(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO IV
TEORIA DAS
MANIFESTAÇÕES FÍSICAS
MOVIMENTOS DE SUSPENSÃO
Estudo
25: itens 72 a 74 - questões 1 a 21
Demonstrada a existência dos Espíritos pelo
raciocínio e pelos fatos e a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos
saber agora como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e
outros corpos inertes.
Explica Allan
Kardec que uma idéia se lhe apresentou, porém os Espíritos deram-lhe uma
explicação muito diversa da sua, constituindo isto uma prova de que a teoria
deles não era efeito de sua opinião. A seguir a apresentamos.
O conhecimento
da natureza dos Espíritos, de sua forma humana, das propriedades semimateriais
do perispírito, da ação mecânica que podem exercer sobre a matéria e o fato de
nas aparições as mãos fluídicas e até mesmo tangíveis pegarem objetos e os
carregarem, julgou-se, como era natural, que o Espírito se servia muito
simplesmente de suas próprias mãos para fazer que a mesa girasse e que a
erguesse pelos braços. Mas, então, qual a necessidade de médiuns? O Espírito
não poderia agir sozinho? Porque o médium que, freqüentemente, pousa as mãos
sobre a mesa em sentido contrário ao do movimento, ou mesmo nem chega a
pousá-las, não pode, evidentemente, ajudar o Espírito por uma ação muscular.
Vejamos as explicações que os Espíritos deram a respeito.
As
respostas seguintes foram dadas pelo Espírito São Luís. Muitos outros, depois,
as confirmaram.
1 O fluido
universal uma emanação da Divindade?
—
Não.
2 É tudo uma
criação da Divindade?
—
Tudo é criado, exceto Deus.
3 O fluido
universal é o próprio elemento universal?
— Sim, é o princípio elementar de todas as coisas.
4 Tem alguma
relação com o fluido elétrico, cujos efeitos conhecemos?
— É o seu elemento.
5 Como o fluido
universal se nos apresenta na sua maior simplicidade?
— Para encontrá-lo na sua simplicidade absoluta
seria preciso remontar aos Espíritos puros. No vosso mundo ele está sempre mais
ou menos modificado, para formar a matéria compacta que vos rodeia. Entretanto,
podeis dizer que o estado em que se encontra mais próximo daquela simplicidade
é o do fluido a que chamais fluido magnético animal.
6 Afirmou-se que
o fluido universal é a fonte da vida. Será ao mesmo tempo a fonte da inteligência?
— Não; esse fluido só anima a matéria.
7 Sendo esse
fluido que forma o perispírito, parece encontrar-se nele uma espécie de
condensação que, de certa maneira, o aproxima da matéria propriamente dita?
— Até certo ponto, como dizes, porque ele não
possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor,
segundo a natureza dos mundos.
8 Como um
Espírito pode mover um corpo sólido?
—
Combinando uma porção do fluido universal com o fluido que se desprende do
médium apropriado a esses efeitos.
9 Os Espíritos
erguem a mesa com a ajuda dos braços, de alguma maneira solidificados?
— Esta resposta não te dará ainda o que desejas.
Quando uma mesa se move é porque o Espírito evocado tira do fluido universal o
que é necessário para dar à mesa uma vida factícia. Assim preparada, o Espírito a atrai e a move sob
a influência do seu próprio fluido, emitido pela sua vontade. Quando a massa
que se deseja mover é muito pesada para ele, pede a ajuda de outros Espíritos
da sua mesma condição. Por sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito,
não pode agir sobre a matéria grosseira sem intermediário, ou seja, sem o liame
que o liga à matéria. Esse liame, que chamas perispírito, oferece a chave de todos os fenômenos materiais.
Creio me haver explicado com bastante clareza para fazer-me compreender.
Nota — Chamamos
a atenção para a primeira frase: "Esta resposta não te dará ainda o que
desejas". O Espírito compreendera perfeitamente que todas as questões anteriores
só tinham por fim chegar a essa. E se refere ao nosso pensamento, que esperava,
com efeito, outra resposta, que confirmasse a nossa idéia sobre a maneira por
que o Espírito movimenta as mesas (nota de Allan Kardec).
