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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO - 15ª Aula - VIDA ESPÍRITA - II


**INFORMAÇÃO ESPÍRITA**



CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 37ª. Edição – FEESP

Zulmira da Conceição Chaves Hassesian


15ª Aula - VIDA ESPÍRITA - II

Parte A - LEMBRANÇAS DA EXISTÊNCIA CORPÓREA

Regressando a erraticidade, o Espírito vai se lembrando, pouco a pouco, não só da última existência na Terra, mas, também daquelas que a precedem. Isso acontece após o período de perturbação, maior ou menor, pelo qual o Espírito passa. Essas lembranças podem ser dos mais minuciosos pormenores, mas, de modo geral, ele só se interessa pela lembrança daqueles fatos e pensamentos vivenciados que tenham tido influência no seu estado atual na erraticidade.

Evidente que, ao despertar no plano espiritual, o Espírito passa pelo espanto natural decorrente dos anos que passou na vida corpórea, cujas impressões se apagam gradualmente da memória. Após a libertação do corpo e livre do período de perturbação que se segue a morte, o Espírito passa a ter uma compreensão mais nítida dos objetivos da vida material e da necessidade de purificação para chegar ao estado de Espíritos Puros. São desenhadas na memória do Espírito as lembranças por esforço da própria imaginação ou como um quadro que se apresenta a vista. De forma que, lembra-se de todos os atos de mais interesses e os outros ficam na mente mais ou menos vagos ou esquecidos de todo. As lembranças serão perfeitas apenas dos fatos principais que possam auxiliá-lo na trajetória da evolução. Por isso, frequentemente conserva a lembrança dos sofrimentos que vivenciou e essa lembrança lhe faz compreender melhor a felicidade no plano espiritual.

São sempre gratos aos que se lembrem deles, dependendo do seu grau evolutivo não dão importância aos objetos que lhe pertenceram, assim como também consideram o seu antigo corpo como uma roupa imprestável. O que realmente os atrai são o pensamento e a saudade das pessoas queridas.

Os Espíritos inferiores sentem saudades das sensações que tenham desfrutado na Terra e desejariam poder ainda ter a satisfação que sentiam enquanto estavam na matéria e que os gratificavam. Por isso, procuram satisfazer esse desejo material pela chamada vampirização. Por esse processo, utilizam das pessoas que vibram na esfera das mesmas sensações impuras, para satisfazer as suas paixões. Assim sendo, “bebem”, “fumam”, “co-mem” e “fazem sexo” utilizando pessoas como instrumento, conseguindo o fim desejado. Certamente que esse procedimento acarreta a uns e outros a expiação mediante sofrimentos futuros, pelas induções exercidas sobre esse ou aquele indivíduo. Os Espíritos elevados, não sentem saudades da sua felicidade material. Para eles a felicidade eterna é mil vezes preferível aos prazeres efêmeros da Terra.

Aqueles Espíritos que deram começo a trabalhos de vulto com uma finalidade útil e que os vêem interrompidos pela morte, não lamentam, no outro mundo, por tê-los deixado inacabado, porque vêem que outros estão destinados a concluí-los. A estes procuram influenciar para que os concluam e continuam a ter no mundo dos Espíritos o objetivo que tinham na Terra: o bem da humanidade. Conforme a elevação do Espírito, ele passa a apreciar os trabalhos de arte ou literatura que tenha produzido de outro ponto de vista e não é raro condenar o que de maior admiração lhe causava. E também, de acordo com a sua elevação e a missão que tenha a desempenhar, se interessa pelos trabalhos que se executam na Terra, no campo das artes e das ciências, desde que considerem úteis segundo uma visão bem diferente da nossa. Quanto ao amor pela pátria, o principio é sempre o mesmo. Para os Espíritos elevados, a pátria e o Universo. Na terra, a pátria, para eles, esta onde se ache o maior número das pessoas que lhes são afins.

COMEMORAÇÃO DOS MORTOS - FUNERAIS

Quando nos lembramos de forma equilibrada e amorosa daqueles que partiram para o plano espiritual, esta lembrança poderá aumentar-lhes a felicidade ou servir de lenitivo aos sofrimentos. Isso independe de ser o dia de comemoração dos mortos. No dia de finados, só acorrem ao cemitério atraídos pelas pessoas que os chamam pelo pensamento. Os esquecidos, cujos túmulos não são visitados, a esses nada mais os prende a Terra. De qualquer forma, o que importa é a lembrança e o afeto que lhe devotamos. Aprece, por sua vez, é que santifica o ato da comemoração, independente do lugar, desde que seja feita com o coração.

A preferência para ser enterrado neste ou naquele lugar só denota inferioridade moral, já que se sabe que a alma se reunirá, mais cedo ou mais tarde, aos Espíritos que lhes são caros, sem depender do lugar onde estejam os despojos mortais. É um costume piedoso reunir no mesmo lugar os restos mortais dos membros de uma mesma família, mas destituído de importância para os Espíritos.

