(Espiritismo) - Nl08 17
Mediunidade E Corpo Espiritual
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo - CVDEE
Sala de Estudos André Luiz
Livro em estudo: Evolução em dois mundos (Editora FEB)
Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira
Comentários: Eurípides Kühl
Mediunidade e corpo
espiritual (I)
AURA HUMANA
Considerando-se toda célula em ação
por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é
claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam radiações e
que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se
constituírem de recursos que podemos nomear por tecidos de força, em torno dos
corpos que as exteriorizam.
Todos os seres vivos, por isso, dos
mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um halo energético que lhes
corresponde à natureza.
No homem, contudo, semelhante projeção
surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento
contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em
derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas
escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura.
Nas reentrâncias e ligações sutis
dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento,
colorindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em
primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los
no rumo dos objetos e das metas que demanda.
Aí temos, nessa conjugação de forças
físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo,
interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo
ovóide, não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por
espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais
característicos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas,
quando perduram em vigor e semelhança, como no cinematógrafo comum.
Fotosfera psíquica, entretecida em
elementos dinâmicos, atende à cromática variada, segundo a onda mental que
emitimos, retratando-nos todos os pensamentos em cores e imagens que nos
respondem aos objetivos e escolhas enobrecedores ou deprimentes.
Comentários
Células do ser vivo constituem algo
como motores microscópicos, conectados à mente, esta, a usina que os energiza.
Todos os seres vivos (todos!), dos
mais rudimentares aos mais complexos, são revestidos por um halo energético,
correspondente à natureza de cada um. No homem, por excelência, essa projeção é
extremamente enriquecida, por conseqüência do pensamento contínuo e das
emanações que se exteriorizam, volteando a personalidade e apresentando
idêntica forma radiativa, conhecida pelo nome de corpo vital ou duplo etérico.
Esse revestimento, qual túnica
eletromagnética, de formato ovóide, abriga o pensamento a vibrar e formar
quadros, via de regra coloridos. São as formas-pensamento, as quais são
projetadas para o endereço comandado pela mente da criatura que as construiu.
Essa, a aura humana, específica do
indivíduo, que conquanto de manifestação radiante externa, tem raízes no íntimo
dele.
Por ser expressão colorida do
pensamento, e este sendo dinâmico, da mesma forma, essa aura se modifica
segundo a segundo, ou a cada nova ideação, espelhando infalivelmente o estado
da alma.
OBS: Talvez nos seja possível
conjeturar que é justamente por essa processualística que os Espíritos,
desvestidos do corpo físico, não têm a menor dificuldade em identificar
moralmente encarnados ou desencarnados. É que, cada Espírito tendo sua aura,
ela como que se afigura como uma verdadeira carteira de identidade, fiel,
impossível de ser adulterada ou falsificada.
Vem daí também a expressão Espírito de
luz, em se referindo a Espíritos evoluídos, eis que a aura de cada um deles é
mesmo luminosa, radiante, sublime.
MEDIUNIDADE INICIAL
A aura é, portanto, a nossa plataforma
onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito,
em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através
da qual somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e
reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e
auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa.
Isso porque exteriorizamos, de maneira
invariável, o reflexo de nós mesmos, nos contactos de pensamento a pensamento,
sem necessidade das palavras para as simpatias ou repulsões fundamentais.
É por essa couraça vibratória, espécie
de carapaça fluídica, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que
começaram todos os serviços da mediunidade na Terra, considerando-se a
mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens
liberados do corpo físico.
Essa obra de permuta, no entanto, foi
iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, porque, pela natural apresentação
da própria aura, os homens melhores atraíram para si os Espíritos humanos
melhorados, cujo coração generoso se voltava, compadecido, para a esfera
terrena, auxiliando os companheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei
Divina aliciaram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em
pontos de contacto entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se
digladiam na própria Terra.
