Nl04 14
Singular Episodio
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do
Espiritismo - CVDEE
Sala Nosso Lar
Livro
em estudo: Libertação
Tema:
Singular episódio
Referência:
Capítulo XIV
R E S U M O D O C A P Í T U L O
"Penetrando o compartimento em que
Margarida descansava, lá nos aguardavam os dois hipnotizadores em função ativa.
"Gúbio pousou significativo olhar em
Saldanha e pediu-lhe em tom discreto:
- Meu amigo, chegou a minha vez de rogar.
Releva-me a identificação, talvez tardia aos teus olhos, com relação ao
objetivos que nos prendem aqui.
E, denunciando imensa comoção na voz,
esclareceu:
- Saldanha, esta senhora doente é filha de
meu coração desde outras eras. Sinto por ela o enternecimento com que cuidaste,
até agora, do teu Jorge, defendendo-o com as forças de que dispões. Eu sei que
a luta te impôs acerbos espinhos ao coração, mas também guardo
sentimentos de pai. Não te merecerei, porventura, simpatia e ajuda? Somos
irmãos no devotamento aos filhos, companheiros da mesma luta.
"Saldanha enxugou os olhos, fixou-os,
humildemente, no interlocutor bondoso e asseverou, comovendo-nos:
- Ninguém me falou ainda como tu... Tuas
palavras são consagradas por uma força divina que eu não conheço, porque chegam
aos meus ouvidos quando já me encontro confundido pelos teus atos convincentes.
Faze de mim o que desejares. Adoraste, nesta noite, por filhos de teu coração
todos os parentes em cuja memória ainda vivo.
Amparaste-me o filho demente, ajudaste-me a
esposa alucinada, protegeste-me a nora infeliz, socorreste-me a neta indefesa e
repreendeste os que me perturbavam sem motivo justo... Como não enlaçar, agora,
as minhas mãos com as tuas na salvação da pobre mulher que amas por filha?
Ainda que ela própria me houvesse apunhalado mil vezes, teu pedido, após o bem
que me fizeste, redimi-la-ia ao meu olhar...
"Certo, estabelecer novo programa de
luta, em companhia do nosso dirigente, porque chamou o hipnotizador mais vivo,
a conversação particular.
Próximos de mim, a palestra
desdobrou-se clara.
- Leôncio - disse Saldanha,
entusiasmado - nosso projeto mudou e conto com a tua colaboração.
- Que houve? - indagou curiosamente o
interpelado.
- Um grande acontecimento.
E
prosseguiu, transformado.
- Temos aqui um mago da luz divina.
Em traços rápidos, narrou-lhe os
sucessos da noite, em comovedora síntese, terminando por apelar:
Poderemos contar contigo?
- Perfeitamente - esclareceu o companheiro -,
sou amigo dos amigos, não obstante os riscos da empresa.
"Mostrou Leôncio estranho brilho nos
olhos e, dirigindo-se ao ex-chefe de tortura, falou súplice:
- Escuta! Conheces meu problema. Já que foste
socorrido pelo mago, não poderei receber contribuição dele por minha vez?
Tenho na Terra a esposa seduzida e o filho à
morte.
(...)
Ante o choroso apelo, Saldanha não
hesitou:
- Bem - tornou um tanto embaraçado -, procura
o benfeitor Gúbio e expõe-lhe o caso com franqueza.
"- Em que poderemos ser úteis? - indagou
o orientador, cortês.
- Passei para cá, há longos sete anos, e
deixei no mundo minha mulher e um filhinho recém-nato. (...) De dois anos para
cá, minha infortunada Avelina passou a escutar as fantasiosas propostas de um
enfermeiro que se aproveitou da fragilidade orgânica de meu filhinho para
insinuar-se sobre o ânimo da pobre mãe, viúva e jovem. (...) Acredito que
o consórcio se realizará, dentro de breves dias, e já me resignei a semelhante
acontecimento, porque a alma encarnada respira sob teia grossa de pesadelos e
exigências, mas o perseguidor embuçado, sentindo em meu filho um concorrente
forte aos bens que amontoei, procura aniquilá-lo sem pressa, roubando-lhe,
calculado e ingrato, o ensejo de viver para um futuro digno e feliz.
"Gúbio ia responder, mas Elói tomou a dianteira
e, com imensa surpresa para nós, perguntou, sem cerimônia:
- E o nome do enfermeiro"? Quem é esse
quase infanticida?
- É Felício de...
Quando o nome de família foi
pronunciado, nosso companheiro apoiou-se em mim, para não cair.
- É meu irmão! - bradou - é meu irmão...
"(...) nosso Instrutor convidou-nos a
visitar o menino enfermo, sem perda de tempo.
(...)
Em aposentos diversos, a dona da casa e
o enfermeiro dormiam à solta, enquanto um pequeno simpático gemia, quase
imperceptivelmente, demonstrando angústia e mal-estar.
