(Espiritismo)
- Nl08 10 Palavra E Responsabilidade
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André
Luiz
Livro em estudo: Evolução em dois mundos
(Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia
de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Primeira parte - Capítulo X - Palavra e
responsabilidade
Comentários: Eurípides Kühl
LINGUAGEM ANIMAL
Aperfeiçoando
as engrenagens do cérebro, o princípio inteligente sentiu a necessidade de
comunicação com os semelhantes e, para isso, a linguagem surgiu entre os
animais, sob o patrocínio dos Gênios Veneráveis que nos presidem a existência.
De
início, o fonema e a mímica foram os processos indispensáveis ao intercâmbio de
impressões ou para o serviço de defesa, como, por exemplo, o silvo de vários
répteis, o coaxar dos batráquios, as manifestações sonoras das aves e o
mimetismo de alguns insetos e vertebrados, a se modificarem subitamente de cor,
preservando-se contra o perigo.
Contudo, à medida que se lhe acentuava a evolução,
a consciência fragmentária investia-se na posse de mais amplos recursos.
O lobo grita pelos companheiros na sombra
noturna, o gato encolerizado mostra fúria característica, miando raivosamente,
o cavalo relincha de maneira particular, expressando alegria ou contrariedade,
a galinha emite interjeições adequadas para anunciar a postura, acomodar a
prole, alimentar os pintainhos ou rogar socorro quando assustada, e o cão é
quase humano, em seus gestos de contentamento e em seus ganidos de dor.
Comentários:
Mesmo
sendo repetitivo, pelo que me desculpo com os leitores, será sempre um dever de
gratidão lembrar, permanentemente, pois, que a Engenharia Divina, por
intermédio dos Gênios Veneráveis, a pouco e pouco milênios sobrepostos a
milênios foi equipando o Princípio Inteligente (P.I.) de alcandoradas
possibilidades de progredir.
E progredir sem cessar!
No
estágio avançadíssimo desse lento, mas progressivo sistema de sublimes doações,
encontraremos os animais sendo promovidos a seres que já podem atender à
necessidade de comunicação, uns com os outros. Chegava assim a linguagem ao
planeta!
Num primeiro passo, cada espécie animal
passou a se comunicar de maneira específica. Por mímica (gestos), por mimetismo
(mudança de cor: camaleão, borboletas), por silvo (alguns répteis), pelo coaxar
(dos sapos), ou pelos diversos sons próprios das aves.
Com a evolução e já num segundo passo,
encontraremos o lobo que grita para o companheiro, o gato que demonstra vários
estados de ação, os cavalos relinchando de alegria ou contrariedade, a galinha
cacarejando, como a informar sobre a postura e chamando os pintainhos para
alimentá-los. É nesse passo que o cão quase se compara ao homem, quando
inquestionavelmente demonstra alegria ou humilhação. Quando a maioria dos
animais silencia ante a dor, o cão gane, informando que está sofrendo.
INTERVENÇÕES ESPIRITUAIS
É assim
que, atingindo os alicerces da Humanidade, o corpo espiritual do homem
infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais próprias, sob a
assistência dos Instrutores do Espírito, recebendo intervenções sutis nos
petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar novo ciclo
de progresso.
O laringe, situado acima da traquéia e
adiante da faringe, consubstanciado num esqueleto cartilaginoso, urdido em
fibras e ligamentos, com uma seleta de pequenos músculos, sofre, nas mãos
sábias dos Condutores Espirituais, à maneira de um órgão precioso entre os
dedos de cirurgiões exímios no serviço de plástica, delicadas operações no
curso dos séculos, para que os músculos mencionados se façam simétricos e para
que se vinculem, tão destros quanto possível, à produção fisiológica da voz.
Em sua contextura interna aglutina-se uma
mucosa ciliada que se destina ao trabalho de lançamento do som e que verte
pelos estreitamentos, transformando-se em pavimentosa-estratificada na borda
livre das cordas vocais verdadeiras.