Pelas ondas de pensamento a se
enovelarem umas sobre as outras, segundo a combinação de freqüência e trajeto,
natureza e objetivo, encontraram-se as mentes semelhantes entre si, formando
núcleos de progresso em que homens nobres assimilaram as correntes mentais dos
Espíritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educativo, ou originando
processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram
mutuamente, desafiando debalde os imperativos da evolução e estabelecendo
obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na
etiologia complexa das enfermidades mentais.
A intuição foi, por esse motivo, o
sistema inicial de intercâmbio, facilitando a comunhão das criaturas, mesmo a
distância, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou
naquele domínio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos
mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho eletrônico
infunde em aparelhos especiais a voz ou a figura de pessoas ausentes, em
comunicação recíproca na radiotelefonia e na televisão.
Comentários
A aura humana pode ser considerada
como antecâmara do Espírito, possibilitando ao homem interligar-se em
permanente intercâmbio com a vida que o envolve. Daí, natural deduzir que por
essa exteriorização de si mesmo é visto de forma constante por Entidades
Superiores, por afins, por inimigos... E, ao se refletir, como conseqüência,
respectivamente, capta vibrações de amor, de simpatia, ou de ódio.
Foi por essa couraça vibratória
individual (capa fluídica) que a mediunidade deu seus primeiros passos de intercâmbio
da
Humanidade física com os habitantes do
Plano espiritual.
Assim, de início, seja por simpatia ou
por repulsão, encarnados se atrelaram a desencarnados _ bons aos bons, maus aos
maus.
Dessa comunhão dos dois planos
surgiram tanto o progresso (por atração dos Espíritos benevolentes), quanto a
obsessão (permuta com Espíritos rebeldes). Aquele, pela intuição ou por
telementação, e esta, pela fixação estacionária no erro.
(continua)
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Como André Luiz define a aura
humana?
2) Qual a influência do pensamento na
formação da aura humana?
3) Qual o papel da aura humana para o
início do intercâmbio mediúnico?
4) De que modo a aura humana exerce
influência quanto à natureza dos espíritos que se comunicam mediunicamente?
Mediunidade e corpo
espiritual (II)
SONO E DESPRENDIMENTO
Releva, contudo, assinalar que, em se
iniciando a criatura na produção do pensamento contínuo, o sono adquiriu para
ela uma importância que a consciência em processo evolutivo, até aí, não
conhecera.
Usado instintivamente pelo elemento
espiritual, como recurso reparador, no refazimento das células em serviço,
semelhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de realização para
quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.
Ansiando livrar-se da fadiga física,
após determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por isso mesmo,
entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indagador adormecia com a
idéia fixada a serviços de sua predileção.
Amadurecido para pensar e lançando de
si a substância de seus propósitos mais íntimos, ensaiou, pouco a pouco, tal
como aprendera, vagarosamente, o desprendimento definitivo nas operações da
morte, o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixando-o
do veículo de matéria mais densa, embora sustentando-o, ligado a ele, por laços
fluídico-magnéticos, a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais segurança,
da fossa rombóide.
Encetado o processo de sonolência, com
as reações motoras empobrecidas e impondo mecanicamente a si mesma o descanso
temporário, no auxilio às células fatigadas de tensão, isto desde as eras
remotas em que o pensamento se lhe articulou com fluência e continuidade,
permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes,
justaposta ao veículo físico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do
animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada
viagem, dando-lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao
próprio íntimo, ensimesmando-se para refletir ou imaginar, de conformidade com
seus problemas e inquietações, necessidades e desejos.
Comentários
O sono, desde os tempos primitivos,
muito mais do que o refazimento físico, proporcionou aos Espíritos em estado
recente do pensamento contínuo, pouco a pouco, maior liberdade de ação no plano
espiritual.
Foi então que a consciência teria
despertado e iniciado atividades.
Engendrado por Entidades Siderais como
recurso reparador, o sono, desde sempre possibilitou acesso à mentalização.
Dormindo, desde seus primeiros tempos
primitivos o homem como que treina para a morte. E mais: com o corpo
seguramente ligado ao perispírito, naqueles primórdios a alma pouco se afastava
do corpo físico, quando este dormia, permanecendo fixado e próximo aos seus
interesses imediatos.
