**INFORMAÇÃO
ESPÍRITA**
CURSO
BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 37ª. Edição – FEESP
Zulmira
da Conceição Chaves Hassesian
15ª Aula - VIDA ESPÍRITA -
II
Parte A - LEMBRANÇAS
DA EXISTÊNCIA CORPÓREA
Regressando a erraticidade,
o Espírito vai se lembrando, pouco a pouco, não só da última existência na
Terra, mas, também daquelas que a precedem. Isso acontece após o período de perturbação,
maior ou menor, pelo qual o Espírito passa. Essas lembranças podem ser dos mais
minuciosos pormenores, mas, de modo geral, ele só se interessa pela lembrança
daqueles fatos e pensamentos vivenciados que tenham tido influência no seu estado
atual na erraticidade.
Evidente que, ao despertar
no plano espiritual, o Espírito passa pelo espanto natural decorrente dos anos
que passou na vida corpórea, cujas impressões se apagam gradualmente da
memória. Após a libertação do corpo e livre do período de perturbação que se
segue a morte, o Espírito passa a ter uma compreensão mais nítida dos objetivos
da vida material e da necessidade de purificação para chegar ao estado de
Espíritos Puros. São desenhadas na memória do Espírito as lembranças por
esforço da própria imaginação ou como um quadro que se apresenta a vista. De
forma que, lembra-se de todos os atos de mais interesses e os outros ficam na
mente mais ou menos vagos ou esquecidos de todo. As lembranças serão perfeitas
apenas dos fatos principais que possam auxiliá-lo na trajetória da evolução.
Por isso, frequentemente conserva a lembrança dos sofrimentos que vivenciou e
essa lembrança lhe faz compreender melhor a felicidade no plano espiritual.
São sempre gratos aos que se
lembrem deles, dependendo do seu grau evolutivo não dão importância aos objetos
que lhe pertenceram, assim como também consideram o seu antigo corpo como uma
roupa imprestável. O que realmente os atrai são o pensamento e a saudade das
pessoas queridas.
Os Espíritos inferiores sentem
saudades das sensações que tenham desfrutado na Terra e desejariam poder ainda
ter a satisfação que sentiam enquanto estavam na matéria e que os gratificavam.
Por isso, procuram satisfazer esse desejo material pela chamada vampirização.
Por esse processo, utilizam das pessoas que vibram na esfera das mesmas
sensações impuras, para satisfazer as suas paixões. Assim sendo, “bebem”,
“fumam”, “co-mem” e “fazem sexo” utilizando pessoas como instrumento,
conseguindo o fim desejado. Certamente que esse procedimento acarreta a uns e
outros a expiação mediante sofrimentos futuros, pelas induções exercidas sobre
esse ou aquele indivíduo. Os Espíritos elevados, não sentem saudades da sua
felicidade material. Para eles a felicidade eterna é mil vezes preferível aos
prazeres efêmeros da Terra.
Aqueles Espíritos que deram
começo a trabalhos de vulto com uma finalidade útil e que os vêem interrompidos
pela morte, não lamentam, no outro mundo, por tê-los deixado inacabado, porque
vêem que outros estão destinados a concluí-los. A estes procuram influenciar
para que os concluam e continuam a ter no mundo dos Espíritos o objetivo que
tinham na Terra: o bem da humanidade. Conforme a elevação do Espírito, ele
passa a apreciar os trabalhos de arte ou literatura que tenha produzido de
outro ponto de vista e não é raro condenar o que de maior admiração lhe
causava. E também, de acordo com a sua elevação e a missão que tenha a desempenhar,
se interessa pelos trabalhos que se executam na Terra, no campo das artes e das
ciências, desde que considerem úteis segundo uma visão bem diferente da nossa.
Quanto ao amor pela pátria, o principio é sempre o mesmo. Para os Espíritos
elevados, a pátria e o Universo. Na terra, a pátria, para eles, esta onde se
ache o maior número das pessoas que lhes são afins.