Fora da ação das cordas vocais, o laringe
revela no pescoço movimentos de ascensão e dissensão, elevando-se na expiração
e na deglutição e baixando na inspiração, na sucção e no bocejar,
salientando-se no corpo qual perfeito instrumento de efeitos musicais.
Comentários:
Os
primeiros hominídeos (homem infraprimitivo) recebem dos Instrutores Siderais
intervenções sutis para poderem articular a palavra.
Para nós, terrenos, é ainda inalcançável a
ciência das alterações perispirituais (cirurgias especialíssimas) realizadas
(sempre no Plano Espiritual) por sublimes Geneticistas Siderais, objetivando
dotar os P.I. de órgãos de fonação, nesse estágio que estamos considerando.
Bocejar e cantar são algumas das novas
adequações que surgem.
OBS: Para entender o já elevado nível de evolução em que o homem já se
encontra, basta raciocinar que hoje no mundo, entre línguas e dialetos, existem
centenas e centenas e que, graças ao equipamento de que dispõe o corpo humano é
possível se expressar, em um ou mais deles!
MECANISMO DA PALAVRA
Com o
extremo carinho de vagarosa confecção, os Técnicos da Espiritualidade Superior
compõem a cartilagem situada em plano inferior, a cricóide, que representa um
anel modificado da traquéia, sustentando uma placa na parte posterior, sobre a
qual, no bordo superior e de ambos os lados da linha média, se apóiam as duas
aritenóides, que se permitem, assim, a conjunção ou o afastamento entre si.
Cada uma possui na base uma apófise: a interna, vocal, em que está inserida a
parte posterior da corda vocal verdadeira do mesmo lado, e a outra, que é
externa, muscular. Com a mesma habilidade, os Técnicos tecem a cartilagem
localizada na região anterior ou cartilagem tireóide, a destacar-se sob a pele
no chamado Pomo de Adão, em suas lâminas verticais que se conjugam na linha
mediana, traçando um ângulo diedro que se volta para a retaguarda e onde se
fixam as cordas vocais verdadeiras, cartilagem essa que, por baixo, se une com
o anel da cricóide e, por cima, com o osso hióide, através de membranas e
ligamentos, o qual fornece apoio para a implantação do laringe.
Acima das cordas vocais verdadeiras, surgem
as cordas vocais falsas a limitarem com a parede os ventrículos laterais de
Morgagni.
Todos os músculos que garantem o movimento
das cordas são pares, exceto o ari-aritenóideo, assegurando as funções da glote
vocal e formando, com avançado primor de previsão e eficiência, a abóbada de
precioso condicionamento, onde a pressão do ar pode fazer-se com segurança para
separar as cordas vocais em serviço.
Comentários:
Em
demorada e apuradíssima processualística de confecção, os Técnicos da
Espiritualidade Superior vão compondo as cartilagens, inferiores e superiores,
na região da laringe, tudo isso em estreita adequação com as modificações
anteriores da faringe e traquéia.
São implantadas então as cordas vocais,
chamadas de verdadeiras, pois existem as denominadas falsas: estas, sem
influência na fonação e aquelas, elas sim, cuja vibração produz a voz.
OBS: Sei que nas preciosas lições da obra em estudo não é oportuno
inserir comentários doutrinários. Contudo, peço um habeas corpus literário
(existe isso?...) para transcrever duas opiniões de Espíritos bondosos sobre a
faculdade de falar.
- Quando a palavra é boa:
_O verbo gasto em serviços do bem é cimento
divino para realizações imorredouras. Conversaremos, pois, servindo aos nossos
semelhantes de modo substancial, e nosso lucro será crescente.
(Instrutor Calderaro, em No Mundo Maior, A.
Luiz/FCX, cap. 3, p. 42, 7ª Ed., 1977, FEB, RJ/RJ);
- Quando a palavra não é boa...
_Meus irmãos, para o médico desencarnado o
verbo mal conduzido é sempre a raiz escura de grande parte dos processos
patogênicos que flagelam a Humanidade.
(Espírito André Luiz, em Instruções
Psicofônicas, cap. 9, p.52, 6ª Ed., 1955, FEB, RJ/RJ).
