INFORMAÇÃO
ESPÍRITA
CURSO
BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 37ª. Edição – FEESP
Zulmira
da Conceição Chaves Hassesian
16ª
Aula - VIDA ESPÍRITA- III
Parte
A - ESPÍRITOS ERRANTES
A
Doutrina Espírita designa como erraticidade o estado em que os
espíritos se encontram entre duas encarna-ções, denominando-os de
espíritos errantes, termo usado pela primeira vez na questão 224 do
LE: “Que é a alma nos intervalos das encarnações”?
-
Espírito errante que aspira a um novo destino e o espera.
Necessário
se faz a distinção dos vocábulos erraticidade e mundo Espírita: o
primeiro implica a condição de um estado subjetivo pertinente aos
espíritos de segunda e terceira ordens, isto e, Espíritos
Superiores e Espíritos Imperfeitos; o segundo equivale ao local em
que preexistem e sobrevivem todos os Espíritos. Os de primeira
ordem, denominados puros, e que não se encontram na erraticidade,
não tem mais a necessidade de reencarnarem, e assim, continuam a
vida no mundo espiritual.
Por
se encontrarem aguardando uma nova oportunidade de crescimento
através da encarnação em mundos físicos adequados ao seu grau
evolutivo, os espíritos se preparam buscando ampliação de seus
conhecimentos, esta espera pode ser ou não longa, às vezes se
estende por um determinado período de tempo, porém, nunca é
perpétuo.
Inseridos
na condição de Espíritos errantes, o livre-arbítrio está
presente nas decisões a serem tomadas, mas para alguns, é indício
de expiação imposta por Deus para que se adiantem na escala
evolutiva, isso porque estar em erraticidade, não significa sinal de
inferioridade, haja vista que os Espíritos se encontram por toda a
parte. Portanto, apenas os que devem reencarnar são considerados
errantes, e os Espíritos puros já se encontram em seu estado
definitivo, pelas próprias qualidades íntimas conquistadas através
do esforço individual.
Em
erraticidade, os Espíritos analisam e refletem sobre o seu passado,
sempre objetivando o aperfeiçoamento e, ao percorrerem os lugares,
observam e escutam com interesse os conselhos dos encarnados mais
esclarecidos, e dessa forma, as idéias novas surgem em seu íntimo,
predispondo-os à aceitação dos desígnios divinos.
Portando
consigo as paixões que lhes são inerentes e através do desejo e da
vontade de melhorar-se, a verdade surge lenta e gradual,
indicando-lhes o caminho a seguir, impulsionando-os a uma nova
existência no mundo material. Muitos se sentem felizes, outros se
sentindo infelizes, entreveem o que lhes faltam para atingirem a
felicidade. Algumas vezes não lhes é permitido, ainda reencarnar,
constituindo assim de aprendizado para melhor valorização das
oportunidades concedidas pelo Pai Criador.
No
livro “O Pensamento de Emmanuel”, cap. 5, o autor assim se
exprime:
“...
Geralmente as imperfeições demasiado arraigadas em nossa
individualidade eterna não se diluem no estado doutrinariamente
denominado “Espíritos errantes” - permanência do Espírito no
espaço durante o tempo que vai do instante do desenlace ao do início
de uma nova ligação a outro corpo que a reencarnação lhe
proporciona, por benção de Deus...”.
Na
obra “Depois da Morte”, Leon Denis nos instrui, traçando um
paralelo sobre os Espíritos que se encontram em erraticidade: “...
A ignorância, o egoísmo, os defeitos de todo tipo reinam ainda na
erraticidade, e a matéria ai exercem sempre sua influência. O bem e
o mal acotovelam-se. É, de alguma forma, o vestíbulo dos espaços
luminosos, dos mundos melhores. Todos por ali passam, todos
permanecem, mas para elevarem-se mais alto ...”
Isso
nos esclarece a contento, sobre a continuidade da nossa
individualidade como Ser Inteligente após a morte, com as qualidades
e as imperfeições que nos acompanham durante a nossa trajetória
evolutiva ate chegarmos à condição de Espíritos puros.