Contudo, com o amadurecimento
proporcionado pelas sucessivas vidas físicas (reencarnações), já na sonolência
a mente passou a propiciar-lhe, pouco a pouco, meditações mais profundas sobre
sua vida, seus problemas, suas necessidades, suas inquietações, seus desejos.
ASPECTOS DO
DESPRENDIMENTO
Dessa forma, aliviando o controle
sobre as células que a servem no corpo carnal, a mente se volta, no sono, para
o refúgio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias idéias as
imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da memória a
essência de seus próprios desejos, retemperando-se na antecipada contemplação dos
painéis ou situações que almeja concretizar.
Para isso, mobiliza os recursos do
núcleo da visão superior, no diencéfalo, de vez que, aí, as qualidades
essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do
desnervamento transitório todos os pensamentos que lhe emergem do seio.
Noutras ocasiões, no mesmo estado de
insulamento, recolhe, no curso do sono, os resultados de seus próprios
excessos, padecendo a inquietação das vísceras ou dos nervos injuriados pela
sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso
por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam
as próprias lembranças.
Numa e noutra condição, todavia, é a
mente suscetível à influenciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe
visitam o ser, atraídos pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando-lhe
auxílio eficiente quando se mostre inclinada à ascensão de ordem moral, ou
sugando-lhe as energias e assoprando-lhe sugestões infelizes quando, pela
própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psíquico de espécie
aviltante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões
viciosas pelas quais se entrega a temíveis contratos com as forças
sombrias.
Mas dessa posição de espectador à
função de agente existe apenas um passo.
O pensamento contínuo, em fluxo
insopitável, desloca-lhe a organização celular perispiritual, à maneira do
córrego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosário
de seixos. E assim como os seixos soltos seguem a direção da corrente,
lapidando-se no curso dos dias o corpo espiritual acompanha, de início, o
impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando-se muito
vagarosamente no sono, que lhe propicia meia libertação.
Comentários
Libertado do corpo físico pelo sono a
mente se volta para si mesma.
Segundo sua vivência plasma sonhos,
retirando-os das suas idéias, das suas imagens, dos seus desejos.
Tais sonhos, naturalmente,
consentaneamente com o estado de alma, serão bons ou ruins.
A aura desse sonhador, anunciando (ou
denunciando...) para os Espíritos desencarnados de quem se trata, atrairá para
ele
Inteligências amigas ou sugadores de
suas energias, caracterizando-se a obsessão.
Não se diga que a alma, no sono, é
sempre expectadora: não tardará a que, depois de multiplicadas experiências se
torne agente (do bem ou do mal...), passando a ter alguma consciência e por
vezes até agindo identificado com o estado em que se encontra (dormindo,
sonhando).
MEDIUNIDADE ESPONTÂNEA
Nessa fase primária de novo
desenvolvimento, encontra-se, como é natural, ao pé dos objetos que lhe tomam o
interesse.
É assim que o lavrador, no repouso
físico, retorna, em corpo espiritual, ao campo em que semeia, entrando em
contacto com as entidades que amparam a Natureza; o caçador volta para a
floresta; o escultor regressa, frequentemente, no sono, ao bloco de mármore de
que aspira a desentranhar a obra-prima; o seareiro do bem volve à leira de
serviço em que se lhe desdobra a virtude, e o culpado torna ao local do crime,
cada qual recebendo de Espíritos afins os estímulos elevados ou degradantes de
que se fazem merecedores.
Consolidadas semelhantes relações com
o Plano Espiritual, por intermédio da hipnose comum, começaram na Terra os
movimentos da mediunidade espontânea, porquanto os encarnados que demonstrassem
capacidades mediúnicas mais evidentes pela comunhão menos estreita entre as
células do corpo físico e do corpo espiritual, em certas regiões do campo
somático, passaram das observações durante o sono às observações da vigília, a
princípio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo, conforme os graus de
cultura a que fossem expostos.
