(Espiritismo)
- Nl08 12 Alma E Desencarnação
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do
Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz
Livro em estudo: Evolução em dois mundos
(Editora FEB)
Autor:
Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Primeira parte - Capítulo XII - Alma e
desencarnação (parte 1)
Comentários: Eurípides Kühl
XII - Alma e desencarnação (parte 1)
METAMORFOSE E DESENCARNAÇÃO
Graduando
os acontecimentos da desencarnação, é importante recorrer ainda ao mundo dos
insetos para lembrar que, se existem aqueles de metamorfose total, existem os
de metamorfose incompleta, os hemimetábolos, cuja larva sai do ovo e se
converte imediatamente num indivíduo, sem passar pela fase pupal, à feição dos
malófagos, desprovidos de asas, embora possuam aparelho bucal triturador.
Apresentando características singulares, no
capítulo da transfiguração, em todas as ordens nas quais se subdividem, os
insetos, de algum modo, exprimem, no desenvolvimento da metamorfose que lhes
marca a existência, a escala de fenômenos que vige para a desencarnação dos
seres de natureza superior.
Em relação ao homem, os mamíferos que se
ligam a nós outros por extremos laços de parentesco, em se desencarnando,
agregam-se aos ninhos em que se lhes desenvolvem os companheiros e, qual ocorre
entre os animais inferiores, nas múltiplas faixas evolutivas em que se
escalonam, não possuem pensamento contínuo para a obtenção de meios destinados
à manutenção de nova forma.
Encontram-se, desse modo, aquém da
histogênese espiritual, inabilitados a mais amplo equilíbrio que lhes
asseguraria ascensão a novo plano de consciência.
Em razão disso, efetuada a histólise dos
tecidos celulares, nos sucessos recônditos da morte física, dilata-se-lhes o
período de vida latente, na esfera espiritual, onde, com exceção de raras
espécies, se demoram por tempo curto, incapazes de manobrar os órgãos do
aparelho psicossomático que lhes é característico, por ausência de substância
mental consciente.
Quando não se fazem aproveitados na
Espiritualidade, em serviço ao qual se filiam durante certa quota de tempo,
caem, quase sempre de imediato à morte do corpo carnal, em pesada letargia,
semelhante à hibernação, acabando automaticamente atraídos para o campo
genésico das famílias a que se ajustam, retomando o organismo com que se
confiarão à nova etapa de experiência, com os ascendentes do automatismo e do
instinto que já se lhes fixaram no ser, e sofrendo, naturalmente, o preço
hipotecável aos valores decisivos da evolução.
Comentários
O Autor
Espiritual compara a mudança de forma dos insetos durante a vida com a
desencarnação dos seres de natureza superior (o homem, por exemplo).
Os mamíferos mais próximos do homem, ao
desencarnarem, agregam-se aos companheiros encarnados. Sem substância mental
consciente pensamento contínuo, esses
animais, ao desencarnarem, repete-se, não têm condições de manter a forma
perispiritual, cuja renovação, assim, não ocorre.
Nessa fase ficam em dilatada vida latente e
logo reencarnam, sendo que em algumas raras espécies isso não acontece, de pronto.
Por vezes, alguns animais são aproveitados
pelos Espíritos socorristas, para atividades assistenciais. Os que não fazem
parte desse processo caem em forte letargia, como numa hibernação espiritual.
Mas logo são atraídos para nova reencarnação, na espécie a que ora estão
ajustados, trazendo os automatismos já incorporados anteriormente e com
programa evolutivo consentâneo com o aprendizado acumulado de experiências
repetidamente vivenciadas em tantas e tantas existências físicas.
ALÉM DA HISTOGÊNESE
Através
desse movimento incessante da palingenesia universal, o princípio inteligente
incorpora a experiência que lhe é necessária, estagiando no plano físico e no
plano extrafísico, recolhendo, como é justo, a orientação e o influxo das
Inteligências Superiores em sua marcha laboriosa para mais elevadas aquisições.
