Entre a
Terra e o Céu_40_Em prece
“Um ano depois do casamento de Antonina,
dirigimo-nos todos juntos à residência do ferroviário, na qual tantas vezes nos
reuníramos entre a prece e a expectação.
(...)
O singelo domicílio mostrava-se
magnificamente florido, superlotado de amigos sorridentes.
(...)
Obedecendo, porém, a secreto impulso, ao
invés de caminhar na direção de Evelina, dirigiu-se para Zulmira, enlaçando-a
em lágrimas.
Havia naquele gesto tanto carinho
natural e tanto reconhecimento espontâneo, que intensa emotividade nos tomou de
assalto. Tranfundiam-se ali dois corações maternos, na mesma vibração de paz,
haurida na vitória interior pelo dever bem cumprido.
(...)
Ali mesmo, o homem tocado de fé viva, o dono
da casa rogou a Antonina pronunciasse o agradecimento a Jesus.
(...)
Cerrando as pálpebras, aprecia procurar-nos
em espírito, qual antena vibrátil, atraindo a onda sonora.
Clarêncio abeirou-se dela e, tocando-lhe a
fronte com a destra, entrou em meditação.
Suavemente impulsionada pelo Ministro, nossa
amiga orou com sentida inflexão de voz:
Amado Jesus, abençoa a nossa hora festiva que
te oferecemos em sinal de carinho e gratidão.
Ajuda aos nossos companheiros que hoje se
consorciam, convertendo-lhes a esperança em doce realidade.
Ensina-nos, Senhor, a receber no lar a
cartilha de luz que nos deste no mundo – generosa escola de nossos corações
para a vida imortal.
Faze-nos compreender, no campo em que
lutamos, a rica sementeira de renovação e fraternidade em que a todos nos cabe
aprender a servir.
Que possamos, enfim, ser mais irmãos uns dos
outros, no cultivo da paz, pelo esforço no bem.
Tu que consagraste a ventura doméstica, nas
bodas de Cana, transforma a água viva de nossos sentimentos em dons inefáveis
de trabalho e alegria.
Reflete o teu amor na simplicidade de
nossa existência, como o Sol se retrata no fio d’água humilde.
Guia-nos, Mestre, para o teu coração que
anelamos eterno e soberano sobre os nossos destinos, e que a tua bondade
comande a nossa vida é o nosso voto ardente, agora e para sempre. Assim seja.
(...)
Dirigi-me ao instrutor e indaguei se
ele, Clarêncio, conheci a posição de nossa amiga, ao tempo de nosso primeiro
contacto.
_ Sim, sim... – respondeu gentil –, mas
não lhes dei a conhecer antecipadamente a significação dela no romance vivo que
estamos acompanhando, porque todos nós, meu amigo, precisamos reconhecer que o
trabalho é a nossa lição. Movamos a mente no serviço que nos compete e
adquiriremos a chave de todos os enigmas.
(...)
A festa alcançara o fim...
Ao lado de nosso orientador, perguntei,
reverente:
_ Nossa história terminará, assim, com um
casamento risonho, à moda de um filme bem acabado?
Clarêncio estampou o sorriso de sua velha
sabedoria e falou:
_ Não, André. A história não acabou. O que
passou foi a crie que nos ofereceu motivo a tantas lições. Nossos amigos, pelo
esforço admirável com que se dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns
anos de paz relativa, nos quais poderão replantar o campo do destino.
Entretanto, mais tarde, voltarão por aqui a dor e a prova, a enfermidade e a
morte, conferindo o aproveitamento de cada um. É a luta aperfeiçoando a vida,
até que a nossa vida se harmonize, sem luta, com os Desígnios do Senhor.
(...)
_ Odila, enquanto celebramos tua vitória,
dize que céu procuras!
(...)
_ Devotado benfeitor, meu lar terrestre é o
meu paraíso....
_ mas não ignoras que o domicílio do mundo
não te pertence mais.
