A Fé Ativa construindo uma Nova Era 7
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
A Fé Transporta Montanhas (Allan Kardec, in “O
Evangelho Segundo o Espiritismo” – cap. XIX)
Parábola da figueira que secou
8. Quando saiam de Betânia, ele teve fome; e,
vendo ao longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma
coisa; tendo-se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de
figos. Então, disse Jesus à figueira: Que ninguém coma de ti fruto algum, o que
seus discípulos ouviram. - No dia seguinte, ao passarem pela figueira, viram
que secara até á raiz. - Pedro, lembrando-se do que dissera Jesus, disse:
Mestre, olha como secou a figueira que tu amaldiçoaste. - Jesus, tomando a
palavra, lhes disse: Tende fé em Deus. - Digo-vos, em verdade, que aquele que
disser a esta montanha: Tira-te daí e lança-te ao mar, mas sem hesitar no seu
coração, crente, ao contrário, firmemente, de que tudo o que houver dito
acontecerá, verá que, com efeito, acontece. (S. MARCOS, cap. Xl, vv. 12 a 14 e
20 a 23.)
9. A figueira que
secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em
realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que
solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos
ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial
para os corações. E de perguntar-se que proveito tiraram delas os que as
escutaram.
Simboliza também
todos aqueles que, tendo meios de ser úteis, não o são; todas as utopias, todos
os sistemas ocos, todas as doutrinas carentes de base sólida. O que as mais das
vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que abala as fibras do
coração, a fé, numa palavra que transporta montanhas. São árvores cobertas de
folhas porém, baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade,
porquanto dia virá em que se acharão secas até à raiz. Quer dizer que todos os
sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem
produzido, cairão reduzidas a nada; que todos os homens deliberadamente
inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão
tratados como a figueira que secou.
10. Os médiuns são
os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos
materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de
faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes
uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento
espiritual a seus irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento;
há-os por toda a parte, em todos os países em todas as classes da sociedade,
entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em
nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são
chamados. Se porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade
que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a
põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus
frutos se se recusam a utilizá-la em benefício dos outros, se nenhum proveito
tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus
lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer
que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.
A fé: mãe da esperança e da caridade
11. Para ser
proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as
virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento
dos filhos que gerou.
A esperança e a
caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é
a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não
tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual
será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?
Inspiração divina,
a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a
base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável,
porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar que será do edifício que sobre ela
construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces
inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos
incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé
verdadeira.
A fé sincera é
empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não
desejariam tê-la.
Encontra palavras
persuasivas que vão à alma, ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras
que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé,
para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes
demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes
dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de
enfrentar todas as vicissitudes da vida.
Tende, pois, a fé,
com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua
racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai
a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo
porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que
vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai
sem desfalecimento: os milagres são obras da fé. - José, Espírito protetor.
(Bordéus, 1862.)
A fé humana e a divina
12. No homem, a fé
é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das
faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado
latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua
vontade.
Até ao presente, a
fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou
como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma
religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por
esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de
querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os
apóstolos não operaram milagres, seguindo- lhe o exemplo? Ora, que eram esses
milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam,
mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e
do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou
divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades
terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se
lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque
sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta
imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher
de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da
felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de
caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendures
que se não chegue a vencer.
O Magnetismo é uma
das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e
produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é
humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força
que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam
capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no
entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito
Protetor. (Paris, 1863.)
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