Pouco acima dessas mesmas bases, vamos
encontrar o homem infraprimitivo, na rusticidade da furna em que se esconde,
surpreendido no fenômeno da morte, ante a glória da vida, como criança tenra e
deslumbrada à frente de paisagem maravilhosa, cuja grandeza, nem de leve, pode
ainda compreender.
O pensamento constante ofereceu-lhe a precisa
estabilidade para a metamorfose completa.
Pela persistência e consistência das idéias,
adquiriu o poder de integrar-se mentalmente, para além da histogênese, em seu
corpo espiritual, arrebatando-o, com a alavanca da própria vontade que a
indagação e o trabalho enriqueceram, para novo estado individual.
Acariciada pelo bafejo edificante dos
Condutores Divinos que lhe acalentam a marcha, a criatura humana dorme o sono
da morte, mumificando-se na cadaverização, como acontece à pupa.
E segregando substâncias mentais, à base de
impulsos renovadores, tanto quanto certas crisálidas que segregam um líquido
especial que lhes facilita a saída do próprio casulo, a alma que desencarna,
findo o processo histolítico das células que lhe construíam o carro biológico,
e fortificado o campo mental em que se lhe enovelaram os novos anseios e as
novas disposições, logra desvencilhar-se, mecanicamente, dos órgãos físicos,
agora imprestáveis, realizando, por avançado automatismo, o trabalho
histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu veículo espiritual dos
remanescentes celulares do veículo físico, arrojado à queda irreversível,
agindo agora com a eficiência e a segurança que as longas e reiteradas
recapitulações lhe conferiram.
Comentários
Muitas e
muitas vezes o Princípio Inteligente (P.I.) reencarna, acumulando experiências,
sempre ajudado por Inteligências Superiores. Ascendendo á condição
infra-humana, esse P.I., rústico por excelência, desnorteia-se quando a morte o
surpreende... Mas, como já adquiriu a capacidade de pensar e repensar
integram-se-lhe ao perispírito substâncias mentais, capacitantes à metamorfose
perispiritual. Aí, sob arrimo de Amparadores Siderais, que o acompanham pari
passu, essa criatura humana dorme o bendito sono da morte, ao tempo que segrega
substâncias mentais renovadoras.
Graças aos avançados automatismos que
conquistou e que lhe são patrimônio inalienável, esse homem primitivo já reúne
condições para desligar-se por completo da
influência exercida em vida pelas células do seu organismo físico.
O SELVAGEM DESENCARNADO
Entretanto,
o homem selvagem, que se reconhece dominador na hierarquia animal, cruel
habitante da floresta, que apura a inteligência, através da força e da astúcia,
na escravização dos seres inferiores que se lhe avizinham da caverna, desperta,
fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da
separação para arrostar o desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em
cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos
multifários de simbiose ansioso por retomar a vida física que lhe surge à
imaginação como sendo a única abordável à própria mente.
Não dispõe, nessa fase, de suprimento
espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se
apóia.
O espetáculo da vastidão cósmica perturba-lhe
o olhar e a visita de seres extraterrestres, mesmo benevolentes e sábios,
infunde--lhe pavor, crendo-se à frente de deuses bons ou maus, cuja natureza
ele próprio se incumbe de fantasiar, na exigüidade das próprias concepções.
Acuado na choça, onde a morte lhe furtou o
veículo físico, respira a atmosfera morna em que se acasalam os seus herdeiros
do sangue, para somente ausentar-se do reduto doméstico quando a família se
afasta, instada por duras necessidades de subsistência e de asilo.
E o homem primitivo que desencarnou,
suspirando pelo devotamento dos pais e, notadamente, pelo carinho do colo
materno, expulso do vaso fisiológico, não tem outro pensamento senão voltar -
voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e lhe
comungam os interesses.