_ Sim – concordou a interlocutora, respeitosa
–, sei disso, entretanto, desejo servir a ele, sem que ele seja meu... Amo meu
esposo por inesquecível companheiro da vida eterna, abençoando a admirável
mulher a quem ele agora pertence e que passei a querer por filha de minha
ternura... Amo meus filhos, apesar de saber que não podem presentemente sentir
o calor de meu coração... Deus sabe que hoje amo sem o propósito de ser amada,
que me proponho oferecer-me sem retribuição, a fim de aprender com Jesus a dar
sem receber...
(...)
_ onde permanece o nosso amor, aí fulgura o
céu que sonhamos. Mereces o paraíso que procuras. Retorna, Odila, ao ter lar
quando quiseres. Sê para o teu esposo e para as almas que o seguem o astro de
cada noite e a bênção de cada dia! O amor puro outorga-te esse direito. Volta e
ama...E , quando te ergueres do vale humano, teu coração será como faixa de
sol, trazendo ao Cristo os corações que pastorearás no campo imenso da vida!
(...)
Nesse instante, funda saudade assomou-me à
alma opressa.
Experimentei a estranha sensação do pai que
busca inutilmente os filhos arrebatados ao seu carinho. Ave distante da
paisagem que a vira nascer, vi-me atormentado pelo anseio de recuperar, de
imediato, o meu ninho...
(...)
O Vento que soprava célere parecia dizer-me:
_ “Confia!...” O perfume das flores, de
passagem por mim, apelava em silencia: “_ Não te detenhas!”E as constelações
faiscantes, pendendo da Altura, davam-me a impressão de acenos da luz eterna,
concitando-me sem palavras:”_ Luta e aperfeiçoa-te! A plenitude do teu amor
brilhará também um dia!...”
Então , numa prece de agradecimento ao Pai
Celestial, percebi que meu espírito pacificado sorria de novo, ao toque
inefável de sublime esperança.”
QUESTÕES INICIAIS PARA ESTUDO:
01) Geralmente, ou uma boa parte de pessoas,
utilizamos a prece para pedir algo, muito pouco a utilizamos como simples fonte
de agradecimento ou de conversa íntima com Deus, com Jesus, com a
Espiritualidade Superior. Sabemos o real valor da prece? O que é a prece?
Justificar.
02) Clarêncio informa a importância da
participação de Odila no desenrolar da história e que ele já tinha conhecimento
dela, mas afirma a André Luiz que “precisamos reconhecer que o trabalho é a
nossa lição. Movamos a mente no serviço que nos compete e adquiriremos a chave
de todos os enigmas” Como podemos entender tal orientação?
03) AL estava cismado com o término da
história, que achava mais estilo filme bem acabado, quando Clarêncio lhe
informa que “Não, André. A história não acabou. O que passou foi a crie que nos
ofereceu motivo a tantas lições. Nossos amigos, pelo esforço admirável com que
se dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns anos de paz relativa, nos
quais poderão replantar o campo do destino. Entretanto, mais tarde, voltarão
por aqui a dor e a prova, a enfermidade e a morte, conferindo o aproveitamento
de cada um. É a luta aperfeiçoando a vida, até que a nossa vida se harmonize,
sem luta, com os Desígnios do Senhor.”
O que podemos entender das seguintes
assertivas:
03 a)” O
que passou foi a crie que nos ofereceu motivo a tantas lições”
03 b) “pelo esforço admirável com que se
dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns anos de paz relativa, nos quais
poderão replantar o campo do destino”
03 c) “, mais tarde, voltarão por aqui a dor
e a prova, a enfermidade e a morte, conferindo o aproveitamento de cada um. É a
luta aperfeiçoando a vida, até que a nossa vida se harmonize, sem luta, com os
Desígnios do Senhor”
04) Comente a pergunta e a resposta seguinte:
“_ Odila, enquanto celebramos tua vitória,
dize que céu procuras!
Devotado benfeitor, meu lar terrestre é o meu
paraíso....
_ mas não ignoras que o domicílio do mundo
não te pertence mais.
