Céu inferno_001_1a.
parte Capítulo I O porvir e o nada (itens 1 a 6)
Tema 001 - 1a. Parte/Capítulo I: O porvir e
o nada (itens 1 a 6) - Resumo
1. - Vivemos, pensamos e operamos - eis o que é positivo.
E que morremos, não é menos certo.
Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que
seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser ou não
ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada:
Viveremos eternamente, ou tudo se aniquilara de vez? É uma tese, essa, que se
impõe.
Todo homem experimenta a necessidade de
viver, de gozar, de amar e ser feliz. Mas, de que serviriam essas aspirações de
felicidade, se um leve sopro pudesse dissipá-las? Haverá algo de mais
desesperador do que esse pensamento da destruição absoluta? Afeições caras,
inteligência, progresso, saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaçado,
tudo perdido! Se assim fora, a sorte do homem seria cem vezes pior que a do
bruto. Diz-nos uma secreta intuição, porém, que isso não é possível.
2. - Pela crença em o nada, o homem concentra
todos os seus pensamentos, forçosamente, na vida presente. Esta preocupação
exclusiva do presente conduz o homem a pensar em si, de preferência a tudo: é,
pois, o mais poderoso estimulo ao egoísmo. Ainda conseqüente é esta outra
conclusão, aliás mais grave para a sociedade: Gozemos apesar de tudo, gozemos
de qualquer modo, cada qual por si: a felicidade neste mundo é do mais astuto.
E se o respeito humano contém a alguns seres, que freio haverá para os que nada
temem?
3. - Suponhamos que, por uma circunstância
qualquer, todo um povo adquire a certeza de que em oito dias, num mês, ou num
ano será aniquilado; Que fará esse povo condenado, aguardando o extermínio?
Trabalhará pela causa do seu progresso, da sua instrução? Entregar-se-á ao
trabalho para viver? Respeitará os direitos, os bens, a vida do seu semelhante?
Submeter-se-á a qualquer lei ou autoridade por mais legitima que seja, mesmo a
paterna? Certo que não.
Se as conseqüências não são mais desastrosas
tanto quanto poderiam ser, é porque na maioria dos incrédulos há mais jactância
que verdadeira incredulidade, mais dúvida que convicção; e também porque os
incrédulos absolutos se contam por ínfima minoria.
Fossem, porém, quais fossem as suas
conseqüências, uma vez que se impusesse como verdadeira, seria preciso
aceitá-la, e nem sistemas contrários, nem a idéia dos males resultantes
poderiam obstar-lhe a existência. Forçoso é dizer que, a despeito dos melhores
esforços da religião, o cepticismo, a dúvida, a indiferença ganham terreno dia
a dia.
Mas, se a religião se mostra impotente para
sustar a incredulidade, é que lhe falta alguma coisa na luta. O que lhe falta
neste século de positivismo é, sem dúvida, a sanção de suas doutrinas por fatos
positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da
Ciência.
4. - É nestas circunstâncias que o
Espiritismo vem opor um dique à difusão da incredulidade, não somente pelo
raciocínio, não somente pela perspectiva dos perigos que ela acarreta, mas pelos
fatos materiais, tornando visíveis e tangíveis a alma e a vida futura.
5. - Há uma doutrina que se defende da pecha
de materialista porque admite a existência de um princípio inteligente fora da
matéria: é a da absorção no Todo Universal.
Segundo esta doutrina, cada indivíduo
assimila ao nascer uma parcela desse princípio, que constitui sua alma, e
dá-lhe vida, inteligência e sentimento. Pela morte, esta alma volta ao foco
comum e perde-se no infinito, qual gota d’água no oceano. No entanto, sob o
ponto de vista das conseqüências morais, esta doutrina é tão insensata,
tão desesperadora, tão subversiva como o materialismo propriamente dito.
6. - Pode-se, além disso, fazer esta objeção:
todas as gotas dágua tomadas ao oceano se assemelham e possuem idênticas
propriedades como partes de um mesmo todo; por que, pois, as almas tomadas ao
grande oceano da inteligência universal tão pouco se assemelham?
Como podem ser tão diferentes entre si as
partes de um mesmo todo homogêneo? Dir-se-á que é a educação que a modifica?
Neste caso donde vêm as qualidades inatas, as inteligências precoces, os bons e
maus instintos independentes de toda a educação e tantas vezes em desarmonia
com o meio no qual se desenvolvem?
Questões para estudo:
1) Qual a importância de se compreender o que
acontece após a morte do corpo físico?
2) Quais as conseqüências imediatas dos
materialismo, para o indivíduo e para a sociedade?
3) O texto foi escrito em meados do séc. 19.
Podemos afirmar ainda que a dúvida e o ceticismo continuam ganhando terreno?
4) Segundo Kardec, o que falta às religiões
para combaterem o materialismo?