Comentários
O homem
de vida primitiva, selvagem, quando morre entra em medo da nova situação e
refugia-se na companhia de semelhantes. Isso porque percebe que não mais tem o
poder escravizador sobre criaturas mais fracas que eles (animais e mesmo outras
criaturas humanas da floresta em que vivia). O desconhecido apavora-o. Aí,
ansioso, almeja ardentemente retornar ao status quo anterior (vida física).
Nele, a vida tribal fala alto. Não vê alternativa, senão o retorno à matéria.
Não é difícil a nenhum de nós imaginar o que
sente um selvagem ao chegar ao mundo espiritual (que nem nós mesmos
conhecemos direito, nós, espíritas, que tanto lemos e estudamos e ouvimos notas
a respeito...): ante a vastidão sideral e sendo visitado por seres
extraterrestres (até os seus Protetores) sente-se presa de intenso medo. Aos
Espíritos que o visitam concebe-os como deuses bons ou maus...
Desnorteado, só pensa em voltar ao ninho
doméstico e à companhia dos familiares pai e mãe, e dos seus herdeiros do sangue,
com os quais se comunica de igual para igual _ linguagem e interesses.
OBS: Dr. Paulo Bearzoti, que no _Boletim Médico-Espírita 5_ (AME/SP,
1987) comenta esta obra de Andre Luiz, faz neste ponto oportuno e fraternal
lembrete, quanto ao carinho e profundo respeito que um Espírito dessa natureza
deve receber se vier à reunião mediúnica...
MONOIDEÍSMO
E REENCARNAÇÃO
Ressurgir
na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma,
constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.
Estabelece-se nele o monoideísmo pelo qual os
outros desejos se lhe esmaecem no íntimo.
Pela oclusão de estímulos outros, os órgãos
do corpo espiritual se retraem ou se atrofiam, por ausência de função, e se
voltam, instintivamente, para a sede do governo mental, onde se localizam, ocultos
e definhados, no fulcro dos pensamentos em circuito fechado sobre si mesmo,
quais implementos potenciais do germe vivo entre as paredes do ovo.
Em tais circunstâncias,
se o monoideísmo é somente reversível através da reencarnação, a criatura
humana desencarnada, mantida a justa distância, lembra as bactérias que se
transformam em esporos quando as condições de meio se lhes apresentam
inadequadas, tornando-se imóveis e resistindo admiravelmente ao frio e ao
calor, durante anos, para regressarem ao ciclo de evolução que lhes é peculiar,
tão logo se identifiquem, de novo, em ambiente propício.
Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de
ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao
movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das
células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoideísmo auto-hipnotizante,
provocado pelo pensamento fixo-depressivo que lhe define o anseio de retorno ao
abrigo fisiológico.
Nesse
período, afirmamos habitualmente que o desencarnado perdeu o seu corpo
espiritual, transubstanciando-se num corpo ovóide, o que ocorre, aliás, a
inúmeros desencarnados outros, em situação de desequilíbrio, cabendo-nos notar
que essa forma, segundo a nossa maneira atual de percepção, expressa o corpo
mental da individualidade, a encerrar consigo, conforme os princípios
ontogenéticos da Criação Divina, todos os órgãos virtuais de exteriorização da
alma, nos círculos terrestres e espirituais, assim como o ovo, aparentemente
simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que
conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa em que se transformará no
porvir.
Comentários
A idéia
fixa (única, aliás) do selvagem que morreu é voltar à taba.
Essa fixação atrofia seus órgãos
perispirituais, definhando-os por disfunção, induzindo-os tal situação a se
dirigirem unicamente ao comando mental, onde se encapsulam.
Nessa fase, tais criaturas humanas são como
algumas bactérias que apartadas do seu meio ambiente se tornam indenes ao frio
e ao calor e se mantêm imóveis por anos, mas que entram em atividade tão logo
sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.
Citado monoideísmo age como
auto-hipnotizante, causando depressão, com perda do corpo perispiritual que se
transubstancia num corpo ovóide.