COMEMORAÇÃO DOS MORTOS -
FUNERAIS
Quando nos lembramos de
forma equilibrada e amorosa daqueles que partiram para o plano espiritual, esta
lembrança poderá aumentar-lhes a felicidade ou servir de lenitivo aos
sofrimentos. Isso independe de ser o dia de comemoração dos mortos. No dia de
finados, só acorrem ao cemitério atraídos pelas pessoas que os chamam pelo
pensamento. Os esquecidos, cujos túmulos não são visitados, a esses nada mais
os prende a Terra. De qualquer forma, o que importa é a lembrança e o afeto que
lhe devotamos. Aprece, por sua vez, é que santifica o ato da comemoração,
independente do lugar, desde que seja feita com o coração.
A preferência para ser
enterrado neste ou naquele lugar só denota inferioridade moral, já que se sabe
que a alma se reunirá, mais cedo ou mais tarde, aos Espíritos que lhes são
caros, sem depender do lugar onde estejam os despojos mortais. É um costume
piedoso reunir no mesmo lugar os restos mortais dos membros de uma mesma
família, mas destituído de importância para os Espíritos.
Aqueles que já possuem certa
elevação, libertos das vaidades terrenas, vêem como futilidade as honras que
lhes prestam aos despojos mortais, diferentemente dos Espíritos ainda pouco
elevados, que sentem grande prazer nisso e até se aborrecem com o pouco caso
que se lhes façam. Geralmente o Espírito assiste ao enterro do seu corpo, mas
tal não acontece se estiver em estado de perturbação. Quase sempre assiste aos
lances do inventário e partilha dos bens que tiver deixado e toma conhecimento
do comportamento dos seus herdeiros e legatários, avaliando, para sua tristeza
ou alegria, os verdadeiros sentimentos deles.
PERDA DE PESSOAS AMADAS
MORTES PREMATURAS
Desde épocas remotas, a morte
vem sendo revestida por um aspecto lúgubre e entendida com um acontecimento que
espalha a dor e a desolação, atingindo indiscriminadamente todas as idades. Daí
a revolta das criaturas questionando a justiça divina, por sacrificar jovens
fortes, com todo um futuro de realizações pela frente. Todos lamentam
profundamente a partida de um ente querido, principalmente quando se trata de
mortes prematuras, muitas vezes arrimo de família. No entanto, importa ao homem
elevar-se para compreender que o bem está muitas vezes onde aparentemente ele
só vê fatalidade; a justiça divina não pode ser dimensionada pela justiça dos
homens.
A morte é preferível, para a
encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as
famílias honradas e partem o coração de uma mãe. A morte prematura,
frequentemente, é um grande benefício que Deus concede aquele que se vai, e que
se encontra, assim, preservado das misérias da vida, ou das seduções que teriam
podido arrastá-lo a sua perdição, atrasando assim, o processo evolutivo do
Espírito que aparente-mente desencarnou prematuramente.
Dois amigos que se achem
detidos numa mesma prisão, ambos alcançarão um dia à liberdade, mas um a obtém
antes do outro. Seria caridoso que o que continuou preso se entristecesse porque
o seu amigo foi libertado primeiro? Não haveria de sua parte, mais egoísmo do
que afeição em querer que do seu cativeiro e do seu sofrer partilhasse o outro
por igual tempo? Ou ainda numa outra hipótese, se um amigo que convive conosco,
estives-se numa penosa situação de enfermidade, sua saúde ou seus interesses
exigem que vá para outro país, onde estará melhor em todos os sentidos?
Deixaria temporariamente de estar ao nosso lado, mas poderíamos nos
corresponder com ele sempre: a separação seria apenas material, seria correto
impedirmos a sua viagem, somente para satisfazer o nosso interesse? O mesmo
acontece com as pessoas que se amam na Terra. O que parte primeiro se liberta e
só nos cabe felicitá-lo, aguardando com paciência o momento em que por nossa
vez também estaremos libertos.
