A Fé Ativa construindo uma Nova Era 12
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
Os Milagres
do Evangelho
(Allan Kardec, in “A Gênese” – cap. XV)
Curas
Ressurreições
A filha de Jairo
37. - Tendo Jesus
passado novamente, de barca, para a outra margem, logo que desembarcou, grande
multidão se lhe apinhou ao derredor. Então, um chefe de sinagoga, chamado
Jairo, veio ao seu encontro e, ao aproximar-se dele, se lhe lançou aos pés, - a
suplicar com grande instância, dizendo: Tenho urna filha que está no momento
extremo; vem impor-lhe as mãos para a curar e lhe salvar a vida.
Jesus foi com ele,
acompanhado de grande multidão, que o comprimia.
Quando Jairo ainda
falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas e lhe disseram: Tua filha está
morta; por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? - Jesus,
porém, ouvindo isso, disse ao chefe da sinagoga: Não te aflijas, crê apenas. -
E a ninguém permitiu que o acompanhasse, senão a Pedro, Tiago e João, irmão de
Tiago.
Chegando a casa do
chefe da sinagoga, viu ele uma aglomeração confusa de pessoas que choravam e
soltavam grandes gritos. - Entrando, disse-lhes ele: Por que fazeis tanto
alarido e por que chorais? Esta menina não está morta, está apenas adormecida.
- Zombavam dele. Tendo feito que toda a gente saísse, chamou o pai e mãe da
menina e os que tinham vindo em sua companhia e entrou no lugar onde a menina
se achava deitada. - Tomou-lhe a mão e disse:
Talitha cumi, isto
é: Minha filha, levanta-te, eu to ordeno. - No mesmo instante a menina se
levantou e se pôs a andar, pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados
e espantados. (S. Marcos, cap. V, vv. 21 a 43.)
Filho da viúva de Naim
38. - No dia
seguinte, dirigiu-se Jesus para uma cidade chamada Naim; acompanhavam-no seus
discípulos e grande multidão de povo. - Quando estava perto da porta da cidade,
aconteceu que levavam a sepultar um morto, que era filho único de sua mãe e
essa mulher era viúva; estava com ela grande número de pessoas da cidade. -
Tendo-a visto, o Senhor se tomou de compaixão para com ela e lhe disse: Não
chores. - Depois, aproximando-se, tocou o esquife e os que o conduziam pararam.
Então, disse ele: Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. - Imediatamente, o moço se
sentou e começou a falar. E Jesus o restituiu à sua mãe.
Todos os que
estavam presentes ficaram tomados de espanto e glorificavam a Deus, dizendo: Um
grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo. - O rumor desse
milagre que ele fizera se espalhou por toda a Judéia e por todas as regiões
circunvizinhas. (S. Lucas, cap. VII, vv. 11 a 17.)
39. - Contrário
seria às leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar à vida
corpórea um indivíduo que se achasse realmente morto. Ora, não há mister se
recorra a essa ordem de fatos, para ter-se a explicação das ressurreições que
Jesus operou.
Se, mesmo na
atualidade, as aparências enganam por vezes os profissionais, quão mais
frequentes não haviam de ser os acidentes daquela natureza, num país onde
nenhuma precaução se tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato5. É,
pois, de todo ponto provável que, nos dois casos acima, apenas síncope ou
letargia houvesse. O próprio Jesus declara positivamente, com relação à filha
de Jairo: Esta menina, disse ele, não está morta, está apenas adormecida.
Dado o poder
fluídico que ele possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante,
acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor; que haja
mesmo feito voltar ao corpo o Espírito, prestes a abandoná-lo, uma vez que o
laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela
época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia
ressurreição em casos tais; mas, o que na realidade havia era rara e não
ressurreição, na acepção legítima do termo.
40. - A ressurreição
de Lázaro, digam o que disserem, de nenhum modo infirma este princípio. Ele
estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém, que há letargias
que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal
de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos
há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso
cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos
essenciais à vida.
5Uma prova desse
costume se nos depara nos Atos dos Apóstolos, cap. V, vv. 5 e seguintes.
"Ananias, tendo ouvido aquelas palavras, caiu e rendeu o Espírito e todos
os que ouviram falar disso foram presas de grande temor. - Logo, alguns rapazes
lhe vieram buscar o corpo e, tendo-o levado, o enterraram. - Passadas umas três
horas, sua mulher (Safira), que nada sabia do que se dera, entrou. – E Pedro
lhe disse... etc. - No mesmo instante, ela lhe caiu aos pés e rendeu o
Espírito. Aqueles rapazes, voltando, a encontraram morta e, levando-a,
enterraram-na junto do marido."
E quem podia saber
que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia
ela? Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma
certeza, entretanto, podia ter. (Cap. XlV, nº 29.) 6
6 O fato seguinte
prova que a decomposição precede algumas vezes a morte. No Convento do Bom
Pastor, fundado em Toulon, pelo padre Marin, capelão dos cárceres, e destinado
às decaídas que se arrependem, encontrava-se uma rapariga que suportara os mais
terríveis sofrimentos com a calma e a impassibilidade de uma vítima expiatória.
