*INFORMAÇÃO ESPÍRITA*
A
fé sem obras está morta
*3.
Misericórdia quero e não sacrifícios*
O sacrifício vicário que Jesus
nos enfatiza de que a misericórdia (perdão) está acima dos sacrifícios.
Vejamos:
Ide, pois, e aprendei o que
significa: Misericórdia quero, e não
sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores (Mt 9:3).
Os que aceitam a graça pela fé
apenas apontam a resposta desta passagem em Os 6:6. Vejamos a passagem:
“porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus
mais que os holocaustos”. (Os 6:6)
Dizem que “Jesus veio para cessar
com os sacrifícios no antigo testamento, oferecendo a Si mesmo. Contudo, eles
ainda dizem que não está Cristo desabonando o que Deus Pai implantou”. Ou seja,
se Jesus veio para cessar com os sacrifícios e oblações do AT, não faria
sentido o que Ele mesmo disse, pois disse que estes mesmos sacrifícios não eram
necessários e não se enquadravam na vontade divina, já naquele momento. Não é
uma questão de desabono a uma determinação da Torah e sim de uma nova vertente,
apontando um ensinamento que apresenta o Evangelho como modelo e guia para que
déssemos mais ênfase à prática de sua moral e nos suportarmos uns aos outros
como irmãos, a fim de alcançarmos as virtudes celestes através do esforço em
adentrar a Porta Estreita. Esta é a ênfase, e não dar credibilidade para os
sacrifícios que não eram e nunca foram necessários, segundo o Cristo.
Os mesmos que aceitam a graça pela
fé apenas apresentam ainda o texto de Rm 10:1-3. Examinemos abaixo o texto:
“Irmãos, o desejo do meu coração e
a súplica que dirijo a Deus por eles são para que se salvem. (2) Pois lhes dou
testemunho de que têm zelo por Deus, mas um zelo sem discernimento. (3)
Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça,
não se sujeitaram à justiça de Deus”. (Rm 10:1-3)
É fato de que até o verso 15 desta
passagem trata-se da conclusão de uma exortação de Paulo se dirigindo aos
Judeus que rejeitaram a vinda de Jesus. Acreditamos que Jesus é o Messias e
mesmo assim nos dizem que “a mesma analogia feita por Paulo aos judeus cabe com
relação aos demais povos, quando estes tentam alcançar a Salvação por seus
próprios meios”. Este argumento caberia somente aos que não acreditam em Jesus.
Que meios são esses aventados? Não seriam as obras de amor para com o próximo
(Mt 25:31-46), como tentam reverter os que aceitam a graça pela fé apenas, mas
sim as obras da lei de Moisés que iremos esclarecer mais adiante.
Nesta passagem, Paulo enfatiza que
quem praticar a justiça decorrente da Lei, este viverá por ela. E nunca que
Paulo quis dizer que iríamos angariar a salvação por nossos próprios meios ou
pela Lei contida na Torah. A tentativa dos que aceitam a graça pela fé apenas é
de dizer que “a fé era acompanhada das obras, mas as obras se viessem sem fé,
de nada adiantavam”. Como poderia, neste contexto e no que dissemos, afirmarmos
que iríamos praticar aquilo em que não acreditamos? É isso que reza a passagem
de Romanos trazida. Se não houver as obras de amor para com o próximo, a fé é
morta, pois nada produz. Agora, se há obras de frutos de amor ao próximo,
alguém duvida que inexista a fé em algo superior? É pelos frutos que conhecemos
a árvore e se não há frutos na árvore, é porque esta é estéril e nada produz.
Agora, dizer que pode haver frutos sem a árvore, aí é forçar a barra e tentar
provar que há efeito sem causa! Ao citarem Os 6:6 (segunda parte), dizem os que
aceitam a graça pela fé apenas que isolamos o contexto. Mas quem primeiro fez
isso foi o Cristo. Defendeu uma ideia com base tão somente na primeira parte, desprezando
a segunda. Já os que aceitam a graça pela fé apenas enfatizam a segunda parte,
desprezando a primeira. De um lado temos o Cristo, de outro os que aceitam a
graça pela fé apenas. O Cristo diz que Deus não quer sacrifícios, os
contraditores tentam provar o contrário. Ficamos com Jesus.
Ademais, na parte terceira,
capítulo dois que trata da “Lei da Adoração”, da obra “O Livro dos Espíritos”,
Kardec nos elucida com seus questionamentos e a resposta dos espíritos, sobre a
questão dos sacrifícios:
669.
O hábito de sacrifícios humanos vem da mais alta Antiguidade. Como o homem pôde
ser levado a acreditar que tais coisas pudessem ser agradáveis a Deus? –
Primeiramente, porque não compreendia Deus como fonte da bondade. Entre os
povos primitivos, a matéria domina o espírito; eles se entregam aos instintos
animais, é por isso que são geralmente cruéis, porque o seu sentido moral ainda
não se desenvolveu. Além disso, os homens primitivos deveriam acreditar,
naturalmente, que uma criatura viva tinha muito mais valor aos olhos de Deus do
que um morto. Foi isso que os levou a sacrificar primeiro os animais e em
seguida os homens, uma vez que, seguindo sua falsa crença, pensavam que o valor
do sacrifício estava diretamente ligado à importância da vítima. Na vida
material, se ofereceis um presente a alguém, o escolheis de um valor tanto
maior quanto quereis demonstrar à pessoa mais amizade e consideração. Devia
ocorrer o mesmo com os homens ignorantes em relação a Deus.
