Entre a Terra e o Céu_21_Conversaçao
edificante
“Enquanto regressávamos ao nosso círculo de
trabalho e de estudo, para articular novas providências de auxílio, em favor
dos protagonistas da história que a vida estava escrevendo, concluí que não me
cabia perder a oportunidade de mais amplo entendimento com o nosso orientador,
com alusão aos esclarecimentos que nos fornecera, acerca do perispírito.
“- Inegavelmente, será difícil alcançar o
grande equilíbrio que nos outorgará o trânsito definitivo para as eminências
do Espírito Puro.
- Ah! sim - concordou o Ministro, com
grave entoou -, para que tivéssemos na
Crosta Planetária um vaso tão aprimorado e tão
belo, quanto o corpo humano, a Sabedora Divina
despendeu milênios de séculos, usando os multiformes
recursos da Natureza, no campo imensurável das formas... Para que
venhamos a possuir o sublime instrumento da mente
em planos mais elevados, não podemos esquecer que o Supremo Pai se vale do
tempo infinito para aperfeiçoar e sublimar a beleza e a precisão do corpo
espiritual que nos conferirá os valores imprescindíveis à nossa
adaptação à Vida Superior.
- Compete-nos, então - observou Hilário, atencioso
-, atribuir importante papel às enfermidades na
esfera humana.
Quase todas estarão no mundo, desempenhando
expressivo papel na regeneração das almas.
- Exatamente.
- Cada "centro de força" -
ponderei - exigirá absoluta harmonia, perante as Leis Divinas que nos regem, a
fim de que possamos ascender no rumo do Perfeito Equilíbrio...
- Sim - confirmou Clarêncio -, nossos
deslizes de ordem moral estabelecem a condensação de fluidos inferiores de
natureza gravitante, no campo eletromagnético de nossa organização,
compelindo-nos a natural cativeiro em derredor das vidas começantes às quais
nos imantamos.
"Hilário... perguntou:
-... Um homem puramente selvagem, a
situar-se em plena ignorância dos Desígnios Superiores, que se confia a delitos
indiscriminados... Terá nos tecidos sutis da alma as lesões cabíveis a um europeu
supercivilizado, que se entrega à indústria do crime?
Clarêncio sorriu, compreensivo, e acentuou:
-... Assim como o aperfeiçoado
veículo do homem nasceu das formas primárias da Natureza, o corpo espiritual foi
iniciado também nos princípios rudimentares da inteligência. ... O instrumento
perispirítico do selvagem deve ser classificado
como protoforma humana, extremamente condensado pela sua integração com
a matéria mais densa.
Está para o organismo aprimorado dos
Espíritos algo enobrecidos, com um macaco antropomorfo está para o homem bem-posto
das cidades modernas. Em criaturas dessa espécie, a vida moral está começando a
aparecer e o perispírito nelas ainda se encontra enormemente pastoso. Por esse
motivo, permanecerão muito tempo na escola da experiência, como o bloco de
pedra rude sob marteladas, antes de oferecer de si mesmo a obra-prima... O instinto
e a inteligência pouco a pouco se transformam em conhecimento e
responsabilidade e semelhante renovação outorga ao ser mais avançados equipamentos
de manifestação...
O prodigioso corpo do homem na Crosta Terrestre
foi erigido pacientemente, no curso dos séculos, e o delicado veículo do
Espírito, nos planos mais elevados, vem
sendo construído, célula a célula, na esteira dos milênios incessantes...
Até que nos transfiramos de residência, aptos a deixar,
em definitivo, o caminho das formas, colocando-nos na
direção das esferas do Espírito Puro, onde nos aguardam
os inconcebíveis, os inimagináveis recursos da suprema sublimação.
“... aduzi:
- Decerto a Medicina escreveria gloriosos
capítulos na Terra, sondando com mais segurança os problemas e as angústias
da alma...
