O
LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
ALLAN KARDEC
por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO X
NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES
COMUNICAÇÕES GROSSEIRAS, FRÍVOLAS, SÉRIAS OU
INSTRUTIVAS.
Estudo 47 - Item 133
No estudo da natureza das comunicações relembramos
que todo efeito que revela na sua causa um ato de vontade livre, por mais
insignificante que este seja, denuncia através dele uma coisa inteligente,
caracterizando um caráter intencional. Se essa manifestação responde a um
pensamento, se desenvolve e permite uma troca contínua e regular de idéias,
então já não se trata de simples manifestações inteligentes, mas de verdadeiras
comunicações.
Para analisar a natureza das comunicações,
utiliza-se Allan Kardec da escala espírita, que mostra a
infinita variedade de Espíritos no tocante à inteligência e à moralidade e
permite identificar as diferenças existentes em suas comunicações. Refletem a
elevação ou inferioridade de suas idéias, seu saber ou sua ignorância, seus
vícios e suas virtudes; assemelham-se às dos encarnados, desde o mais selvagem
ao mais esclarecido. Então, vejamos a seguir o texto de O
Livro dos Espíritos:
Escala espírita
Observações preliminares: A classificação dos
Espíritos é baseada no grau de seu adiantamento, nas qualidades que adquiriram
e nas imperfeições de que ainda devam se livrar. Essa classificação não tem
nada de absoluto. Cada categoria apenas apresenta um caráter nítido em seu
conjunto, mas de um grau a outro a transição é insensível e nos extremos as
diferenças se apagam como nos reinos da natureza.
Os Espíritos admitem geralmente três categorias
principais ou três grandes divisões. Na última, a que está no início da escala,
estão os Espíritos imperfeitos, caracterizados pela predominância da matéria
sobre o Espírito e pela propensão ao mal.
Os da segunda são caracterizados pela predominância
do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem: esses são os bons Espíritos.
Os da primeira categoria atingiram o grau supremo da perfeição: são os
Espíritos puros.
Essa divisão nos parece perfeitamente racional e
apresenta características bem definidas.
Só nos faltava ressaltar, mediante um número
suficiente de subdivisões, as diferenças principais do conjunto. Foi o que
fizemos com o auxílio dos Espíritos, cujas instruções benevolentes nunca nos
faltaram.
Com o auxílio desse quadro será fácil determinar a
categoria e o grau de superioridade ou inferioridade dos Espíritos com os quais
podemos entrar em contato e, por conseguinte, o grau de confiança e de estima
que merecem. É de certo modo a chave da ciência espírita, visto que apenas ele
pode nos explicar as anomalias, as diferenças que apresentam as comunicações,
ao nos esclarecer sobre as desigualdades intelectuais e morais dos Espíritos.
Observaremos, todavia, que nem sempre os Espíritos pertencem exclusivamente a
esta ou aquela classe. Seu progresso apenas se realiza gradualmente e, muitas
vezes, mais num sentido do que em outro, e podem reunir as características de
mais de uma categoria, o que se pode notar por sua linguagem e seus atos.
Terceira ordem - Espíritos
imperfeitos
Características gerais - Predominância da
matéria sobre o Espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e
todas as más paixões que são suas consequências.
Eles têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.
Nem todos são essencialmente maus. Entre alguns há
mais leviandade, inconseqüência e malícia do que verdadeira maldade. Alguns não
fazem o bem nem o mal; mas, apenas pelo fato de não fazerem o bem, já
demonstram sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal e ficam
satisfeitos quando encontram a ocasião de o fazer.
Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia;
mas qualquer que seja seu desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco
elevadas e seus sentimentos mais ou menos inferiores.
Seus conhecimentos sobre as coisas do mundo
espírita são limitados e o pouco que sabem se confunde com as idéias e os
preconceitos da vida corporal. Eles podem nos dar apenas noções falsas e
incompletas, mas o observador atento encontra, muitas vezes, em suas
comunicações imperfeitas, a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos
Espíritos Superiores.
Seu caráter se revela pela sua linguagem. Todo
Espírito que em suas comunicações revela um mau pensamento pode ser
classificado na terceira ordem. Por conseqüência, todo mau pensamento que nos é
sugerido vem de um Espírito dessa ordem.
Eles vêem a felicidade dos bons e isso é, para
eles, um tormento incessante, porque sentem todas as agonias que originam a
inveja e o ciúme.
Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos
da vida corporal e essa impressão é, muitas vezes, mais dolorosa do que a
realidade. Sofrem, verdadeiramente, pelos males que suportaram em vida e pelos
que fizeram os outros sofrer. E como sofrem por longo tempo, acreditam que irão
sofrer para sempre. A Providência, para puni-los, permite que assim pensem.