Aqueles que já possuem certa elevação, libertos das vaidades terrenas, vêem como futilidade as honras que lhes prestam aos despojos mortais, diferentemente dos Espíritos ainda pouco elevados, que sentem grande prazer nisso e até se aborrecem com o pouco caso que se lhes façam. Geralmente o Espírito assiste ao enterro do seu corpo, mas tal não acontece se estiver em estado de perturbação. Quase sempre assiste aos lances do inventário e partilha dos bens que tiver deixado e toma conhecimento do comportamento dos seus herdeiros e legatários, avaliando, para sua tristeza ou alegria, os verdadeiros sentimentos deles.

PERDA DE PESSOAS AMADAS MORTES PREMATURAS

Desde épocas remotas, a morte vem sendo revestida por um aspecto lúgubre e entendida com um acontecimento que espalha a dor e a desolação, atingindo indiscriminadamente todas as idades. Daí a revolta das criaturas questionando a justiça divina, por sacrificar jovens fortes, com todo um futuro de realizações pela frente. Todos lamentam profundamente a partida de um ente querido, principalmente quando se trata de mortes prematuras, muitas vezes arrimo de família. No entanto, importa ao homem elevar-se para compreender que o bem está muitas vezes onde aparentemente ele só vê fatalidade; a justiça divina não pode ser dimensionada pela justiça dos homens.

A morte é preferível, para a encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias honradas e partem o coração de uma mãe. A morte prematura, frequentemente, é um grande benefício que Deus concede aquele que se vai, e que se encontra, assim, preservado das misérias da vida, ou das seduções que teriam podido arrastá-lo a sua perdição, atrasando assim, o processo evolutivo do Espírito que aparente-mente desencarnou prematuramente.

Dois amigos que se achem detidos numa mesma prisão, ambos alcançarão um dia à liberdade, mas um a obtém antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria de sua parte, mais egoísmo do que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro por igual tempo? Ou ainda numa outra hipótese, se um amigo que convive conosco, estives-se numa penosa situação de enfermidade, sua saúde ou seus interesses exigem que vá para outro país, onde estará melhor em todos os sentidos? Deixaria temporariamente de estar ao nosso lado, mas poderíamos nos corresponder com ele sempre: a separação seria apenas material, seria correto impedirmos a sua viagem, somente para satisfazer o nosso interesse? O mesmo acontece com as pessoas que se amam na Terra. O que parte primeiro se liberta e só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que por nossa vez também estaremos libertos.

Assim sendo, no mundo espiritual, o conceito de morte é bem diferente daquele conceito que temos aqui na vida material. Os Espíritos desencarnados encaram-na como um processo de libertação, dando a ela uma continuação oposta àquela que lhe é dada no mundo carnal. Por isso que o Espiritismo propicia um quadro bastante diverso sobre a morte, dando a ela um aspecto mais consolador. Diante do princípio da reencarnação, o reencontro dos Espíritos se toma uma questão de tempo.

O Espírita, portanto, sabe que a alma vive melhor quando liberta do corpo material, que esta separação é temporária e que ambos prosseguem enlaçados pelos mútuos pensamentos de amparo, proteção e contentamento. Sabe ainda que a revolta afeta os que se foram, porque ela de alguma forma revela não aceitação da vontade divina. E muito mais produtivo e caridoso as boas obras realizadas em memória daqueles que se foram para a pátria espiritual. Importa assim compreender essa realidade espiritual e cultivar harmoniosa permuta de fluidos revigorantes, através de vibrações de carinho, pedindo a Deus que abençoe os que se anteciparam na grande viagem, de modo que as lágrimas cedam lugar às aspirações de um futuro reino pleno de felicidade, conforme prometido por Jesus.

SORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA MORTE

O nosso Codificador pergunta aos Espíritos Superiores se o Espírito de uma criança morta em tenra idade é tão adiantado como de um adulto, a resposta é simples e sucinta “às vezes bem mais, porque pode ter vivido mais e possuir maiores experiências, sobretudo se progrediu” (LE, 197). Sinaliza que antes de ser criança é um Espírito encarnado. A duração da vida da criança pode ser para o Espírito um complemento de uma vida interrompida, antes do tempo determinado. Seu desencarne é frequentemente uma prova ou expiação para os pais. O destino do Espírito de uma criança após o seu desencarne é recomeçar uma nova existência. Aqueles Espíritos que são viciosos progrediram menos e têm então de sofrer as consequências de seus atos, não dos seus atos de infância, mas sim de suas existências anteriores. Desta forma que a Justiça Divina se mostra a todos.

BIBLIOGRAFIA:

Kardec, Allan - LE - 304 a 329 e 934 a 936

Kardec, Allan - ESE - cap. V- Item 21

O Pensamento de Emmanuel - Item 34

Simonetti, Richard - Quem tem Medo da Morte?

