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sexta-feira, 30 de março de 2018

15. As Obras da Lei e as Boas Obras segundo Paulo - PARTE 2


**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**


A fé sem obras está morta


**15. As Obras da Lei e as Boas Obras segundo Paulo**


PARTE 2

Todavia, os contraditores nos apresentam alguns exemplos, como em uma analogia as “obras da lei” a que Paulo se refere são as obras de todas as leis anunciadas no VT, conforme abaixo:

1 - Neste primeiro ponto, os que aceitam a graça pela fé apenas abordam que em Nm 8:1-3; 8 e 14-18, Esdras refere-se que “a mesma Lei é chamada ora de Lei de Deus ora de Lei de Moisés, indistintamente”. Assim sendo, toda a reprovação de Paulo está sobre o quesito de obras no sentido da legalidade judaizante para angariar a recompensa, já que por meio da fé e prática dos ensinos de Jesus é que seriam suficientes para a justificação.

Nesta citação de Esdras, encontramos em Lv 23:33-36; 39-43; Dt 16:13-15. Mediante as referências, encontramos uma lei estabelecida com preceitos para “A Festa dos Tabernáculos”. Certamente que esta obra da legalidade religiosa se tornou mais importante do que a prática dos ensinamentos do Mestre com o passar dos séculos. Por este motivo que, tanto Jesus como Paulo combatiam estes comportamentos farisaicos. Ou seja, alguém aqui pratica esta legalidade religiosa que é uma lei divina, segundo os que aceitam a graça pela fé apenas? Cremos que não, e por este motivo que salientamos a prática do Evangelho.

2 - Já em Gl 3:10, os que aceitam a graça pela fé apenas enfatizam que nesta citação lemos que: "Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para fazê-las", e este vem a classificar como “numa clara citação a Dt 27:26, que enumera “obras da lei” tanto as cerimoniais como a parte integrante dos 10 mandamentos”. Ao examinarmos o texto aludido, chegamos ao seguinte parecer. Primeiro, segundo os que aceitam a graça pela fé apenas, as obras da lei são todas as obras a que se refere Paulo, entretanto se não há nenhuma diferenciação de boas obras como as obras da lei, este argumento se autopulveriza em dois aspectos, pois, nos versos posteriores da passagem aventada, lemos:

E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. (Gl 3:11-12).

Após este esclarecimento, vemos que o defensor da graça encontra-se em dois dilemas.

a) Se para os que aceitam a graça pela fé apenas, as “boas obras” e “obras da lei” são a mesma coisa, temos no texto acima que pela lei, ninguém é justificado diante de Deus e que em Tiago lemos: Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente (Tg 2:24). Se Paulo se refere às legalidades religiosas e Tiago das boas obras, o problema está resolvido, mas se os que aceitam a graça pela fé apenas sustentarem a sua tese de não separar o trigo do joio, eles anulam em sua interpretação um desses textos confrontados e controversos.

b) Outro dilema em que estão os que aceitam a graça pela fé apenas com a sua linha de argumentação, é que se a lei não procede de fé, essas mesmas obras não procedem da fé, tão logo a fé não seria a causa e as obras nem muito menos seriam a consequência. Porém, se é acerca das legalidades religiosas que Paulo se refere e não as obras da lei como um todo, tão logo teremos sanado o problema, pois as boas obras procedem da fé que sem elas é morta.

3 – Os que aceitam a graça pela fé apenas encerram dizendo que em Mc 7:10, “Jesus declara: "Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe". E ainda, segundo eles: “Jesus coloca este mandamento a ser observado como lei de Moisés e, portanto, esta também seria uma ‘obra da lei’ de Moisés”. Quem declara este mandamento (Ex 20:12)? Certamente não foi Moisés, mas por meio dele que nos foi passado, pois este declara uma legalidade religiosa, como uma lei disciplinar na passagem do mesmo verso que foi suprimida,

e: Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. (Dt 5:16; Ex 21:17; Lv 20:9)

Nesta citação do sétimo capítulo do evangelho de Marcos, Jesus enfatiza a tradição dos anciãos por darem mais valor as suas tradições religiosas, rejeitando os mandamentos divinos (Mc 7: 1-9). Há a inferência que não é o que está fora do homem que o contamina, mas o que está dentro dele que o faz, sendo estes os sentimentos de hipocrisia, rancor, mágoa, ódio, orgulho, egoísmo e não um demônio externo.

Portanto, ao fim destes três pequenos exemplos mal compreendidos, dentre outros mais que trouxemos, estes são suficientes para esvaziar a afirmação de que Paulo se referia as “boas obras” e “obras da lei” como um todo. Ademais, o pensamento e atitude de Paulo era a de que ele estava se referindo, não a que o indivíduo ‘não seria justificado por suas obras, mas sim, não seria justificado pelas obras da legalidade religiosa’, ou através das “obras da lei”.

Com efeito, cremos que ter fé, só por ter de nada adianta, já que a fé sem obras está morta, porém, para os que aceitam a graça pela fé apenas, o apóstolo “Paulo ensina outra coisa, que as obras, sem a fé, não salvam ninguém”. E onde que há efeito sem causa? Não há a possibilidade de existirem as “boas obras” que, sendo de amor ao próximo possam ser diferenciadas das mesmas “boas obras” universais de amor ao próximo. Seria como tentar condenar alguém que pratica esta lei de “amor ao próximo”, sendo que todos que as praticam serão os justos e os injustos serão todos aqueles que não as praticam. Esta será a diferença entre justos e injustos.

Referente ao texto de Gl 5:4-6 foi esclarecido no texto em análise, e conforme Paulo, este diz que Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. (v. 4). Mais adiante, o apóstolo Paulo identifica qual era tal preceito religioso da lei de Moisés que ainda vigorava e que não justificava, tal como:

Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor. (vv. 5-6).
Quando Paulo fala que a fé que opera pelo amor. Não que ele queria dizer que a fé opera o amor, mas que a fé é operada pelo amor, ou seja, através do amor das boas obras que exemplificam o “amor ao próximo” e que exprimem o princípio de que “a fé sem obras está morta” de que o amor que faz a fé operante. Caso contrário, a fé é morta!

Mais adiante, quando os que aceitam a graça pela fé apenas comentam o texto de Gl 5:14, eles dizem que nos contradizemos textualmente, pois nesta pequena passagem, tenta o proponente passar a impressão de que ao afirmar Jesus o “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, “faz parte do mesmo mandamento que ele um pouco mais acima chamou de “obras da lei de Moisés”, especificamente em (Lv 31 19:18)”. E onde foi que afirmamos que o mandamento de “Amar o próximo como a nós mesmos” é sobre as obras da legalidade religiosa? Esclarecemos que tais obras da lei eram aventadas pelos judaizantes, conforme o próprio apóstolo Paulo que nos diz:
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. (v. 18 do mesmo capítulo).

Estranho incitarmos que pelo espírito está acima da lei de “Amar a Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como a si mesmo”. É claro e evidente que é sobre a legalidade religiosa a que ele se refere de que:
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. (v. 4 do mesmo capítulo).

Neste caso, Paulo exemplifica como sendo o preceito judaico da circuncisão, onde reza a pregação de Paulo neste ponto, recomendando que... pelo amor servi-vos uns aos outros (v. 13).

Thiago Toscano Ferrari


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