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poder do amor – LIVRO EM ESTUDO NO MUNDO MAIOR
O texto do estudo do capitulo anterior
encerrou, justamente, assim:
Nesse momento, alguém assomou à porta de
entrada.
Oh! era uma sublime mulher,............ - E'
a irmã Cipriana, a portadora do divino amor fraternal, que ainda não
adquirimos.
E é sobre o trabalho desta mulher que vamos
estudar neste capitulo.
Texto base para estudo
Fixou ela o triste quadro e disse ao
Assistente:
-Felicito-o pelo socorro que, nos últimos
dias, vem prestando aos nossos infortunados irmãos. Agora atarefemos a parte
final do serviço, convictos do êxito.
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Ocultando os méritos que lhe eram próprios,
considerou:
Sabe o Divino Senhor que ainda estou a grande
distância da realização que me atribui. Sou frágil e imperfeita, e devo
caminhar ainda infinitamente para adquirir o amor que fortalece e aperfeiçoa.
Retendo o olhar firmemente sobre o meu
companheiro acrescentou:
Estamos em cooperação fraternal na obra que
pertence ao Altíssimo. Espero que os amigos se mantenham a postos, efetuando a
maior porção do serviço, porque, quanto a mim, só atenderei aos singelos
deveres que um coração materno pode desempenhar.
Assim dizendo, acercou-se de ambos os
infelizes, postando-se em atitude de oração.
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Perante a sua personalidade transfigurada,
quase me prosternei, tal a comoção daquele minuto inesquecível.
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Estendeu as mãos para os dois desventurados,
atingindo-os com o seu amoroso magnetismo, e notei, assombrado, que o poder
daquela mulher sublimada lhes modificava o campo vibratório. Sentiram-se ambos
desfalecer, oprimidos por uma força que os compelia à quietação.
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Reconhecendo o poder divino de que era dotada
a emissária, notei que o enfermo, parcialmente liberto do corpo, e o perseguidor
implacável passaram a ver-nos com indescritível assombro. Gritaram
violentamente, empolgados pela surpresa, e, por julgar cada um de nós o
que vê através do prisma de conhecimentos adquiridos, cuidaram fossem visitados
pela excelsa Mãe de Jesus; definiam o ambiente em harmonia com as noções
religiosas que o mundo lhes inculcara.
O doente ajoelhou-se de súbito, dominado por
incoercível comoção, e desfez-se em copioso pranto. O outro, porém, embora
perplexo e abalado, manteve-se ereto, qual se o bendito favor daquela hora não
lhe fosse, a ele mesmo concedido.
- Mãe dos Céus - clamou o companheiro
hospitalizado, chorando convulsivamente - como vos dignais de visitar o
criminoso, que sou eu? Sinto vergonha de mim mesmo, sou imperdoável pecador,
abatido pela minha própria miséria.... Vossa luz revela-me toda a extensão das
trevas em que me debato! Condoei-vos de mim, Senhora!
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Cipriana acercou-se dele, de olhos faiscantes
e úmidos. Tentou soerguê-lo, sem, no entanto, lograr que ele deixasse a postura
genuflexa.
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-Pedro, filho meu não sou quem julgas, no
transporte de viva confiança que te sensibiliza a alma. Sou simplesmente tua
irmã na eternidade; todavia, também fui mãe na Terra, e sei quanto sofres.
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Matei um homem! exclamou, desabafando-se.
A mensageira afagou-lhe o rosto banhado em
pranto e acrescentou:
- Sei disso
Decorridos alguns instantes, em que dividia o
carinhoso olhar entre o interlocutor e o verdugo, contido pelo respeito a
reduzida distância, dirigiu-se ao doente, de maneira intencional, de modo a se
fazer ouvida pelo companheiro vingador:
- Porque destruíste, Pedro, a vida de teu
irmão? Como te julgaste forças e direito para quebrar a harmonia divina?
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"Aterrorizado, tentaste escapar ao
tribunal íntimo, onde o poder espiritual te exprobrava o condenável
procedimento!"
"Mas, nunca é tarde para levantar o
coração e curar a consciência ferida.
Exausto de sofrer cedeste à enfermidade e
aproximas-te da loucura. De alma contundida e corpo em desordem, apelaste para
a Misericórdia Divina, e aqui estamos. Contudo, meu amigo, nossa voz não se
ergue para fustigar-te o espírito, j;a de si mesmo tão castigado e tão infeliz!
Vimos ao teu encontro para estimular-te à regeneração. Quem poderá condenar
alguém, depois da comunhão de vicissitudes na carne? Quem se sentirá
suficientemente puro e santificado para atirar a primeira pedra, mesmo depois
de haver atravessado a fronteira de cinzas do sepulcro? Quem de nós terá
passado incólume nas correntes do pântano? Não, Pedro, o fundamento da obra
divina é o amor incomensurável. Encontramo-nos aqui para querer-te bem,
intentando alçar-te a consciência aos campos infinitos da vida eterna. Oraste e
chamaste-nos.
