Entre a
Terra e o Céu_38_Casamento feliz
"A tempestade de sentimentos, no grupo
de almas sob nossa observação, amainou, pouco a pouco...
Júlio, na vida espiritual, aguardava sem
sofrimento a ocasião oportuna de regresso ao campo físico, e Zulmira,
sob a influência benéfica de Antonina, renovara-se para a alegria
de viver.
Mário Silva, transformado pela orientação da
jovem viúva, afeiçoara-se a ela profundamente, habituando-se-lhe ao convívio.
Sólida amizade fizera-se entre as personagens
de nossa história.
"O Ministro, manifestando um olhar de
satisfação, comentou:
- Graças a Jesus, vemos nosso enfermeiro efetivamente
modificado. Mais alegre, acessível, bem disposto...
- Dir-se-ia que uma revolução explodiu dentre
dele - asseverei, concordando.
- O amor é assim - acentuou nosso instrutor,
imperturbável -, uma força que transforma o destino.
Talvez porque Hilário ensaiasse malicioso
sorriso, o orientador acrescentou:
- Pude consultar o programa traçado para a
reencarnação de Antonina, quando em nossas atividades de socorro ao irmão
Leonardo Pires, e sei que ela se comprometeu a colaborar, maternalmente, para
que ele obtenha novo corpo na Terra. Na condição de Lola Ibarruri, foi a causa
do envenenamento que lhe exterminou a paz íntima, falta essa que nossa irmã, na
atualidade, espera ressarcir. Acariciará por filho do coração quem lhe foi
outrora companheiro de aventuras, encaminhando- -lhe a educação de ordem
superior...
"Como se a mente do ferroviário nos
sorvesse a conversação, ligando-se a nós pelos fios invisíveis do pensamento,
vimos amaro bater, de leve, nos ombros do companheiro, dizendo-lhe,
conselheiral:
- Escuta Mário. Não me assiste o direito de
qualquer interferência em tua vida, entretanto, sentindo-te por meu irmão,
venho refletindo acerca do futuro... Não te parece que Antonina seja a mulher
digna do teu ideal de homem de bem?
"Compreendo... Tenho examinado essa
possibilidade, no entanto, não sou mais uma criança...
- Por isso mesmo - revidou o amigo,
encorajado -, a hora presente exige método, reconforto, proteção... Um pouso
doméstico é investimento dos mais preciosos para o futuro.
- No entanto, considero que o coração no meu
peito assemelha-se a um pássaro entorpecido. Sinto-me francamente incapaz de
uma paixão...
- Que tolice! - ajuntou o interlocutor, bem
humorado - a felicidade é quase impraticável nas afeições impulsivas que
estouram do sentimento à maneira de champanha ilusória...
E, sorrindo acentuou:
- O amor dos namorados, com noventa graus à
sombra, por vezes é simples fogo de palha, deixando apenas cinza. À
medida que se me alonga a experiência no tempo, reconheço que o matrimônio,
acima de tudo, é união de alma com alma.
. . . A paixão, meu caro, é responsável
por todas as casas de boneca que oferecem por aí espetáculos dos mais tristes.
A amizade pura é a verdadeira garantia da
ventura conjugal. Sem os alicerces da comunhão fraterna e do respeito mútuo, o
casamento cedo se transforma em pesada algema de forçados do cárcere social.
(...)
Sim, pensava desde que se aproximara de
Antonina, pela primeira vez, nela sentira a mulher ideal, capaz de entender-lhe
o coração.
Devotara-se a ela e aos três pequeninos com
imenso carinho e inexcedível confiança.
(...)
A figura de Antonina penetrava-lhe agora os
recessos do coração. O valor e a humildade com que a nobre criatura afrontava
os mais difíceis problemas tocavam-lhe as fibras recônditas do ser. O
sacrifício permanente pelos filhos, realizado com sincera alegria, o
desprendimento natural das futilidades que costumam cegar o sentimento feminino,
a solidariedade humana com que sabia pautar as relações com o próximo e,
sobretudo, o caráter cristalino de que dava provas em todos os lances da vida
comum, apareciam, naquele instante, em sua imaginação, de modo diferente...
(...)
_ Amaro, tens razão. Não posso desobedecer ao
comando da vida.
(...)
Muitas indagações assaltavam-nos o
pensamento, todavia, Clarêncio, limitou-se a dizer:
_ O tempo é como a onda. Flui e reflui. Da
nossa sementeira havemos de colher.
Transcorridos alguns dias, amigos espirituais
de Antonina trouxeram-nos as boas novas do contrato promissor.
Mário e a jovem viúva esperavam efetuar o
matrimônio em breves dias.
