Entre
a Terra e o Céu_22_Irma Clara
Trechos do Capítulo:
Na noite imediata às experiências que
descrevemos, o Ministro convidou-nos a visitar a Irmã Clara, a quem pediria
socorro em favor do esclarecimento de Odila.
(...)
Por que motivo rogaria ele o concurso de
outrem, quando se dirigira com tanto êxito à mente de Esteves e Armando,
reencarnados? Não lhes favorecera o retrocesso da memória, até os recuados dias
da luta no Paraguai? Porque não conseguiria doutrinar também a desditosa
irmã enferma?
O Ministro ouviu-me, tolerante, e
redargüiu:
_ Iludes-te. Nem sempre doutrinar será
transformar. Efetivamente, guardo alguma força magnética suficientemente
desenvolvida, capaz de operar sobre a mente de nossos companheiros em
recuperação; no entanto, ainda não disponho de sentimento sublimado, suscetível
de garantir a renovação da alma. Sem dúvida, dentro de minhas limitações, estou
habilitado a falar à inteligência, mas não me sinto à altura de redimir
corações. Para esse fim, para decifrar os complicados labirintos do sofrimento
moral, é imprescindível haver atingido mais elevados degraus na humana
compreensão.
(...)
A nossa anfitriã não morava num
estabelecimento de ensino, entretanto, mantinha em casa um verdadeiro
educandário, tão grandes e luzidas eram as assembléias instrutivas que sabia
organizar.
(...)
Nosso orientador rogou excusas, pela nossa
interferência no trabalho.
_ Não se incomodem _ (...) _, achamo-nos
num curso rápido, acerca da importância da voz a serviço da palavra. Podem
partilhá-lo conosco. Nossa aula é uma simples conversação.
(...)
_ Conforme estudamos na noite de hoje, a
palavra, qualquer que ela seja, surge invariavelmente dotada de energias
elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmica. A mente, como não
ignoramos, é o incessante gerador de força, através dos fios positivos e
negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo que é sempre uma
descarga electromagnética, regulada pela voz. Por isso mesmo, em todos os
nossos campos de atividade, a voz nos tonaliza a exteriorização, reclamando
apuro de vida interior, de vez que a palavra, depois do impulso mental, vive na
base da criação; é por ela que os homens se aproximam e se ajustam para o
serviço que lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou
retardado, no espaço e no tempo.
(...)
_ Mas, para que tenhamos a solução do
problema, é indispensável jamais nos encolerizarmos?
_ Sim elucidou a instrutora, calma,
indiscutivelmente, a cólera não aproveita a ninguém, não passa de perigoso
curto-circuito de nossas forças mentais, por defeito na instalação de nosso
mundo emotivo, arremessando raios destruidores, ao redor de nossos passos...
(...)
_ Em tais ocasiões, se não encontramos,
junto de nós, alguém com o material isolante da oração ou da paciência, o
súbito desequilíbrio de nossas energias estabelece os mais altos prejuízos à
nossa vida, porque os pensamentos desvairados, em se interiorizando, provocam a
temporária cegueira de nossa mente, arrojando-a em sensações de remoto
pretérito, nas quais como que descemos quase sem perceber a infelizes
experiências da animalidade inferior. A cólera, segundo reconhecemos, não pode
e nem deve comparecer em nossas observações, relativas à voz. A criatura
enfurecida é um dínamo em descontrole, cujo contacto pode gerar as mais
estranhas perturbações.
(...)
_ E se substituíssemos o termo cólera pelo
termo indignação?
(...)
_ Efetivamente, não poderíamos completar os
nossos apontamentos, sem analisar a indignação como estado dalma, por vezes
necessário. Naturalmente é imprescindível fugir aos excessos. Contrariar-se
alguém a propósito de bagatelas e a todos os instantes do dia será baratear os
dons da vida, desperdiçando-os, de modo inconseqüente, sem o mínimo proveito
para si mesmo ou para os outros.Imaginemos a indignação por subida de tensão na
usina de nossos recursos orgânicos, criando efeitos especiais à eficiência de
nossas tarefas. Nos casos de exceção, em que semelhante diferença de potencial
ocorre em nossa vida íntima, não podemos esquecer o controle da inflexão vocal.
Assim como a administração da energia elétrica reclama atenção para a voltagem,
precisamos vigiar a nossa indignação principalmente quando seja imperioso
vertê-la através da palavra, carregando a nossa voz tão somente com a força
suscetível de ser aproveitada porá aqueles a quem endereçávamos a carga de
nossos sentimentos. É indispensável modular a expressão da frase, como se
gradua a emissão elétrica...
(...)