Abriste a mente à força regenerativa, e somos
teus irmãos. Muitos de nós, em outro tempo, penetramos também o sombrio
recôncavo dos vales do assassínio, da injustiça e da morte; entretanto,
estacamos no caminho, regeneramos o crime, ressoldamos com lágrimas os elos
partidos pela nossa imprudência, e cultivando o perdão e a humildade,
aprendemos que só o amor salva e constrói para sempre.
"Lembra-te das tuas próprias
necessidades, interrompe a marcha da lição, reconsidera a atitude e faze novo
compromisso perante a Divina Justiça".
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Assim dizendo, conchegou-o ao coração; mas
havia tal meiguice naquele amplexo inesperado, que outros circunstantes, que
não nós, diriam presenciar o reencontro de carinhosa mãe com o filho ausente,
após longa e cruciante separação.
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A emissária, que parecia não se dar conta de
nossa presença, avançou para o verdugo, sustentando Pedro nos braços, como se
lhe fora um filho doente. O perseguidor aguardou-a, ereto e altivo,
revelando-se insensível às palavras que nos haviam dominado os corações. A
missionária, longe de intimidar-se, aproximou-se, tocando-o quase, e falou,
humilde:
- Que fazes tu, Camilo, cerrado à
comiseração?
O algoz, demonstrando incompreensível frieza
retorquiu, cruel:
- Que pode fazer uma vítima como eu, senão
odiar sem piedade?
- Odiar? - tornou Cipriana, sem se alterar.
Sabes a significação de tal atitude? As vítimas inacessíveis ao perdão e ao
entendimento soem ultrapassar a dureza e a maldade dos preceitos, provocando
horror e compaixão.
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Onde esbarrarás, meu filho, com teus
sentimentos desprezíveis? Em que muralha de angustia serás algemado pela
Justiça de Deus?
Dos olhos de Cipriana escorriam grossas
lágrimas.
Camilo vacilava entre a inflexibilidade e a
capitulação. Extrema palidez cobria-lhe o rosto, e, quando nos pareceu que ia
proferir uma resposta a esmo, a missionária dirigiu-se ao meu orientador, pedindo-lhe
com humildade:
- Calderaro, meu amigo, ajude-me a
conduzí-los. Sigamos até ao lar de Pedro, onde Camilo atenderá nossos rogos.
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Acompanhávamos a cena, comovidos, quando Cipriana
se dirigiu a Camilo, desapontado:
Continuemos. Efetivamente, nosso amigo
subtraiu-te a vida física, noutro tempo, contraindo assim dolorosa dívida;
entretanto, a voz deste menino devotado à prece não te sensibiliza o espírito
endurecido? Este é o lar que o Pedro criminoso instituiu para criar o Pedro
renovado... Aqui trabalha ele, exaustivamente, para retificar-se perante a Lei.
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Apesar disso, tem a seu crédito o serviço
realizado com boas intenções, o reconhecimento de uma companheira que o
nobilita e as preces de cinco filhos agradecidos.
Quando a ti, que fizeste? Faz precisamente
vinte anos que não abrigas outro propósito senão o de extermínio. O desforço
detestável tem sido o objeto exclusivo de teus intuitos destruidores. Teu
sofrimento, agora, nasce da volúpia da vingança. Vale a pena ser vítima,
receber a palma santificante da dor, para descer tanto na escala da vida?
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No entanto o Senhor Todo Misericordioso nos
ensinou que a verdadeira liberdade é a que nasce da perfeita obediência às Suas
leis sublimes, e que só o amor tem suficiente poder para salvar, elevar e
remir. Somos todos irmãos, suscetíveis das mesmas quedas, filhos do mesmo Pai...
Não te falamos, pois, como anjos, senão como seres humanos regenerados, em
peregrinação aos Círculos Maiores.
Havia tal inflexão de carinho naquelas ternas
e sábias considerações que o perseguidor, dantes frio e impassível, prorrompeu
em pranto. Mau grado tal modificação, alçou o indicador na direção de Pedro e
exclamou:
- Quero ser bom, e, todavia, sofro!
Confrangem-me atrozes padecimentos. Se Deus é compassivo, porque me deixou ao
desamparo?
Aqueles soluços, a explodirem-lhe a alma
torturada, feriam-me fundo o coração. Como não chorar também, ali, ante aquela
cena simbólica? Camilo e Pedro, entrelaçados no crime e no resgate, não
representavam todos nós, os seres humanos falíveis? Cipriana, Divina, sempre
inclinada a ensinar com o perdão e a corrigir através do amor?
Ouvindo as palavras do verdugo, a missionária
observou:
- Quem de nós, meu amigo, poderá apreender
toda a significação do sofrimento?