669a.
Assim, os sacrifícios de animais teriam precedido os sacrifícios humanos? – Sim.
Não há dúvida.
669b.
Então, de acordo com essa explicação, os sacrifícios humanos não teriam sua
origem num sentimento de crueldade? – Não, mas numa ideia errônea de
ser agradável a Deus. Vede o que ocorreu com Abraão2. Depois, os homens
abusaram ao sacrificar seus inimigos. Porém, Deus nunca exigiu sacrifícios de
animais nem de homens; Ele não pode ser honrado com a destruição inútil de sua
própria criatura.
670.
Os sacrifícios humanos feitos com intenção piedosa algumas vezes puderam ser
agradáveis a Deus? – Não, nunca. Mas Deus julga a intenção. Os homens,
sendo ignorantes, podiam acreditar que faziam um ato louvável ao sacrificar um
de seus semelhantes. Nesse caso, Deus apenas levava em conta o pensamento e não
o fato. Os homens, ao se melhorarem, reconheceriam seu erro e reprovariam esses
sacrifícios, que não deviam alcançar compreensão no pensamento dos Espíritos
esclarecidos; digo esclarecidos porque os Espíritos estavam, então, envolvidos
por um véu material, mas, pelo livre-arbítrio, podiam ter uma percepção de sua
origem e finalidade, e muitos já compreendiam, por intuição, o mal que faziam,
embora continuassem a fazê-lo para satisfazer suas paixões.
671.
Que devemos pensar das chamadas guerras santas? O sentimento que leva pessoas
fanáticas a exterminarem o máximo que puderem dos que não compartilham de suas
crenças para serem agradáveis a Deus parece ter a mesma origem que os estimulava
antigamente a sacrificar os seus semelhantes? – Eles estão envolvidos pela ação
de maus Espíritos e ao guerrearem com seus semelhantes contrariam a vontade de
Deus, que diz que se deve amar seu irmão como a si mesmo. Todas as religiões,
ou melhor, todos os povos, adoraram um mesmo Deus, tenha um nome ou outro. Por
que fazer uma guerra de extermínio apenas pelo fato de terem religiões
diferentes ou não terem ainda alcançado o progresso dos povos esclarecidos? Os
povos podem ser desculpados por não acreditarem na palavra daquele que era
animado pelo Espírito de Deus e enviado por ele, principalmente quando não o
viram e não foram testemunhas de seus atos; porém, como quereis que acreditem
nessa palavra de paz, quando pretendeis impor essa palavra com a espada na mão?
Devemos levar-lhes o esclarecimento e procurar fazer-lhes conhecer a doutrina
do Salvador pela persuasão e pela doçura, não pela força e pelo sangue. Na
maioria das vezes, não acreditais nas comunicações que temos com alguns mortais;
como haveis de querer que estranhos acreditassem na vossa palavra, quando
vossos atos desmentem a doutrina que pregais?
672.
A oferenda dos frutos da terra, feita a Deus, tem mais mérito aos seus olhos do
que o sacrifício de animais? – Já vos respondi ao dizer que Deus julga a intenção e
o fato tem pouca importância para ele. Seria evidentemente mais agradável
oferecer a Deus frutos da terra do que o sangue das vítimas. Como já vos
dissemos e repetimos sempre, a prece dita do fundo do coração é cem vezes mais
agradável a Deus do que todas as oferendas que poderíeis lhe fazer. Repito que
a intenção é tudo e o fato não é nada.
673.
Não haveria um meio de tornar essas oferendas mais agradáveis a Deus se
aliviassem as necessidades daqueles a quem falta o necessário; e, nesse caso, o
sacrifício de animais, quando feito com um objetivo útil, não se tornaria
meritório, embora fosse abusivo quando não servia para nada ou só tinha
proveito apenas para as pessoas que não tinham necessidade de nada? Não haveria
alguma coisa de verdadeiramente piedoso em consagrar aos pobres os primeiros
frutos dos bens que Deus nos concedeu na Terra? – Deus abençoa sempre aqueles que
fazem o bem,e aliviar os pobres e aflitos é o melhor meio de honrá-Lo. Não
quero dizer, entretanto, que Deus desaprova as cerimônias que fazeis por
devoção, mas há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente e não
é. Deus ama a simplicidade em todas as coisas. O homem que fundamenta sua
crença nas exterioridades e não no coração é um Espírito com vistas estreitas.
Julgai se Deus deve se importar mais com a forma do que com o conteúdo.
1. Resposta dada pelo Espírito de
M. Monod, pastor protestante de Paris, falecido em abril de 1856. A resposta
anterior, nº 664, é do Espírito São Luís (N. K.).
2. Abraão: patriarca da Bíblia que se propôs a sacrificar Isaac, seu
filho, a Deus, como prova de obediência, mas pela intervenção de um Espírito
foi impedido de fazê-lo – Veja em Gênese, 22 – (N. E.). (KARDEC, A., O
Livro dos Espíritos, Parte Terceira, Capítulo 2, Lei de Adoração)
Thiago Toscano Ferrari
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