MUNDOS
TRANSITÓRIOS
O
Ser Inteligente, ao se encontrar no mundo dos Espíritos, quase
sempre suas percepções se ampliam e muitos compreendem melhor as
vicissitudes porque passaram e conseguem mais ou menos mensurar a
duração dos sofrimentos e a sua utilidade, e com justeza,
compreendem o presente como não conseguiam compreender no estado de
encarnados.
Para
os Espíritos errantes, Deus lhes destinou mundos denominados
transitórios, os quais lhes servem de habitações temporárias para
que possam se preparar para encarnação futura e assim, desfrutar de
maior ou menor bem-estar nesses mundos cujas superfícies são
estéreis e, por isso, não servem como habitação para os
encarnados.
No
livro “O Pensamento de Emmanuel”, cap. 1, o autor assim se refere
aos mundos habitados:
“...
Temos assim, no Espaço incomensurável, mundos-berços,
mundos-experiências, mundos-universidades e mundos-templos,
mundos-oficinas e mundos reformatórios, mundos-hospitais e
mundos-prisões...”.
“...
As diversas zonas espirituais, superiores ou inferiores, além das
fronteiras físicas, onde a vida palpita com a mesma intensidade das
metrópoles humanas...”.
Tudo
que Deus cria tem a sua utilidade e antes da aparição do homem na
Terra, quando ainda não havia surgido os primeiros seres orgânicos,
esta serviu de habitação temporária para os Espíritos que não
tinham as necessidades e as sensações iguais as nossas como
encarnados, mostrando a grandiosidade e sabedoria divinas.
Onde
quer que se encontre a vida sempre será vida, não como nos a
entendemos, mas como Deus nos mostra através da expansão do
Universo por toda a parte, logo, não é de se estranhar que muitos
não consigam compreender onde está a utilidade desses mundos ainda
em formação, mas que a cada dia servem como verdadeiras estações
para que os Espíritos errantes possam ali ter um refugio em locais
não circunscritos e nem localizados na imensidão do Criador.
PERCEPÇÕES,
SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS.
A
Inteligência como atributo do Espírito se manifesta mais amplamente
quando não encontra obstáculos e, no caso dos Espíritos
desencarnados, isso ocorrer em nível mais significativo porque
outras percepções inerentes ao Ser Inteligente eclodem conforme o
grau que lhes caracteriza a evolução.
Em
LE, questão 240: “Os Espíritos compreendem a duração como nós?
- Não, e isso faz que nem sempre nos compreendais, quando se trata
de fixar datas ou épocas.” Entendamos que eles vivem fora do tempo
de tal forma que muitas vezes sentem como se os seus padecimentos
fossem eternos, quando na realidade há apenas uma manifestação
mais ampla sobre o presente, o passado e o futuro, sempre de
conformidade com o seu grau evolutivo.
Na
parte I cap. III, item 10 do livro “O Céu e o Inferno”, os
Espíritos Superiores nos esclarecem sobre a questão da duração do
temo:
“...
No intervalo das existências corpóreas o Espírito volta por tempo
mais ou menos longo ao mundo espiritual, onde é feliz ou infeliz,
segundo o bem ou o mal que tenha praticado...”, ou seja, não há
uma só imperfeição do Espírito que não traga consequências
desagradáveis e da mesma forma não há uma só qualidade que não
lhe traga felicidade.
Na
questão 244 do LE: “Os Espíritos vêem a Deus? – Somente os
Espíritos superiores o vêem e compreendem; os Espíritos inferiores
o sentem e advinham”. Observemos que muitas vezes não conseguem
compreender e distinguir os sentimentos no tocante a Deus e isso
sempre os deixam confusos e desorientados quando retomam ao mundo
espiritual.
Geralmente
dirigem a sua atenção para o que lhe é importante e, muitas vezes
se demoram nas questões materiais, sentem com maior ou menor
intensidade os sofrimentos morais como decorrência de suas ações
não produtivas, as sensações físicas como dores localizadas, as
necessidades fisiológicas, o cansaço físico e tudo isso o leva a
se sentir como se estivesse encarnado, mas na realidade, são apenas
elos que repercutem em seu perispírito e as lembranças que
conservam da existência física, revelando assim o grau de
materialidade em que ainda se encontram.