"Gúbio ausentou-se por momentos e
regressou trazendo Felício, o enfermeiro, provisoriamente desligado do
aparelho fisiológico. O rapaz, não obstante semi-inconsciente, ao avistar Elói
junto ao doentinho, procurou recuar, num impulso de evidente pavor,
mas nosso dirigente conteve-o, sem aspereza.
"Em seguida, Gúbio aplicou passes de
despertamento em Felício para que a mente dele acompanhasse a lição
daquela hora, (...) e reparando Leôncio a chorar sobre o filhinho. fez novo
movimento de recuo, interrogando embora:
- Quê? pois este monstro chora? (...) Sei
apenas que ele é para mim um inimigo implacável (...) depois passou a flagelar-me
nas horas de sono...
"- Felício, por que insistes no
condenável enredo com que preparas tão calculado crime? (...) não te comove
a prostração deste menino a quem procuras impor a morte vagarosa? Repara!
o drama de Leôncio não se resume ao conflito de um "morto",
como supões em teu perturbado raciocínio. Ausculta-lhe o coração de
pai amoroso e dedicado!
(...)
Depois de leve pausa, Gúbio continuou:
- Aproxima-te. Vem a nós, Perdeste a
capacidade de amar? Leôncio é teu amigo, nosso irmão.
"(...) Gúbio abraçou-o, ergueu-o e
disse:
- Leôncio, Jesus crê na cooperação dos homens
(...) De hoje em diante, o teu filhinho não será mais vigiado por um perseguidor
e, sim, protegido por desvelado benfeitor, digno de nosso concurso fraterno!
O enfermeiro, vencido por semelhantes
palavras, ajoelhou-se, diante de nós e jurou:
- Em nome da Justiça Divina, prometo amparar
esta criança, como verdadeiro pai!"
QUESTÕES
PARA ESTUDO
1. O presente capítulo nos mostra
múltiplos casos de obsessão. Vamos estudar um pouco esse assunto:
a) O que vem a ser obsessão?
b) Pelos exemplos narrados por André Luiz,
qual a origem do processo obsessivo?
c) Por que o instrutor Gúbio não se
utilizou de seu poder hierárquico de espírito altamente evoluído para
solucionar os casos acima vistos, se sabemos que a força dos espíritos de nível
sobre os menos evoluído é irresistível?
d) Qual o
"remédio" eficaz para o tratamento do processo obsessivo?
e) Por que Deus permite que um espírito
obsidie outro, a ponto de levá-lo a graves enfermidades?
2. Outro atributo também constantemente
presente nos episódios narrados é o perdão. Vamos também estudá-lo:
a) O que
é o perdão?
b) Por
que perdoar?
c) A quem
beneficia o perdão?
d) Qual a
visão do Espiritismo sobre o perdão?
3. Gúbio, numa demonstração de
humildade, possível somente a espíritos realmente elevados, revela suas antigas
fraquezas, e pede auxílio a Saldanha.
Não teria ele capacidade ou condições de
desenvolver o trabalho em vias de execução? Por que a participação do Saldanha
era tão relevante?
4. Onde podemos observar o "Singular episódio"
sugerido no título do capítulo? Justifique.
Conclusão:
O processo obsessivo é o tema dominante nessa
obra. Nesse capítulo, André Luiz nos traz o relato
de um episódio ocorrido durante a ação dos benfeitores espirituais
em casa de Margarida. Trata-se de uma verdadeira rede de obsessões, pelos
mais variados motivos, a exigir a atuação sempre sábia e coerente do Instrutor Gúbio.
Dentre os casos surgidos no capítulo, vamos
encontrar um que realmente justifica o título dado ao capítulo por André Luiz.
QUESTÕES
PARA ESTUDO
1. O presente capítulo nos mostra
múltiplos casos de obsessão. Vamos estudar um pouco esse assunto:
a) O
que vem a ser obsessão?
Podemos definir o fenômeno da obsessão como a
influência que um espírito, encarnado ou desencarnado, exerce sobre outro,
encarnado ou desencarnado, em graus variados, que vão desde a perturbação até a
subjugação, introduzindo-lhe na mente, através do pensamento, idéias estranhas,
que, geralmente, o levam a sofrimentos físicos ou psíquicos. Dá-se a obsessão
através da sintonia entre os dois espíritos - obsessor e obsediado -
identificados por atos e pensamentos da mesma natureza, contrários às Leis
Naturais. Trata-se, portanto, de uma via de mão dupla, que não se torna
possível sem o consentimento, ainda que involuntário, da parte obsediada.
b)
Pelos exemplos narrados por André Luiz, qual a origem do processo obsessivo?
O processo obsessivo tem a sua origem num
desejo de vingança do obsessor contra a parte obsediada. Esse desejo de
vingança é motivado por um ato do obsediado que ofendeu, física ou moralmente,
o atual obsessor. Como este ainda não evoluiu o suficiente para aprender a
perdoar, sente-se desejoso de perpetrar um ato vingativo contra o ofensor, como
forma de reparação pela agressão sofrida.
c) Por
que o instrutor Gúbio não se utilizou de seu poder hierárquico de espírito
altamente evoluído para solucionar os casos acima vistos, se sabemos que a
força dos espíritos de nível sobre os menos evoluído é irresistível?