OBS: A Editora FEB lembra aqui o livro Libertação, do mesmo Autor
espiritual capítulos VI e VII, págs. 84 e seguintes, com detalhes sobre estas
formas ovóides. Lendo-os, talvez me seja permitido inferir que esta é a
situação mais infeliz a que um Espírito endividado pode chegar e da qual só se
libertará depois de expiações dilacera
Como é por demais relevante o tema sobre o
perispírito, transcrevo aqui palavras do venerável Espírito Gúbio, ainda no
livro Libertação e no mesmo capítulo, lecionando ao Autor espiritual daquela e
desta obra:
(...) O vaso perispirítico é também
transformável e perecível, embora estruturado em tipo de matéria mais
rarefeita. (...) Viste companheiros que se desfizeram dele, rumo a esferas
sublimes, cuja grandeza por enquanto não nos é dado sondar.
Há casos de homens civilizados que também se
transformam em ovóides, por terem se fixado em idéias e comportamentos
maléficos.
Não obstante a gravidade dessa ocorrência,
tais ovóides encerram, em si mesmos, de forma virtual, todos os órgãos e demais
componentes dos corpos físico e perispiritual, tanto quanto o ovo guarda a
poderosa ave de amanhã... ou como a semente que contém embrionariamente a
frondosa árvore do porvir.
FORMA CARNAL
Todavia,
assim como o germe para desenvolver-se no ovo precisa aquecer-se ao calor da
ave que o acolha maternalmente ou do ambiente térmico apropriado, no recinto da
chocadeira, e assim como a semente, para liberar os princípios germinativos do
vegetal gigantesco em que se converterá, não prescinde do berço tépido no solo,
os Espíritos desencarnados, sequiosos de reintegração no mundo físico,
necessitam do vaso genésico da mulher que com eles se harmoniza, nas linhas da
afinidade e, conseqüentemente, da herança, vaso esse a que se aglutinam,
mecanicamente, e onde, conforme as leis da reencarnação, operam em alguns dias
todas as ocorrências de sua evolução nos reinos inferiores da Natureza.
Assimilando recursos orgânicos com o auxílio
da célula feminina, fecundada e fundamentalmente marcada pelo gene paterno, a
mente elabora, por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático, atraindo para os
seus moldes ocultos as células físicas a se reproduzirem por cariocinese, de
conformidade com a orientação que lhes é imposta, isto é, refletindo as
condições em que ela, a mente desencarnada, se encontra.
Plasma-se-lhe,
desse modo, com a nova forma carnal, novo veículo ao Espírito, que se refaz ou
se reconstitui em formação recente, entretecido de células sutis, veículo este
que evoluirá igualmente depois do berço e que persistirá depois do túmulo.
Comentários
Se para
nascer a ave necessita que o ovo receba calor (no ninho ou na chocadeira),
tanto quanto a semente para se converter numa árvore monumental carece da
tepidez da terra, o Espírito desencarnado e com idéia fixa na reencarnação
precisa do útero que com ele se harmonize, ao qual se jungirá. Ali, então, sob
as leis da reencarnação e de afinidade/sintonia, a mente desse Espírito
elaborará novo corpo físico, consentâneo com seu patamar evolutivo.
Essa nova forma física reverberará no
perispírito, através de células sutis. E desde o nascimento esse perispírito
evoluirá a ponto de manter essas eventuais alterações, desde o nascimento até a
nova desencarnação, as quais persistirão além-túmulo.
DESENCARNAÇÃO NATURAL
Por
milênios consecutivos o homem ensaia a desencarnação natural, progredindo
vagarosamente em graus de consciência, após a decomposição do corpo somático.
