CAPÍTULO 5 = JESUS E TOLERÂNCIA
Em termos de psicologia profunda, a questão do julgamento das faltas
alheias constitui um grave cometimento de desumanidade em relação àquele que
erra.
O problema do pecado pertence a quem o pratica, que se encontra, a
partir daí, incurso em doloroso processo de autoflagelação, buscando, mesmo que
inconscientemente, liberar-se da falta que lhe pesa como culpa na economia da
consciência.
A culpa é sombra perturbadora na personalidade, responsável por
enfermidades soezes, causadoras de desgraças de vária ordem.
Insculpida nos painéis profundos da individualidade, programa, por
automatismos, os processos reparadores para si mesma.
Toda contribuição de impiedade, mediante os julgamentos arbitrários,
gera, por sua vez, mecanismos de futura aflição para o acusador, ele próprio
uma consciência sob o peso de vários problemas.
Julgando as ações que considera incorretas no seu próximo, realiza
um fenômeno de projeção da sua sombra em forma de autojustificação, que não
consegue libertá-lo do impositivo das suas próprias mazelas.
A tolerância, em razão disso, a todos se impõe como terapia pessoal
e fraternal, compreendendo as dificuldades do caído, enquanto lhe distende mãos
generosas para o soerguer.
Na acusação, no julgamento dos erros alheios, deparamos com
propósitos escusos e vingança-prazer em constatar a fraqueza dos outros
indivíduos, que sempre merecem a misericórdia que todos esperamos encontrar
quando em circunstâncias equivalentes.
*
Jesus sempre foi severo na educação dos julgadores da conduta
alheia.
Certamente, há cortes e autoridades credenciadas para o ministério
de saneamento moral da sociedade, encarregadas dos processos que envolvem os
delituosos, e os julgam, estabelecendo os instrumentos reeducativos, jamais punitivos,
pois que, se o fizessem, incidiriam em erros idênticos, se não mais graves.
O julgamento pessoal, que ignora as causas geradoras dos problemas,
demonstra o primitivismo moral do homem ainda “lobo” do seu irmão.
O Mestre estabeleceu a formosa imagem do homem que tem uma trave
dificultando-lhe a visão, e no entanto vê o cisco no olho do seu próximo.
A proposta é rigorosa, portadora de claridade iniludível, que não
concede pauta a qualquer evasão de responsabilidade.
Ele próprio, diante da multidão aflita, equivocada, perversa,
insana, ao invés de a julgar, “tomou-se de compaixão” e ajudou-a.
Naturalmente não solucionou todos os problemas, nem atendeu a todos,
como eles o desejavam. Não obstante, compadecido, os amou, envolvendo-OS em
ternura e ensinando-lhes as técnicas de libertação para adquirirem a paz.
*
Tem compaixão de quem cai. A consciência dele será o seu juiz.
Ajuda aquele que lhe constitui punição.
Tolera o infrator. Ele é o teu futuro, caso não disponhas de forças
para prosseguir bem.
A tolerância que utilizares para com os infelizes se transformará na
medida emocional de compaixão que receberás, quando chegar a tua vez, já que
ninguém é inexpugnável, nem perfeito.
JESUS E
ATUALIDADE
DIVALDO
PEREIRA FRANCO
DITADO
PELO ESPÍRITO JOANNA DE ÂNGELIS
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