10 Os Espíritos
que ele chama para ajuda-lo são inferiores a ele? Estão sob as suas ordens?
— Quase sempre são seus iguais e acodem
espontaneamente.
11 Todos os
Espíritos podem produzir esses fenômenos?
—
Os Espíritos que produzem esses efeitos são sempre Espíritos inferiores, ainda
não suficientemente livres das influências materiais.
12 Compreendemos
que os Espíritos superiores não se ocupem dessas coisas, mas perguntamos se,
sendo mais desmaterializados teriam o poder de fazê-lo, se o quisessem?
—
Eles possuem a força moral como os outros possuem a força física. Quando
precisam desta força, servem-se dos que a possuem. Já não dissemos que eles se
servem dos Espíritos inferiores como vós dos carregadores?
Nota — A densidade do perispírito, se assim se pode dizer, varia de
acordo com a natureza dos mundos, como já foi ensinado, (O Livro dos Espíritos,
nº 94 e 187). Parece variar também no mesmo mundo, segundo os indivíduos. Nos
Espíritos moralmente adiantados ele é mais sutil e se aproxima do perispírito
dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, aproxima-se da matéria e é
isso que determina a persistência das ilusões da vida terrena nas entidades
muito inferiores, que pensam e agem como se ainda estivessem na vida física,
tendo os mesmos desejos e quase poderíamos dizer, a mesma sensualidade. Esta
densidade maior do perispírito, estabelecendo maior afinidade com a matéria,
torna os Espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas. É pela mesma
razão que um homem refinado, habituado aos trabalhos intelectuais, de corpo
frágil e delicado , não pode suspender fardos pesados como um carregador. A
matéria de seu corpo é, de certa maneira, menos compacta, os órgãos menos
resistentes; o fluido nervoso menos intenso. O perispírito é para o Espírito o
que o corpo é para o homem. Sua densidade está na razão da inferioridade do
Espírito. Essa densidade, portanto, substitui nele a força muscular, dando-lhe
maior poder sobre os fluidos necessários às manifestações do que o possuem os
de natureza mais etérea. Se um Espírito elevado quer produzir esses efeitos,
faz o que fazem as pessoas delicadas: chama para executá-los um Espírito
carregador (nota de
Allan Kardec).
Ver estudos referentes:
estudo 17: Ação dos Espíritos sobre a matéria:
estudo 18: item 57 - Formação do Perispírito: Os
Fluidos
estudo 19: item 57 - Formação do Perispírito:
estudo 20: item 56 - Propriedades do Perispírito:
estudo 21: item 56 - Funções do Perispírito:
estudo 22: itens 58 e 59 - Ação dos Espíritos
sobre a matéria:
13 Se bem
compreendemos o que disseste, o princípio vital provém do fluido universal. O
Espírito tira deste fluido o envoltório semimaterial do seu perispírito, e é
por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É isso?
— Sim, quer dizer que ele anima a matéria de uma
vida factícia, artificial: a matéria se impregna da vida animal. A mesa que se
move sob vossas mãos vive como animal e obedece por si mesma ao ser
inteligente. Não é o Espírito que a empurra como se fosse um fardo. Quando ela
se eleva, não é o Espírito que a ergue com os braços: é a mesa que obedece à
impulsão dada pelo Espírito.
14 Qual o papel
do médium nesse fenômeno?
—
Eu já disse que o fluido próprio do médium se combina com o fluido universal do
Espírito. E necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido
animalizado e do fluido universal para dar vida à mesa. Mas, não se deve
esquecer que essa vida é apenas momentânea, extinguindo-se com a mesma ação, e
muitas vezes antes que a ação termine, quando a quantidade de fluido já não é
mais suficiente para animar a mesa.
15 O Espírito
pode agir sem o concurso do médium?
—
Pode agir à revelia do médium. Isto quer dizer que muitas pessoas ajudam os
Espíritos na realização de certos fenômenos, sem o saberem. O Espírito tira
dessas pessoas, como de uma fonte, o fluido animal de que necessita. Assim é
que o concurso de um médium, tal como o entendeis, nem sempre é necessário, o
que acontece, sobretudo nos fenômenos espontâneos.
