INFORMAÇÃO ESPÍRITA
PANORAMA
*PROBLEMAS DE HOJE E DE SEMPRE... E SEUS REMÉDIOS*
João Duarte de Castro
No âmago
de todos os males que sempre afligiram a Humanidade estão sempre presentes três agentes principais: o egoísmo, o orgulho e a ambição.
Mas se o
Homem se reformasse a si mesmo, promovesse seu burilamento interior, levasse de
vencida seu maior inimigo que é ele próprio, empreendesse a mais difícil das
batalhas que é a luta contra seu íntimo, poderia reformar então o mundo e a
Humanidade, transformar este "vale de lágrimas" e mundo de provas e
expiação, em um paraíso terrestre.
Toda
grande caminhada começa pelo primeiro passo, assim como toda reforma e qualquer
transformação para melhor que se queira promover com relação ao mundo e ao
gênero humano, deveria começar pela reforma e pela transformação do próprio
homem.
Quando o
Homem extirpar de seu coração o egoísmo, este monstro devorador de todas as
inteligências, este filho do orgulho e fonte de todas as misérias terrenas, o
supremo obstáculo de seu progresso moral estará enfim, removido. Sendo o
egoísmo a negação da fraternidade é, conseqüentemente, o maior empecilho à
felicidade humana. E o medicamento mais indicado para combater este terrível
flagelo ainda é o supremo mandamento prescrito por Jesus: "Amai-vos uns
aos outros". Ou seja, amar ao próximo como a si mesmo, ou ainda:
"Faça aos outros apenas aquilo que deseja que lhe seja feito".
"Onde
estiver o tesouro do homem, aí também estará seu coração”, disse o Sublime Amigo.
Assim, o coração do ambicioso onde estará? Logicamente que nos bens terrenos, nos
tesouros que a traça rói, a ferrugem consome e os ladrões roubam. E a cobiça é sua
dileta companheira; e a inveja um espinho sempre cravado em seu coração! E
somente quando o homem entender que todos os bens da Terra pertencem a Deus,
não passando ele de um simples depositário, de mero usufrutuário; apenas quando
se conscientizar de que não possui de seu senão aquilo que poderá levar deste
mundo, estará o Homem pronto para integrar a geração do Terceiro Milênio. E para combater grandes males, nada melhor que
a aplicação de remédios poderosos: o Amor, a Fraternidade, o Desprendimento. E
criaturas como Chico Xavier, Jerônimo Mendonça, Madre Tereza de Calcutá,
exemplos vigorosos de humildade, simplicidade, de doação ao próximo, muito nos
auxiliam no combate a estes dragões do mal de todas as épocas: o egoísmo, o
orgulho e a ambição. São muitas as passagens que demonstram a humildade e o
desapego às coisas materiais do médium de Uberaba.
Reside ele
em uma casa humilde, não de sua propriedade, localizada num bairro da cidade,
de alvenaria, sim, mas simples e despojada de qualquer conforto ou requinte.
A
habitação é rodeada por muros altos para preservar um mínimo de privacidade a
seu humilde morador. Ele próprio ocupa um quartinho nos fundos do quintal, onde
o que mais existe são seus livros. Conta-se que em certa ocasião Chico estava
necessitado de mais um terno, pois o que possuía já estava surrado e gasto. Uma
manhã alguém, como que lhe adivinhando a precisão, deixou em sua casa dois
lindos ternos. Chico ficou radiante com o presente mais que oportuno e foi
logo, com toda a simplicidade, experimentar as roupas. Aí surge-lhe Emmanuel
que lhe indaga: "Chico, quantos corpos você tem?" Ao que o
médium lhe responde: "Só um corpo". Sentencia-lhe então o
Mentor Espiritual: "Por que você precisaria, então, de dois ternos se
só possui um corpo físico?!" Chico, entendendo a advertência de
Emmanuel, pegou um dos ternos, justamente aquele de que mais gostara, e foi
para a frente de sua casa. O primeiro pobre que por lá passou recebeu um belo
terno como presente do medianeiro.
Numa manhã
de outubro de 1971, Chico Xavier surpreende-se ao ver estacionado um enorme caminhão
diante do portão de sua casa. Na carroceria, um "Fuscão" de luxo,
último modelo, zero quilômetro. E mais admirado ainda ficou o médium quando, o
motorista do caminhão começou a descarregar sua carga!
Terminada
a operação, o homem perguntou-lhe se conhecia Francisco Cândido Xavier e se o
mesmo estava em casa. Timidamente, respondeu-lhe nosso Chico: "Sou eu
mesmo”.
O
motorista informa-lhe a razão de sua visita:
"Um
industrial de São Paulo foi quem lhe mandou este carro. Uma empresa de transportes
contratou-me para trazê-lo e entregá-lo ao senhor. Aqui estão as chaves e os
documentos do veículo”. E sem mais nada a dizer, o portador do presente
virou as costas e partiu. O humilde medianeiro ali ficou a balançar a cabeça.
Por fim, sorriu e retirou-se para seu quarto a fim de orar e meditar. O carro
lá ficou na rua, abandonado. Horas depois, chega o dono do estabelecimento comercial
que fornecia gêneros e verduras para a "sopa dos pobres" do Chico. O porta
voz da Espiritualidade mostra-lhe o presente e pergunta-lhe o que achou do
carro. O homem ficou entusiasmado com o magnífico "Fuscão". Aí, o
Chico lhe diz: "Gostou? Leve-o, então. Você me paga em macarrão e outros
gêneros para minha sopa e minhas sacolas". O mensageiro do Além, em
sua simplicidade e pureza, acabara de realizar uma transação para ele altamente
vantajosa: trocara um carro que de pouca ou nenhuma utilidade lhe seria por uma
grande quantidade de mantimentos para seus pobres! Alguém presenteara o Chico
com um relógio. Era um belo relógio de pulso que o médium tivera que aceitar
para não ofender o ofertante, dada sua insistência. Andou vários dias com o
relógio, admirando-lhe a pontualidade. Mas um dia, quando estava se dirigindo
para seu serviço, lembrou-se de visitar rapidamente Dona Glória, a quem dera um
passe na véspera e a quem Bezerra de Menezes receitara uns remédios homeopáticos.
Chico perguntou como estava Dona Glória e se estava ela tomando os remédios
pontualmente. A enferma respondeu-lhe que se sentia um pouco melhor, mas que
não podia tomar os remédios com pontualidade porque, como Chico estava vendo,
era pobre e não pudera ainda comprar um relógio. Ato contínuo, o irmão dos sofredores e dos
desvalidos, mansamente retira o relógio que trazia no pulso e presenteia com
ele Dona Glória. A mulher fica surpresa e emocionada, mas Chico, já se
despedindo, disse-lhe: "Como a senhora estava precisando de um relógio,
este que estava comigo devia ser seu mesmo. Fique com Deus, Dona Glória”.
FONTE
“O ESPIRITISMO E OS PROBLEMAS DA HUMANIDADE”
ed. ABC DO INTERIOR
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