Powered By Blogger

Pesquisar este blog

Páginas

sábado, 3 de março de 2018

IDE E PREGAI!


COMUNICAÇÃO -  INFORMAÇÃO ESPÍRITA




IDE E PREGAI!

Gebaldo José de Souza

“Nunca falar de alto para baixo, mas compartilhar as necessidades e deficiências dos circunstantes, transmitindo-lhes a certeza de que carrega também consigo as mesmas lutas e problemas que lhes marcam a vida.”

Conta Rabidranath Tagore que um lavrador, ao voltar à casa, percebe, em sentido contrário, bela carruagem. Fascinado, viu-a parar junto a ele, dela descendo o Senhor da Vida, que lhe pede um auxílio.

Surpreso e mudo, mergulha a mão no alforje de trigo que trazia e entrega ao Divino Pedinte apenas um grão da preciosa carga. O Senhor agradece e parte.

Refeito do assombro, o pobre homem observa que doce claridade emanava de seu alforje.

Sua dádiva — o grânulo de trigo — voltara à sacola, transformada em pepita de ouro luminescente...

 — Louco que fui!... Por que não dei tudo o que tenho ao Soberano da Vida?
Na síntese do apólogo, sublime lição para os aprendizes do Evangelho, máxime para os que comentamos suas lições, nas Casas Espíritas. Por “compartilhar as necessidades e deficiências” desses trabalhadores, é que convidamos todos ao debate, para que nos aperfeiçoemos, no diálogo fraterno.

Os explicadores espíritas — assim nos chama Emmanuel — somos aqueles que mais nos expomos, diante do público que comparece às Instituições Espíritas; quem transmite a primeira impressão ao ouvinte da primeira vez; quem divulga livros, quando os citamos ou os recomendamos; e aqueles que, para pregar com palavras, devemos exemplificar. E mais: porque não devemos falar de ciência própria, mas da Doutrina Espírita, somos daqueles que mais devemos estudá-la; além de atentos à constante reforma íntima, para que nossos atos não desmintam nossas palavras.

Em essência, o que nos cabe é não pregar só com o verbo, mas por inteiro, generosa, prodigamente.

É comum hoje em dia, concluída a palestra, muitos expositores retirarem-se, antes de encerrada a reunião pública. Isto se dá até com integrantes do próprio Centro onde ela se desenvolve. Entendemos que, assim agindo, abandonam em meio o trabalho, como se a ele fossem alheios.

Os Espíritos chegam antes da reunião e ali permanecem até seu final. Assim os demais médiuns. Por que exceção para o expositor?

Porque é de outra Casa? Não temos uma Casa, mas uma CAUSA: o Evangelho.

Cumpre-nos registrar que há dirigentes de reuniões que favorecem essa retirada, pois, ao invés de convidá-lo a transmitir passes ou a manter-se em prece, agradece-lhe, ao tempo que lhe aperta a mão, como numa despedida... Talvez assim procedam, influenciados por aqueles que pedem licença e se despedem.

É claro que há circunstâncias em que esse afastamento se justifica. Mas não é o que se vê, pois a exceção virou regra. Até expositores jovens, que se miram nos exemplos que vêem, adquirem esse mau hábito.

Se o costume se generaliza, daqui a pouco o médium passista chegará, de olho no relógio, no momento exato de aplicar os passes.

Terminada sua tarefa, afastar-se-á. Assim fará o médium psicofônico, o que serve a água fluidificada, o esclarecedor, o encarregado da livraria, etc. Seremos então os burocratas do Evangelho, sem jamais compreender as lições do Mestre, o qual andava, com os Apóstolos, em meio ao povo, sem tempo até para se alimentarem; ou seja, com absoluto esquecimento de si mesmos.

Aqueles que assim procedem, estariam acima das “necessidades e deficiências dos circunstantes”?

Os que ali comparecem, têm-nos como representantes do Centro e da Doutrina Espírita. São nossos convidados. E, ao convidar alguém para nossa casa, é dever comezinho de urbanidade que nela permaneçamos, para dar atenção ao visitante.

Quando não seja por amor, que nos integremos ao trabalho, por civilidade.

Será o acaso que nos reúne àquele público; ou que nos levou àquele Centro Espírita e a desenvolver aquele tema? Ou é um compromisso mais sério? Quem alimentar dúvidas, leia o Cap. XI, do livro ‘EMMANUEL’.

Onde o amor aos ensinos de Jesus? Onde o amor ao próximo, que, às vezes, ao final, precisa mais de palavras de carinho, de esclarecimentos adicionais; de alguém que o ouça pacientemente, que o console, que lhe indique um ou outro livro; que lhe doe um Evangelho ou até mesmo a passagem do ônibus, para o retorno à sua casa? Por que não confraternizar com trabalhadores do Centro e demais ouvintes, interessados no diálogo fraterno, ao findar a reunião, consolidando amizades e realizando novas?

Por que a pressa?