Recordando as anteriores comparações com o
domínio dos insetos, a matriz uterina oferece-lhe novas formas e, assim como a
larva se alimenta, assegurando a esperada metamorfose, a alma avança em
experiência, enquanto no corpo carnal, adquirindo méritos ou deméritos, segundo
a própria conduta, e entregando-se em seguida, no fenômeno da morte ou
histólise do invólucro de matéria física, à pausa imprescindível nas próprias
atividades ou hiato de refazimento, que pode ser longo ou rápido, para
ressurgir, pela histogênese espiritual, senhoreando novos órgãos e implementos
necessários ao seu novo campo de ação, demorando-se nele, à medida dos conhecimentos
conquistados na romagem humana.
É assim que a consciência nascente do homem
pratica as lições da vida, no plano espiritual, pela desencarnação ou
libertação da alma, como praticou essas mesmas lições da vida no plano físico,
pelo renascimento ou internação do elemento espiritual na matéria densa,
evoluindo, degrau a degrau, desde a excitabilidade rudimentar das bactérias até
o automatismo perfeito dos animais superiores em que se baseia o domínio da
inteligência.
Comentários
Após
incontáveis reencarnações e desencarnações a alma vai incorporando experiências
nessas ocorrências: méritos e deméritos.
Pelo mérito suas formas perispirituais e
físicas, sucessivas, se aprimoram, vindo a alcançar plenitude, em obediência ao
domínio da inteligência. Na escada da evolução isso acontecerá quando degrau a
degrau forem superados!
Assim, do processo rudimentar da bactéria a
esse patamar humano de automatismo perfeito, tal conquista se deu sob a égide
da inteligência apurada, com lições de vida sendo praticadas no plano físico,
tanto quanto no espiritual.
REVISÃO DAS EXPERIÊNCIAS
De
liberação a liberação, na ocorrência da morte, a criatura começa a
familiarizar-se com a esfera extrafísica.
Assim
como recapitula, nos primeiros dias da existência intra-uterina, no processo
reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética, a consciência
examina em retrospecto de minutos ou de longas horas, ao integrar-se
definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma
ou a cadaverização do veículo físico, todos os acontecimentos da própria vida,
nos prodígios de memória, a que se referem os desencarnados quando descrevem
para os homens a grande passagem para o sepulcro.
É que a mente, no limiar da
recomposição de seu próprio veículo, seja no renascimento biológico ou na
desencarnação, revisa automaticamente e de modo rápido todas as experiências
por ela própria vividas, imprimindo magneticamente às células, que se
desdobrarão em unidades físicas e psicossomáticas, no corpo físico e no corpo
espiritual, as diretrizes a que estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de
evolução em que ingressam.
Acresce
lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas asserções, que,
esporadicamente, encarnados saídos ilesos de grandes perigos como acidentes e
suicídios frustrados, relatam semelhante fenômeno de revisão das próprias
experiências, também chamado visão panorâmica e síntese mental.
Comentários
De morte
em morte o Espírito se familiariza com o Plano espiritual.
Quando reencarna o Espírito recapitula por
dias, no aconchego interno uterino, os passos da sua longa trajetória evolutiva
até ali, valendo-se dos prodígios da memória. Essa ocorrência guarda símile com
a mesma recapitulação (automática) de que nos dão notícia os recém-desencarnados.
Essa revisão de acontecimentos, na reencarnação e na desencarnação imprime
diretrizes magnéticas no corpo físico ou no perispírito, conforme,
respectivamente, vá prosseguir sua existência num ou noutro plano. Com isso, as
vidas se interligam, como elos de uma corrente...
OBS: Da mesma forma, agora em minutos ou horas, o ser que desencarna
reproduz na memória os acontecimentos da sua vida física. Essas duas
recapitulações demonstram a existência no Espírito de uma memória permanente,
integral, eterna.
Cumpre anotar ainda que pessoas que escaparam
por pouco da morte (suicidas, por exemplo), relatam o fenômeno dessa revisão,
rápida.
OBS: Citada revisão no pós-morte parece indicar a
existência de um tribunal na consciência...
LEI DE CAUSA E EFEITO
Encetando,
pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência desperta e
responsável, o homem começa a penetrar na essência da lei de causa e efeito,
encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das próprias
ações.