Assim sendo, no mundo
espiritual, o conceito de morte é bem diferente daquele conceito que temos aqui
na vida material. Os Espíritos desencarnados encaram-na como um processo de
libertação, dando a ela uma continuação oposta àquela que lhe é dada no mundo
carnal. Por isso que o Espiritismo propicia um quadro bastante diverso sobre a
morte, dando a ela um aspecto mais consolador. Diante do princípio da
reencarnação, o reencontro dos Espíritos se toma uma questão de tempo.
O Espírita, portanto, sabe
que a alma vive melhor quando liberta do corpo material, que esta separação é temporária
e que ambos prosseguem enlaçados pelos mútuos pensamentos de amparo, proteção e
contentamento. Sabe ainda que a revolta afeta os que se foram, porque ela de
alguma forma revela não aceitação da vontade divina. E muito mais produtivo e
caridoso as boas obras realizadas em memória daqueles que se foram para a
pátria espiritual. Importa assim compreender essa realidade espiritual e
cultivar harmoniosa permuta de fluidos revigorantes, através de vibrações de
carinho, pedindo a Deus que abençoe os que se anteciparam na grande viagem, de
modo que as lágrimas cedam lugar às aspirações de um futuro reino pleno de
felicidade, conforme prometido por Jesus.
SORTE DAS CRIANÇAS DEPOIS DA
MORTE
O nosso Codificador pergunta
aos Espíritos Superiores se o Espírito de uma criança morta em tenra idade é
tão adiantado como de um adulto, a resposta é simples e sucinta “às vezes bem
mais, porque pode ter vivido mais e possuir maiores experiências, sobretudo se
progrediu” (LE, 197). Sinaliza que antes de ser criança é um Espírito
encarnado. A duração da vida da criança pode ser para o Espírito um complemento
de uma vida interrompida, antes do tempo determinado. Seu desencarne é
frequentemente uma prova ou expiação para os pais. O destino do Espírito de uma
criança após o seu desencarne é recomeçar uma nova existência. Aqueles
Espíritos que são viciosos progrediram menos e têm então de sofrer as
consequências de seus atos, não dos seus atos de infância, mas sim de suas
existências anteriores. Desta forma que a Justiça Divina se mostra a todos.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - LE - 304 a
329 e 934 a 936
Kardec, Allan - ESE - cap. V- Item 21
O Pensamento de Emmanuel -
Item 34
Simonetti, Richard - Quem
tem Medo da Morte?
Náufel José - Do ABC ao
Infinito - 1° volume
Parte B - DEIXAI OS
MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS
Quando Jesus com suas
sandálias pisava a “Terra Santa”, a Palestina, tinha como auxiliares mais
diretos os doze discípulos, que mais tarde seriam os Apóstolos, como conhecemos
hoje. Porém, além dos doze Ministros do Seu Evangelho, havia outros 70
discípulos, aos quais Jesus convidava de acordo com as circunstâncias e as possibilidades
do momento. Um certo dia, diante de um rapaz que se aproximou dele, disse-lhe:
“Segue-me. E ele lhe disse:
Senhor permita-me que vá primeiro enterrar o meu pai. E Jesus lhe respondeu:
Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o Reino de
Deus.” Lc, 9: 59-60 e Mt, 8: 18-22
O que poderiam significar
essas palavras: Deixai que os mortos enterrem os seus mortos? Elas possuem um sentido
bastante amplo, que somente um conhecimento completo da vida espiritual pode
dar a interpretação mais profunda e um entendimento mais amplo. A vida
espiritual é a verdadeira vida, é a vida normal para qualquer Espírito. A nossa
existência na Terra é transitória e passageira, é uma espécie de morte se for
comparada ao esplendor e a atividade da vida espiritual. O corpo físico
representa apenas uma roupa grosseira que reveste o Espírito temporariamente,
funciona como uma prisão que prende o Espírito na Terra durante um determinado
tempo. Quando o Espírito se liberta dessa prisão se sente muito feliz com a
liberdade que lhe permite um meio de compreensão do sentido da vida de um modo
muito mais abrangente.
