Nl04 08
Inesperada Intercessão
CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo
do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das Obras do Espírito André Luiz
Livro: Libertação
Capítulo: VIII
Tema: Inesperada Intercessão
Resumo do Capítulo
"A sala em que fomos recebidos pelo
sacerdote Gregório assemelhava-se a estranho santuário, cuja luz interior se
alimentava de tochas ardentes.
(...)
Quem seria Gregório naquele recinto? Um chefe
tirânico ou um ídolo vivo, saturado de misterioso poder?
(...)
Compreendi que cogitaríamos de grave assunto
e fitei nosso orientador para copiar-lhe os movimentos.
Gúbio, seguido por Elói e por mim, a reduzida
distância, acercou-se do anfitrião que o contemplava de fisionomia rude,
passando de minha parte a espreitar o esforço de nosso Instrutor para contornar
os obstáculos do momento, de modo a não classificar-se por mentiroso, à face da
própria consciência.
Cumprimentou-o Gregório, exibindo fingida
complacência, e falou:
_ Lembra-te de que sou juiz, mandatário do
governo forte aqui estabelecido. Não deves pois, faltar à verdade.
Decorrida pequena pausa, acrescentou:
_Em nosso primeiro encontro, enunciaste um
nome...
_Sim - respondeu Gúbio, sereno - o de uma
benfeitora.
_Repete-o! - ordenou o sacerdote, imperativo.
_Matilde.
(...)
_Que tem de comum comigo semelhante criatura?
Nosso orientador redarguiu, sem afetação:
_Asseverou-nos querer-te com desvelado amor
materno.
_Evidente engano! - aduziu Gregório, ferino -
minha mãe separou-se de mim, há alguns séculos. Ao demais, ainda que me
interessasse tal reencontro, estamos fundamentalmente divorciados um do outro.
Ela serve ao Cordeiro, eu sirvo aos Dragões (1).
Aquela particularidade da palestra bastava
para que minha curiosidade explodisse, indômita. Quem seriam os Dragões a quem
se reportava? gênios satânicos da lenda de todos os tempos? Espíritos caídos no
caminho evolucionário, de inteligência voltada contra os princípios salutares e
redentores do Cristo, que todos veneramos na condição do Cordeiro de Deus? Sem
dúvida, não me equivocava; no entanto, Gúbio lançou-me significativo olhar,
certamente depois de sondar-me em silêncio, a perquirição íntima,
convidando-me, sem palavras, a selar os lábios entreabertos de assombro.
Indiscutivelmente, aquele instante não
comportava a conversação dum aprendiz e devia destinar-se ãs manifestações
conscientes e seguras de um mestre.
_Respeitável sacerdote - obtemperou nosso
orientador, com grande surpresa para mim - , não te posso discutir os motivos
pessoais. Sei que há uma ordem absoluta na Criação e não ignoro que cada
Espírito é um mundo diferente que cada consciência tem a sua rota.
_Criticas, porventura, os Dragões, que se
incumbem da Justiça? - perguntou Gregório duramente.
_Quem sou eu para julgar? - comentou Gúbio,
com simplicidade - não passo dum servidor na escola da vida.
_Sem eles - prosseguiu o hierofanta, algo
colérico -, que seria da conservação da Terra? como poderia operar o amor que
salva, sem a justiça que corrige? Os Grandes Juízes são temidos e condenados;
entretanto, suportam os resíduos humanos, convivem com as nojentas chagas do
planeta, lidam com os crimes do mundo, convertem-se em carcereiros dos
perversos e dos vis.
E à maneira de pessoa culpada, que estima
longas justificações, continuou, irritadiço:
_Os filhos do Cordeiro poderão ajudar e
resgatar a muitos. No entanto, milhões de criaturas (2), como sucede a mim
mesmo, não pedem auxílio nem liberação. Afirma-se que não passamos de
transviados morais. Seja. Seremos, então, criminosos, vigiando-nos uns aos outros.
A Terra pertence-nos, porque, dentro dela, a animalidade domina, oferecendo-nos
clima ideal. Não tenho, por minha vez, qualquer noção de Céu. Acredito seja uma
corte de eleitos, mas o mundo visível para nós constitui extenso reino de
condenados. No corpo físico, caímos na rede de circunstâncias fatais; contudo,
a teia que os planos inferiores nos preparam servirá à milhões. Se o nosso
destino é joeirar o trigo do mundo, nossa peneira não se fará complacente.
Experimentados que somos na queda, provaremos todos os que nos surgirem no
caminho. Ordenam os Grandes Juízes que guardemos as portas. Temos, por isso,
servidores em todas as direções. Subordinam-se-nos todos os homens e mulheres
afastados da evolução regular, e é forçoso reconhecer que semelhantes individualidades
se contam por milhões. Além disso, os tribunais terrestres são insuficientes
para a identificação de todos os delitos que se processam entre as criaturas.
Nós, sim, é que somos os olhos da sombra, pra os quais os menores dramas
ocultos não passam despercebidos.
Ante o intervalo que se fizera, contemplei o
rosto de Gúbio, que não apresentava qualquer alteração.