Quanto menos densos os elos de ligação
entre os implementos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as
possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a
clariaudiência e para modalidades outras, no intercâmbio entre as duas esferas,
inclusive as peculiaridades da materialização, pelas quais os recursos
periféricos do citoplasma, a se condensarem no ectoplasma da definição
científica vulgar, se exteriorizam do corpo carnal do médium, na conjugação com
as forças circulantes do ambiente, para a efêmera constituição de formas
diversas.
Desde então, iniciou-se o correio
entre o plano físico e o plano extrafísico, mas, porque a ignorância embotasse
ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam realizar que a
fascinação recíproca, ou magia elementar, em que os desencarnados igualmente
inferiores eram aproveitados, por via hipnótica, na execução de atividades
materialonas, sem qualquer alicerce na sublimação pessoal.
Comentários
No sono, cada homem irá ao
endereço-objeto dos seus desejos, dos seus interesses: o lavrador ao campo de
semeadura, o escultor ao mármore, o caridoso se engaja em assistência a
necessitados, o culpado ao local do crime...
Todos, sem exceção, terão afins por
companhia.
De início, pela hipnose comum, cada
Espírito foi se equipando dos primeiros movimentos da mediunidade.
Cada faculdade mediúnica foi se
implantando espontaneamente, em razão do desprendimento da parte física
correspondente, como por exemplo, pelos órgãos da visão a clarividência e pelo
ectoplasma, a materialização.
No primitivismo, tais faculdades
mediúnicas, sem método, sob ignorância e com desregramentos, descambaram para a
fascinação recíproca (encarnados-desencarnados) e/ou para a magia
elementar.
(continua)
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Como André Luiz explica a
utilização pelo homem dos momentos de sono físico, desde que foi dotado de
pensamento contínuo?
2) Qual o comportamento do espírito
durante o desprendimento pelo sono?
3) Como se dá, nesses momentos, o
relacionamento do espírito com o plano espiritual?
4) De que modo o desprendimento pelo
sono contribuiu para o surgimento da mediunidade?
Mediunidade e corpo
espiritual (III)
FORMAÇÃO DA MITOLOGIA
Apareceu então a goecia ou magia
negra, à qual as Inteligências Superiores opuseram a religião por magia divina,
encetando-se a formação da mitologia em todos os setores da vida tribal.
Numes familiares, interessados em
favorecer as tarefas edificantes para levantar a vida humana a nível mais
nobre, foram categorizados à conta de deuses, em diversas faixas da Natureza,
e, realmente, através dos instrumentos humanos mobilizáveis, esses gênios
tutelares incentivaram, por todas as formas possíveis, o progresso da
agricultura e do pastoreio, das indústrias e das artes.
A luta entre os Espíritos retardados
na sombra e os aspirantes da luz encontrou seguro apoio nas almas encarnadas
que lhes eram irmãs.
Desde essas eras recuadas,
empenharam-se o bem e o mal em tremendo conflito que ainda está muito longe de
terminar, com bases na mediunidade consciente ou inconsciente, técnica ou
empírica.
Nota:
- goecia = magia, feitiçaria
- nume = ser ou potência divina;
divindade, deidade; cada um dos deuses do paganismo
Comentários
Não tardou e surgiu a chamada magia
negra.
Em contraposição, os Espíritos
superiores houveram por bem fazer aportar na Terra a religião magia divina.
As atividades humanas foram
incentivadas e otimizadas (agricultura, pastoreio, indústrias, artes, etc) sob
orientação protetora de Espíritos abnegados e dedicados, que passaram a ser
adorados, inaugurando a plêiade de deuses dos primitivos.
Desde eras recuadas deste planeta, com
bases na mediunidade, há dualidade entre o bem e o mal, a luz e a treva, a
guerra e a paz, que permanece ainda nos dias atuais e sinaliza distante o dia
da predominância do Bem.
FUNÇÃO DA DOUTRINA
ESPÍRITA
Forçoso reconhecer, todavia, que a
mediunidade, na essência, quanto a energia elétrica em si mesma, nada tem a ver
com os princípios morais que regem os problemas do destino e do ser.