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Recolheu Camilo, quase maquinalmente, nos
braços, conservando os contendores conchegados ao peito, qual se lhes fora mãe
comum.
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Foi, então, a vez de Camilo ajoelhar-se.
Do torax de Cipriana partia radioso feixe de
luz, que lhe atravessava o coração, qual venábulo de luar cristalino.
O infeliz, genuflexo agora, beijava-lhe a
destra, num transporte comovente de gratidão. rociando-a de lágrimas.
- Sim - disse ele, corando - não me
falaríeis, dessa maneira, se me não amásseis! Não são vossas palavras que me
convencem..., senão o vosso sentimento que me transmuda!
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Cipriana confiou-nos o doente, cujo veículo
denso descansava no hospital próximo, e, num triunfante sorrido de ternura
materna, enlaçou o ex-perseguidor, murmurando:
- Abençoado seja tu, que ouviste o apelo do
perdão redentor. Que o Pai te
abençoe para sempre! Vamos! A Providência
oferece trabalho regenerativo a todos nós...
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Sensibilizado, acompanhei a cena íntima em
que a família reencontrava a paz e, recordando Cipriana, com a sua milagrosa
atuação salvadora, compreendi que a mulher, santificada pelo sacrifício e pelo
sofrimento, se converte em portadora do Divino Amor Maternal, que intervém no
mundo para enobrecer o sentimento das criaturas.
Questões para estudo
1 - Qual a virtude que devemos exercitar a
cada dia e que faltava na relação entre Pedro e Camilo?
2 - Qual a atitude de Pedro que fez com que
Cipriana fosse a seu socorro?
3 - Qual a lição que a mensageira nos dá para
que possamos nos redimir das nossas culpas?
4 - O que fez com que Camilo se arrependesse
da sua ânsia de vingança?
5 - Qual o ensinamento maior que Cipriana nos
deixa, como exemplo?
Conclusão:
Vimos, nesse capítulo, a assistência
espiritual prestada a Pedro pela equipe de benfeitores que André Luiz
integrava.
O enfermo se encontrava internado, próximo da
loucura e sofria uma implacável obsessão por parte de desencarnado
que assassinara há aproximadamente vinte anos.
Ambos, obsessor e obsediado, encontravam-se
em perfeita sintonia, impregnados por um ódio mútuo que nutriam.
E como sempre acontece nesses casos, o estado
dos dois era lastimável, em grande sofrimento, do qual não conseguiam se
libertar. Somente com a intercessão da benfeitora Cipriana, a
quem o Instrutor Calderaro chamou de "portadora do divino amor fraternal",
com suas lições de amor, foi que os espíritos sofredores conseguiram entender a
necessidade de modificarem seus sentimentos, libertando-se mutuamente.
Questões para estudo e participação
1 - Qual a virtude que devemos exercitar a
cada dia e que faltava na relação entre Pedro e Camilo?
A virtude
que faltava a esses dois espíritos endividados era o amor, que os
faria aprender perdoar. Seus níveis evolutivos atrasados não lhes
permitiam ver que só o amor ao próximo e o perdão os libertariam daquela
relação de ódio, que tanto mal lhes causava.
2 - Qual a atitude de Pedro que fez com que
Cipriana fosse a seu socorro?
O apelo que ele fez à Misericórdia Divina.
Cansado pelo sofrimento ocasionado pela doença contraída em virtude de
seu desequilíbrio espiritual, Pedro fez um apelo ao Alto e, como sempre
acontece quando esse apelo é movido pelo sincero desejo de transformação, foi
atendido, com a intercessão de Cipriana.
3 - Qual a lição que a mensageira nos dá
para que possamos nos redimir das nossas culpas?
Cipriana
ensinou que somente abrindo nossa mente à força da regeneração podemos nos
recolocar no caminho certo. Que todos já erramos, que temos nossas
culpas, mas que nunca é tarde para cultivarmos o perdão e a humildade. Só
assim aprenderemos que o amor salva e constrói para sempre.
4 - O que fez com que Camilo se
arrependesse da sua ânsia de vingança?
Camilo arrefeceu seu desejo de vingança ao
comparecer ao lar de Pedro e, ali, presenciar o diálogo entre a esposa
deste e seu filho. Ao ouvir o filho menor de Pedro solicitar à mãe uma
prece em favor de seu pai, Camilo sensibilizou-se e deu início ao seu processo
de transformação, que o levaria a abandonar o desejo de vingança.
5 - Qual o ensinamento maior que Cipriana
nos deixa, como exemplo?
Cipriana nos deixa vários exemplos
edificantes, mas o maior de todos é que somente o amor pode construir a
felicidade. No dia em que estivermos impregnados por esse sentimento, o
perdão substituirá a vingança e o ódio estará banido da Terra.
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