Fitando Gregório, com humildade, considerou:
_Grande sacerdote, eu sei que o Senhor
Supremo nos aproveita em sua obra divina, segundo as nossas tendências e
possibilidades de satisfazer-lhe os desígnios. (...) Respeito, assim, o teu
poder, porque se a Sabedoria Celeste conhece a existência das folhas tenras das
árvores, sabe também a razão de teu extenso domínio; entretanto, não concordas
em que a nossa interferência prevalece sobre a fatalidade, círculo fechado de
circunstâncias que nós mesmos criamos? (...) Todavia, respeitável Gregório, não
admites que o amor, instalado nos corações, redimiria todos os pecados? (...)
Se gastássemos nos cometimentos divinos do Cordeiro as mesmas energias que se
despendem a serviço dos Dragões, não alcançaríamos, mais apressadamente, os
objetivos do supremo triunfo?
O sacerdote ouviu, contrariado, e clamou com
desagradável inflexão de voz:
_ Como pude escutar-te, calado, tanto tempo?
somos aqui julgadores na morte de todos aqueles que malbarataram os tesouros da
vida. Como inocular amor em corações enregelados? (...)
Gúbio, porém, não se perturbou.
Com simplicidade, tornou a considerar:
_Ouso lembrar, todavia, que, se nos
lançássemos todos a socorrer os miseráveis, a miséria se extinguiria; se
educássemos os ignorantes, a treva não teria razão de ser; se amparássemos os
delinquentes, oferecendo-lhes estímulos à luta regenerativa, o crime seria varrido
da face da Terra.
(...)
_Não desconheces que Matilde possui na tua
companheira de outras ers uma pupila muito amada do coração. As preces dessa
torturada filha espiritual atingem-lhe a alma abnegada e luminosa. (...) Nossa
alma, por mais impassível, modifica-se com as horas. O tempo tudo devasta e nos
subtrai todos os patrimônios da inferioridade para que a obra de
aperfeiçoamento permaneça.(...)
_Quem lavra sentenças, despreza a renúncia.
Entre os que defendem a ordem, o perdão é desconhecido. (...)
Demonstrando expressão de surpresa, em face
da imprevista solicitação de adiamento, quando nós mesmos, esperávamos que o
orientador se impusesse, reclamando revogação definitiva, Gregório considerou,
menos contundente:
_Tenho necessidade do alimento psíquico que
só a mente de Margarida me pode proporcionar.
(...)
(1) Espíritos caídos no mal, desde eras primitivas
da Criação Planetária, e que operam em zonas inferiores da vida, personificando
líderes de rebelião, ódio, vaidade e egoísmo; não são, todavia, demônios
eternos, porque individualmente se transformam para o bem, no curso dos
séculos, qual acontece aos próprios homens. - NAE
(2) Não devemos esquecer que a argumentação
procede de um Espírito poderoso nos raciocínios e que ainda não aceitou a
iluminação do Cristo, idêntico, pois, a muitos homens representativos do mundo,
obcecados pelos desvarios da inteligência. NAE.
Questões para estudo
1 - Uma das principais características que
ressaltam, nesse capítulo, da personalidade de Gregório, é uma profunda
convicção de ser correto tudo o que está fazendo, inclusive justificando como
sendo impossível o trabalho do amor frutificar sem a colaboração das vinganças
arquitetadas por ele e seus companheiros. Igualmente à Gregório, muitos outros
espíritos, encarnados ou desencarnados, pensam e agem de igual maneira. André
Luiz os classifica como espíritos que ainda não aceitaram a iluminação do
Cristo, ou seja, ainda não aprenderam a ser bons. Gúbio nos exemplifica o tempo
todo uma postura de não julgamento.
Dentro disso, perguntamos: que lições podemos
tirar para nós, principalmente nos dias atuais, em virtude dos acontecimentos
das últimas semanas, tanto com relação à maneira de encararmos os fatos, quanto
com as posturas que devemos tomar, como espíritas?
2 - Gregório justifica sua necessidade de se
alimentar da matéria mental (alimento psíquico) fornecido por Margarida. O que
seria esse alimento psíquico, e qual a nossa responsabilidade, tanto ao
criá-lo, quanto ao alimentar inteligências ainda voltadas para a inferioridade,
em seus propósitos?
3 - Gúbio fala da necessidade de se
direcionar a energia que produzimos toda para propósitos amorosos, a fim de
auxiliarmos e evoluirmos com mais eficácia. Então, perguntamos:
a) O que teríamos que fazer, para direcionarmos
nossa energia dessa maneira?
b) Essa energia amorosa, na forma de
vibrações, orações, que efeito teria numa situação como a que enfrenta o
planeta Terra nesse momento em que atravessamos?
Bem, vamos deixar apenas essas questões, pois
acreditamos que aí temos muito que pensar.
CONCLUSÃO
DO ESTUDO
André Luiz, Gúbio e Elói vão, finalmente, ser
recebidos pelo sacerdote Gregório, o todo poderoso daquela estranha localidade.