Náufel José - Do ABC ao Infinito - 1° volume

Parte B - DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS

Quando Jesus com suas sandálias pisava a “Terra Santa”, a Palestina, tinha como auxiliares mais diretos os doze discípulos, que mais tarde seriam os Apóstolos, como conhecemos hoje. Porém, além dos doze Ministros do Seu Evangelho, havia outros 70 discípulos, aos quais Jesus convidava de acordo com as circunstâncias e as possibilidades do momento. Um certo dia, diante de um rapaz que se aproximou dele, disse-lhe:

“Segue-me. E ele lhe disse: Senhor permita-me que vá primeiro enterrar o meu pai. E Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o Reino de Deus.” Lc, 9: 59-60 e Mt, 8: 18-22

O que poderiam significar essas palavras: Deixai que os mortos enterrem os seus mortos? Elas possuem um sentido bastante amplo, que somente um conhecimento completo da vida espiritual pode dar a interpretação mais profunda e um entendimento mais amplo. A vida espiritual é a verdadeira vida, é a vida normal para qualquer Espírito. A nossa existência na Terra é transitória e passageira, é uma espécie de morte se for comparada ao esplendor e a atividade da vida espiritual. O corpo físico representa apenas uma roupa grosseira que reveste o Espírito temporariamente, funciona como uma prisão que prende o Espírito na Terra durante um determinado tempo. Quando o Espírito se liberta dessa prisão se sente muito feliz com a liberdade que lhe permite um meio de compreensão do sentido da vida de um modo muito mais abrangente.

De forma que, o respeito que devemos aos “mortos” não se refere a matéria, ou seja, ao corpo físico, mas, pelo respeito, pela lembrança e pela afeição ao Espírito ausente do corpo material. Quando Jesus disse ao rapaz que deixasse aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos, não estava de maneira nenhuma com a intenção de desprezar o corpo do pai daquele rapaz, mas, aproveitou aquela oportunidade para ensinar que o Espírito é muito mais que o corpo e que a verdadeira pátria é a pátria espiritual, de onde todos nos temos a origem. Quem passa pela sepultura, continua trabalhando, porque permanece vivo em outros planos, no esforço e na luta do auto aprimoramento, a morte só existe nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a visão da vida maior.

Por outro lado, Emmanuel através da psicografia de Francisco Cândido Xavier no livro Fonte viva, esclarece-nos que Jesus não recomendou ao rapaz que deixasse aos “cadáveres” o cuidado de enterrar os “cadáveres” e sim que deixasse aos mortos o cuidado de enterrar os mortos. Isso porque, existe uma grande diferença entre um cadáver e um morto. O cadáver é carne sem vida, enquanto um morto é alguém ausente da vida. Desse modo, há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer. Distantes do aprimoramento espiritual, muitas pessoas se fecham no egoísmo e na vaidade desmedida, recusando-se a participar das experiências coletivas, e como sabemos no isolamento não há progresso.

Há milhares de pessoas que dormem, indefinidamente, enquanto passam os dias de experiência sobre a Terra. Percebem a produção incessante da natureza, mas não lembram-se da obrigação de fazer algo em benefício do progresso coletivo. Diante da árvore que se cobre de frutos ou da abelha que tece o favo de mel, não lembram-se do pequenino dever de contribuir para a prosperidade comum. De uma maneira geral, se assemelham a mortos preciosamente adornados.

Disse o apóstolo Paulo: “Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará” (Efésios, 5:14). Isso equivale dizer que devemos acordar para a vida superior e nos levantar para realizar boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos ajudar os outros.

Perambulamos pelas sombras da morte sem morrer quando nos afundamos nos abismos do ouro, das conquistas passageiras e nos abismos dos vícios e ilusões de todos os matizes. Pela tentação da riqueza moramos em túmulos de cifrões, derrotados pelos maus hábitos, enclausurando-nos nas grades das sombras, atormentados pelos desenganos e frustrações.

Passar pela vida, sem perambular pelas sombras da morte é aprender a participar da luta coletiva; é sairmos de nos mesmos a cada dia buscando sentir a dor do vizinho, as necessidades do próximo. É despertar, é acordar e viver com todos, por todos e para todos, porque, ninguém pode suspirar tão somente para si. Em qualquer parte do Universo somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de pessoas.

Desta forma, se estivermos diante de algum cadáver, que nada mais é do que carne sem vida devemos lhe oferecer a benção da sepultura, mas em se tratando de assunto espiritual, deixemos sempre aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.

BIBLIOGRAFIA

Kardec, Allan - ESE - cap. XXIII, itens 7 e 8

Xavier, Francisco Cândido - Pelo Espírito Emmanuel - Fonte viva – lições 66 e 143

Xavier, Francisco Cândido - Pelo Espírito Emmanuel – Pão Nosso - lição 68

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