Programa
1 # Tomo I # Modulo II # Roteiro 7 # Maria Mãe De Jesus..3
MARIA MAE DE JESUS
O CULTO DE MARIA
O culto de Maria é tão antigo quanto a
Igreja, remontando diretamente aos estímulos de louvor e de admiração a ela
oferecidos pelo Novo Testamento. Esse culto manifestou-se pouco a pouco ao
longo dos séculos, segundo uma evolução especial. Nos primeiros séculos, estava
inserido nas festas que celebravam os mistérios de Jesus Cristo, porque foi
justamente d'Ele que Maria hauriu toda sua grandeza. Nisso não houve nenhuma
preocupação de interpretação errada de tipo pagão, como às vezes se escreveu;
era, ao contrário, cuidadosa atenção para não separar a proclamada obra da Mãe
da do Filho. Talvez tenham sido precisamente os pagãos, com Adriano, que tentaram
sufocar o culto e a doutrina judeu-cristã sobre Maria já delineada em seus
elementos fundamentais na primeira metade do século I. Maria esteve, portanto,
presente no culto litúrgico da Igreja primitiva, até porque, como ensina a
história, a teologia nasce da piedade e não ao contrário. Foram os títulos de
"primeira entre os crentes" e de "testemunha privilegiada do
mistério de Cristo" que justificaram e incrementaram o culto mariano.
Também o papel de intercessão junto ao
Senhor, de advogada, como a define Ireneu, nasceu bem cedo. No final do século
I e início do século II, alguns escritos apócrifos sobre Maria exerceram extraordinária
influência não só sobre o culto e sobre a devoção popular, mas também sobre a
pregação e sobre a arte religiosa. A devoção a Maria fundamentou-se,
substancialmente, no modelo que ela ofereceu de vida de fé e de total abertura
ao dom e à ação do Espírito Santo. Desde o século IV, Maria é louvada como magnífico
modelo de vida virginal, entendida como sinônimo de santidade. Desde o século
V, afirmou-se uma festa própria que celebrava a Mãe de Deus em união com o
mistério da Encarnação do Verbo (por isso, a data da festa cai normalmente em
dezembro, pouco antes do Natal). No Oriente, os aspectos naturais de Nossa
Senhora levaram, desde essa mesma época, a celebrar a festa da Natividade (8 de
setembro), da Anunciação (25 de março), da Purificação (2 de fevereiro), da
Assunção (15 de agosto), festas essas que entraram também nas liturgias
ocidentais por obra do papa, de origem síria, Sérgio I. Na Idade Média,
difundiu-se no Ocidente uma particular piedade mariana que levou a substituir a
Igreja por Maria. Isso a partir da constatação de que Maria permaneceu fiel a Jesus,
mesmo durante os dias obscuros da paixão e morte, e somente ela, portanto, era
a Igreja naqueles dias. Ela aparece como verdadeira mãe espiritual dos crentes,
como a mãe de misericórdia e o socorro dos cristãos. Depois da escolástica,
devido ao desenvolvimento da mariologia, foram celebradas as festas da
Visitação (2 de julho), da Imaculada (8 de dezembro), da apresentação no Templo
(21 de novembro). Fatos particulares da cristandade pós-tridentina deram origem
às festas do Rosário (7 de outubro) e do Nome de Maria (12 de outubro).
Tornaram-se universais as festas que eram próprias de ordens religiosas, como a
do Carmelo (16 de julho), de N. Sra. das Dores (15 de setembro), do Coração de
Maria (22 de agosto) e várias outras que se originaram de devoções
particulares, entre as quais a de Maria Rainha (31 de maio). A partir do século
XI, desenvolveu-se entre os eclesiásticos, as pessoas religiosas e as
confrarias o pequeno Ofício de Nossa Senhora, sempre presente nos livros das
Horas. Nos séculos XVI e XVII, a piedade mariana assumiu às vezes formas
aberrantes, especialmente na Itália, França e Espanha. Foi atribuído a Maria em
certo sentido o título de deusa e ela foi indicada como uma espécie de quarta
pessoa da Trindade. Ao contrário, nos países atingidos pela Reforma tentou-se
separar a Virgem de Cristo. De qualquer modo, os exageros do culto católico
para com Nossa Senhora provocam nos protestantes um progressivo afastamento da
piedade mariana. O culto a Nossa Senhora retoma fôlego em escala mundial na era
contemporânea, sob o estímulo de eventos prodigiosos. São sobretudo as
aparições de Maria em Paris na rue du Bac (1830), em La Salette (1846) e em
Lourdes (1854) que voltam a dar-lhe vigor. O culto a Maria conhece um
desenvolvimento tão forte também por reação à irrupção no cenário mundial de
várias ideologias atéias, como o iluminismo, o liberalismo e o marxismo, bem
como à difusão do modernismo. A teologia mariana do período padece, porém, de
decadismo e de mediocridade. Só no século XX é que surge um movimento mariano
com objetivos e iniciativas elevados, denso de conteúdo teológico. As diversas
Igrejas protestantes estão de acordo em reconhecer em Maria os três atributos
de santa, virgem e mãe de Deus, atendo-se rigidamente às palavras da sagrada Escritura,
sem deduzir delas outros privilégios. O culto prestado a Maria varia nas