_ Nossa vida pode ser comparada a grande
curso educativo, em cujas classes numeráveis damos e recebemos, ajudamos e
somos ajudados. A serenidade, em todas as circunstâncias, será sempre a nossa
melhor conselheira, mas, em alguns aspectos de nossa luta, a indignação é
necessária para marcar a nossa repulsa contra os atos deliberados de rebelião
ante as Leis do Senhor. Essa elevada tensão de espírito, porém, nunca deve
arrojar-se à violência e jamais deve perder a dignidade de que fomos
investidos, recebendo da Divina Confiança a graça do conhecimento superior.
Basta, dentro dela, a nossa abstenção dos atos que intimamente reprovamos,
porque a nossa atitude é uma corrente de indução magnética. Em torno de nós,
quem simpatiza conosco geralmente faz aquilo que nos vê fazer. Nosso exemplo,
em razão disso, é um fulcro de atração. Precisamos, assim, de muita cautela com
a palavra, nos momentos de tensão alta do nosso mundo emotivo, a fim de que a
nossa voz não se desmande em gritos selvagens ou em considerações cruéis que
não passam de choques mortíferos que infligimos aos outros, semeando
espinheiros de antipatia e revolta que nos prejudicarão a própria tarefa.
(...)
_ Irmã Clara, como devemos interpretar as
perturbações da voz, como, por exemplo, a gaguez e a diplofonia?
_ Sem dúvida (...) os órgãos vocais
experimentam igualmente lutas e provações quando reclamam reajuste. Por
intermédio da voz, praticamos vários delitos de tirania mental e, através dela,
nos cabe reparar os débitos contraídos. As enfermidades dessa ordem
compelem-nos ao trabalho de recuperação no silêncio, de vez que, sofrendo a
alheia observação, aprendemos pouco a pouco a governar os próprios impulsos ao
bem.
(...)
Questões iniciais para nosso estudo:
1. Qual a importância das palavras?
Justificar.
2. Relacione os ensinamentos dados no
capítulo com as palavras de Lucas (6-45): ...Porque a sua boca fala o de que
está cheio o coração.
3. De que forma as palavras, em nosso
dia-a-dia, nos influem no intercâmbio entre nós e as demais pessoas?
4. Irmã Clara faz seu pequeno, e
importante, ensinamento em sua própria residência. Wilson Garcia comenta sobre
pequenos grupos familiares de estudos o seguinte: (...) que é o das relações e
dos laços que se formam entre os membros dos grupos familiares de Espiritismo.
O fato a chamar a atenção é que se essas relações são fraternas e intensas,
elas não só estabelecem um grau de seriedade grande para a operação e os
objetivos do grupo, como também mantêm um frutuoso e inigualável estado de
informalidade, de liberdade de ação, onde o ambiente é sempre convidativo à
prosa, às histórias do cotidiano, às situação que envolvem o mundo da vida e
que os seres humanos sentem tanta necessidade de intracambiar, mas que a vida
moderna quase nunca oferece espaço para que aconteça. Assim, comente ou
relacione qual a importância de também se haver grupos familiares de estudos,
englobando-se neles não só a família de parentesco, mas a família espiritual
5. Qual seu entendimento sobre o capítulo
estudado?
Conclusão:
Um tema interessante é abordado neste
capítulo: a palavra sua função, seu significado e suas conseqüências. Indo ao
encontro de Irmã Clara, os benfeitores Clarêncio, André Luiz e Hilário a
encontraram reunida em sua residência dirigindo um grupo de estudo, cujo tema
estudado era a palavra. André Luiz nos relata alguns dos ensinamentos por ela
transmitidos acerca do assunto.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- Qual a importância das palavras?
Justificar.
Através do pensamento, o homem se sintoniza
com o mundo invisível, emitindo ondas eletromagnéticas, que ganham o espaço
através do fluido cósmico universal em que vivemos mergulhados. O pensamento se
materializa e é levado ao destino que lhe endereçamos.
Conforme
a sua natureza, estaremos nos sintonizando com faixas vibratórias levadas ou
inferiores, que definirão o tipo de influência espiritual que receberemos. A
palavra é a exteriorização do pensamento para o mundo material. Seu grau de
alcance, portanto, vai além do plano invisível, onde ela chega antes mesmo de
ser pronunciada, pelo simples ato de pensar. Repercute, também, no mundo
físico.
De acordo com a explicação de Irmã Clara, a
palavra é dotada de energias elétricas específicas, produzindo uma descarga
eletromagnética, que é regulada pela voz. Podemos, assim, dividí-la em duas
etapas: a primeira, corresponde ao período em que essa força está sendo gerada
pela mente. Nessa fase, é definida a sua natureza - positiva
ou negativa - conforme o sentimento que presidirá a sua formação; a segunda, ao
ser exteriorizada para o mundo físico, é qualificada pela tonalidade da voz que
a exprime. É uma fase tão importante quanto à de sua elaboração, pois
a maneira como é exteriorizada pela voz pode até modificar o significado que se
quis a ela imprimir.