Dela podem dispor, pela espontaneidade
com que se evidência, sábios e ignorantes, justos e injustos,
expressando-se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quanto a força
elétrica exige disciplina a fim de auxiliar.
Esse o motivo por que os Orientadores
do Progresso sustentam a Doutrina Espírita na atualidade do mundo, por Chama
Divina, cristianizando fenômenos e objetivos, caracteres e faculdades, para que
o Evangelho de Jesus seja de fato incorporado às relações humanas.
Como nas intervenções cirúrgicas em
que tecidos são transplantados com êxito para melhoria das condições orgânicas,
é indispensável nos atenhamos ao impositivo das operações mediúnicas pelas
quais se efetuem proveitosas enxertias psíquicas, com vistas à difusão do
conhecimento superior.
Comentários
Mediunidade não é identidade de ação
no bem.
É faculdade orgânica (não é dom) que
equipa bons e maus, justos e injustos, sábios e ignorantes. Todos podem dela
dispor conforme suas tendências, qual o emprego humano da eletricidade, que ora
pode ser de benefício geral, ou instrumento de morte (cadeira elétrica, por
exemplo).
Mediunidade exige disciplina,
desprendimento, dedicação tudo a serviço do próximo (encarnado ou
desencarnado).
Desponta o Espiritismo, nesta quadra
terrena, como farol para o progresso moral, ou como Chama Divina para aquecer
as almas.
Com isso, teremos o Evangelho de Jesus
como rotina para um venturoso dia-a-dia do relacionamento humano, globalizado.
Se há transplantes orgânicos para
substituição de tecidos e melhoria da saúde física, da mesma forma a mediunidade
age qual transplante psíquico, substituindo más tendências por pensamentos e
atos nobres, característica fundamental da auto-reforma.
MEDIUNIDADE E VIDA
Eminentes fisiologistas e
pesquisadores de laboratório procuraram fixar mediunidades e médiuns a nomenclaturas
e conceitos da ciência metapsíquica; entretanto, o problema, como todos os
problemas humanos, é mais profundo, porque a mediunidade jaz adstrita à própria
vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a
semelhança no campo das impressões.
Por outro lado, espiritualistas
distintos julgam-se no direito de hostilizar-lhe os serviços e impedir-lhe a
eclosão, encarecendo-lhe os supostos perigos, como se eles próprios,
mentalizando os argumentos que avocam, não estivessem assimilando, por via mediúnica,
as correntes mentais intuitivas, contendo interpretações particulares das
Inteligências desencarnadas que os assistem.
A mediunidade, no entanto, é faculdade
inerente à própria vida e, com todas as suas deficiências e grandezas, acertos
e desacertos, é qual o dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas,
responsável por tantas glórias e tantos infortúnios na Terra.
Ninguém se lembrará, contudo, de
suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, à face de circunstâncias
imponderáveis da evolução, deles se tenham valido para perseguir e matar nas
guerras de terror e destruição.
Urge iluminá-los, orientá-los e
esclarecê-los.
Também a mediunidade não requisitará
desenvolvimento indiscriminado, mas sim, antes de tudo, aprimoramento da
personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiritual,
modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente erigir-se em filtro
leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios
da luz.
Uberaba, 26/3/58.
Comentários
A mediunidade não se presta a
comprovação científica (laboratorial), pelo fato de inexistirem dois médiuns
iguais, o que impossibilita condições iguais e normais de temperatura e pressão
(método científico).
Os que combatem a mediunidade, muitas
vezes ignoram que em assim procedendo estão justamente agindo sob influxo
mediúnico, isto é, exteriorizam pensamento que não é seu, e sim, de Espíritos
desencarnados que hostilizam o intercâmbio entre os planos espiritual e
material.
Mediunidade é faculdade indissociável
da vida, tanto quanto o dom da visão comum que possibilita as ações humanas,
certas ou erradas, de glórias ou derrotas, de alegrias e infelicidades.
Seria justo arrancar os olhos dos
milhões de bárbaros que praticaram as maiores crueldades, promovendo e
sustentando guerras, horror e destruição?...
Melhor será orientar, esclarecer e
educar a esses tais, à luz dos ensinos de Jesus.
