vezes, por muitas reencarnações, que exigirão resgates dolorosos para que
entendamos a necessidade de perdoar.
Aquele que ainda não aprendeu a perdoar fica
estacionado em sua evolução.
4 - Devemos ser benevolentes ao nosso
semelhante tanto quanto a nós mesmos? Justifique.
Na questão 886 do Livro dos Espíritos,
quando, respondendo a Kardec, deram o conceito de caridade, os Espíritos
incluíram entre os seus caracteres a benevolência para com todos. Essa deve ser
a nossa norma de conduta aos nos relacionarmos com o próximo. Ensina-nos,
portanto, a Doutrina, que sem benevolência não há caridade e sem caridade
não há salvação.
5 - Além do perdão, qual foi a outra lição
que Antonina passou para seus filhos?
Outro valioso ensinamento dado por Antonina
aos seus filhos foi o contido nos mandamentos divinos recebidos por Moisés,
aquele que diz: "Honrai o vosso pai e a vossa mãe". Kardec o
considerou um corolário da lei de caridade e de amor ao próximo. Com efeito, se
não praticarmos a caridade perante nosso pai e nossa mãe, como pretender
praticá-la para com o nosso próximo?
6 - O que a genitora queria dizer com:
"Seria um erro permitir a queda de nossa confiança no Pai
Celestial."?
Antonina ressaltou a necessidade de
confiarmos sempre na sabedoria e bondade do Pai. Que não devemos questionar os
seus desígnios, pois o Universo é regido por leis sábias e justas. Seu filho,
ainda em tenra idade, demonstrava não se compreender a desencarnação do irmão,
que atribuía ao abandono a que a família foi relegada por parte de seu pai.
Sua genitora procurou mostrar-lhe que nada
acontece por acaso e que o acontecido com o irmão foi o cumprimento fiel dos
desígnios da Providência.
Muita paz a todos.
Sala Nosso Lar
CVDEE
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