_ Sim – concordou a interlocutora, respeitosa
–, sei disso, entretanto, desejo servir a ele, sem que ele seja meu... Amo meu
esposo por inesquecível companheiro da vida eterna, abençoando a admirável
mulher a quem ele agora pertence e que passei a querer por filha de minha
ternura... Amo meus filhos, apesar de saber que não podem presentemente sentir
o calor de meu coração... Deus sabe que hoje amo sem o propósito de ser amada,
que me proponho oferecer-me sem retribuição, a fim de aprender com Jesus a dar
sem receber...
05) Comente a afirmativa : “_ onde
permanece o nosso amor, aí fulgura o céu que sonhamos. Mereces o paraíso que
procuras. (...) O amor puro outorga-te esse direito. Volta e ama...E , quando
te ergueres do vale humano, teu coração será como faixa de sol, trazendo ao
Cristo os corações que pastorearás no campo imenso da vida!”
Conclusão:
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1) Geralmente, ou uma boa parte de pessoas,
utilizamos a prece para pedir algo, muito pouco a utilizamos como simples fonte
de agradecimento ou de conversa íntima com Deus, com Jesus, com a
Espiritualidade Superior. Sabemos o real valor da prece? O que é a
prece? Justificar.
Conforme ensinam os Espíritos, na resposta à
questão 659 do Livro dos Espíritos, "a prece é um ato de adoração. Orar a
Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com ele."
Por meio da prece, podemos nos dirigir ao Criador para louvar, pedir e
agradecer. É um instrumento de grande valor, pois, ao fazermos uma prece sincera,
o nosso pensamento ganha o espaço e chega aos Mensageiros Divinos que nos
guiam. A prece torna-nos receptivos à ajuda do Alto,
permitindo-nos sintonizar com os bons espíritos, sem o que não podemos ser
atendidos em nossos apelos.
2) Clarêncio informa a importância da
participação de Odila no desenrolar da história e que ele já tinha conhecimento
dela, mas afirma a André Luiz que “precisamos reconhecer que o trabalho é a
nossa lição. Movamos a mente no serviço que nos compete e adquiriremos a
chave de todos os enigmas”. Como podemos entender tal orientação?
Clarêncio explicou a André Luiz que sabia
como os fatos se desenrolariam, pois esta é uma faculdade que os Espíritos Superiores
têm bem desenvolvida. Não lhe revelou, porém, para que o valor do aprendizado
não fosse prejudicado, uma vez que é através do trabalho que a lição nos chega
da forma que necessitamos. Se viesse a conhecer antecipadamente o desfecho da
história, provavelmente, André Luiz não extrairia dela os mesmo ensinamentos.
3) André Luiz estava cismado
com o término da história, que achava mais estilo filme bem acabado, quando
Clarêncio lhe informa que “Não, André. A história não acabou. O que
passou foi a crise que nos ofereceu motivo a tantas lições. Nossos amigos, pelo
esforço admirável com que se dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns
anos de paz relativa, nos quais poderão replantar o campo do destino.
Entretanto, mais tarde, voltarão por aqui a dor e a prova, a enfermidade e
a morte, conferindo o aproveitamento de cada um. É a luta aperfeiçoando a vida,
até que a nossa vida se harmonize, sem luta, com os Desígnios do Senhor.”
O que podemos entender das seguintes
assertivas:
a) ”... O que passou foi a crise que nos
ofereceu motivo a tantas lições.”
Clarêncio quis dizer que apenas uma etapa da
longa caminhada fora vencida. Estava superada a fase de sofrimento que temos
acompanhado nos capítulos anteriores. Todos os personagens envolvidos na trama
sofreram as conseqüências dos desequilíbrios gerados em experiências passadas.