A intenção dos benfeitores é obter dele a permissão para integrarem a equipe
de espíritos obsessores que vêm causando mal a Margarida, quem desejam
socorrer. Os três benfeitores pretendem aproveitar-se do fato de
estarem no seio das ações obsessivas para operarem no sentido de reverter
todo o processo, com a doutrinação da própria vítima e de seus algozes.
Resistente, inicialmente,
Gregório, afinal, cede aos argumentos de
Gúbio e concorda em permitir a intervenção dos benfeitores no caso.
QUESTÕES
PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- Uma das principais características
que ressaltam, nesse capítulo, da personalidade de Gregório, é uma profunda
convicção de ser correto tudo o que está fazendo, inclusive justificando como
sendo impossível o trabalho do amor frutificar sem a colaboração das
vinganças arquitetadas por ele e seus companheiros.
Igualmente a Gregório, muitos outros espíritos,
encarnados ou desencarnados, pensam e agem de igual maneira. André Luiz os
classifica como espíritos que ainda não aceitaram a iluminação do Cristo, ou
seja, ainda não aprenderam a ser bons. Gúbio nos exemplifica o tempo todo uma
postura de não julgamento.
Dentro disso, perguntamos: que lições podemos
tirar para nós, principalmente nos dias atuais, em virtude dos acontecimentos
das últimas semanas, tanto com relação à maneira de encararmos os fatos, quanto
com as posturas que devemos tomar, como espíritas?
A postura de Gregório deixa evidente um
orgulho acentuado e desmedido. Ao considerar sempre corretas suas
convicções, demonstra uma personalidade doentia, completamente dominada pelo
orgulho, que não admite ser contestado em suas opiniões nem contrariado nas
decisões, por se considerar sempre o portador da verdade. Como bem ressaltou
André Luiz, é uma postura de quem não assimilou, ainda, o ensinamento do
Cristo, que sempre condenou o orgulho e ensinou a humildade.
Dessa situação, devemos extrair a lição de
que é preciso ter a humildade de não se considerar o "dono da
verdade", principalmente aqueles que se encontram detentores do poder de
mando. Não devemos fazer julgamentos precipitados nem nos arvorar em executores
da justiça divina. Moisés ensinou o ”olho por olho, dente por dente",
mas o Cristo foi mais sábio e nos orientou a amarmos os nossos inimigos. Como espíritas,
havemos de reconhecer que nada acontece por acaso e que a lei de ação e reação
que rege o Universo é inexorável e, independentemente da nossa vontade,
fará reinar o equilíbrio. Não devemos julgar, embora não devamos, também, nos
alienar.
2.- Gregório justifica sua necessidade de
se alimentar da matéria mental (alimento psíquico) fornecido por Margarida. O
que seria esse alimento psíquico, e qual a nossa responsabilidade, tanto ao
criá-lo, quanto ao alimentar inteligências ainda voltadas para a inferioridade,
em seus propósitos?
Esse alimento psíquico são os miasmas que
criamos com nossos pensamentos negativos, contrários às leis naturais.
Esses miasmas criados caem no imenso mar de fluidos em que estamos
mergulhados e como que se materializam, criando a matéria que irá alimentar
esses espíritos ainda pertinentes no mal.
A nossa responsabilidade está em que, com
nossos pensamentos, criamos esse alimento que sustentará aquelas entidades,
alimentando-as da matéria que necessitam para se manterem em sua prática
maldosa.
Mal que recairá também sobre nós mesmos, pois
esses espíritos se imantarão a nós e nos trará dor e sofrimento,
como fez Gregório com Margarida.
3.- Gúbio fala da necessidade de se
direcionar a energia que produzimos toda para propósitos amorosos, a fim de
auxiliarmos e evoluirmos com mais eficácia. Então, perguntamos:
a) O que teríamos que fazer, para
direcionarmos nossa energia dessa maneira?
Podemos resumir numa só palavra: CARIDADE.
Esse é o combustível que nos faz marchar rumo à evolução.
Praticando a caridade, em todo o sentido
amplo da palavra, como se encontra definido na questão 886 do Livro os Espíritos - benevolência para com todos,
indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas - estaremos
direcionando para propósitos amorosos a energia que produzimos, como aconselhou
o benfeitor Gúbio e, com isso, evoluindo com mais eficácia.
b) Essa energia amorosa, na forma de
vibrações, orações, que efeito teria numa situação como a que enfrenta o
planeta Terra nesse momento em que atravessamos?
A energia amorosa que emitimos, em forma de
vibrações e orações, assim como o pensamento, também é conduzida pelo
fluido cósmico universal e ganha o espaço. Nosso perispírito, que é o
transmissor das sensações para o espírito, é extraído desse fluido e, por essa
razão, absorve essas vibrações, transmitindo-as ao espírito.
Dessa maneira, essas energias amorosas
chegarão aos que têm a responsabilidade das decisões, influenciando-os
positivamente.
Amanhã,
Capítulo IX - Perseguidores invisíveis
Muita paz a todos.
Equipe Nosso Lar
CVDEE
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