C B - Aula 16 - Esboco De # O Evangelho
Segundo O Espiritismo # O Evangelho E..3
16 Esboço de o evanvelho
segundo o espiritismo
O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?
RAUL FRANZOLIN NETO
Este é o tema de um dos mais belos textos deixados por Allan Kardec no século passado.
O
Codificador prevendo os rumos que o espiritismo tenderia no futuro já se
preocupou em avançar no assunto Religião e Espiritismo.
Esse
trabalho foi proferido por Kardec em discurso de abertura da Sessão Anual
Comemorativa dos Mortos, da Sociedade de Paris no dia 1.de novembro de 1868. E
importante observar o forte enfoque que ele faz da expressão "comunhão de
pensamentos", utilizando-a como ponto central de seu discurso.
O homem
em sua saga evolutiva necessita viver em sociedade e, portanto, todos nos
dependemos de alguma forma uns dos outros.
Kardec
fala do poder da união de pensamentos capaz de gerar reações extraordinárias de
efeitos morais e físicos. Ao imaginarmos o Espírito fora do corpo material,
concluímos que o pensamento é sua característica inata e essencial, marcando a
individualidade do ser humano. O Espírito não poderia existir sem o pensamento.
É praticamente impossível ao homem viver em total isolamento e ele possui no
seu intimo a necessidade da convivência em comunidade.
O
espiritismo vem nos esclarecer a verdadeira importância da comunhão de
pensamentos. Ao isolarmos e emitir palavras pelo pensamento estamos também promovendo
uma reunião com outros pensamentos em comum. Engana-se assim, aquele que
acredita que só sabe e consegue viver isolado.
Provavelmente,
ele deve possuir maior afinidade com outras pessoas que não estão encarnadas ao
seu redor. Da comunhão de pensamentos surgem as mais diversas sensações
(efeitos) que podemos sentir em nossa caminhada eterna evolutiva.
Unidos
a uma comunidade de pensamentos benéficos e positivos receberemos fluidos
agradáveis e gratificantes e, inversamente, obteremos a desarmonia e suas
consequências negativas.
Kardec
ressalta que as Religiões são formadas com base na comunhão de pensamentos, mas
cada uma segue os requisitivos que lhe convém para manter sua estrutura.
Muitas
persistem por longo tempo, outras surgem e extinguem-se rapidamente. Como fato
inevitável, não se pode parar a evolução do Espírito, ou seja, a evolução do
pensamento.
Com o
tempo tudo passa por transformação para melhor, não havendo retrocesso, caso
contrario, não haveria evolução no sentido amplo da palavra. Sempre nesse
caminho, as transformações são seguidas de fases de adaptação.
As
religiões como instituições organizadas, talvez sejam, as mais sujeitas às
adaptações evolutivas em virtude do forte exercício da comunhão de pensamentos
da comunidade a que estão sujeitas. As transformações são mais rápidas quanto
mais evoluída for a comunidade.
Dado a
isso, surgiu a Doutrina Espírita, como fonte renovadora da união de pensamentos
na Terra para o bem comum. Vamos a um trecho do discurso: "(...) Todas as
reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na
comunhão de pensamentos; e ai, com efeito, que esta deve e pode exercer toda a
sua forca, porque o objetivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras
da matéria. Infelizmente, em sua maioria, afastam-se desse principio, à medida
que fazem da religião uma questão de forma.
Disso
resulta que cada um, fazendo consistir seu dever na realização da forma,
julga-se quite com Deus e com os homens, quando haja praticado a forma.
Resulta
ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento
pessoal, de seu próprio interesse e o mais das vezes sem nenhum sentimento de
fraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado no meio da
multidão, e não pensa no céu senão para si mesmo (...)".
..."Se
as assembleias religiosas - falamos em geral, sem fazer alusão a culto algum -
muitas vezes se tem desviado do alvo primitivo principal, que é a comunhão
fraterna do pensamento; se o ensino que nelas e dado não tem seguido sempre o
movimento progressivo da Humanidade, e porque os homens não realizam todos os
progressos há um tempo; o que eles não fazem em um período, fazem em outro; a
medida que se esclarecem, eles veem as lacunas que existem em suas instituições
e as preenchem; compreendem que o que era bom em uma época, de acordo com o
grau de civilização, se torna insuficiente em um estado mais adiantado e
restabelecem o nível.
O
espiritismo, nós sabemos, é a grande alavanca do progresso em todas as coisas;
ele marca uma era de renovação. Saibamos, pois, aguardar o porvir, e não
pecamos a uma época mais do que ela pode dar.