-... Um dia o homem ensinará ao
homem, consoante as instruções do Divino Médico, que a cura de todos os males reside
nele próprio. A percentagem quase total das enfermidades humanas guarda origem
no psiquismo.
Sorridente, acrescentou:
- Orgulho, vaidade, tirania, egoísmo,
preguiça e crueldade são vícios da mente, gerando perturbações e doenças em seus
instrumentos de expressão.
"No objetivo de aprender, observei:
- É por isso que temos os vales
purgatoriais, depois do túmulo.. a morte não é redenção...
- Nunca foi - esclareceu o Ministro,
bandos. - O pássaro doente não se retira da condição de enfermo, tão só porque se
lhe arrebente a gaiola. O inferno é uma criação de almas desequilibradas que se
ajuntam assim como o charco é uma coleção de núcleos lodacentos, que se
congregam uns aos outros. Quando de consciência inclinada para o bem ou para o
mal perpetramos esse ou aquele delito no mundo, realmente podemos ferir ou prejudicar
a alguém, mas, antes de tudo, ferimos e prejudicamos a nós mesmos. ...
Quando ofendemos a essa ou àquela criatura, lesamos primeiramente a nossa
própria alma, de vez que rebaixamos a nossa dignidade de espíritos eternos, retardando em
nós sagradas oportunidades de crescimento.
“- A enfermidade, como desarmonia
espiritual - atalhou o instrutor -sobrevive no perispírito... A dor é o
grande e abençoado remédio.
Reeduca-nos a atividade mental,
reestruturando as peças de nossa instrumentação e polindo os fulcros anímicos
de que se vale a nossa inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida
eterna. Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo
de nossos pensamentos, compelindo-nos a
indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso
respeito, e de cuja execução não poderemos fugir
sem graves prejuízos para nós mesmos."
QUESTÕES PARA ESTUDO
1.- A que se refere Clarêncio quando
afirma que " ... a Sabedora Divina despendeu milênios de séculos,
usando os multiformes recursos da Natureza, no campo imensurável
das formas..."?
2.- De que maneira os nossos deslizes
morais atrasam a evolução do nosso organismo físico?
3.- De acordo com a explicação do
Instrutor, são iguais as responsabilidades e as conseqüências do
ato delituoso praticado pelo homem selvagem e pelo homem
civilizado?
4.- Como se dá o processo de
auto-cura a que se refere Clarêncio?
5.- Qual o destino do espírito após a morte
do corpo físico, segundo a visão espírita, explicada por Clarêncio a André Luiz?
6.- Qual a nova visão acerca da dor,
trazida pelo Espiritismo?
Conclusão:
Neste capítulo, André Luiz continua a
palestra iniciada no anterior a respeito do
perispírito, suas funções, seus
mecanismos e sua influência na evolução do
nosso corpo físico.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- A que se refere Clarêncio quando
afirma que " ... a Sabedora Divina despendeu milênios de séculos,
usando os multiformes recursos da Natureza, no campo imensurável
das formas..."?
Para que possamos vivenciar a
vida superior dos espíritos puros, a que
estamos destinados pelo Criador, é indispensável
que aperfeiçoemos o nosso corpo espiritual, tornando-o mais sutil e adquirindo
valores sublimes. Para tanto, muitos milênios serão consumidos,
pois a evolução é lenta. Para chegarmos ao estágio em que atualmente nos
encontramos, um tempo que não podemos precisar, mas que sabemos ter sido longo,
foi despendido pela Providência. Passamos pelos reinos inferiores, como
princípios inteligentes em elaboração para nos
tornarmos espíritos; fomos
ascendendo degrau por degrau, até chegarmos
ao ponto em que estamos. Clarêncio faz menção às nossas passagens por esses
estágios, habitando as múltiplas formas de seres existentes na
Natureza, nos reinos mineral, vegetal e animal.
2.- De que maneira os nossos deslizes
morais atrasam a evolução do nosso organismo físico?