Quando dilacerado e desditoso, grita a
própria aflição, ao longo dos largos continentes do Espaço Cósmico, reunindo-se
a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os quadros inquietantes
da imaginação em desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contínuo e
atormentado, as telas infernais em que as conseqüências de suas faltas se desenvolvem,
mediante as profundas e estranhas fecundações de loucura e sofrimento que
antecedem as reencarnações reparadoras; contudo, é também aí que começa,
sobrepairando o inferno e o purgatório do remorso e da crueldade, da rebelião e
da delinqüência, o sublime apostolado dos seres que se colocam em harmonia com
as Leis Divinas, almas elevadas e heróicas que, em se agrupando intimamente,
tocadas de compaixão pelos laços que deixaram no mundo físico, iniciam, com a
inspiração das Potências Angélicas, o serviço de abnegação e renúncia, com que
a glória e a divindade do amor edificam o império do Sumo Bem, no chamado Céu,
de onde vertem mais ampla luz sobre a noite dos homens.
Pedro
Leopoldo, 9/3/58
Comentários
Com a
consciência da responsabilidade o homem vai se dando conta de que ele e somente
ele é o construtor da própria vida. A Lei de Causa e Efeito
testemunha-lhe o bem ou o mal que vem praticado...
Desencarnado, o homem culpado se agita nos
planos sombrios do Grande Espaço Cósmico, sofrendo e se agrupando a outros
tantos infelizes, em quadros de desvarios mentais, prenunciando tormentos que
só encontrarão escoamento em reencarnações compulsórias, reparadoras.
Da mesma forma ocorrem agrupamento de almas
heróicas, cujos corações, plenos de piedade, tocados de compaixão, por certo
descem missionariamente aos planos trevosos e infelizes para, sob inspiração
das Potências Angélicas, consolarem e orientar aos que ali jazem em sofrimento
como reiniciar a caminhada na rota evolutiva.
Ribeirão Preto/SP
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Qual a semelhança apontada por André Luiz
entre a mudança de forma de alguns tipos de insetos e a desencarnação do
princípio inteligente na fase hominal?
2) Durante o estágio na fase animal, em
algumas espécies de mamíferos, o que acontece com o princípio inteligente, após
a desencarnação?
3) Quais as conseqüências, para o espírito,
da desencarnação do homem primitivo?
4) De que modo André Luiz descreve a vida no
plano espiritual do espírito que se encontra na fase primitiva da humanidade?
5) O que são os ovóides e qual a origem
de sua existência no mundo espiritual?
6) Como é plasmada a nova forma carnal na
qual o espírito reencarnante se expressará?
7) Como André Luiz compara a desencarnação
natural com a vida dos insetos?
8) O que é e que influência exerce o que
André Luiz denominou "revisão das experiências"?
9) De que forma o Autor explica a incidência
da lei de causa e efeito no futuro do espírito?
C O N C L U
S Ã O
1) Qual a semelhança apontada por André Luiz
entre a mudança de forma de alguns tipos de insetos e a desencarnação do
princípio inteligente na fase hominal?
R - André Luiz compara a desencarnação
do princípio inteligente, no período de humanidade, portanto, já se expressando
como espírito, ao desenvolvimento da metamorfose dos insetos. Em processo
análogo, à semelhança da larva do inseto que deixa o ovo e se converte num
indivíduo, o espírito deixa o corpo físico e se converte de imediato num ser
espiritual, passando a se expressar por intermédio de seu corpo espiritual
(perispírito), na forma que o seu estado mental o permite.
2) Durante o estágio na fase animal, em
algumas espécies de mamíferos, o que acontece com o princípio inteligente, após
a desencarnação?
