Céu inferno_004_1ª
parte Capítulo II Temor da morte (itens 6 a 10)
Tema 004 - 1a. parte/Capítulo II: Temor da
morte (itens 6 a 10) - Resumo
6 - Outra causa de apego às coisas terrenas é
a impressão do ensino que relativamente a ela se lhes há dado desde a infância.
Convenhamos que o quadro pela religião esboçado, sobre o assunto, é nada
sedutor e ainda menos consolatório.
De um lado, contorções de condenados a
expiarem em torturas e chamas eternas os erros de uma vida efêmera e
passageira. De outro, as almas combalidas e aflitas do purgatório aguardam a
intercessão dos vivos que orarão ou farão orar por elas. Estas duas categorias
compõem a maioria imensa da população de além-túmulo. Acima delas, paira a
limitada classe dos eleitos, gozando, por toda a eternidade, da beatitude
contemplativa.
Este estado não satisfaz nem as aspirações
nem a instintiva idéia de progresso, única que se afigura compatível com a
felicidade absoluta. Custa crer que, só por haver recebido o batismo, o
selvagem ignorante - de senso moral obtuso -, esteja ao mesmo nível do homem
que atingiu, após longos anos de trabalho, o mais alto grau de ciência e
moralidade práticas. Menos concebível ainda é que a criança falecida em tenra
idade, antes de ter consciência de seus atos, goze dos mesmos privilégios
somente por força de uma cerimônia na qual a sua vontade não teve parte alguma.
Estes raciocínios não deixam de preocupar os mais fervorosos crentes, por pouco
que meditem.
7 - Não dependendo a felicidade futura do
trabalho progressivo na Terra, a facilidade com que se acredita adquirir essa
felicidade, por meio de algumas práticas exteriores dão aos gozos do mundo o
melhor valor. Mais de um crente considera, em seu foro íntimo, que assegurado o
seu futuro pelo preenchimento de certas fórmulas ou por dádivas póstumas, que
de nada o privam, seria supérfluo impor-se sacrifícios ou quaisquer incômodos
por outrem. Seguramente, nem todos pensam assim, havendo mesmo muitas e
honrosas exceções; mas não se poderia contestar que assim pensa o maior número,
sobretudo das massas pouco esclarecidas, e que a idéia que fazem das condições
de felicidade no outro mundo não entretenha o apego aos bens deste, acoroçoando
o egoísmo.
8 - Acrescentemos ainda a circunstância de
tudo nas usanças concorrer para lamentar a perda da vida terrestre e temer a
passagem da Terra ao céu. A morte é rodeada de cerimônias lúgubres, mais
próprias a infundirem terror do que a provocarem a esperança. Todos os seus
emblemas lembram a destruição do corpo, mostrando-o hediondo e descarnado;
nenhum simboliza a alma desembaraçando-se radiosa dos grilhões terrestres. A
partida para esse mundo mais feliz só se faz acompanhar do lamento dos
sobreviventes. Tudo concorre, assim, para inspirar o terror da morte, em vez de
infundir esperança.
9 - Demais, a crença vulgar coloca as almas
em regiões apenas acessíveis ao pensamento, onde se tornam de alguma sorte
estranhas aos vivos; a própria Igreja põe entre umas e outras uma barreira
insuperável, declarando rotas todas as relações e impossível qualquer
comunicação. Tudo isso interpõe entre mortos e vivos uma distância tal
que faz supor eterna a separação, e é por isso que muitos preferem ter junto de
si, embora sofrendo, os entes caros, antes que vê-los partir, ainda mesmo que
para o céu.
Por que os espíritas não temem a morte
10 - A Doutrina Espírita transforma
completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese
para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema,
porém o resultado da observação. Não foram os homens que o descobriram pelo
esforço de uma concepção engenhosa; são os próprios habitantes desse mundo que
nos vêm descrever a sua situação. Eis aí por que os espíritas encaram a morte
calmamente e se revestem de serenidade nos seus últimos momentos sobre a Terra.