Portanto, sua importância é enorme para o
homem. Como frisou a benfeitora, é por ela que os homens se aproximam e se
relacionam em sociedade, ajudando-o na busca da evolução pelo trabalho.
Pelo sentido que o homem a imprime, poderá ter o seu progresso adiantado
ou atrasado. Influi, ainda, na conformação do organismo físico e espiritual
do homem. Temos estudado nos capítulos anteriores as transformações por que
passa o perispírito, por força da natureza dos nossos atos e pensamentos. A
palavra, como veículo de exteriorização do que é produzido pela
mente, tem o poder de sutilizar ou adensar o veículo perispiritual,
com as repercussões inevitáveis no organismo físico.
2.- Relacione os ensinamentos dados no
capítulo com as palavras de Lucas (6-45): " ... Porque a sua boca fala o
de que está cheio o coração."
Esse ensinamento evangélico reafirma o caráter
da palavra como um veículo exteriorizador dos nossos
sentimentos.
Como disse o Evangelista, através do verbo
deixamos transbordar a matéria que enche o nosso coração. A palavra não é algo
autônomo, descompromissado. É o espelho do que sentimos, daquilo que está cheio
o nosso coração.
3.- De que forma as palavras, em nosso
dia-a-dia, nos influem no intercâmbio entre nós e as demais pessoas?
Sendo a materialização dos sentimentos, a
palavra não é apenas um meio de os homens se comunicarem entre si. É, principalmente,
o elemento definidor do estado de a harmonia ou desarmonia em que nos
situaremos. Daí a importância de cultivá-la com atenção e carinho, evitando,
não só a palavra que fere, que magoa e que humilha, mas também os conversações
pouco edificantes, em torno de assuntos torpes ou mesquinhos.
4.- Irmã Clara faz seu pequeno e importante
ensinamento, em sua própria residência. Wilson Garcia comenta, sobre pequenos
grupos familiares de estudos, o seguinte:
"(...) que é o das relações e dos
laços que se formam entre os membros dos grupos familiares de Espiritismo. O
fato a chamar a atenção é que se essas relações são fraternas e intensas, elas
não só estabelecem um grau de seriedade grande para a operação e
os objetivos do grupo, como também
mantêm um frutuoso e inigualável estado
de informalidade, de liberdade de ação, onde o ambiente é sempre
convidativo à prosa, às histórias do
cotidiano, às situações que envolvem o mundo da vida e que os seres
humanos sentem tanta necessidade de intracambiar,
mas que a vida moderna quase nunca oferece espaço para que
aconteça."
Assim, comente ou relacione qual a
importância de também se haver grupos familiares de estudos, englobando-se
neles não só a família de parentesco, mas a família espiritual.
O
estudo é valioso em qualquer situação. Sozinho, na casa espírita, no lar ou
onde quer que ele se realize. Como se afirmou durante o estudo, Kardec
recomendou que se formassem pequenos grupos para o
estudo e a prática do Espiritismo, pois nestes
seria mais fácil se obter a harmonia entre seus membros do que em
grupo mais populosos.
Mais que o de qualquer outra ciência, o
estudo do Espiritismo, requer um ambiente saudável, fraterno. A sintonia
entre os participantes deve ser a mais positiva possível, para que a inspiração
flua e os benfeitores espirituais possam atuar em benefício de todos,
iluminando as mentes e os corações presentes.
5.- Qual seu entendimento sobre o capítulo
estudado?
Podemos concluir que a palavra é um
poderoso instrumento colocado pelo Criador à nossa
disposição, para que a usemos em proveito da nossa
evolução. Mostra-nos, o capítulo, a responsabilidade pelo uso que viermos a
fazer desse instrumento. Ensina-nos que o grande poder transformador de mentes
é o amor. Clarêncio, embora num alto patamar evolutivo, com grandes
conhecimentos científicos sobre magnetismo e sobre os mecanismos de
funcionamento da mente, não se sentia com força suficiente para operar a
transformação da obsessora. Como frisou, não se considerava habilitado a falar
aos corações.
O Espiritismo ensina que o processo
obsessivo não deve ser combatido com práticas ritualísticas, como os exorcismos,
mas com o esclarecimento, com o amor, com a compreensão. Para tanto, Clarêncio ainda
não havia adquirido as qualidades necessárias que envolvem esses
sentimentos. Por isso, resolveu buscar o auxílio da Irmã Clara,
espírito também elevado e que progredira um pouco mais que Clarêncio nos
atributos do amor e da compreensão para com os erros do próximo.
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