LINGUAGEM CONVENCIONAL
Aprende
então o homem, com o amparo dos Sábios Tutores que o inspiram, a constituição
mecânica das palavras, provindo da mente a força com que aciona os implementos
da voz, gerando vibrações nos músculos torácicos, incluindo os pulmões e a
traquéia como num fole, e fazendo ressoar o som no laringe e na boca, que
exprimem também cavidades supra-glóticas, para a criação, enfim, da linguagem
convencional, com que reforça a linguagem mímica e primitiva, por ele adquirida
na longa viagem através do reino animal.
A esse modo natural de exprimir-se por
gestos e atitudes silenciosos, em que derrama as suas forças acumuladas de
afetividade e satisfação, desagrado ou rancor, em descargas
fluídico-eletro-magnéticas de natureza construtiva ou destrutiva, superpõe à criatura
humana os valores do verbo articulado, com que acrisola as manifestações mais
íntimas, habilitando-se a recolher, por intermédio de sinalética especial na
escala dos sons, a experiência dos irmãos que caminham na vanguarda e
aprendendo a educar-se para merecer esse tipo de assistência que lhe outorgará
o estado de alegria maior, ante as perspectivas da cultura com que a vida lhe
responde às indagações.
Comentários:
Ainda
nesta fase evolutiva do homem ele conta com o abençoado amparo dos Sábios Tutores,
que lhe ofertam inspiração para, com a força mental, utilizar os já instalados
implementos físicos que possibilitarão a voz. Surge a linguagem convencional.
O homem passa então a exprimir o que vai
pela sua alma: alegria ou tristeza, certeza ou dúvida, amizade ou rancor. E a
palavra articulada lançará descargas fluídico-eletromagnéticas, positivas ou
negativas. Estavam inaugurados os primórdios da educação, pela troca verbal de
impressões sobre a natureza ou por reflexões de outros, emitindo ou ouvindo
opiniões. Os mundos íntimos se exteriorizam...
PENSAMENTO CONTÍNUO
Com o
exercício incessante e fácil da palavra, a energia mental do homem primitivo
encontra insopitável desenvolvimento, por adquirir gradativamente a mobilidade
e a elasticidade imprescindíveis à expansão do pensamento que, então,
paulatinamente, se dilata, estabelecendo no mundo tribal todo um oceano de
energia sutil, em que as consciências encarnadas e desencarnadas se refletem,
sem dificuldade, umas às outras.
Valendo-se dessa instituição de permuta
constante, as Inteligências Divinas dosam os recursos da influência e da
sugestão e convidam o Espírito terrestre ao justo despertamento na
responsabilidade com que lhe cabe conduzir a própria jornada...
Pela compreensão progressiva entre as
criaturas, por intermédio da palavra que assegura o pronto intercâmbio,
fundamenta-se no cérebro o pensamento contínuo e, por semelhante maravilha da
alma, as idéias-relâmpagos ou as idéias-fragmentos da crisálida de consciência,
no reino animal, se transformam em conceitos e inquirições, traduzindo desejos
e idéias de alentada substância íntima.
Começando a fixar o pensamento em si mesmo,
fatigando-se para concatená-lo e exprimi-lo, confiou-se o homem a novo tipo de
repouso - a meditação compulsória, ante os problemas da própria vida - passando
a exteriorizar, inconscientemente, as próprias idéias e, com isso, a
desprender-se do carro denso de carne, desligando as células de seu corpo
espiritual das células físicas, durante o sono comum, para receber, em atitude
passiva ou de curta movimentação, junto do próprio corpo adormecido, a visita
dos Benfeitores Espirituais que o instruem sobre as questões morais.
Comentários:
Podendo
falar o homem passa a poder pensar mais e melhor: há integração de pessoas,
sociedades, povos, culturas.
Está quase na hora do homem assumir
responsabilidades...
As Inteligências Divinas diminuem a
assistência até então dispensada aos homens e é aí que surge o
pensamento-contínuo, expressão fantasticamente superior às idéias fragmentárias
ou apenas instintivas que tinha quando ainda no reino animal.