Pode-se dividi-los em cinco classes principais:
Décima classe. Espíritos Impuros - São inclinados ao
mal e fazem dele o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão conselhos
falsos, provocam a discórdia e a desconfiança e se mascaram de todas as formas
para melhor enganar. Eles se ligam às pessoas de caráter mais fraco, que cedem
às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos em poder retardar o seu
adiantamento e fazê-las fracassar nas provas por que passam.
Nas manifestações, esses espíritos são reconhecidos
pela linguagem. A trivialidade e a grosseria das expressões, entre os Espíritos
como entre os homens, é sempre um indício de inferioridade moral ou
intelectual. Suas comunicações revelam a baixeza de suas inclinações e, se
tentam enganar ao falar de uma maneira sensata, não podem sustentar esse papel
por muito tempo, e acabam sempre por denunciar a sua origem.
Alguns povos fizeram desses Espíritos divindades
malfazejas; outros os designaram sob o nome de demônios, maus gênios, espíritos
do mal.
Quando estão encarnados, são inclinados a todos os
vícios que geram as paixões vergonhosas e degradantes: a sensualidade, a
crueldade, a mentira, a hipocrisia, a cobiça e a avareza sórdida. Fazem o mal
pelo prazer de fazê-lo e, muitas vezes, sem motivos e por ódio ao bem, escolhem
quase sempre suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a humanidade,
seja qual for a posição da sociedade a que pertençam, e o verniz da civilização
não os livra da baixeza e da desonra.
Nona classe. Espíritos Levianos - São ignorantes,
maliciosos, inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo,
sem se preocupar com a verdade. Comprazem-se em causar pequenos desgostos e
pequenas alegrias, atormentar e induzir maliciosamente ao erro por meio de
mistificações e espertezas. A esta classe pertencem os Espíritos vulgarmente
designados sob os nomes de duendes, gnomos, diabretes. Estão sob a dependência
dos Espíritos Superiores, que se utilizam deles, muitas vezes, como fazemos com
os nossos servidores.
Nas suas comunicações com os homens, a linguagem é
algumas vezes espirituosa e engraçada, mas quase sempre sem profundidade.
Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas mordazes
e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais para se divertir conosco do que por
maldade.
Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios - Seus conhecimentos são bastante amplos, mas
acreditam saber mais do que sabem na realidade. Tendo realizado alguns
progressos sob diversos pontos de vista, sua linguagem tem uma característica
séria que pode induzir ao erro e ocasionar enganos sobre suas capacidades e
seus conhecimentos. Mas isso é apenas um reflexo dos preconceitos e das ideias
sistemáticas que conservam da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades
ao lado dos erros mais absurdos, no meio dos quais sobressai a presunção, o
orgulho, a inveja e a obstinação das quais não puderam se libertar.
Sétima classe. Espíritos Neutros - Não são bastante bons para
fazer o bem, nem suficientemente maus para fazer o mal. Inclinam-se tanto para
um quanto para o outro e não se elevam acima da condição comum da humanidade,
tanto pela moral quanto pela inteligência. Eles se prendem às coisas deste
mundo e lamentam a perda das alegrias grosseiras que nele deixaram.
Sexta classe. Espíritos Batedores e Perturbadores - Estes
Espíritos não formam, propriamente falando, uma classe distinta quanto às
qualidades pessoais, podendo pertencer a todas as classes da terceira ordem.
Manifestam, frequentemente, sua presença por efeitos sensíveis e físicos, como
pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos corpos sólidos, a agitação
do ar, etc. Parecem estar ainda, mais do que outros, ligados à matéria e ser os
agentes principais das variações e transformações das forças e elementos da
natureza no globo, seja ao atuarem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros
ou nas entranhas da terra. Reconhece-se que esses fenômenos não se originam de
uma causa imprevista e física, quando têm um caráter intencional e inteligente.
Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, mas os de ordem elevada os
deixam, geralmente, como atribuições dos subalternos, mais aptos às coisas
materiais do que às da inteligência. Quando julgam que essas manifestações são
úteis, servem-se dos Espíritos dessa classe como seus auxiliares.
Segunda ordem - Bons Espíritos
Características gerais - Predominância do Espírito
sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poder para fazer o bem estão
em conformidade com o grau que alcançaram. Uns têm a ciência; outros, a
sabedoria e a bondade. Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais.
Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam mais ou menos, de
acordo com sua categoria, os traços da existência corporal, tanto na forma da
linguagem quanto nos costumes, entre os quais se identificam algumas de suas
manias. Não fosse por isso, seriam Espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já gozam da
felicidade dos bons; são felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O
amor que os une é uma fonte de felicidade indescritível que não é alterada pela
inveja, pelo remorso, nem por nenhuma das más paixões que fazem o tormento dos
Espíritos imperfeitos. Mas todos ainda têm que passar por provas até que
atinjam a perfeição absoluta.
Como Espíritos, sugerem bons pensamentos, desviam
os homens do caminho do mal, protegem a vida daqueles que se tornam dignos e
neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre os que não têm por que
passar por ela.
Quando encarnados são bons e benevolentes com os
seus semelhantes. Não são movidos pelo orgulho, egoísmo, nem ambição. Não
sentem ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
A esta ordem pertencem os Espíritos designados nas
crenças populares pelos nomes de gênios bons, gênios protetores, Espíritos do
bem. Nos tempos de superstições e ignorância, foram tidos como divindades
benfazejas.
Pode-se dividi-los em quatro grupos principais:
Quinta classe. Espíritos Benevolentes - Sua qualidade dominante é
a bondade; satisfazem-se em prestar serviços aos homens e em protegê-los, mas
seu saber é limitado. Seu progresso é maior no sentido moral do que no intelectual.
Quarta classe. Espíritos Prudentes ou Sábios - O que os distingue
especialmente é a abrangência de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as
questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão. Mas
consideram a ciência somente do ponto de vista da utilidade, livre das paixões
que são próprias dos Espíritos imperfeitos.
Terceira classe. Espíritos de Sabedoria - As qualidades morais do
mais elevado grau formam seu caráter. Sem ter conhecimentos ilimitados, são
dotados de uma capacidade intelectual que lhes dá um julgamento preciso e sábio
sobre os homens e as coisas.
Segunda classe. Espíritos Superiores - Reúnem a ciência, a
sabedoria e a bondade. Sua linguagem revela sempre a benevolência e é
constantemente digna, elevada, muitas vezes sublime. Sua superioridade os torna
mais aptos que os outros para nos dar noções mais justas sobre as coisas do
mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem conhecer.
Comunicam-se benevolentemente com os que procuram de boa-fé a verdade e que têm
a alma já liberta dos laços terrestres para compreendê-la. Mas se afastam dos
que são movidos apenas pela curiosidade ou dos que a influência da matéria
desvia da prática do bem.
Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para
realizar uma missão de progresso e nos oferecem, então, o modelo de perfeição a
que a humanidade pode aspirar neste mundo.
Primeira ordem - Espíritos Puros
Características gerais - Não sofrem nenhuma
influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta em relação
aos Espíritos das outras ordens.
Primeira classe. Classe Única - Passaram por todos os graus da escala e se
libertaram de todas as impurezas da matéria. Tendo atingido o mais elevado grau
de perfeição de que é capaz a criatura, não têm mais que sofrer provas nem
expiações. Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis, a
vida é para eles eterna e a desfrutam no seio de Deus.
Gozam de uma felicidade inalterável por não estarem
sujeitos nem às necessidades, nem às variações e transformações da vida
material. Mas essa felicidade não é de uma ociosidade monótona passada numa
contemplação perpétua. São os mensageiros e ministros de Deus, cujas ordens
executam para a manutenção da harmonia universal. Comandam todos os Espíritos
que lhes são inferiores, ajudando-os a se aperfeiçoarem e lhes designam
missões. Assistir os homens em suas aflições, incitá-los ao bem ou à expiação
das faltas que os afastam da felicidade suprema é para eles uma agradabilíssima
ocupação. São chamados, às vezes, de anjos, arcanjos ou serafins.
Os homens podem entrar em comunicação com eles, mas
presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens.
Transcrevemos aqui a escala espírita porque
entendemos ser necessário o seu estudo para compreender a classificação das
comunicações feita por Allan Kardec, em: grosseiras, frívolas, sérias,
instrutivas. Quando analisamos a escala espírita percebemos as diversas
personalidades humanas; assim somos nós, Espíritos cujo grau de inteligência e
moralidade transparece em nossas comunicações, independentemente de estarmos ou
não desencarnados.
No próximo estudo veremos a classificação das comunicações espíritas.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. Ed. São
Paulo: FEESP, 1989 - Cap X - 2ª Parte.
O Livro dos Espíritos: ed. especial Capivari: EME,
1997 - Livro II - Cap I - VI.
Tereza Cristina D'Alessandro
Junho / 2005
Centro
Espírita Batuira
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