(...)
Quem pudesse ver o pequeno lar, em toda a sua
expressão de espiritualidade superior, afirmaria estar contemplando um risonho
pombal de alegria e de luz.
(...)
Emocionados, acercamo-nos dos nubentes para
as despedidas.
Abraçando-os, vimos junto deles que Evelina,
no fulgor de sua primavera juvenil, aceitava a proteção carinhosa de um rapaz
que a fitava, enamorado.
O Ministro sorriu e explicou-nos:
_ Este é Lucas, irmão de Antonina, (...),
cuja bela formação espiritual associar-se-á, em breve, com a primogênita de
Amaro, para a execução das tarefas que a esperam no mundo.
Cortando-nos a possibilidade de excessivas
inquirições, o instrutor acrescentou:
_ Tudo é amor no caminho da vida. Aprendamos
a usá-lo na glorificação do bem, com o nosso próprio trabalho, e tudo será
bênção.
(...)"
Questões iniciais para o estudo:
O tema do capítulo nos leva a refletir e
aprofundar a questão dos laços afetivos, né mesmo? Assim, vamos comentar,
através da narrativa a nós ofertada por André Luiz, as questões abaixo
propostas?
01) Comentar as seguintes assertivas:
01a) "- O amor é assim - acentuou nosso
instrutor, imperturbável -, uma força que transforma o destino."
01b)
" - O amor dos namorados, com noventa graus à sombra, por vezes é simples
fogo de palha, deixando apenas cinza. À medida
que se me alonga a experiência no tempo, reconheço que o matrimônio, acima de
tudo, é união de alma com alma.
. . . A paixão, meu caro, é responsável
por todas as casas de boneca que oferecem por aí espetáculos dos mais tristes.
"
01c) "A amizade pura é a verdadeira
garantia da ventura conjugal. Sem os alicerces da comunhão fraterna e do
respeito mútuo, o casamento cedo se transforma em pesada algema de forçados do
cárcere social."
01d) " _ O tempo é como a onda. Flui e
reflui. Da nossa sementeira havemos de colher."
01e) " _ Tudo é amor no caminho da vida.
Aprendamos a usá-lo na glorificação do bem, com o nosso próprio trabalho, e
tudo será bênção."
02) Em duas ocasiões, no capítulo em tela,
observamos que havia um planejamento de união: uma entre Antonina e Mário Silva
e outra, ao final, de Evelina e Lucas, como compreender tais programações à luz
da questão do parentesco espiritual e do parentesco corporal?
03) Como podemos compreender, através da
história narrada por AL, a questão da educação em relação ao namoro e
casamento?
04) Em um dos parágrafos, Mário Silva
refletindo enumera uma série de motivos pelos quais Antonina lhe parece tão
especial, entre eles diz: ".... O sacrifício permanente pelos filhos,
realizado com sincera alegria, o desprendimento natural das futilidades que
costumam cegar o sentimento feminino..." de que forma podemos entender a
colocação e de que forma podemos compará-la aos nossos dias, onde há uma
igualdade de atividades profissionais e dentro do lar entre homens e mulheres ,
associando-se as colocações com base na codificação espírita?
Conclusão:
01) Comentar as seguintes assertivas:
01a) "- O amor é assim - acentuou nosso
instrutor, imperturbável -, uma força que transforma o destino."
O amor é tudo, inabalável, tem sempre lugar e
oportunidade para ser exercido, sabe esperar, ceder, entender, desculpar e
vencer todos os obstáculos; é a essência divina em todos nós.
01b) " - O amor dos namorados, com noventa
graus à sombra, por vezes é simples fogo de palha, deixando apenas
cinza. À medida que se me alonga a experiência no tempo,
reconheço que o matrimônio, acima de tudo, é união de alma com alma.
. . . A paixão, meu caro, é responsável
por todas as casas de boneca que oferecem por aí espetáculos dos mais tristes.
"
Ao contrário do amor, a paixão, embora se
equilibrada possa ser um passo da jornada, mas quando vivenciada
desequilibradamente gera o mal(itens 907/912, LE). Assim, ainda em processo
evolutivo pequenino como estamos, nossa tendência a manter a paixão desgovernada
e com exageros é que faz com que construamos castelos de areia no encontro
desta com a água do mar.
01c) "A amizade pura é a verdadeira
garantia da ventura conjugal. Sem os alicerces da comunhão fraterna e do
respeito mútuo, o casamento cedo se transforma em pesada algema de forçados do
cárcere social."