diversas Igrejas: em geral seu nome é lembrado nas orações a Deus enquanto mãe
do Senhor; todavia, encontram-se também orações dirigidas diretamente a ela,
mas somente por honra e louvor à mãe de Deus como modelo de fé e pelos
benefícios com que foi gratificada por Deus. As devoções populares tiveram as
mais válidas expressões na recitação do Angelus Domini, três vezes ao dia, bem
como do santo rosário com a meditação dos quinze mistérios, no mês de maio. A
devoção mais antiga (século IX) é a de dedicação do sábado a Maria e a que mais
se divulgou foi a do canto das ladainhas de Nossa Senhora. Testemunhas do culto
e da devoção são as catedrais dedicadas a Nossa Senhora, sobretudo do século IX
ao século XV, verdadeiras jóias da arquitetura, bem como um grande número de
ícones, quadros, afrescos e estátuas. Essa devoção recebeu sempre incremento
dos santuários marianos, nascidos às vezes no local das aparições de Nossa
Senhora, como Caravaggio, Lourdes, Fátima, Guadalupe; às vezes por devoções
particulares, como no Sagrado Monte de Varese e no de Varallo, em Loreto, em
Pompéia, em Mariazell; ou também pela presença de imagens de Maria consideradas
milagrosas, como em Jasna Gora, Tinos; ou ainda após lacrimações de imagens, de
estátuas ou de baixo-relevos de Nossa Senhora, como em Siracusa. Esses
santuários constituem local de contínuas peregrinações, lugares em que se
manifesta com evidência a cada vez mais difundida piedade popular mariana.
MARIA NA PREPARAÇÃO DO JUBILEU
Na preparação do Jubileu do ano 2000, Maria
estará presente de modo indireto nas três fases previstas pelo pontífice na
encíclica "Tertio millennio adveniente", de 96 a 99:
A Virgem Santa, que estará presente de um
modo por assim dizer «indireto» ao longo de toda a fase preparatória, será
contemplada neste primeiro ano sobretudo no mistério de sua divina Maternidade.
Foi em seu seio que o Verbo se fez carne! A afirmação da centralidade de Cristo
não pode, portanto, ficar separada do reconhecimento do papel exercido por sua
Mãe santíssima. Seu culto, se bem esclarecido, de modo algum pode causar
prejuízo «à dignidade e à eficácia de Cristo, único Mediador» [28]. Maria, de
fato, aponta perenemente para seu Filho divino e se propõe a todos os crentes
como modelo de fé vivida. «A Igreja, pensando n'Ela piedosamente e
contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra com veneração e mais
profundamente no altíssimo mistério da Encarnação e vai se conformando cada vez
mais a seu Esposo» [29]. (TMA, 43) Também no segundo ano preparatório para o
Jubileu, dedicado ao Espírito Santo, Maria estará presente: Maria, que concebeu
o Verbo encarnado por obra do Espírito Santo e que, depois, em toda sua
existência deixou-se guiar por sua ação interior, será contemplada e imitada no
decorrer desse ano sobretudo como a mulher dócil à voz do Espírito, mulher do
silêncio e da escuta, mulher da esperança, que soube acolher como Abraão a
vontade de Deus «esperando contra toda esperança» (Rm 4,18). Ela elevou à sua
expressão máxima o veemente desejo dos pobres de Jahvé, resplandecendo como
modelo para todos os que confiam de todo o coração nas promessas de Deus. (TMA,
48) O terceiro e último ano preparatório, 1999, é dedicado a Deus Pai. Maria
estará presente como exemplo de perfeito amor: Em todo este horizonte de
compromissos, Maria Santíssima, filha escolhida do Pai, estará presente ao
olhar dos crentes como exemplo perfeito de amor, tanto para com Deus como para
com o próximo. Como ela mesma afirma no cântico do Magnificat, grandes coisas
realizou nela o Onipotente, cujo nome é Santo (cf. Lc 1,49). O Pai escolheu
Maria para uma missão única na história da salvação: a de ser Mãe do Salvador
esperado. A Virgem respondeu ao chamado de Deus com plena disponibilidade: «Eis
aqui a escrava do Senhor» (Lc 1,38). Sua maternidade, iniciada em Nazaré e
vivida de modo supremo em Jerusalém aos pés da Cruz, será sentida neste ano
como afetuoso e premente convite dirigido a todos os filhos de Deus para que
retornem à casa do Pai, ouvindo sua voz materna: «Fazei o que Cristo vos
disser» (cf. Jo 2,5). A carta apostólica de João Paulo II termina com o pedido
de intercessão de Maria e a bênção: Entrego este compromisso de toda a Igreja à
celeste intercessão de Maria, Mãe do Redentor. Ela, a Mãe do belo amor, será
para os cristãos que se encaminham para o grande Jubileu do terceiro milênio a
Estrela que guia com segurança seus passos ao encontro do Senhor. Que a humilde
Jovem de Nazaré, que ofereceu ao mundo, dois mil anos faz, o Verbo encarnado,
oriente a humanidade do novo milênio para Aquele que é «a verdadeira luz, que
ilumina todo homem» (Jo 1,9). Com estes sentimentos dou a todos minha Bênção.
(Tertio millennio adveniente, 58)
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