Já não é só a esperança, mas a certeza que os conforta; sabem que a vida futura
é a continuação da vida terrena em melhores condições e aguardam-na com a mesma
confiança com que aguardariam o despontar do Sol após uma noite de tempestade.
Os motivos dessa confiança decorrem, outrossim, dos fatos testemunhados e da
concordância desses fatos com a lógica, com a justiça e bondade de Deus,
correspondendo às íntimas aspirações da Humanidade. Não mais permissível sendo
a dúvida sobre o futuro, desaparece o temor da morte.
Questões para estudo:
1) Por que os quadros propostos pelas
religiões para explicar a vida futura, após a morte, têm sido cada vez mais
insuficientes para atender os anseios dos homens?
2) De forma geral como nossa cultura tem
encarado a morte?
3) Quais os principais elementos que a
Doutrina Espírita nos oferece para entender a vida futura?
Conclusão:
Questões para estudo:
1) Por que os quadros propostos pelas
religiões para explicar a vida futura, após a morte, têm sido cada vez mais
insuficientes para atender os anseios dos homens?
Porque não trazem nenhum consolo nem
esperança, nem atendem à razão. O que busca o homem senão a felicidade? E se
essa não foi possível nessa existência? Ele será condenado sem ter tido ao
menos uma outra oportunidade? Todos os anseios humanos gritam contra a
incoerência dessas "verdades" impostas aos homens desde tempo
imemoriais. A própria idéia de Deus, mesmo na nossa pequenez de entendimento,
nos mostra que se até um pai humano e falível dá novas oportunidades a seus
filhos, por que Deus, na sua infinita misericórdia, não faria o mesmo?
Além disso como aceitar estas situações que
ferem nosso senso de justiça: Almas em torturas e chamas eternas sem ter o
direito de se arrepender nem de ver aqueles que amaram; beatitude contemplativa
sem trabalho; pessoas de senso moral obtuso são niveladas a um homem com alto
grau de moralidade prática; crianças falecidas em tenra idade, usufruindo de
privilégios só por força de uma cerimônia na qual a sua vontade não teve parte
alguma.
2) De forma geral como nossa cultura tem
encarado a morte?
A nossa sociedade, de forma geral,
infelizmente ainda tem encarado a morte como separação eterna, uma verdadeira
desgraça que se abate sobre quem parte e sobre os que ficam. As cerimônias
associadas à morte são lúgubres, sombrias, dolorosas. Pouca coisa nos faz
lembrar a continuação da vida, a vida real e verdadeira, a vida espiritual. Os
comentários neste sentido são quase sempre apenas com o intuito de um consolo
imediato do que frutos de uma convicção profunda.
A dificuldade em aceitar os relatos do mundo
espiritual através dos diversos espíritos que deixaram sua mensagem, se torna
um obstáculo para compreender o processo da morte. Há quem afirme que esses
relatos da vida maior são enganosos, que ninguém pode provar e, por isso,
preferem não aceitar a verdade dos fatos, ou ficam na eterna dúvida: será que é
verdade?
A divulgação das idéias de cunho realmente
espiritual e dos fatos espíritas tornarão a sociedade cada dia mais consciente
de que a morte é um fenômeno biológico, uma transição, um retorno a nossa
verdadeira natureza.
3) Quais os principais elementos que a
Doutrina Espírita nos oferece para entender a vida futura?
O principal elemento é a compreensão da
justiça divina. O Espiritismo nos mostra a coerência da morte, das penas, dos
gozos, a importância da caridade e do amor. Nos esclarece sobre o que existe
após a morte do corpo e, acima de tudo, nos dá razões para ter esperanças no
futuro.
Os próprios espíritos desencarnados nos
descrevem as situações em que se encontram. Aprendemos que a vida futura é a
continuação da vida presente em melhores condições.
O Espiritismo ergue o véu que encobria a
realidade. A alma deixa de ser uma abstração, nossos entes queridos já não são
mais chamas fugitivas, ou simples lembranças - estão ao nosso redor. O mundo
corporal e o espiritual identificam-se, assistem-se mutuamente.
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