**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**
A
fé sem obras está morta
**8.
O conceito de fé e obras por Paulo e Tiago**
Neste tópico abordaremos a visão
de Paulo e de Tiago, mediante o conceito de fé e obras que ambos tinham, a quem
eles se dirigiam e a palavra final de Jesus. Alguns que aceitam a graça pela fé
apenas ignoram o pensamento deste apostolo que tanto contribuiu para pregar a
essência dos ensinamentos de Jesus, sem contradizer o combate de Paulo contra o
farisaísmo e o apego às liturgias Judaicas de sua época.
Segundo esses mesmos que aceitam a
graça pela fé apenas, eles dizem que “o apóstolo Tiago realça muito mais as
obras do que os outros escritores bíblicos”. Com isso, encontramos na epístola
de Tiago:
E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com
falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é
semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se
contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém,
que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo
ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu
feito. Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes
engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os
órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
(Tg 1:22-27)
Prática das obras ou da fé? Tiago
não deixa margem para nenhuma dúvida de que os “cumpridores da palavra” são os que praticam as boas obras. Essa
colocação de Tiago é muito interessante: “A religião pura e imaculada para com Deus é esta: visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”, ou
seja, prática do amor ao próximo pela realização dos atos de caridade. E Tiago
também diz:
Todavia, se cumprirdes, conforme a
Escritura, a lei real: Amarás a teu
próximo como a ti mesmo, bem fazeis. (Tg 2:8).
Após esta introdução, os que
aceitam a graça pela fé apenas não satisfeitos, entendem que “obras,
biblicamente falando, não são apenas as com o intuito de amor ao próximo, uma
vez que Abraão não fez obra alguma ao próximo, e, sim, a Deus”. No segundo
capítulo desta epístola, Abraão não realizou nenhuma obra ao próximo, porém,
esta referência de Tiago era como uma alusão ao que o mesmo abre em seu
capítulo com a seguinte exortação da
caridade para com o próximo:
Meus irmãos, qual é o proveito, se
alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã
estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e
qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem,
contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por
si só está morta. (Tg 2:14-17).
Na abertura desta exortação de
Tiago, não há dúvidas de que ele enfatiza a caridade como uma expressão de amor
ao próximo e este é o nosso entendimento, sendo o mesmo do apóstolo Tiago.
Entretanto, para alguns que aceitam a graça pela fé apenas, Tiago “parece
ensinar que a salvação é pelas obras, e não pela fé”. Ora, parece? Contudo a
resposta do apóstolo diz o oposto:
verificais
que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. (Tg 2:24)
Todavia, para que aceitam a graça
pela fé apenas “isto é só aparência, é tão somente a fé que justifica. Tiago ao
dizer o que disse, não soube se expressar e na verdade quis dizer o contrário”.
Na tentativa de fundamentar este argumento, esses mesmos que aceitam a graça
pela fé apenas dizem que “o próprio Lutero teve por um tempo este seu mesmo
engano”. Engano? Vejamos que o próprio Lutero, ao elaborar as sua 95 teses, não
foi contra as boas obras de caridade, mas principalmente contra o abuso da
Igreja Católica, tornou-se público e notório o desvirtuamento da essência do
Evangelho, descambando para a cobrança das indulgências. O que Lutero realizou
foi insurgir contra a própria Igreja diante deste abuso e outros mais,
enfatizando o desmerecimento da epístola de Tiago por haver este “desvio”.
Ao vermos a 21ª tese de Lutero, viemos a
encontrar:
Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam
que a pessoa é absolvida de toda pena e salva
pelas indulgências do papa.[1]
Em consonância com as teses 23,
24, 28, 30, 31, 32, 33, 36, 42, 43, 44, 52, 53, 59, 62, 65, 66 e 67. Todas
estas teses são veementemente contra as
cartas de indulgência e não contra as boas obras. O que defendemos é que
o mesmo abuso das indulgências, realizadas pela Igreja Católica na Idade Média,
numa analogia, estes desvirtuamentos vêm sendo repetidos em muitas Igrejas
Protestantes nos dias de hoje, com a ambição da arrecadação de dízimos e
ofertas, angariando templos suntuosos e enriquecimento ilícito de muitos que se
aproveitam. Não estamos generalizando, mas documentando um fato para que os
cristãos que são sérios venham a se insurgir contra tais atos, assim como Lutero
o fez com a cobrança das indulgências, denunciem estes que venham a realizar
tais desvirtuamentos.