O
Perispírito, sendo o princípio da vida orgânica, embora não seja
o da vida intelectual, porque esta é do domínio do Espírito, é
também o agente que transmite as sensações exteriores a este, e no
instante da morte, o perispírito se desprende gradativamente e a
princípio, o Espírito não compreende a sua nova situação e
muitas vezes se revolta agravando ainda mais os seus padecimentos
morais, os quais são percebidos como fome, sede, frio, calor etc.
Na
segunda parte do livro “O Céu e o Inferno”, os Espíritos nas
mais diversas condições evolutivas, nos revelam o grau dos
sofrimentos e das dores que sentem após a morte do corpo físico, e
isso é distinto para cada um, corroborando mais uma vez, que a
individualidade apenas se transfere de dimensão levando consigo
todas as paixões que o conduziram na existência material, pois, uma
existência voltada para a espiritualização, liberta o Espírito
das limitações da matéria e amplia a visão espiritual do ser como
encarnado em mundos que lhes permitem trabalhar pela própria
evolução e dos semelhantes.
DIFERENTES
ESTADOS DA ALMA NA ERRATICIDADE
Já
a par dos conhecimentos sobre a vida Espírita e sobre o Espírito na
erraticidade, podemos concluir que a morte do corpo físico provocada
pela exaustão dos órgãos materiais não opera qualquer
transformação em nenhum de nós, portanto, é imprescindível que
aproveitemos o momento atual para refletirmos sobre nós mesmos,
so-bre nossas ações e reações no viver cotidiano.
O
Espírito desperta na erraticidade como realmente ele é na
realidade: uns não se apercebem do novo estado, continuam vivendo
como se estivesse encarnado e, por conseguinte, não conseguem
compreender porque os familiares e amigos agem como se não os
estivessem vendo; outros, mesmo percebendo, continuam no propósito
de fazer o mal; outros ainda, por se sentirem cheios de remorsos,
tomam-se revoltados e inconformados com a nova situação em que se
encontram; e há também os que após um despertar sereno, ingressam
em trabalhos voltados para o bem.
No
capitulo II, item 2, do Evangelho Segundo o Espiritismo “...Não se
turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim. Há
muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já vo-lo
teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois que me
tenha ido e vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirareis
para mim, a fim de que onde eu estiver, também vos ai estejais...”
São João, cap. XIV: 1-3.
No
texto transcrito acima, observemos atentamente e procuremos reter em
cada um de nós, a mensagem consoladora que Jesus nos deixou para
melhor aprendermos a lidar com as adversidades do dia a dia; o apelo
aos nossos melhores sentimentos; a advertência quanto ao nosso
procedimento com os nossos semelhantes e, por fim, a esperança e a
promessa de uma vida futura feliz.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Espíritos, Livro 2°, cap. VI, item 1, questões
223 a 257; item II, questões 234 a 236 e, Ensaio Teórico sobre as
Sensações dos Espíritos;
KARDEC,
Allan - A Gênese, cap. XII
itens 25 e 35;
KARDEC,
Allan - O Céu e O Inferno, cap. I, itens 1 a 15; cap. III, item 10;
cap. VII, item: Código da vida Futura, parágrafos de 1 a 8;
KARDEC,
Allan - O Que é Espiritismo - cap. 2, n° 17;
Revista
Espírita - Maio de 1857;
Revista
Espírita - Abril e Maio de 1864;
Parte
B - A VERDADEIRA PROPRIEDADE
Leon
Denis, na Segunda parte, capítulo IX, da magnífica obra “Depois
da Morte”, poeticamente nos induz a uma reflexão profunda sobre a
natureza dos nossos pensamentos e ações com relação a Deus e ao
Universo, assim se exprime:
“...
