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casa mental LIVRO NO MUNDO MAIOR
Texto base para estudo
"Retomando
a companhia de Calderaro, na manhã luminosa, absorvia-me o propósito de enriquecer noções pertinentes
às manifestações da vida próxima à esfera física.
(...)
"Inquestionavelmente, vivíamos todos em
intenso trabalho, com escassas horas reservadas a excursões de
entretenimento; demais, fruíamos ambiente de felicidade e alegria a
favorecer-nos a marcha evolutiva. Nossos templos constituíam por si sós,
abençoados núcleos de conforto e de revigoramento. Nas associações culturais e
artísticas encontrávamos a continuidade da existência terrestre, enriquecida,
porém, de múltiplos elementos educativos...
Não nos faltavam determinações e deveres,
ordem e disciplina; entretanto, a serenidade era nosso clima, e a paz, nossa
dádiva de cada dia.
Arremessara-nos a morte a atmosfera estranha
à luta física. A primeira sensação fora o choque. Empolgara-nos o
imprevisto. Continuávamos vivendo, apenas sem a máquina fisiológica, mas
as novas condições de existência não significava subtração da oportunidade de
evolver. ...
(...)
"Em suma, a passagem pelo sepulcro
conduzira-nos a uma vida melhor; mas... e os milhões que transpunham o estreito
limiar da morte, permanecendo apegados à Crosta da Terra?
Incalculáveis multidões desse gênero
mantinham-se na fase rudimentar do conhecimento; apenas
possuíam algumas informações primárias da vida; exoravam amparo dos
Espíritos Superiores, como as tribos primitivas reclamam o concurso dos homens
civilizados; precisavam de desenvolver faculdades, como as crianças de crescer;
... Guardavam
da existência apenas a lembrança do campo sensitivo, reclamando a reencarnação
quase imediata quando lhes não era possível a matrícula em
nossos educandários de serviço e aprendizado iniciais. Por outro
lado, verdadeiras falanges de criminosos e transviados agitavam-se, não longe
de nós, depois de haverem transposto as fronteiras do túmulo; consumiam,
por vezes, inúmeros anos entre a revolta e a desesperação,
personificando hórridos gênios da sombra, como ocorre, nos
círculos terrestres, com os delinqüentes contumazes, segregados da
sociedade sadia; ...
(...)
"Aproximei-me de Calderaro, naquela
manhã, sedento de saber. Expus-lhe minhas indagações íntimas, relatei-lhe
aos ouvidos tolerantes minha expectativa ansiosa, longamente sofreada;
pretendia conhecer os que es entretinham na maldade, no crime, na
inconformação.
Meu amigo escutou calmo, sorriu benevolamente
e começou por esclarecer:
- Antes de mais nada, André,
modifiquemos o conceito, Para transformar-nos em legítimos elementos de
auxílio aos Espíritos sofredores, desencarnados ou não, é-nos imprescindível
compreender perversidade como loucura, a revolta como ignorância e o desespero
como enfermidade.
(...)
"Daí a minutos, acompanhando-o, penetrei
vasto hospital detendo-nos diante do leito de certo enfermo, que o Assistente
deveria socorrer. Abatido e pálido, mantinha-se ele unido a
deplorável entidade de nosso plano, em míseras condições de inferioridade e de
sofrimento. O doente, embora quase imóvel, acusava forte tensão de nervos,
sem perceber, com os olhos físicos, a presença do companheiro de sinistro
aspecto. Pareciam visceralmente jungidos um ao outro, tal a
abundância de fios tenuíssimos que mutuamente os entrelaçavam,
desde o tórax à cabeça, pelo que se me afiguravam dois prisioneiros de uma rede
fluídica. Pensamento de um deles com certeza viveriam no cérebro do
outro. Comoções e sentimentos seriam permutados entre ambos com
matemática precisão. Espiritualmente, estariam, de contínuo, perfeitamente
identificados entre si. Observava-lhes, admirado, o fluxo de comuns
vibrações mentais
( ... )
"Decorridos alguns momentos, concluí
que, à parte a configuração das peças e o ritmo vibratório, tinha sob os olhos dois
cérebros quase idênticos. Diferia o campo mental do desencarnado,
revelando alguma superioridade no terreno da substância, que, no corpo perispiritual,
era mais leve e menos obscura. Tive a impressão de que, se lavássemos, por
dentro, o cérebro do amigo estirado no leito, escoimando-o de certos
corpúsculos mais pesados, seria ele quase igual, em essência, ao da
entidade que eu mantinha em exame. As divisões luminosas, porém,
eram em tudo análogas. ...
( ... )
"... Aqui aprendemos que o organismo
perispirítico que nos condiciona em matéria mais leva e mais plástica, após o
sepulcro, é fruto igualmente do processo evolutivo. Não somos criações
milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de
Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em
experiência, de milênio a milênio. Não há favoritismo no Templo Universal dos
Eternos, e todas as forças da Criação aperfeiçoam-se no Infinito....
"- Não podemos dizer que possuímos três
cérebros simultaneamente. Temos apenas um que, porém, se divide em três
regiões distintas.Tomemo-lo como se fora um castelo de três andares: no
primeiro situamos a " residência de nossos impulsos automáticos",
simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no segundo localizamos o
"domicílio das conquistas atuais", onde se erguem e se consolidam as
qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a "casa das
noções superiores", indicando as eminências que nos cumpre atingir.
Num deles moram o hábito e o automatismo; no outro residem o esforço e a
vontade; e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada.
Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente
e o superconsciente. Como vemos, possuímos, em nós mesmos, o passado, o presente
e o futuro.
( ... )
"- Examinamos aqui dois enfermos: um, na
carne; outro, fora dela. Ambos trazem o cérebro intoxicado, sintonizando-se
absolutamente um com o outro. Espiritualmente, rolaram do terceiro andar, onde
situamos as concepções superiores, e, entregando-se ao relaxamento da
vontade, deixaram de acolher-se no segundo andar, sede do esforço próprio, perdendo
valiosa oportunidade de reerguer-se; caíram, destarte, na esfera dos impulsos instintivos,
onde se arquivam todas as experiências da animalidade anterior. Ambos detestam
a vida, odeiam-se reciprocamente, desesperam-se, asilam idéias de tormento, de
aflição, de vingança. Em suma, estão loucos, embora o mundo lhes não vislumbre o
supremo desequilíbrio, que se verifica no íntimo da organização
perispiritual."
Questões
para estudo
1.- Como o Assistente Calderaro explica
o estado de sofrimento em que se encontram inúmeros espíritos no plano
espiritual?
2.- Podemos considerar o estado de
loucura como doença do corpo físico ou do corpo espiritual?
3.- Como podemos entender a divisão do
cérebro em três partes, à vista da explicação dada pelo Assistente?
4.- A relação entre o enfermo visitado
pelos benfeitores e o desencarnado que com ele se encontrava presente
caracteriza um processo de obsessão?
Conclusão:
Nesse capítulo
III, André Luiz dá inicio ao trabalho a que se propõe nessa nova etapa de sua
vivência no plano espiritual.
Integrado à equipe do Assistente Calderaro,
o Autor visitaria paciente que se encontrava internado em
hospital e que receberia a assistência espiritual dos benfeitores.
Antes da visita, porém, André Luiz fez
algumas reflexões sobre os espíritos recalcitrantes na prática do mal, que, por
esse motivo, encontram-se em prolongado estado de sofrimento.
Solicitou, então, do Assistente,
algumas considerações sobre as causas da persistência desses
espíritos em não se modificarem e sobre os distúrbios mentais de que são
acometidos.
Questões
para estudo
1.- Como o Assistente Calderaro explica o
estado de sofrimento em que se encontram inúmeros espíritos no plano
espiritual?
Indagado por André Luiz sobre as razões por que
inúmeros espíritos sofriam ao persistirem na prática do mal, sem
conseguirem compreender o verdadeiro sentido da existência, Calderaro
explicou que esses espíritos permaneciam no escuro da incompreensão
devido ao estado de ignorância em que se encontram, quanto às questões
espirituais. Conceituou a perversidade como loucura, a revolta como ignorância
e o desespero como enfermidade. Ressaltou a necessidade de se estudar
detidamente o cérebro humano que se encontra em posição desarmônica, tanto dos que
estão na carne como fora dela. Situou aí, no cérebro, o órgão de
manifestação da atividade espiritual.
2.- Podemos considerar o estado de
loucura como doença do corpo físico ou do corpo espiritual?
A doutrina espírita nos ensina que toda anomalia
no corpo físico tem a sua gênese no espírito. A questão proposta deve ser
entendida como se saber se a loucura, ou melhor, as distonias mentais, podem
ser consideradas doenças do corpo físico ou do corpo espiritual. Nesse
sentido, pelas explicações do Instrutor Calderaro ao analisar o caso do enfermo
que visitou no hospital, podemos entender que a doença se localiza no espírito.
O cérebro do corpo físico funciona apenas como o veículo de manifestação desse
estado mental desarmonizado. É o órgão que manifesta o desequilíbrio e
permite o seu diagnóstico. Localizando-se na mente, as doenças psíquicas
são fruto da desarmonia do espírito, que é a sua sede. Por isso é que também o
espírito desencarnado, como demonstrou o Assistente, pode sofrer desse mal, mesmo
desprovido do cérebro físico.
3.- Como podemos entender a divisão do
cérebro em três partes, à vista da explicação dada pelo Assistente?
Pelos ensinamentos colhidos por André Luiz, o
cérebro humano se divide em três regiões distintas, embora interligadas. Na
parte inferior, situam-se os impulsos automáticos, instintivos, onde arquivamos
nossas experiências pretéritas, inclusive das fases de animalidade
e do primitivismo por que passamos ao ingressarmos no reino hominal; na parte
intermediária, localizam-se as conquistas e as imperfeições que estamos
vivenciando, frutos de nossa evolução até aqui e, na parte superior, vamos
encontrar os ideais e metas a serem alcançados.
Resumindo, explicou o benfeitor espiritual
que possuímos em nosso cérebro o subconsciente, onde reside o passado; o
consciente, onde encontramos o presente e o superconsciente, moradia do futuro.
4.- A relação entre o enfermo visitado pelos
benfeitores e o desencarnado que com ele se encontrava presente caracteriza um
processo de obsessão?
Sem dúvida, o assédio controlador que a
entidade desencarnada exercia sobre o paciente visitado é característico de um
processo obsessivo instalado. Ambos se encontravam com o cérebro
espiritual tão igualmente intoxicado que André Luiz destacou que, se retirasse
do cérebro do encarnado os corpúsculos mais pesados que nele se achavam
face a essa condição, seus cérebros seriam iguais em sua essência. Essa condição
permitia uma sintonia total entre ambos.
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