Suportaram enfermidades físicas, abandono conjugal, morte de filhos, tudo num
quadro expiatório penoso, mas necessário à harmonização de todos. Mas
apenas uma etapa do processo fora vencida, ressalva o benfeitor.
b) “pelo esforço admirável com que se
dedicaram ao reajuste, dispõem agora de alguns anos de paz relativa, nos quais poderão
replantar o campo do destino”
A Lei Maior é misericordiosa, pois emanada de
uma fonte que é toda misericórdia. Após os duros resgates suportados, os
protagonistas gozarão de algum tempo de paz, como uma recompensa de Deus pelo
esforço com que enfrentaram os sofrimentos indispensáveis aos seus reajustes.
Como vimos no estudo do capítulo anterior, passada a época da colheita,
agora era chegada a da semeadura. Como disse Clarêncio, era a hora de
"replantar o campo do destino", ou seja, de semear a colheita de
amanhã.
c) “mais tarde, voltarão por aqui a
dor e a prova, a enfermidade e a morte, conferindo o aproveitamento de cada um.
É a luta aperfeiçoando a vida, até que a nossa vida se harmonize, sem
luta, com os Desígnios do Senhor”.
Significa que todos os que se envolveram
neste drama, apesar dos resgates a que tiveram de se submeter, ainda terão que
passar por duras provas, a fim de demonstrarem que já estão harmonizados com os
desígnios da Providência.
Enquanto não aprendemos a aceitar esses
desígnios, estaremos sempre sujeitos ao mecanismo utilizado pela Lei
Maior para o nosso aprendizado, que é o sofrimento. Para comprovarmos o
aprendizado, são indispensáveis as provas.
4) Comente a pergunta e a resposta
seguinte:
“- Odila, enquanto celebramos tua vitória,
dize que céu procuras!
-
Devotado benfeitor, meu lar terrestre é o meu paraíso....
- Mas não ignoras que o domicílio do mundo
não te pertence mais.
- Sim – concordou a interlocutora, respeitosa
–, sei disso, entretanto, desejo servir a ele, sem que ele seja meu...
Amo meu esposo por inesquecível companheiro da vida eterna, abençoando a admirável
mulher a quem ele agora pertence que passei a querer por filha de minha
ternura... Amo meus filhos, apesar de saber que não podem presentemente sentir o
calor de meu coração... Deus sabe que hoje amo sem o propósito de ser amada, que
me proponho oferecer-me sem retribuição, a fim de aprender com
Jesus a dar sem receber..."
Odila demonstra o quanto evoluiu, desde o
início da história, vencendo a batalha que travou consigo mesma. Deixou de lado
o apego aos seus entes queridos, que a fazia obsediar Zulmira e passou a nutrir
um sentimento de amor verdadeiro.
Ainda se sentia presa ao lar terreno, porém,
não mais com o ciúme exacerbado que antes a dominava. Demonstrava
desejo de continuar convivendo com a antiga família, mas, agora, por um
motivo nobre, edificante, de servir sem esperar retribuição.
5) Comente a afirmativa : “... onde
permanece o nosso amor, aí fulgura o céu que sonhamos. Mereces o
paraíso que procuras. (...) O amor puro outorga-te esse
direito. Volta e ama... E , quando te ergueres do vale humano, teu
coração será como faixa de sol, trazendo ao Cristo os corações que
pastorearás no campo imenso da vida!”
Embora tivesse seu esforço de transformação
reconhecido pela Espiritualidade Superior, com a oferta de trabalho nas esferas
mais altas, Odila não se revelava feliz. Seu desejo era retornar ao lar
terreno, para ajudar na caminhada os espíritos queridos que lá havia
deixado. Reconhecendo-lhe a transformação redentora por que passara e
sentindo-lhe a sinceridade de propósito, Clarêncio atendeu à sua vontade,
permitindo sua volta ao seio dos entes que amava. Pelas palavras do benfeitor,
entendemos que Odila deverá lá permanecer enquanto sentir essa necessidade e
for útil àqueles que ama. Quando sua presença na Terra não mais se
fizer necessária, assumirá sua tarefa no
mundo espiritual, conduzindo ao Cristo aqueles espíritos amados,
que a terão como Pastor.
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