Na hora em que o silêncio e a noite se estendem sobre a Terra,
quando tudo repousa nas moradas humanas, se dirigirmos nosso olhar
para o infinito dos céus, lá veremos inumeráveis luzes
disseminadas. Astros radiosos, sóis resplandecentes, seguidos pelos
seus cortejos de planetas, envolvem aos milhares nas profundezas. Até
as regiões mais recuadas grupos estelares se desdobram como lençóis
luminosos. Em vão o telescópio sonda os céus, em parte alguma ele
encontra limites para o Universo; em toda parte os mundos se sucedem
aos mundos, os sóis aos sóis; em toda parte legiões de astros se
multiplicam a ponto de se confundir numa brilhante poeira nos abismos
sem fim dos espaços ...”
O
homem sempre deve se conduzir durante a existência material com
sabedoria, em busca do seu aprimora-mento, adquirindo os valores e as
qualidades essenciais ao seu progresso. Criado simples e ignorante
para, através do esforço próprio e da perseverança nas
vicissitudes que, algumas vezes lhe são impostas, outras vezes são
decorrentes da sua liberdade de ação que gera responsabilidades
para com Deus, para com o próximo e, sobretudo para consigo mesmo,
chegar à culminância do objetivo da sua criação.
A
cada nova oportunidade, ele realiza suas conquistas pessoais em
níveis materiais e moral, adquirindo assim um patrimônio somente
seu que o acompanha antes, durante e depois da encarnação. Conforme
vai ampliando seu círculo de amizades na família, no trabalho e nas
atividades sociais, conquista a cada dia algo bom e valoroso que o
ajudará sempre. Nessa interação com a sociedade, ele cresce,
amplia, auxilia, trabalha e auxilia seus ir-mãos que partilham a
caminhada evolutiva Ao encarnar num corpo físico, ele traz o seu
patrimônio com a finalidade de cada vez mais torná-lo valioso, e
isso deveria fazer com que percebesse que tudo o que ele possuir no
âmbito material, será tão somente como usufrutuário de tudo que o
Pai lhe confiou através da sua misericórdia. Ao retornar a pátria
de origem e quando sofrimentos inenarráveis o acometem, quase sempre
ele lamenta por não ter percebido tal realidade.
Em
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVI, item II, o Espírito
(Cheverus, Bordéus, 1861) nos alerta quanto aos bens verdadeiros:
“... A riqueza da inteligência deve servir-te como a do ouro;
difunde em teu redor os benefícios da instrução, distribuí aos
teus irmãos, os tesouros do teu amor, e eles frutificarão...”,
isso deve sempre ser a meta do Espírito durante a existência física
e a sua transitoriedade aqui na terra.
Quase
sempre o homem procura a sua propriedade individual e intransferível
nas coisas mundanas e transitórias sem a mínima preocupação com a
sua parte moral vivenciando a existência com preocupações que não
agregarão valores durante o seu percurso neste mundo e, ao despertar
para a compreensão e aquisição desses bens imperecíveis, ele
sofre, lamenta e quase sempre se revolta com a providência que
sempre o agradou com suas bênçãos, objetivando o seu progresso
infinito.
O
objetivo do homem nas existências físicas é exatamente para que
ele conquiste com sabedoria, boa vontade e desapego aos bens
materiais, que constitui um dos maiores entraves ao seu crescimento
que busque o seu eu interior, que siga os passos do Mestre Jesus, que
mesmo encarnado, aprenda a valorizar e priorizar os bens da alma e do
coração, os tesouros da amizade e da verdadeira fraternidade,
quando então o bem e o amor reinarão sobre a Terra unindo todos os
seres no ideal de servir e amar a Deus e ao próximo, como Jesus já
havia nos dito.
BIBLIOGRAFIA
KARDEC
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. III itens 2, 16 e, 17;
caps. IV e V (Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão); Cap. IV.
KARDEC
Allan – ESE – Cap. XVI
FREQUENTE
UMA CASA ESPÍRITA,
QUER
RESPOSTAS?
ENCONTRE-AS
NO LIVRO DOS ESPIRITOS.
LEIA,
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