R - Em alguns mamíferos próximos do
homem, não sendo ainda dotado de pensamento contínuo, o princípio inteligente,
ao desencarnar, não possui força mental para manter uma forma perispiritual
renovada. Em conseqüência, destruídos os tecidos celulares com a morte física,
o princípio inteligente passa a ter uma vida latente até ser novamente
reaproveitado, o que, geralmente, ocorre de pronto. Destaca o Autor Espiritual,
no entanto, que, em alguns casos, os princípios inteligentes são aproveitados
pela Espiritualidade para serviços secundários ou permanecem em estado de
letargia, como numa espécie de hibernação, até serem atraídos para nova
reencarnação na espécie à qual seu estado evolutivo está adequado.
3) No homem primitivo, quais as
conseqüências, para o espírito, da desencarnação?
R - No homem primitivo, o princípio
inteligente, embora já se manifestando como espírito, ainda não compreende o
fenômeno da morte física e se vê surpreendido diante dele. DNo entanto,
diferente da hipótese de alguns mamíferos, mencionada na questão acima, no
homem primitivo, o princípio inteligente já se encontra de posse do pensamento
contínuo, que lhe permite submeter a um processo semelhante ao de metamorfose
completa dos insetos. Assim é que o pensamento contínuo lhe confere o poder de
integrar-se mentalmente ao seu corpo espiritual. Sob o amparo dos Benfeitores
Siderais, entra no sono da morte, ao tempo em que segrega substâncias mentais
que vão operar impulsos renovadores que lhe permitirão desvencilhar-se,
mecanicamente, do organismo físico. Graças aos automatismos conquistados na
longa trajetória pelos reinos inferiores, o homem primitivo já reúne condições
para desligar por completo as células do seu perispírito das células do corpo
material, agora imprestável.
4) De que modo André Luiz descreve a vida no
plano espiritual do espírito que se encontra na fase primitiva da humanidade?
R - O espírito do homem primitivo, selvagem,
ao desencarnar, passa a vivenciar um sentimento de medo ante a nova situação que
se lhe apresenta no mundo espiritual. Não compreende a imensidão cósmica em que
se vê nem a presença de outros espíritos, tanto os que se dedicam ao mal,
quanto os Benfeitores da Espiritualidade. Percebendo que não mais pode exercer
o poder da força sobre as criaturas mais fracas, busca refúgio junto àqueles
com os quais conviveu na selva, enquanto encarnado (animais ou criaturas
humanas). Temeroso, passa a nutrir um único pensamento, qual seja o de voltar
ao corpo físico e à companhia de seus familiares de sangue, com os quais
conviveu e mantém afinidade de pensamentos e interesses.
5) O que são os ovóides e qual a origem de
sua existência no mundo espiritual?
R - Ovóides são os espíritos que,
ainda na fase primitiva da evolução, assumem a forma de ovo, após a
desencarnação, em conseqüência de sua incapacidade em se adaptar à nova maneira
de viver, agora no mundo espiritual. A idéia fixa, única, auto-
-hipnotizante, de renascer na carne, mantém o seu psiquismo ligado na vida
carnal e magnetiza-lhe a mente, reprimindo outros estímulos aos órgãos do corpo
espiritual, que se retraem e atrofiam, por falta de função. Voltam-se, então,
esses órgãos, para a mente, onde se deixam dominar pelos pensamentos. Suas
células são atrofiadas pela idéia única de retorno ao veículo físico. É um
processo semelhante ao encolhimento do perispírito por ocasião da reencarnação.
Enquanto perdura esta situação, o espírito perde a forma humana, assumindo
a forma ovóide. O formato de ovo se explica por ser este o berço onde se dá
inicio ao processo de renascimento de vários seres, inclusive do próprio homem,
que tem o seu corpo físico gerado no óvulo da mãe. Daí por que a mente desses
espíritos, fixados na idéia de renascerem para a vida física, plasmam a forma
ovóide.
Assim permanecem até que surja nova oportunidade
reencarnatória. Com o processo de reencarnação iniciado, assimilam novos
recursos orgânicos, utilizando-se do auxílio de células dos pais. Sua mente
passa a elaborar o novo veículo fisiológico, em moldes cuja orientação lhe é
imposta. Plasma, desta maneira, nova forma carnal, novo veículo físico, para o
que refaz e reconstitui o perispírito, readquirindo a forma humana.