De forma que, o respeito que
devemos aos “mortos” não se refere a matéria, ou seja, ao corpo físico, mas,
pelo respeito, pela lembrança e pela afeição ao Espírito ausente do corpo
material. Quando Jesus disse ao rapaz que deixasse aos mortos o cuidado de
enterrar os seus mortos, não estava de maneira nenhuma com a intenção de
desprezar o corpo do pai daquele rapaz, mas, aproveitou aquela oportunidade
para ensinar que o Espírito é muito mais que o corpo e que a verdadeira pátria
é a pátria espiritual, de onde todos nos temos a origem. Quem passa pela
sepultura, continua trabalhando, porque permanece vivo em outros planos, no
esforço e na luta do auto aprimoramento, a morte só existe nos caminhos do mal,
onde as sombras impedem a visão da vida maior.
Por outro lado, Emmanuel
através da psicografia de Francisco Cândido Xavier no livro Fonte viva,
esclarece-nos que Jesus não recomendou ao rapaz que deixasse aos “cadáveres” o
cuidado de enterrar os “cadáveres” e sim que deixasse aos mortos o cuidado de
enterrar os mortos. Isso porque, existe uma grande diferença entre um cadáver e
um morto. O cadáver é carne sem vida, enquanto um morto é alguém ausente da
vida. Desse modo, há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer.
Distantes do aprimoramento espiritual, muitas pessoas se fecham no egoísmo e na
vaidade desmedida, recusando-se a participar das experiências coletivas, e como
sabemos no isolamento não há progresso.
Há milhares de pessoas que
dormem, indefinidamente, enquanto passam os dias de experiência sobre a Terra.
Percebem a produção incessante da natureza, mas não lembram-se da obrigação de
fazer algo em benefício do progresso coletivo. Diante da árvore que se cobre de
frutos ou da abelha que tece o favo de mel, não lembram-se do pequenino dever
de contribuir para a prosperidade comum. De uma maneira geral, se assemelham a
mortos preciosamente adornados.
Disse o apóstolo Paulo:
“Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o Cristo te iluminará”
(Efésios, 5:14). Isso equivale dizer que devemos acordar para a vida superior e
nos levantar para realizar boas obras e o Senhor nos ajudará, para que possamos
ajudar os outros.
Perambulamos pelas sombras
da morte sem morrer quando nos afundamos nos abismos do ouro, das conquistas
passageiras e nos abismos dos vícios e ilusões de todos os matizes. Pela
tentação da riqueza moramos em túmulos de cifrões, derrotados pelos maus
hábitos, enclausurando-nos nas grades das sombras, atormentados pelos
desenganos e frustrações.
Passar pela vida, sem
perambular pelas sombras da morte é aprender a participar da luta coletiva; é
sairmos de nos mesmos a cada dia buscando sentir a dor do vizinho, as
necessidades do próximo. É despertar, é acordar e viver com todos, por todos e
para todos, porque, ninguém pode suspirar tão somente para si. Em qualquer
parte do Universo somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de
pessoas.
Desta forma, se estivermos
diante de algum cadáver, que nada mais é do que carne sem vida devemos lhe oferecer
a benção da sepultura, mas em se tratando de assunto espiritual, deixemos
sempre aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.
BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan - ESE - cap.
XXIII, itens 7 e 8
Xavier, Francisco Cândido -
Pelo Espírito Emmanuel - Fonte viva – lições 66 e 143
Xavier, Francisco Cândido -
Pelo Espírito Emmanuel – Pão Nosso - lição 68
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