5) Cite duas refutações à doutrina de
_absorção no Todo Universal.
Paz a todos e um bom estudo!
Conclusão:
Questões para estudo:
1) Qual a importância de se compreender o que
acontece após a morte do corpo físico?
Compreendendo o que acontece após a morte do
corpo físico, o homem toma uma postura mais responsável diante da vida, sabendo
que a vida continua e que colherá aquilo que plantou (penas ou gozos futuros).
Além disso, passa a não ter não só mais esperança como também reconforto, pelo
consolo de que não há destruição absoluta, apenas do corpo. Sabe que
reencontrará seus afetos que já desencarnaram, e que todo o progresso intelectual
e moral será preservado.
Esta compreensão nos dá subsídios para
buscarmos dentro de nós o que temos de melhor, pois temos a certeza que estamos
aqui só de passagem e que esta passagem pode ser melhor ou pior dependendo da
nossa própria plantação.
Quando passa a compreender o que acontece
após a morte do corpo físico, o homem pode encarar a morte mais calmamente, com
mais serenidade, sabendo que a vida futura é a continuação da vida terrena em
melhores condições e assim pode aguarda-la com a mesma confiança com que
aguarda o despontar do sol, após uma noite de tempestade.
2) Quais as conseqüências imediatas do
materialismo, para o indivíduo e para a sociedade?
O materialismo leva o indivíduo a dar
importância apenas a si mesmo e as coisas materiais que o rodeia, apegando-se à
vida material, pois não acredita em outra coisa.
Esta preocupação exclusiva com o presente
torna o homem mais egoísta, além de criar a ilusão de que se deve
"satisfazer" as próprias vontades custe o que custar, uma vez que não
se terá uma nova oportunidade para satisfazê-las. Essa busca pela satisfação,
custe o que custar, dos próprios desejos é perigosa tanto ao indivíduo como a
sociedade, pois esse comportamento egoísta não respeita a vida das outras
pessoas.
Para a sociedade, o materialismo rompe os
verdadeiros laços da solidariedade e da fraternidade que são fundamentais para
boas relações sociais. Como construir uma sociedade mais humilde, justa e
fraterna, se seus integrantes não praticam a caridade? Resultado: injustiça social,
fome, miséria, guerra e tantos outros males que assolam a humanidade.
A tese materialista esconde uma das maiores
dificuldades do homem, que é o não conseguir acreditar em coisas que não pode
ver nem tocar.
3) O texto foi escrito em meados do séc. 19.
Podemos afirmar ainda que a dúvida e o ceticismo continuam ganhando terreno?
Embora a resposta possa variar com a
experiência de cada um, o que observamos, de forma geral, é um interesse maior
pelo sentido da vida, ou pelo menos, por uma vida em mais harmonia. O
materialismo do século 19 levou a 2 grandes guerras no século 20, e a centenas
de outras guerras menores, que desgastaram e continuam desgastando o homem.
Como exemplo das mudanças que estão efetivamente ocorrendo, basta analisar a
reação mundial ao conflito recente no Iraque, uma reação muitas vezes maior do
que há alguns anos quando a mesma situação havia ocorrido.
Ainda existem materialistas, como também
religiosos que apesar do conhecimento doutrinário, não se transformam, e embora
as pessoas pareçam mais conscientes hoje em dia, muitos há ainda que continuam
sem aceitar uma vida não material após a morte física.
Então é certo que o ceticismo e a dúvida
ainda estão muito presentes, seja como uma conseqüência histórica, seja pela
transição espiritual do planeta, mas também é certo que a tendência é diminuir
cada vez mais.
4) Segundo Kardec, o que falta às religiões
para combaterem o materialismo?
O que falta é a sanção de suas doutrinas por
fatos positivos, assim como a concordância das mesmas com os dados positivos da
Ciência. Assim as religiões acabariam com o cepticismo, a dúvida e a
indiferença. Nada melhor do que fé raciocinada, e ter a Ciência como aliada.
Isto permitiria às religiões abdicarem de conceitos ultrapassados e seus
dogmas, incentivando o desenvolvimento intelectual dos fiéis para que eles
possam entender a "vida".
Einstein dizia: "A ciência sem religião
é manca e a religião sem ciência é cega." E Pasteur diz: "Um pouco de
ciência nos afasta de Deus, muito nos aproxima.
5) Cite duas refutações à doutrina de absorção
no Todo Universal.
a. Não haveria individualidade, ou identidade
de cada pessoa. Para que então trabalhar, estudar, se esforçar para melhorar? E
tudo aquilo que se praticou de bem ou de mal? Não haveria faltas, nem
merecimento.
b. Não somos todos iguais. Como formaríamos
este todo sendo tão diferentes? De onde viriam tantas qualidades diferentes do
homem se saímos todos do mesmo todo?
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