André Luiz compara essas criaturas a algumas
bactérias que, apartadas do seu meio ambiente, tornam-se incólumes ao frio e ao
calor, mantendo-se imóveis por longos períodos, mas que entram em atividade tão
logo sejam alocadas no ambiente que lhes seja peculiar.
6) Como é plasmada a nova forma carnal na
qual o espírito reencarnante se expressará?
R - Para que se dê o processo reencarnatório
que o libertará da forma ovóide, o espírito reencarnante necessita do organismo
genésico da futura mãe, com a qual tem afinidade e da qual herdará
características físicas, para assimilar recursos orgânicos através da célula
feminina, fecundada pelo gene paterno. Sua mente, então, elabora,
por si mesma, novo veículo fisiopsicossomático,
atraindo células físicas que se reproduzem de conformidade com a orientação que
lhe é imposta e refletindo o seu estado evolutivo. Plasma, assim, a nova forma
carnal, que irá repercutir no perispírito, através de células sutis, promovendo
alterações no corpo espiritual desde o renascimento e que irão perdurar após o
túmulo.
7) Como André Luiz compara a desencarnação
natural com a vida dos insetos?
R - Durante as incontáveis passagens pela
vida física, o espírito vai adquirindo experiências que o ensinam a passar pela
desencarnação de modo natural, readaptando seu corpo espiritual às novas
necessidades. André Luiz compara este processo ao da larva, que se alimenta,
preparando-se para a metamorfose. A cada desencarnação, sua forma perispiritual
e física pode aprimorar-se pelo mérito de suas ações.
8) O que é e que influência exerce o que
André Luiz denominou "revisão das experiências"?
R - André Luiz denominou "revisão das
experiências" ao fenômeno a que se submete o espírito tanto no
renascimento físico, como no momento da desencarnação, pelo qual revisa,
automática e instantaneamente, todas as experiências vividas. Esta revisão
mental faz imprimir nas células, por meio de uma ação magnética, diretrizes no
corpo físico ou no perispírito, conforme se encontre reencarnando ou
desencarnando, que guardam relação com méritos ou deméritos acumulados, fazendo
com que as vidas sucessivas se interliguem, como elos de uma corrente. Essa
"revisão das experiências" é confirmada por inúmeros espíritos
desencarnados, cujos relatos podemos encontrar em várias obras.
9) De que
forma o Autor explica a incidência da lei de causa e efeito no futuro do
espírito?
R - À medida que no homem aumenta a
consciência de sua responsabilidade, ele vai se dando conta de que é o único
construtor de sua felicidade ou infelicidade. A lei de causa e efeito faz
repercutir em si mesmo o bem ou o mal que tenha praticado. No futuro do
espírito é refletida a incidência desta lei, quer ele se encontre no plano
físico, quer no plano espiritual. André Luiz, neste capítulo, refere-se a esse
futuro em relação à vida espiritual. Conforme explica, o culpado, ou seja,
aquele que, na vida física, passou por uma experiência de equívocos quanto à
observação das Leis Naturais, sofre no plano espiritual as conseqüências do seu
proceder, indo agrupar-se com outros igualmente infelizes. Apresenta um quadro
de desequilíbrio mental, com dores e sofrimentos que somente se atenuarão
quando compelido à reencarnação reparadora.
Por outro lado, o espírito que vivenciou a
Lei de Deus irá se juntar aos benfeitores do espaço para, sob a orientação
destes e movidos pelo amor, em tarefa de auxílio, descerem ao encontro
dos infelizes que sofrem as agruras dos planos trevosos, com o objetivo de
orientá-los na retomada do caminho evolutivo.
Com a colaboração de Sheila
Muita paz a todos
Equipe CVDEE
Sala André Luiz
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