Passando adiante, dizem os que
aceitam a graça pela fé apenas que “Paulo fala da fé para a Salvação, enquanto Tiago mostra as
boas obras como resultado desta
mesma fé”. De tudo não é verdade, pois Paulo se dirige aos que não têm a mesma
fé que a dos cristãos primitivos, já que ele se dedica em sua maioria aos
gentios e judeus que não acreditavam no messias e se apegavam aos devaneios do
materialismo e das liturgias judaicas, sem esquecer-se das pregações e
exortações aos cristãos primitivos.
O apóstolo Paulo enfatiza não a fé
para a salvação, mas a Graça que é por meio da fé e das boas obras que iremos
angariar a salvação, senão, se for por meio da fé somente, não haveria como
sermos salvos, já que a fé sem obras
está morta e foi isso que Tiago enfatizou, quando disse que:
verificais
que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. (Tg 2:24)
assim como o corpo sem o espírito
está morto, assim também a fé sem obras
é morta (Tg 2:26).
Paulo prega a graça que vem por
meio da fé e é consumada através das boas obras, e assim chega-se à salvação.
Já Tiago prega a justificação pelas obras e não pela fé somente, trazendo assim
o foco do tópico de que a fé sem obras
é morta e consequentemente não
pode gerar como resultado a
salvação, já que a fé sem frutos é inoperante.
Continuando, caro leitor, os que
aceitam a graça pela fé apenas pregam que: “O próprio apóstolo Paulo, em uma de
suas cartas, junta o ensino dele com o de Tiago”:
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé (1), e isto não vem de
vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para
boas obras (2), as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas.
(Ef 2:8-9).
Entretanto, onde foi demonstrado pelos defensores
da graça que o apóstolo Paulo junta o ensino dele com o de Tiago? Em nenhum
lugar, no entanto, iremos realizar a
comparação dos dois textos em questão. Após a repetição desta mesma
passagem predileta dos defensores da graça, este faz duas observações também já
reprisadas do escrito anteriormente.
*
1 Somos salvos por meio da fé, sem obras? Ou com as boas obras? Se, somos
salvos por meio da fé, tão logo a fé não é um fim e sim um meio de se chegar a
esta salvação, tão logo, o fim desta mesma fé são as boas obras, gerando
consequentemente a salvação, mas se a
fé sem obras está morta são as obras que dão vida à fé. A vida está nas
obras, assim como a vida do corpo está no espírito. Ao menos que se mude a
essência deste tópico.
*
2 Criados para e não salvos pelas boas obras. Criados para as obras? Ou
criados para a fé? Se fôssemos criados para a fé, logo ela seria um fim e não
um meio. Para os leitores entenderem melhor, a fé a que se refere Paulo é um
meio de se chegar a graça que somente é consumada
através das obras. Tão logo, sem as boas obras a fé é morta. Se a fé é morta, ela nada produz. Paulo enfatiza que
a fé é um meio, as obras um fim para que andemos nelas, gerando o resultado da
graça que é concedida por Deus, através da pratica do “amor ao próximo”.
Ademais, realistamos o seguinte
questionamento aos que aceitam a graça pela fé apenas, com o fito de obtermos
uma resposta: A fé extraída da citação de Paulo é uma fé com obras ou uma fé sem obras? Iremos demonstrar nas
linhas abaixo o que entendemos sobre tal assunto, versando sobre o contexto de
Ef 2:8-10 e Tg 2:14-26, a fim de juntá-los e chegarmos ao veredicto. O apóstolo
Paulo diz que:
pela graça sois salvos, por meio
da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. (Ef 2:8)
Neste ponto, Paulo deixa claro que
o homem é justificado pela fé. Por outro lado, afirma o apóstolo Tiago que:
verificais
que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. (Tg 2:24)
Com efeito, segundo Tiago, uma
pessoa é justificada por obras e
não apenas pela fé. Chegamos à seguinte conclusão, segundo Paulo, o homem é
justificado pela fé sem obras e segundo Tiago o homem é justificado pelas
obras. Se ambos os textos forem referentes às mesmas boas obras, estamos diante
de uma contradição, mas se Paulo se referia às obras da legalidade judaica e
Tiago às boas obras, entendemos que ambos não falavam das mesmas obras e que os
textos não se contradizem. Se os que aceitam a graça pela fé apenas sustentarem
a sua tese de que eram as mesmas obras que os apóstolos se referiam, não somos
nós que laboramos em erro e há um grande problema de contradição textual para
que eles, os que aceitam a graça pela fé apenas resolvam.
Finalizando a minha abordagem
sobre tal tema, a fé só existe se existirem obras. Sendo as boas obras um fim
universal, logo chegaríamos à salvação, ou a graça concedida por Deus através
da prática da moral contida no Evangelho, sabendo que estas mesmas obras viriam
a ser ensinadas por Jesus, e os seus ensinos morais são universais.
[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/95_teses_de_Lutero, consultada
julho 2006. 14
Thiago
Toscano Ferrari
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