A meditação é resultante das reflexões
sobre os limites carnais.
É o tempo das inquirições, dos porquês?
No repouso do sono desprende-se o
perispírito e o homem, recebe a visita dos Benfeitores Espirituais que lhe
lecionam lições morais.
No alicerce do automatismo a idéia contínua
erige um monumento: a memória, que agirá qual armazém automático de
pensamentos, de lembranças, de testemunhos, de aprendizados, enfim.
O continuísmo da idéia consciente acende a
luz da memória sobre o pedestal do automatismo.
LUTA EVOLUTIVA
Entre a
alma que pergunta, a existência que se expande, a ansiedade que se agrava e o
Espírito que responde ao Espírito, no campo da intuição pura, esboça-se imensa
luta.
O homem que lascava a pedra e que se
escondia na furna, escravizando os elementos com a violência da fera e matando
indiscriminadamente para viver, instado pelos Instrutores Amigos que lhe
amparam a senda, passou a indagar sobre a causa das coisas... Constrangido a
aceitar os princípios de renovação e progresso, refugia-se no amor-egoísmo, na
intimidade da prole, que lhe entretém o campo íntimo, ajudando-o a pensar.
Observa-se tocado por estranha metamorfose.
Vê, instintivamente, que não mais se
poderia guiar pela excitabilidade dos seus tecidos orgânicos ou pelos apetites
furiosos herdados dos animais...
Desligado lentamente dos laços mais fortes
que o prendiam às Inteligências Divinas, a lhe tutelarem o desenvolvimento,
para que se lhe afirmem as diretrizes próprias, sente-se sozinho, esmagado pela
grandeza do Universo.
A idéia moral da vida começa a ocupar-lhe o
crânio.
O Sol propicia-lhe a concepção de um
Criador, oculto no seio invisível da Natureza, e a noite povoa-lhe a alma de
visões nebulosas e pesadelos imaginários, dando-lhe a idéia do combate
incessante em que a treva e a luz se digladiam.
Abraça os filhinhos com enternecimento feroz,
buscando a solidariedade possível dos semelhantes na selva que o desafia.
Mentaliza a constituição da família e
padece na defesa do lar.
Os porquês a lhe nascerem fragmentários, no
íntimo, insuflam-lhe aflição e temor.
Percebe que não mais pode obedecer
cegamente aos impulsos da Natureza, ao modo dos animais que lhe comungam a
paisagem, mas sim que lhe cabe agora o dever de superar-lhes os mecanismos,
como quem vê no mundo em que vive a própria moradia, cuja ordem lhe requisita
apoio e cooperação.
Comentários:
Da
barbárie ao progresso o homem inaugura o infinito mundo das indagações
filosóficas: qual a causa disso?; Qual a origem das coisas?; Por que estou com
esta prole?. Capta, intimamente, que não mais pode agir sob impulsos
instintivos, como vivem os animais.
Refugiado no amor-egoísmo da sua família vê
o Sol, as estrelas e começa a divagar e conceber um Criador para tantas
sublimidades.
Sente que não mais deverá obedecer a moldes
primitivos, bárbaros.
Desponta na Humanidade o conceito de
civilização viver e conviver em sociedade.
OBS: Num
salto gigantesco na estrada da civilização e progresso humanos, podemos situar
numa ponta a caverna e a canoa tosca, e na outra ponta, o apartamento de
cobertura e o transatlântico.
NASCIMENTO DA RESPONSABILIDADE
A idéia
de Deus iniciando a Religião, a indagação prenunciando a Filosofia, a
experimentação anunciando a Ciência, o instinto de solidariedade prefigurando o
amor puro, e a sede de conforto e beleza inspirando o nascimento das indústrias
e das artes, eram pensamentos nebulosos torturando-lhe a cabeça e
inflamando-lhe o sentimento.
Nesse concerto de forças, a morte passou a
impor-lhe angustiosas perquirições e, enterrando os seus entes amados em sepulcros
de pedra, o homem rude, a iniciar-se na evolução de natureza moral, perdido na
desértica vastidão do paleolítico, aprendeu a chorar, amando e perguntando para
ajustar-se às Leis Divinas a se lhe esculpirem na face imortal e invisível da
própria consciência.