O melhor exercício da mediunidade será
a nobreza da caridade.
Com isso, ela modelará e sustentará o
corpo físico, que se transformará em filtro leal das Esferas Superiores,
possibilitando à Humanidade subir aos páramos da luz.
Ribeirão Preto/SP _ Outono/2006
QUESTÕES PARA ESTUDO
1) Como André Luiz explica o
surgimento das religiões e dos deuses adorados pelos povos primitivos?
2) De que modo o Espiritismo pode
auxiliar o homem no exercício da mediunidade?
3) Segundo o Autor, a mediunidade pode
ser comprovada pela ciência material? Ela pode ser suprimida?
4) Podemos considerar a mediunidade
uma faculdade boa ou má para o progresso do espírito?
Conclusão:
QUESTÕES PROPOSTAS PARA
ESTUDO
1) Como André Luiz define a aura
humana?
R - André Luiz começa explicando que
todo ser vivo, desde os dotados de organização física mais simples àqueles cujo
organismo físico é mais complexo, são formados por células que se constituem
unidades vivas em conexão com a mente. Estas células, em cooperação com a
mente, emitem uma radiação que se exterioriza em torno do corpo físico,
modelando como que uma duplicata da criatura. A este corpo energético,
resultante dessa radiação de forças físico-químicas e mentais, é que se dá o
nome de "aura humana".
2) Qual a influência do pensamento na
formação da aura humana?
R - No homem, diferentemente dos seres
que estagiam em reinos inferiores, o pensamento exerce grande influência na
formação da aura. Nela circula as formas-pensamento projetadas pela mente,
imprimindo-lhe um colorido de acordo com as vibrações e imagens que a
influenciam. Conforme a natureza dos pensamentos alimentados pela criatura, a
aura retrata em cores e imagens as suas escolhas, tanto as que nos elevam, como
as que nos rebaixam. Reflete, assim, como um espelho, o estado psíquico do
espírito, pois, embora se constitua uma manifestação radiante externa, tem as
suas raízes no íntimo do ser, modificando-se a todo momento, a cada nova
expressão de pensamento.
3) Qual o papel da aura humana para o
início do intercâmbio mediúnico?
R - Foi através desse halo energético que é a
aura humana que o homem começou a atrair os espíritos. Pelas ondas do
pensamento, encarnados e desencarnados, inconscientemente, de modo intuitivo,
deram início ao intercâmbio entre os dois planos de vida. Obedecendo à lei de
sintonia, as mentes que se assemelhavam pela identidade da natureza e do
objetivo de seus pensamentos, refletidos
na aura, encontraram-se e formaram grupos afins. Funcionando como uma
antecâmara do espírito, a aura possibilita ao homem interligar-se em permanente
intercâmbio com a vida que o envolve. Foi por seu intermédio que o homem, de
modo natural, atraiu para sua companhia espíritos desencarnados, que se
manifestavam, de início, apenas pela intuição, para, depois, aprofundar o
intercâmbio através da mediunidade, atributo inerente ao ser humano.
4) De que modo a aura humana exerce
influência quanto à natureza dos espíritos que se comunicam mediunicamente?
R - Refletindo o estado psíquico do espírito,
que a qualifica pela natureza de seus pensamentos, conforme a aura se
apresente serão atraídos espíritos
melhorados, que se dedicam ao auxílio aos irmãos encarnados ou espíritos
atrasados, perseverantes na violação às leis divinas. Ao se refletir,
possibilita a captação de vibrações de amor e simpatia ou de ódio, gerando o
progresso, pela atração de espíritos benevolentes ou um processo obsessivo,
quando atrai espíritos rebeldes.
Mediunidade e corpo
espiritual (II) Conclusão
QUESTÕES PROPOSTAS PARA
ESTUDO
1) Como André Luiz explica a
utilização pelo homem dos momentos de sono físico, desde que foi dotado de
pensamento contínuo?