O instrutor, de fato, poderia se utilizar de
sua força moral infinitamente superior à daqueles obsessores. Como ensinam os
Espíritos, essa força seria irresistível para aquelas entidades das trevas.
Todavia, se não procedesse à transformação dos obsessores, a causa
e a motivação da obsessão permaneceriam existindo e eles retomariam
à ação tão logo os benfeitores se afastassem. Somente pelo convencimento,
através da demonstração do poder do amor e da vantagem de se perdoar é que se
consegue afastar um obsessor, que necessita, antes de tudo, ser tratado como um
irmão amado e com compreensão.
d) Qual o "remédio" eficaz para o
tratamento do processo obsessivo?
O antídoto é o amor. Tratando o obsessor com
amor, respeito e compreensão é que se consegue convencê-lo de quão prejudicial
para si também é o seu procedimento. É preciso demonstrar que, enquanto
se dedica à obsessão, sua evolução fica estagnada, mantendo-o
afastado de Jesus, o único caminho que o levará à felicidade.
e) Por
que Deus permite que um espírito obsedei outro, a ponto de levá-lo a graves
enfermidades?
As leis de Deus são sábias. Embora
indesejável, a dor é fonte de sofrimento que, por vezes, torna-se necessário ao
despertamento do espírito para a sua correção de rumo. A obsessão, embora não
tenha sido criada por Deus, é por ele permitida como um aprendizado
para o obsediado. É um dos meios pelos quais se cumpre a lei
de ação e reação, instrumento de que Deus se utiliza para a
manutenção da harmonia do Universo.
2. Outro atributo também
constantemente presente nos episódios narrados é o perdão. Vamos também
estudá-lo:
a) O que é o perdão?
Perdoar é compreender, é entender, aceitar
com humildade o erro do próximo, sem alimentar qualquer desejo de vingança
contra o ofensor. É amar os que nos ofendem, compreendendo-o como um
irmão de caminhada que está também passando por
um processo evolutivo em que estamos sujeitos a erros e acertos, através
dos quais vai se burilando até chegar à perfeição
possível.
b) Por
que perdoar?
Porque o perdão liberta, não nos torna
escravos da vingança e do ressentimento, sentimentos que envenenam o perispírito
através dos fluidos deletérios que liberam.
c) A
quem beneficia o perdão?
O perdão beneficia a ambas as partes
envolvidas na situação conflituosa, principalmente o ofendido,
que se desvinculado ao ofensor, deixando-o com seu erro e sua
dívida para com a lei de ação e reação.
d) Qual a visão do Espiritismo sobre o
perdão?
O Espiritismo, nos ensina, ratificando o
ensinamento de Jesus, que o perdão é um ato que somente traz benefícios
a quem o pratica. O mal praticado e o ódio que dele possa resultar àquele que o
sofre criam um vínculo entre ambos - ao que pratica e ao que não
perdoa - através de laços fluídicos deletérios, que geram uma troca de energias
negativas. Aquele que perdoa, assim como aquele que roga o perdão, com essa atitude,
libera-se desse vínculo, deixando ao outro, que persiste na situação, toda a
energia negativa. Não foi outro o motivo por que Jesus, ao ser indagado por
Pedro sobre se deveria perdoar até sete vezes, respondeu-lhe que deveria se
perdoar não sete vezes, mas sete vezes setenta vezes, ou seja, sempre.
3. Gúbio, numa demonstração de
humildade, possível somente a espíritos realmente elevados, revela
suas antigas fraquezas e pede auxílio a Saldanha. Não teria ele
capacidade ou condições de desenvolver o trabalho em vias de execução?
Por que a participação de Saldanha era tão relevante?
Porque, como vimos na questão acima, para pôr
termo ao processo obsessivo é indispensável a transformação dos
obsessores. Caso contrário, a causa e a motivação da obsessão permaneceriam e
o processo seria retomado.
Com o convencimento de Saldanha, Gúbio
conseguiu operar a transformação moral do obsessor, através do socorro espiritual
que aliviou o sofrimento de seu filho. O poder do amor fez com que Saldanha
compreendesse a vantagem de perdoar, beneficiando Margarida, a assistida pelos
três benfeitores.
4. Onde podemos observar o
"Singular episódio" sugerido no título do capítulo? Justifique.
Podemos considerar como o episódio singular
que ensejou o título do capítulo o fato de um dos enfermos socorridos
estar sendo obsediado pelo irmão de Elói, um dos benfeitores espirituais. Essa
circunstância provocou no benfeitor uma grande crise emocional, ao ser
surpreendido com o fato inesperado.
Um fraternal abraço a todos.
Sala Nosso Lar
CVDEE
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