A união de dois seres implica na confiança em
que elas, entre si, se confiam, onde haja a responsabilidade recíproca e onde a
afinidade seja um vínculo constante. Ainda que tais relações não possam ainda
serem vivenciadas pelos casais viventes na terra, face estarmos ainda na
evolução da qual resulta no ajuste de débitos contraídos em faltas passadas, a
conscientização se nos faz buscar a vivência do reajuste necessário.
01d) " _ O tempo é como a onda. Flui e
reflui. Da nossa sementeira havemos de colher."
O tempo... Amigo diário que cicatriza
feridas, que ameniza dores, que nos abre a consciência para erros e acertos... É
o tempo que nos faz ver o fruto do campo que aramos, da plantação que semeamos.
01e) " _ Tudo é amor no caminho da vida.
Aprendamos a usá-lo na glorificação do bem, com o nosso próprio trabalho, e
tudo será bênção."
Quando aprendermos, tal qual nosso modelo
Jesus, a vivenciar , tanto interna quanto externamente, o Amor em cada hora, em
cada palavra, em cada pensamento , em cada ação, perceberemos que chegarmos
verdadeiramente no princípio e no fim de tudo e ao Amar ao próximo como a nós
mesmos incondicionalmente.
02) Em duas ocasiões, no capítulo em tela,
observamos que havia um planejamento de união: uma entre Antonina e Mário Silva
e outra, ao final, de Evelina e Lucas, como compreender tais programações à luz
da questão do parentesco espiritual e do parentesco corporal?
Utilizando, aqui, de texto da
Therezinha Oliveira, comentando sobre o Casamento à luz do espiritismo:
Casamento: união física e espiritual
"À Luz do Espiritismo, o casamento
monogâmico, união permanente de um homem e uma mulher:
- é um progresso na marcha da humanidade
(representa um estado superior ao de natureza, em que vivem os animais);
- atende à afinidade (que unem os
semelhantes) ou à necessidade de expiações (resgates ou correções de erros
cometidos anteriormente) ou à missões (que regeneram e santificam);
- resulta de resoluções tomadas na vida de
infinito, antes da reencarnação dos espíritos (livremente assumido pelos que já
sabem e podem fazê-lo; sob orientação dos mentores mais elevados, os que ão
estão habilitados para isso).
Tem pois, o casamento, um iniludível caráter
e implicações espirituais. Deve se basear no afeto e na responsabilidade
recíprocos e ser respeitado e mantido o mais possível. Empenhemo-nos com toda a
boa-vontade, toelrância e devotamento aos nossos compromissos conjugais."
(Fonte: Iniciação ao Espiritismo, Therezinha
Oliveira, Editora EME, Cap. 13 - Os Espíritas e o Casamento, pg 70)
03) Como podemos compreender, através da
história narrada por AL, a questão da educação em relação ao namoro e
casamento?
"[...]
Aos pais cabe a tarefa educativa inicial.
Todavia, mal equipados de conhecimentos sobre a conduta sexual, castram os
filhos pelo silêncio constrangedor a respeito do tema, deixando-os
desinformados, a fim de que aprendam com os colegas pervertidos e viciados ou
os liberam, ainda sem estrutura psicológica, para que atendam aos impulsos
orgânicos, sem qualquer ética ou lucidez a respeito da ocorrência e das suas
consequências inevitáveis. [...] (Divaldo P. Franco por Joanna de Angelis. in:
Adolescência e Vida)
O namoro realmente é um tema fascinante,
envolvente, é uma experiência gratificante, onde aprendemos a compartilhar , a
dividir, a ensaiar a futura união estável e firme entre dois seres.
Mas também é fonte de responsabilidades .
Podemos e devemos, pois, aprender a
disciplinar nossa vontade e controlar nossos instintos, como espíritas, devemos
viver intensamente cada momento, com responsabilidade e consciência das
conseqüências de nossos atos, com muita felicidade, esta é a doutrina que prega
o equilíbrio e a felicidade para a qual fomos criados, assim como o Mestre veio
mostra-nos a mandato do Pai.
Assim, o orientar e o educar quanto ao namoro
tem fonte no exemplo, no diálogo e na compreensão, que são a chave de toda a
educação, porém, indispensável faz-se lembrar que para educar precisamos ser
educados, jamais podemos dar aquilo que não temos, logo, precisamos ter claro
estes preceitos e no mínimo esforçarmo-nos para praticá-los, para daí passarmos
aos filhos.
Os filhos devem ter nos pais a confiança de
um amigo com quem ele poderá contar a qualquer hora para compartilhar suas
experiências e trocar idéias, para buscar um conselho, um amparo.
Jamais o pai ou a mãe castradores, que
impedem-no de caminhar com seus próprios pés, no entanto, jamais a pretexto de
não castradores deixá-los entregues a própria sorte, sem esclarecimento e
amparo.