Foi, então, que, em se reconhecendo ínfimo
e frágil diante da vida, compreendeu que, perante Deus, seu Criador e seu Pai,
estava entregue a si mesmo.
O princípio da responsabilidade havia
nascido.
Pedro Leopoldo, 16/2/58.
Comentários:
Nascendo
a idéia de Deus surge a Religião.
As perguntas constituem prenúncio da
Filosofia.
A seguir, as experimentações da Ciência.
Solidariedade instintiva prenuncia o amor
puro.
A busca do conforto e do belo respondem
pela criação das indústrias e das artes.
Ante a morte, desentendendo-a, o homem
aprende a chorar pela perda física dos que ama e assim, desorientado, busca
ajustar-se às Leis Divinas. Nessa fase, percebendo que nada pode contra os
desígnios da vida sente-se frágil, pequeno. Multiplicadas reflexões...
Aí entendeu que só a ele cabia construir
seu destino.
Agora sim: chegava à Terra o princípio da
responsabilidade!
Ribeirão
Preto/SP _ Primavera/2005
Eurípedes Kühl
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) De que modo podemos resumir o processo
de evolução da linguagem, no reino animal?
2) Como se dá, no homem, o surgimento:
2.a) da palavra articulada?
2.b) da linguagem convencional?
2.c) do pensamento contínuo?
3) Como o homem foi levado a adquirir as
noções de vida moral e de Deus?
Conclusão:
1) De
que modo podemos resumir o processo de evolução da linguagem, no reino animal?
R - Após passar pelo aperfeiçoamento das
engrenagens cerebrais, sentindo a necessidade de comunicação com seus
semelhantes, o princípio inteligente recebe dos Instrutores Siderais o recurso
da linguagem, necessário ao seu progresso. Cada animal recebe um instrumento de
comunicação específico. De início, através de fonema e mímica, como o silvo dos
répteis, o coaxar dos batráquios, as manifestações sonoras das aves e a mudança
na cor e configuração de alguns insetos e vertebrados, como a borboleta e o
camaleão. Prosseguindo a evolução incessante, novos recursos de comunicação
foram adquiridos. Como exemplos, podemos citar o grito do lobo para seus
semelhantes; o cavalo, expressando alegria ou contrariedade pelo relincho; a
galinha, anunciando a postura ou quando assustada e o cão, que informa estar
sentindo dor, através de gemidos.
2) Como se dá, no homem, o surgimento:
2-a) da palavra articulada?
R - Nos primórdios da chegada do
princípio inteligente ao reino hominal, seu corpo espiritual (perispírito)
permanece durante longo período no mundo espiritual, recebendo intervenções nos
aparelhos da fonação, por parte dos Mensageiros Divinos, a fim de que possa
articular a palavra. Assim é que a laringe sofre, pela ação destes Instrutores,
operações destinadas a harmonizarem os músculos que a constituem, de modo a
adestrá-los à produção da voz. A este encadeamento de músculos, junta-se uma
membrana, composta de finos filamentos, que recebe a função de lançar o som e
que, ao estreitar-se, transforma-se na borda das cordas vocais situadas no
interior da laringe.
Em seguida, através de um demorado processo
de confecção, os Técnicos da Espiritualidade compõem as cartilagens inferiores
e superiores na região da laringe. São implantadas, então, as "cordas
vocais verdadeiras", cuja vibração produz a voz.
Obs.: Existem as cordas vocais denominadas
"falsas", por não exercerem influência na fonação.
2-b) da linguagem convencional?
R - Após a conquista da linguagem
mímica e primitiva adquirida na longa passagem pelo reino animal, recebe o
homem, sempre com o amparo dos Geneticistas Espirituais, a linguagem
convencional, por meio da construção mecânica das palavras. Ao modo natural de
se exprimir por gestos e atitudes silenciosos, em que irradia energias
eletro-magnéticas da mesma natureza de seus sentimentos, é acrescido a palavra
articulada e a linguagem convencional. Com a força mental de que é dotado, o
homem é inspirado a utilizar os aparelhos fonadores instalados no seu organismo
físico, que, possibilitando a voz, permitem surgir a linguagem convencional.