Nessas ocasiões, quando doamos de nós mesmos, vivenciamos experiências comoventes e inesquecíveis. Alegria indizível se apossa de nossos corações, quando compartilhamos, sem pressa, minutos de nossa vida com os “Filhos do Calvário”, muito amados do Mestre.

Jesus nos enviou ao encontro deles, como seu representante, não só para esclarecê-los, mas para amá-los e também aprender com eles virtudes que não se aprendem no colégio nem se encontram nos muitos livros que manuseamos. A vida é rica, multifária, e suas lições se nos revelam, muitas vezes, pela boca sábia de criaturas analfabetas das letras do mundo.

Além do mais, não há como falar da sublime Doutrina, sem compreendê-la. sem amá-la.

Como demonstrar esse amor e essa compreensão, senão com exemplos de fraternidade, convivendo com aqueles que nos ouvem as explanações?

Divulgando-a, é um favor que fazemos ao próximo e ao Evangelho? Ou somos os primeiros beneficiados? Um dia, daremos contas de nossa administração, de nosso mandato mediúnico.

No princípio deste artigo, questionávamos o hábito de alguns expositores espíritas de se afastarem das reuniões a que comparecem, tão logo concluem sua explanação, deixando os demais participantes sem a oportunidade de esclarecerem dúvidas e com eles trocarem idéias.

Desconhecemos a existência de conduta similar em qualquer parte.

Prossigamos, examinando textos dos Espíritos, que nos advertem quanto às nossas responsabilidades.

Erasto nos adverte, enfaticamente:

Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. (...) Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz. (...) Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou (...).“

Instado por Kardec, quanto à identificação dos que seguem o bom caminho, o sábio Espírito esclarece:

Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão (...) pelo número de aflitos a que levem consolo (...) pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; (...).“ (Grifamos).

Isso para não falar de outros aspectos relevantes da palestra, tais como a necessidade do estudo para sua preparação, da sinceridade e do sentimento ao expô-la; da fidelidade ao Evangelho e à Doutrina Espírita; de nos aperfeiçoarmos sempre, não só para aprendermos a captar o interesse dos ouvintes; mas para mantê-lo no desenvolvimento do tema, e para concluí-la buscando fixar o assunto na lembrança dos assistentes, sem nos justificarmos, sem pedirmos desculpas — o que demonstra insegurança, falta de convicção; e decepciona ou frustra os ouvintes — “divulgação da Doutrina.., precisa do testemunho de quem a conhece e de quem a pratica (...)

Há palestras ditas espíritas que são verdadeiras antipropagandas da Doutrina, tais as idéias e pensamentos pessoais, confundidos e transmitidos pelo orador como se estivessem embasados nos preceitos doutrinários.”

Não se veja nestas linhas censuras — pois não é este o propósito —, mas lembretes que, fraternalmente, trazemos à meditação e à consideração dos irmãos que desempenham essa nobre, gloriosa tarefa, com rara dedicação mas, quem sabe, desatentos a estes aspectos, a nosso ver sumamente relevantes, para bem cumprirmos nosso dever. Servimos ao Senhor da Vida?

Miremo-nos em seu legado de exemplos!

A tarefa, por sua natureza, não nos concede quaisquer privilégios. Estes, se existem, são os de exemplificar, de viver as lições que transmitimos; ou de tentar fazê-lo. Se pregamos o Evangelho, que o façamos com abnegação, aceitando apenas os compromissos que pudermos cumprir amorosa e fraternalmente, por inteiro. Para que, ainda assim, possamos dizer:

Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” - Lucas 17-

10. Quem sabe, um dia, aprenderemos que “na prática legítima do Evangelho não nos cabe apenas gastar o que temos, mas também dar do que somos.” O evangelista da gentilidade nos dá a medida de nossas responsabilidades, quando assinala:

“SE ANUNCIO O EVANGELHO, NÃO TENHO DE QUE ME GLORIAR, POIS SOBRE MIM PESA ESSA OBRIGAÇÃO; PORQUE AI DE MIM SE NÃO PREGAR O EVANGELHO! -

Paulo 1 Coríntios, 9: 16 (Grifamos.)

Bibliografia:

1. BÊNÇÃO DE PAZ, Emmanuel/Francisco C. Xavier, Cap. 20 e 16, 9 ed., GEEM, São Bernardo do Campo, 1987.

2. CARTAS E CRÔNICAS, Irmão X/Francisco C. Xavier, ‘Dedicatória’, 3 ed., FEB, Rio, 1974.

3. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec, Cap. XX, 105º ed., FEB, Rio de Janeiro, 1991.

4. Juvanir Borges de Souza, REFORMADOR de abr/95, pág. 8.

5. BÍBLIA SAGRADA, tradução de João Ferreira de Almeida, Soc. Bíblica do Brasil, Brasília, 1969.

6. FONTE VIVA, Emmanuel/Francisco C. Xavier, Cap. 53, 8 ed., FEB, Rio, 1979.


GRUPOS UNIVERSO ESPÍRITA
- 16 9 97935920 - 31 8786-7389
WHATSAPP E TELEGRAM


Nenhum comentário:

Postar um comentário