R - Antes usado instintivamente pelo
princípio espiritual apenas como recurso reparador das energias físicas, desde
que adquiriu o pensamento contínuo o espírito passou a se utilizar da liberação
pelo sono para gozar de maior liberdade no plano espiritual. Pouco a pouco,
aprendeu a se desprender parcialmente do corpo físico enquanto este repousa,
tal como aprendera o desprendimento definitivo pela morte. Adquirido o
pensamento contínuo, foi nos momentos de desprendimento pelo sono que o
espírito começou a amadurecer a arte de pensar, utilizando-se da consciência
para avaliar seus atos e pensamentos.
2) Qual o comportamento do espírito
durante o desprendimento pelo sono?
R - Afrouxados os laços que o ligam ao corpo
em conseqüência do sono, o espírito, através de seu corpo espiritual
(perispírito), permanece junto ao veículo físico, com a mente recolhida e
dedicada a reflexões e imaginações em torno dos problemas, dos desejos e das
necessidades vivenciados no estado de vigília. Plasma, então, as imagens que
irão lhe povoar os sonhos, através de recursos da visão superior localizada no
diencéfalo. Esses sonhos atenderão a natureza de seus pensamentos, podendo ser
bons ou ruins, conforme o seu estado psíquico. Em outras ocasiões, sofre as
conseqüências dos excessos que ele próprio praticou em vigília, que podem
resulta em distúrbios no organismo físico ou perturbação de ordem espiritual,
como o remorso pelas faltas cometidas.
Com o passar do tempo, o espírito
deixa de se comportar exclusivamente do forma passiva, passando da meditação
exclusiva ao papel de agente em
experiências no bem ou no mal, conforme seu pensamento o direcione. André Luiz
explica que o pensamento funciona, inicialmente, como uma corrente mental a
impulsionar o espírito, de modo inconsciente. Mais tarde, no entanto,
gradativamente, ele adquirirá consciência do estado de desprendimento em que se
encontra e passará a gozar com mais liberdade desses momentos, indo a locais onde
estão os seus interesses. Cita o Autor, como exemplo, o lavrador, no repouso
físico, retorna ao campo em que semeia; o caçador que volta para a floresta; o
trabalhador do bem volta ao serviço e o culpado torna ao local do crime. Como
ensinou Jesus, "onde está o seu tesouro, aí está o seu coração".
3) Como se dá, nesses momentos, o
relacionamento do espírito com o plano espiritual?
R - Nos momentos de desprendimento, o
espírito é suscetível da influência dos desencarnados. Conforme os quadros que
lhe são externados através da aura, atraem para si entidades evoluídas ou não.
Quando estes quadros o fazem sintonizar-se com espíritos bons, estes serão
atraídos e irão auxiliá-lo na conquista dos atributos morais necessários à
realização do pregresso que precisa ser feito na Terra; se, todavia, a sintonia
se dá com espíritos de ordem inferior, atrairá companhias que irão sugar-lhe
energias e sugerir-lhe idéias infelizes, espíritos que se identificam com a
ociosidade ou com a prática do mal. Estabelece-se, então, um consórcio psíquico
de natureza boa ou maligna, inspirando-o a boas ações ou trazendo-lhe
influência que poderá propiciar um processo obsessivo, conduzido por entidades
das sombras.
4) De que modo o desprendimento pelo
sono contribuiu para o surgimento da mediunidade?
R - O desprendimento nos momentos de
sono propiciou ao espírito encarnado o início do relacionamento com o plano
espiritual. Os homens dotados em sua organização física de faculdades que lhes possibilitassem
um afrouxamento da ligação entre as células físicas e as do corpo espiritual
estenderam o relacionamento com o plano espiritual praticado durante o sono
também para o estado de vigília. Conforme a ligação menos densa entre os
organismos físico e espiritual de que certos homens eram dotados foram surgindo
as diversas modalidades de mediunidade. Cada faculdade mediúnica foi se
implantando de modo espontâneo, em razão do desprendimento da parte física
correspondente. Assim, o afrouxamento da ligação entre os órgãos de visão fez
surgir a clarividência; entre os órgãos auditivos, a clariaudiência e de modo
idêntico com as demais modalidades mediúnicas. Desde então, a prática mediúnica
foi se desenvolvendo, observando-se, de início, relações fragmentárias, com os
primeiros médiuns deixando-se levar pela fascinação ou pela magia elementar,
sem qualquer propósito que lhes ensejassem a elevação. Conforme a cultura de
cada povo, chegamos ao estado atual da mediunidade.