Passa, a partir daí, a exprimir, também por esse meio, os seus pensamentos e os
seus sentimentos, permitindo o intercâmbio de idéias por meio de sinais
característicos expressos pelo som das palavras, com o que aprenderá a se
educar, marcando o início de uma nova etapa em seu processo evolutivo.
2-c) do pensamento contínuo?
R - Com a aquisição do recurso da palavra,
o homem passa a desenvolver melhor e mais rapidamente sua energia mental,
permitindo a expansão do pensamento, o que vai possibilitar a comunicação e a
integração entre os povos e entre as humanidades encarnada e desencarnada. As Potestades
Divinas diminuem, então, a assistência na condução do destino do homem,
estimulando-o à responsabilidade de conduzir sua própria jornada. O intercâmbio
de idéias, assegurado pela conquista da palavra, possibilita ao homem a
compreensão progressiva para com seus semelhantes, surgindo, desde aí, o
pensamento contínuo. As idéias fragmentárias e instintivas que trazia desde a
passagem pelo reino animal transformam-se em conceitos e indagações, exprimindo
desejos e idéias geradas em sua intimidade.
O exercício desta nova conquista traz
consigo a fatiga, levando o homem a uma nova maneira de repousar, através da
meditação sobre os problemas da vida. Passa, também, a exteriorizar,
inconscientemente, as próprias idéias, desprendendo-se do corpo físico durante
o sono, ocasião em que entra em relação com os Benfeitores Espirituais, que lhe
instruem sobre a vida moral. Através do automatismo espiritual, surge a
memória, permitindo-lhe o armazenamento automático de pensamentos, lembranças e
de tudo o quanto aprendeu.
3) Como o homem foi levado a adquirir as
noções de vida moral e de Deus?
R - Conquistado o pensamento contínuo,
passa a meditar sobre a própria existência, sobre a origem das coisas e a fazer
outras indagações de natureza filosófica. Adquirindo maior independência
ante a condução de seu destino pelas Inteligências Divinas, passa a se sentir
sozinho, em meio à grandiosidade do mundo. Sente que não mais poderia se deixar
guiar pelas excitações do organismo físico nem pelos brutos instintos trazidos
do reino animal. As primeiras idéias de vida moral começam a ocupar-lhe o
pensamento. O amor ainda animalesco aos filhos e o desafio da sobrevivência o
levam a buscar a solidariedade de seus semelhantes, com o que mentaliza a
constituição da família. Tem a percepção de que não mais pode obedecer
cegamente aos impulsos da Natureza, como os animais que com ele convivem e que
lhe cabe agora superar esses mecanismos, cooperando com para a ordem no mundo
que lhe serve de moradia. Surgem os primórdios da civilização.
As primeiras noções de Deus foram
adquiridas no âmbito da família, ante a observação do Sol em meio à Natureza.
Concebe a idéia da existência de um Criador, que é reforçada por
visões e pensamentos imaginários que lhe são sugeridos durante o sono, pelos
Benfeitores Espirituais, dando-lhe a idéia da luta evolutiva que terá de travar
entre o mal e o bem.
4) Como nasce a responsabilidade?
R - Com a idéia de Deus veio a
religiosidade; com as indagações, o prenúncio da filosofia; com as
experimentações, a ciência; com o instinto de solidariedade, o amor menos
animalesco; com a busca pelo conforto e pelo belo, as indústrias e as artes.
Em meio a esta luta pela evolução moral, o homem passou a conviver
com a morte, que lhe trouxe angústia e dor pela perda dos entes
queridos. Desorientado e sentindo-se frágil, percebe que nada pode contra as
Leis Divinas, já então escritas em sua consciência. Busca
ajustar-se a elas, entendendo que somente a si cabe construir o seu destino. É
o nascimento da responsabilidade.
Com a colaboração de Kátia e Vera.
Equipe CVDEE
Sala André Luiz
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