Céu inferno_037_2ª
parte cap. II - Espíritos Felizes - O doutor Vignal
RESUMO PARA ESTUDO
Antigo membro da Sociedade de Paris, falecido
a 27 de março de 1865. - Na véspera do enterro, um sonâmbulo lúcido e bom
vidente, instado a transportar-se para junto dele e narrar o que visse,
discorreu:
"Vejo um cadáver, no qual se opera um
trabalho extraordinário; dir-se-ia uma quantidade de massa que se agita e
alguma coisa que parece fazer esforços para se lhe desprender, encontrando,
contudo, dificuldade em vencer a resistência. Não distingo forma de Espírito
bem caracterizada."
Fez-se a evocação na Sociedade de Paris, a 31
de março.
(...)
- P. Dizei-nos primeiramente como vos
encontrais no mundo espiritual, descrevendo o trabalho da separação, as
sensações desse momento, bem como o tempo necessário ao reconhecimento do vosso
estado.
(...)
A separação foi rápida; mais do que podia
esperar pelo meu apoucado merecimento. Fui eficazmente auxiliado pelo vosso
concurso e o sonâmbulo vos deu uma idéia bastante clara do fenômeno da
separação, para que eu nele insista. Era uma espécie de oscilação intermitente,
um como arrastamento em sentidos opostos. Triunfou o Espírito aqui presente. Só
deixei completamente o corpo quando ele baixou à terra; e aqui vim ter
convosco.
(...)
- R. A vossa assistência auxiliou-me
grandemente, e voltei a vós, abandonando por completo a velha carcaça. Demais,
sabeis, pouco me importam as coisas materiais. Só pensava na alma e em Deus.
- P. (...) Podereis descrever-nos da melhor
forma a diferença entre o vosso atual desprendimento e aquele de então [quando
ainda encarnado]?
- R. (...) E que grande diferença entre um e
outro! Naquele estado, a matéria me oprimia ainda na sua trama inflexível, isto
é, queria mas não podia desembaraçar-me radicalmente.
Hoje sou livre; um vasto campo desconhecido
se me depara, e eu espero com o vosso auxílio e o dos bons Espíritos, aos quais
me recomendo, progredir e compenetrar-me o mais rapidamente possível dos
sentimentos que é mister possuir, e dos atos que me cumpre empreender para
suportar as provações e merecer a recompensa. (...)
(...)
Falar-vos-ei sempre que possa, pois
estimo-vos e desejo prová-lo. Outros Espíritos, porém, mais adiantados,
reclamam prioridade, devendo eu curvar-me àqueles que me permitiram dar livre
curso à torrente das idéias acumuladas. Deixo-vos, amigos, e devo agradecer
duplamente não só a vós espíritas que me evocastes, como também a este Espírito
que houve por bem ceder-me o seu lugar, Espírito que na Terra tinha o ilustre
nome de Pascal.
Daquele que foi e será sempre o mais devotado
dos vossos adeptos.
Dr. Vignal.
QUESTÕES PARA ESTUDO
1. Durante o sono, por exemplo, o Espírito
expande-se do corpo físico e, muitas vezes, lembramos dessas sensações. Segundo
o Dr. Vignal, que diferença existe entre essas sensações e o estar realmente
livre do invólucro carnal?
CONCLUSÃO
1. Quando o espírito expande-se do corpo
físico durante o sono ainda permanece ligado a ele, por isso suas sensações
ainda são limitadas, embora ele esteja bastante livre durante estes
desprendimentos ainda sofre a influência e as limitações de estar preso ao
corpo denso e material.
Quando desencarnado todas estas restrições
desaparecem e o espírito sente-se livre, sem amarras, desfrutando, tão
plenamente quando lhe for possível no seu estágio evolutivo, de todas as
faculdades sensoriais que estavam limitadas pela carne.
Foi esta diferença que o Dr. Vignal
descreveu.
No LE podemos ler o seguinte
A Alma se desprende gradualmente, não se
escapa como um pássaro cativo a indivíduos. Estes laços se desatam, não se
quebram.
Durante a vida, o Espírito se acha preso ao
corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito.
Em uns, o
desprendimento é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é
mais ou menos o da libertação.
Em outros, naqueles sobretudo cuja vida toda
material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas
vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor
vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com
o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que,
durante a vida, o Espírito deu à matéria.
É, com efeito, racional conceber-se que,
quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso
lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a
elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a
vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo.
Essas observações ainda provam que a
afinidade, persiste entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes,
muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição.
Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos
gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas. (LE: p. 114; 155)
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