Como as
plantas as ideias precisam amadurecer para que se lhes possam colher os frutos.
Saibamos, alem disso, fazer as necessárias concessões às épocas de transição,
porque nada na Natureza se opera de maneira brusca e instantânea (...)"
A
revelação da existência do plano espiritual e da sua comunicação com o nosso
plano terreno abriu definitivamente, uma nova realidade filosófica e religiosa
no planeta. Com base na ciência espírita, capaz de trazer um novo horizonte na
relação da vida, conceitos e dogmas errôneos, muitos deles devido a
interpretações e traduções incoerentes e egoístas de Livros Sagrados, foram
desmantelados e vão ficar apenas como parte da historia da humanidade.
O
aspecto cientifico do espiritismo é primordial e essencial para o conhecimento
da vida e adiantamento da humanidade. Com ele, a fé cega é substituída pela fé
inabalável, sólida, com base na razão e com isso há ampliação da Verdade para o
homem, pois o pensamento tem o poder de ir muito alem do que a ciência pode
comprovar num determinado tempo.
No
caminhar da própria ciência a comunhão de pensamentos é também essencial. As
reuniões cientificas, as grandes discussões, etc. fazem parte dos conhecimentos
disponíveis ao homem, tanto do aspecto material como no aspecto moral, ou seja,
no comportamento humano no desenvolvimento da vida.
Kardec
prossegue: "... Se assim é, dirão, o Espiritismo então é uma religião? -
Perfeitamente! sem duvida; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião,
e nós nos ufanamos disso, porque ele é a doutrina que funda os laços de
fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas
sobre as mais sólidas bases: as leis da própria Natureza. Porque então
declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Por isso que só temos uma
palavra para exprimir duas ideias diferentes e que na opinião geral, a palavra
religião é inseparável da de culto: revela exclusivamente uma ideia de forma, e
o Espiritismo não é isso.
Se o
Espiritismo se dissesse uma religião, o publico só veria nele uma nova edição,
uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios absolutos em
matéria de fé, uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias
e de privilégios; o publico não o separaria das ideias de misticismo e dos
abusos, contra os quais sua opinião tem-se elevado tantas vezes.
Não
possuindo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, o
Espiritismo não poderia nem deveria ornar-se com um titulo sobre o valor do
qual inevitavelmente se estabeleceria a incompreensão; eis porque ele se diz
simplesmente: doutrina filosófica e moral..."
Desse
texto, também extraímos o que chamamos de Credo do Espiritismo, que resume com
grande clareza e objetivo a Doutrina Espírita e que está disponível no FAQ da
home page do GEAE.
No
livro "O que é o Espiritismo" Kardec define-o assim: "O
Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina
filosófica. Como ciência pratica, ele consiste nas relações que se podem
estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as
consequências morais que decorrem dessas relações". É interessante
notarmos que tal definição e pormenorizada nesse texto, ampliando o seu
entendimento.
Observamos
a preocupação do Codificador com a conotação que se poderia, no futuro, fazer
do Espiritismo como aspecto religioso. A Doutrina Espírita como elo de união de
pensamentos em torno da solidariedade e fraternidade universal, promovendo a
evolução moral dos indivíduos, acha-se perfeitamente enquadrado na palavra
Religião.
Devemos
reconhecer, entretanto, que entre as Religiões como Instituições existentes
atualmente na Terra, o Espiritismo não se define. Há muito que se evoluir na
Terra, não só em termos de Religião como em geral, para que o Espiritismo possa
a ter uma definição mais adequada ao que ele de fato e, longe dos padrões
religiosos que conhecemos hoje, e isso, certamente, aconterá.
Devido
ainda a nossa ignorância de conhecimento da grandeza da Vida, parece que o
Espiritismo é algo palpável, rígido, fixo e com regras definidas. Na realidade,
a Doutrina Espírita é infinita e eterna pois tudo o que estiver ao alcance do
Homem no conhecimento da Vida faz parte do seu principio básico maior, que é o
uso da RAZAO em comunhão de pensamento. Basta darmos tempo ao tempo para ele se
adequar a nova era do nosso planeta.
As
diversas visões que surgem do Espiritismo são próprias da sua evolução, tendo
em vista se tratar de uma doutrina progressista.
Devemos
trabalhar com seriedade e humildade para compreendê-lo adequadamente no tempo
em que se encontra, evitando pensamentos egoístas e vaidosos que são vícios do
fanatismo, colocando-o a serviço do bem comum. Para isso, a unificação como
movimento organizacional e a mais completa forma de se promover uma ampla e
positiva comunhão de pensamentos.
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