Como vimos no capítulo anterior, a nossa
mente é a responsável pela regência dos centros de força que governam o nosso
organismo perispiritual. Sendo o corpo físico uma organização material plasmada
pelo perispírito, nele são refletidas todas as reações impostas pelo nosso
influxo mental ao veículo perispiritual. Quando nos damos à viciação do
pensamento, adotando práticas que atentam contra as Leis Morais instituídas pelo Criador, desarmonizamos
os centros de força que regem o perispírito, condensando-o e gerando uma reação
negativa no corpo físico. A condensação e o
obscurecimento do perispírito retardam a evolução do corpo físico.
3.- De acordo com a explicação do
Instrutor, são iguais as responsabilidades e as conseqüências do
ato delituoso praticado pelo homem selvagem e pelo homem
civilizado?
Conforme explicou Clarêncio, o homem
selvagem é um espírito que está no começo de sua evolução no reino hominal.
Nele, a vida moral apenas se inicia. Seus
atos e pensamentos ainda são fruto predominantemente do instinto trazido do
reino animal, o qual recém saiu. Seu perispírito ainda é bastante grosseiro,
muito mais denso do que o que hoje possuímos. Para depurá-lo, muitos séculos se
passarão e somente aos poucos é que a inteligência irá ocupando o espaço
do instinto animal. Suas possibilidades de manifestação e, conseqüentemente, a
responsabilidade pelos atos praticados irão aumentando na mesma proporção do progresso alcançado.
Sendo a Justiça Divina absolutamente perfeita, cada um terá a sua
responsabilidade em grau compatível o momento evolutivo em que se encontre.
4.- Como se dá o processo de
auto-cura a que se refere Clarêncio?
Conforme as instruções de Clarêncio, a cura
de todos os males reside em nós próprios, pois a quase totalidade das enfermidades
que nos atingem têm a sua origem no nosso psiquismo. Os sentimentos negativos,
como o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a crueldade, são desajustes da mente, que
repercutem, através do perispírito, no nosso corpo de carne. De acordo com o
Instrutor, a nossa cura depende de nós próprios, mediante o
abandono da prática de atos dessa natureza e da
prática do bem, conforme Jesus ensinou, através daquela que é considerada a
regra áurea de sua Doutrina:
"Tudo o que quiseres que os homens vos
façam, fazei também a eles; porque esta é a lei e os profetas."
5.- Qual o destino do espírito após a morte
do corpo físico, segundo a visão espírita, explicada por Clarêncio a André Luiz?
O Espiritismo nos ensina que, ao
desencarnar, o espírito continua exatamente na mesma condição moral e
intelectual em que se situava anteriormente à morte do corpo físico. Como
explicou o Ministro Clarêncio, "o pássaro doente não se retira da
condição de enfermo, tão só porque se lhe arrebente a gaiola". O fenômeno
conhecido como morte nada mais é que uma mudança de dimensão por que
passa o espírito. O espírito continua vivo, com todas as conquistas morais
e intelectuais e com todas as viciações que acumulou nas inúmeras
reencarnações anteriores. Assim, cada um procurará, por força
de uma sintonia vibratória irresistível, os locais e as companhias espirituais
que lhe sejam afins.
Como disse André Luiz, "a morte não é
redenção". Não redime nem agrava a situação de ninguém.
6.- Qual a nova visão acerca da dor,
trazida pelo Espiritismo?
A dor, ao contrário do que muitos pensam,
não é um fruto do acaso nem um castigo divino. Também não é uma penitência por
erros cometidos, como entendem outros. O Espiritismo nos ensina, conforme salienta
o capítulo em estudo, que a dor é um instrumento pedagógico para nos
impulsionar ao progresso.
É um remédio amargo, porém, necessário
para o nosso despertamento, para a nossa reeducação. Torna o espírito mais
sensível à necessidade de modificar seus pensamentos, reajustando-os às Leis
Divinas.
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