O assunto deve ser visto sempre com
naturalidade, o esclarecimento acerca da responsabilidade, das conseqüências, o
porquê das coisas, enfim educar de forma clara, amiga, espontânea.
04) Em um dos parágrafos, Mário Silva
refletindo enumera uma série de motivos pelos quais Antonina lhe parece tão
especial, entre eles diz: ".... O sacrifício permanente pelos filhos,
realizado com sincera alegria, o desprendimento natural das futilidades que
costumam cegar o sentimento feminino..." de que forma podemos entender a
colocação e de que forma podemos compará-la aos nossos dias, onde há uma
igualdade de atividades profissionais e dentro do lar entre homens e mulheres ,
associando-se as colocações com base na codificação espírita?
Conforme nos orientam os Espíritos nas
questões 200/202, LE, os espíritos não têm sexo como nós o entendemos porque os
sexos depende da constituição orgânica. Assim, somos iguais: homens e mulheres,
espíritos que somos, cuja diferença reside nos diferentes graus de perfeição a
que tenhamos chegado.
O progresso por que vem caminhando o mundo
material vem, paulatinamente, começando a dar vida a tal ensinamento: seja no
campo profissional, onde mulheres, ainda que com diferenças, vêm abrindo espaço
para sua atuação; seja no campo familiar, onde a família começa a ser
efetivamente constituída na responsabilidade compartilhada entre pais e mães,
alcançando esta responsabilidade até mesmo algumas leis dos homens em alguns
países.
QUESTÕES E CONVERSAS SURGIDAS DURANTE O
ESTUDO:
01) nunca estamos só nesse reaprendizado
do amor; outra foi será que a resignação tem também seu limite, limite no
sentido de que o(a) parceiro(a) começa um processo de flagelação física(violência
doméstica), pior para a evolução permanecer ao seu lado, por conta da
resignação que se deve ter?” Da qual decorreu várias questões da violência
doméstica(tanto física, quanto moral, não só em relação a marido.mulher, mas também
em relação aos filhos)
Devemos procurar vivenciar o ensinamento
Cristão, aceitando vícios e defeitos, imperfeições inerentes a todos nós; mas
não nos omitirmos com relação à violência doméstica; procurando sempre amparar
o doente, a fim de poder ajudá-lo a se reequilibrar e continuar sua jornada
evolutiva, buscando vivenciar os ensinamentos que Jesus tão bem vivenciou e
exemplificou para nós.
02) Poderíamos , então, pensar que a tudo está
relacionado o livre-arbítrio?
Tudo tem por causa nosso livre arbítrio
utilizado no passado, pelo qual hoje vivenciamos sua consequência e no presente
onde podemos optar por cumprir nossos reajustes ou adiá-los.
03) O que é um casamento feliz?
O LE nos ensina que o casamento é um progresso
na escalada evolutiva da humanidade; assim uma união entre dois seres para ser
feliz, além das questões das necessidades físicas: sexo e pão, agasalho e
segurança, proteção e equilíbrio para o corpo físico; necessário também a
questão espiritual, onde a mútua sustentação através do respeito, do amor, da
fraternidade, uma vez que espírito e corpo, enquanto permanecemos encarnados,
funcionam como um todo.
Celso Martins diz em um de seus livros sobre
sexo e amor, que só se casaram na verdadeira acepção aqueles cujas almas se
adaptaram, se ajustaram profunda e intimamente, onde ambos: marido e mulher,
procuram manter os mesmos ideais, as mesmas preocupações, exercitam mutuamente
a paciência, a dedicação, o respeito mútuo, a sinceridade, a aceitação, a resignação,
a amizade, o amor.
Indicação de leitura sobre problemas de
marido e mulher, feita pelo Sérgio T.: Cartas de Paulo.
Para finalizar, achamos que o relato que nos
trouxe a Ana Carolina nos traz ensinamentos e reflexões:
"(...)
A Mãe da Bárbara me contou que perguntou
frontalmente à ele como é que ela podia machucá-lo tanto, ser tão
irresponsável, e ele não abandoná-la à própria sorte .
(...)
"Vivian, quando eu jurei no altar que a
amava, eu simplesmente disse que a amava.
Eu não disse que eu a amava SE você me
amasse. SE fosse responsável, SE não me machucasse tanto, SE não me
decepcionasse ou metesse em erros que a fizeram sempre tão mal.
Nosso casamento acabou. Minha palavra não.
Quando eu disse que amava nossa filha, eu não
impus condições para esse amor. Eu a amo. Simplesmente. E nunca as
desampararei."
(...) "
Nenhum comentário:
Postar um comentário