Mediunidade e corpo
espiritual (III)
C O
N C L
U S Ã O
1) Como André Luiz explica o
surgimento das religiões e dos deuses adorados pelos povos primitivos?
R - Com o aparecimento da mediunidade
espontânea e o seu conseqüente desenvolvimento, os primeiros médiuns foram
dominados pela fascinação, colocando em prática suas aptidões de modo
inconseqüente e sem qualquer propósito elevado. Espíritos de baixo nível
evolutivo, aproveitando-se desses instrumentos mediúnicos fora de controle,
fizeram surgir a magia negra, tornando a mediunidade uma prática com objetivos
pouco edificantes. Para contrapor-se a esta situação, os espíritos benfeitores
fizeram surgir a religião, aumentando as possibilidades de influência e
orientação do homem, no sentido de desenvolver as atividades necessárias a uma
melhor condição de vida na Terra. Estes espíritos, então, foram tomados como
deuses e passaram a ser adorados, dando origem à mitologia. Conforme sua esfera
de influência, eram tidos como "deus da pecuária", "deus das
artes", "deus do vinho", etc.
2) De que modo o Espiritismo pode
auxiliar o homem no exercício da mediunidade?
R - Sendo a mediunidade uma disposição
orgânica, tanto pode servir aos que se dedicam à prática do bem quanto aos
dedicados ao mal, tanto aos sábios como aos ignorantes. Com o propósito de
conduzir a sua prática no sentido do bem é que
os Espíritos Superiores introduziram na Terra o Espiritismo, que tem
como alicerce o Evangelho, buscando incorporar os seus ensinamentos às relações
humanas. Como explica André Luiz, do mesmo modo que as intervenções cirúrgicas
transplantam tecidos, visando a melhoria das condições orgânicas do homem, o
Espiritismo demonstra a necessidade de que a mediunidade seja utilizada tal
qual um transplante psíquico, substituindo más tendências por pensamentos e
atos enobrecedores
3) Segundo o Autor, a mediunidade pode
ser comprovada pela ciência material? Ela pode ser suprimida?
R - A comprovação da mediunidade
através de métodos científicos utilizados pela ciência material não é possível,
pois não permite que se atenda um dos requisitos exigidos pelos pesquisadores
terrenos para considerar um comprovado um fato, que é o da repetição de um mesmo resultado. Como
não há dois médiuns iguais, embora haja semelhança quanto ao modo de atuação,
não é possível comprovar-se a faculdade mediúnica através de experiência em
laboratório.
Sendo uma faculdade inerente à própria
vida, em vão alguns pensam poder impedir a sua manifestação, alegando supostos
perigos que a sua prática pode provocar. Mesmo estes, sem o saber, ao negarem o
fenômeno mediúnico, estão se manifestando por via mediúnica, ao externarem
pensamentos que lhe são sugeridos por espíritos que os influenciam e que
desejam impedir o intercâmbio entre os dois planos de vida. Suprimir a
faculdade mediúnica sob a alegação de mau uso seria tão injustificável quanto
suprimir a visão de quem tenha dela se valido para praticar o mal. Mais justo
será esclarecer e educar essas pessoas, à luz dos ensinos de Jesus.
4) Podemos considerar a mediunidade
uma faculdade boa ou má para o progresso do espírito?
R - A mediunidade, por si só, como
todos os sentidos de que o nosso organismo físico é dotado, não é boa nem má
para o progresso do espírito. Tudo depende da maneira e dos fins com que dela
se utilizará o médium. Tanto pode trazer glórias como infortúnios para o seu
portador. Para impulsionar o espírito ao progresso, André Luiz recomenda o
"aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o
corpo espiritual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente
erigir-se em filtro leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da
Humanidade aos domínios da luz".
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