Em meio de suas dores parecia sorrir para uma visão celestial. Como Santa
Teresa, pedia lhe fosse dado sofrer mais, embora suas carnes já se achassem em
frangalhos, com a gangrena a lhe devastar todos os membros. Por sábia
previdência, os médicos tinham recomendado que fizessem a inumação do corpo,
logo após o trespasse. Coisa singular! Mal a doente exalou o último suspiro,
cessou todo o trabalho de decomposição; desapareceram as exalações cadaverosas,
de sorte que durante 36 horas pôde o corpo ficar exposto às preces e à
veneração da comunidade.
Jesus caminha sobre a água
41. - Logo, fez
Jesus que seus discípulos tomassem a barca e passassem para a outra margem
antes dele, que ficava a despedir o povo. - Depois de o ter despedido, subiu a
um monte para orar e, tendo caído a noite, achou-se ele sozinho naquele lugar.
Entrementes, a
barca era fortemente açoitada pelas ondas, em meio do mar, por ser contrário o
vento. - Mas, na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando
por sobre o mar 7.
7 O lago de
Genesaré ou de Tiberíades.
- Quando eles o
viram andando sobre o mar, turbaram-se e diziam: É um fantasma e se puseram a
gritar amedrontados. Jesus então lhes falou dizendo: Tranquilizai-vos, sou eu,
não tenhais medo.
Pedro lhe
respondeu: Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro, caminhando sobre
as águas. Disse-lhe Jesus: Vem. Pedro, descendo da barca, caminhava sobre a
água, ao encontro de Jesus. Mas, vindo um grande vento, ele teve medo; e como
começasse a submergir, clamou: Senhor, salva-me. Logo, Jesus, estendendo-lhe a
mão, disse:
Homem de pouca fé!
Por que duvidaste? - E, tendo subido para a barca, cessou o vento. - Então, os
que estavam na barca, aproximando- se dele o adoraram, dizendo: És
verdadeiramente filho de Deus, (S. Mateus, cap. XIV, vv. 22 a 33.)
42. - Este
fenômeno encontra explicação natural nos princípios acima expostos, cap. XIV,
nº 43.
Exemplos análogos
provam que ele nada tem de impossível, nem de miraculoso, pois que se produz
sob a ação das leis da Natureza. Pode operar-se de duas maneiras.
Jesus, embora
estivesse vivo, pôde aparecer sobre a água, com uma forma tangível, estando
alhures o seu corpo. É a hipótese mais provável. Fácil é mesmo descobrir-se na
narrativa alguns sinais característicos das aparições tangíveis. (Cap. XIV, nos
35 a 37.)
Por outro lado,
também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e neutralizada a sua
gravidade pela mesma força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de
apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos.
Transfiguração
43. - Seis dias
depois, tendo chamado de parte a Pedro, Tiago e João, Jesus os levou consigo a
um alto monte afastado 8 e se transfigurou diante deles. - Enquanto orava,
seu rosto pareceu inteiramente outro; suas vestes se tornaram brilhantemente
luminosas e brancas qual a neve, como não há pisoeiro na Terra que possa fazer
alguma tão alva. - E eles viram aparecer Elias e Moisés, a entreter palestra
com Jesus.
8 O Monte Tabor, a
sudoeste do lago de Tabarich e a 11 quilômetros a sudeste de Nazaré, com cerca
de 1.000 metros de altura.
Então, disse Pedro
a Jesus: Mestre, estamos bem aqui; façamos três tendas: uma para ti, outra para
Moisés, outra para Elias. - É que ele não sabia o que dizia, tão espantado
estava.
Ao mesmo tempo,
apareceu uma nuvem que os cobriu; e, dessa nuvem, uma voz partiu, fazendo ouvir
estas palavras: Este é meu Filho bem-amado; escutai-o.
Logo, olhando para
todos os lados, a ninguém mais viram, senão a Jesus, que ficara a sós com eles.
Quando desciam do
monte, ordenou-lhes ele que a ninguém falassem do que tinham visto, até que o
Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. - E eles conservaram em segredo
o fato, inquirindo uns dos outros o que teria ele querido dizer com estas
palavras: Até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dentre os mortos. (S.
Marcos, cap. IX, vv. 1 a 9.)
44. - É ainda nas
propriedades do fluido perispirítico que se encontra a explicação deste fenômeno.
A transfiguração, explicada no cap. XIV, nº 39, é um fato muito comum que, em
virtude da irradiação fluídica, pode modificar a aparência de um indivíduo;
mas, a pureza do perispírito de Jesus permitiu que seu Espírito lhe desse
excepcional fulgor. Quanto à aparição de Moisés e Elias cabe inteiramente no
rol de todos os fenômenos do mesmo gênero. (Cap. XIV, nos 35 e seguintes.)
De todas
faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar estranha às condições da
humanidade e que se não encontre comumente nos homens, porque estão todas na
ordem da Natureza. Pela superioridade, porém, da sua essência moral e de suas
qualidades fluídicas, aquelas faculdades atingiam nele proporções muito acima
das que são vulgares. Posto de lado o seu envoltório carnal, ele nos patenteava
o estado dos puros Espíritos.
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