16 A mesa
animada age com inteligência? Pensa?
—
Pensa tanto quanto a bengala com que fazes um sinal inteligente. Não pensa, mas
a vitalidade de que está animada lhe permite obedecer ao impulso de uma
inteligência. É bom saber que a mesa em movimento não se torna Espírito e não
tem pensamento nem vontade.
Nota — Servimo-nos,
freqüentemente, de uma expressão semelhante na linguagem usual: de uma roda,
que gira com velocidade dizemos que está animada de um movimento rápido (nota de Allan Kardec).
17 Qual a causa
preponderante na produção deste fenômeno: o Espírito ou o fluido?
— O Espírito é a causa e o fluido é o seu
instrumento: ambos são necessários.
18 Qual o papel
da vontade do médium?
— Chamar os Espíritos e ajudá-los a impulsionar o
fluido.
A)
É sempre indispensável à ação da
vontade?
—
Ela aumenta a potência, mas nem sempre é necessária, desde que pode haver o
movimento, malgrado ou contra a vontade do médium, o que é uma prova da
existência de uma causa independente.
Nota — Nem
sempre é necessário o contato das mãos para mover um objeto. Ele basta, quase
sempre, para dar o primeiro impulso. Iniciado o movimento, o objeto pode
obedecer à vontade sem contato material. Isso depende da potência mediúnica ou
da natureza dos Espíritos. Aliás, o primeiro contato nem sempre é necessário:
temos a prova disso nos movimentos e deslocamentos espontâneos, que ninguém
pensou em provocar (nota de Allan Kardec).
19 Por que
motivo não podem todos produzir o mesmo efeito e todos os médiuns não têm a
mesma potência?
—
Isto depende do organismo e da maior ou menor facilidade na combinação dos
fluidos, e ainda da maior ou menor simpatia do médium com os Espíritos que
encontram nele a força fluídica necessária. Essa potência, como a dos
magnetizadores, é maior ou menor. Encontramos, nesse caso,pessoas inteiramente
refratárias, outras em que a combinação só se verifica pelo esforço da sua
própria vontade, e outras , enfim, em que ela se dá tão natural e facilmente
que nem a percebam, servindo de instrumentos sem o saberem, como já dissemos.
Nota
— O magnetismo é, não há dúvida, o
princípio desses fenômenos, mas não geralmente como se pensa. Temos a prova
disso na existência de poderosos magnetizadores que não movimentam uma mesinha
de centro e de pessoas que não sabem magnetizar, até mesmo crianças, que bastam
pousar os dedos numa mesa pesada para que ela se agite. Logo, se a potência
mediúnica não depende da magnética, é que tem outra causa.
20 As pessoas
qualificadas de elétricas podem ser consideradas médiuns?
—
Essas pessoas tiram de si mesmas o fluido necessário à produção do fenômeno e
podem agir sem auxílio do Espírito. Não são propriamente médiuns, no sentido
exato da palavra. Mas pode ser também que um Espírito as assista e aproveite as
suas disposições naturais.
Nota
— Essas pessoas seriam como os
sonâmbulos, que podem agir com ou sem o auxílio de Espíritos.
21 Ao mover os
corpos sólidos, os Espíritos penetram na substância dos mesmos ou permanecem
fora dela?
—
Fazem uma coisa e outra. Já dissemos que a matéria não é obstáculo para os
Espíritos, que tudo penetram. Uma porção do seu perispírito se identifica, por
assim dizer, com o objeto em que penetra.
Concluindo
esse estudo inicial do capítulo IV, entendemos pelas respostas apresentadas à
Allan Kardec pelo Espírito São Luis, que os Espíritos podem fazer tudo o que
fazemos, mas pelos meios correspondentes ao seu organismo. Continuaremos nossas
reflexões no próximo estudo
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. IV - 2ª Parte - itens 72 a 74 - 1 a 21
Tereza Cristina D'Alessandro
Agosto / 2003
Centro Espírita Batuira
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