O
LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
por
ALLAN KARDEC
Contém
o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XI
SEMATOLOGIA E TIPTOLOGIA
Estudo 49 - Itens 139 a 145
A sematologia ou linguagem dos sinais e a tiptologia que é a linguagem das pancadas foram os meios de
comunicações utilizados pelos Espíritos para fazerem as primeiras manifestações
inteligentes. Utilizava-se, então, mesinha redonda, com um eixo central como
pé, de cuja extremidade saiam três pés recurvos. Era um meio primitivo e
oferecia recursos muito limitados, sendo que as comunicações obtidas por esse
meio se reduziam às respostas monossilábicas por sim ou não, através de um número convencionado de golpes. Os
golpes eram produzidos duas maneiras, por médiuns com aptidão para
manifestações físicas.
A primeira chamada tiptologia basculante, consistia no movimento da mesa que se elevava de
um lado e cai batendo um pé. Para isso era necessário que o médium pousasse as
mãos na borda da mesa e, caso quisesse conversar com determinado Espírito, era
necessário fazer a evocação. Caso contrário manifestava-se o que chegasse
primeiro ou que estivesse habituado a fazê-lo. Convencionava-se, por exemplo,
um golpe para o sim e dois para o não.
Notava-se quando empregado esse meio que o Espírito
comunicante usava também de uma espécie de mímica, isto é, exprimia a energia
da afirmação ou da negação pela força das pancadas. Também exprimia a natureza
dos sentimentos que o animavam: a violência, por movimentos bruscos; a cólera e
a impaciência, batendo repetidamente fortes pancadas, como uma pessoa que bate
arrebatadamente com os pés, chegando às vezes a atirar ao chão a mesa. Se era
amável e delicado, inclinava, no começo e no fim da sessão, a mesa, à guisa de
saudação. Se queria dirigir-se diretamente a um dos assistentes, para ele
encaminhava a mesa com brandura, ou violência, conforme desejava
testemunhar-lhe afeição ou antipatia.
Relata Allan Kardec um exemplo ocorrido em sua sala
de visitas, onde muitas pessoas se ocupavam com as manifestações, e um senhor
do seu conhecimento recebeu uma carta sua. Enquanto a lia, a mesa que servia
para as experiências veio repentinamente colocar-se-lhe ao lado. Concluída a
leitura da carta, ele a foi colocar sobre uma outra mesa, do lado oposto da
sala. Aquela mesa o acompanhou e se dirigiu para onde estava a carta.
Surpreendido com essa coincidência, calculou o destinatário da carta que entre
esta e aquele movimento havia alguma relação e interrogou a respeito o
Espírito, que respondeu ser um Espírito familiar do Codificador. Informado do
ocorrido, perguntou Allan Kardec a esse Espírito qual o motivo da visita que
fizera àquele senhor. A resposta foi: "É natural que eu visite as pessoas
com que te achas em relações, a fim de poder, se for preciso, dar-te, assim
como a elas, os avisos necessários". Afirma Allan Kardec que era, pois,
evidente que o Espírito quisera chamar a atenção da pessoa referida e procurava
uma ocasião de cientificá-la de que estava lá.
A tiptologia aperfeiçoou-se, transformando-se na tiptologia
alfabética, que consistia em fazer indicar as letras por meio
de pancadas, cuja quantidade correspondia a uma determinada letra, ou seja: uma
pancada para a, duas para b e assim por diante, enquanto alguém registrava as
letras indicadas. Esse procedimento era muito demorado e levou ao emprego de um
alfabeto e uma série de números que eram apontados enquanto o médium
movimentava a mesa sob a ação do Espírito comunicante.
Outra forma de se produzir as pancadas era através
da tiptologia interna, isto é, através de golpes dados no interior da madeira
da mesa, sem qualquer movimento exterior, conforme vimos no estudo de Junho/03: itens 60 a 64 -
Cap. II Manifestações Físicas e Mesas Girantes.
Afirma Allan Kardec que apesar de todos os
aperfeiçoamentos introduzidos nesses sistemas, eles jamais poderiam atingir a
rapidez e a facilidade da escrita, pelo que se deixou de usá-los. Torna-se
interessante aos novatos interessados pelos aspectos fenomênicos, mas relembra
que os Espíritos não gostam de submeter-se ao capricho de curiosos que desejam
pô-los à prova com perguntas fora de propósito.
Diz ainda o Codificador que, com o objetivo de
garantir a independência ao pensamento do médium, imaginaram-se diversos
instrumentos em forma de quadrantes, sobre os quais se traçam as letras, à
maneira dos quadrantes do telégrafo elétrico.
Uma agulha móvel, que a influência do médium põe em
movimento, mediante um fio condutor e uma polia, indica as letras. Esses
instrumentos são conhecidos através de desenhos e descrições que foram
publicados na América. Nada, pois, podemos dizer do valor deles; mas parece que
a complicação é um inconveniente; que a independência do médium se comprova
perfeitamente pelas pancadas interiores e, ainda melhor, pelo imprevisto das
respostas, do que por todos os meios materiais. Por outro lado, os incrédulos,
sempre dispostos a ver por toda parte artifícios e arranjos, desconfiarão muito
mais de um mecanismo especial do que de uma mesinha desprovida de qualquer
acessório.
É preciso desfazer-se um erro comum: o de confundirem-se
com os Espíritos batedores todos os Espíritos que se comunicam por meio de
pancadas. A tiptologia constitui um meio de comunicação como qualquer outro, e
que não é, mais do que o da escrita, ou da palavra, indigno dos Espíritos
elevados. Todos os Espíritos, bons e maus, podem servir-se dele, como dos
diversos outros existentes. O que caracteriza os Espíritos superiores é a
elevação das idéias e não o instrumento de que se utilizem para exprimi-las.
Sem dúvida, eles preferem os meios mais cômodos e, sobretudo, mais rápidos;
mas, em falta de lápis e papel, não terão escrúpulos em usar a vulgar
mesa-falante e a prova é que, por esse meio, se obtém os mais sublimes ditados.
Se dele não nos servimos, não é porque o consideremos desprezível, porém unicamente
porque, como fenômeno, já nos ensinou tudo o que podíamos saber, nada mais lhe
sendo possível acrescentar às nossas convicções, e porque a extensão das
comunicações que recebemos exige uma rapidez com a qual é incompatível a
tiptologia.
Assim, pois, nem todos os Espíritos que se
manifestam por pancadas são batedores.
Este qualificativo deve ser reservado para os que
poderíamos chamar batedores de profissão e que, por este meio, se divertem em
pregar peças, para divertimentos de umas tantas pessoas, em aborrecer com as
suas importunações. Pode-se esperar que algumas vezes ditos espirituosos;
porém, coisas profundas, nunca. Seria, conseguintemente, perder tempo
formular-lhes questões de certo porte científico, ou filosófico. A ignorância e
a inferioridade que lhes são peculiares deram motivo a que, com justeza, os
outros Espíritos os qualificassem de palhaços, ou saltimbancos do mundo
espírita. Acrescentemos que, além de agirem quase sempre por conta própria,
também, freqüentemente, são instrumentos de que lançam mão os Espíritos
superiores, quando querem produzir efeitos materiais.
Concluímos o estudo do capítulo XI transcrevendo
nota do tradutor, o Prof. José Herculano Pires: "Muitos
outros meios de comunicação foram inventados na Europa e na América, o que
atesta a naturalidade e constância das relações entre os Espíritos e os Homens.
Aparelhos complicados foram e continuam a ser inventados. Alguns cientistas e
curiosos procuram descobrir meios mecânicos, elétricos, eletrônicos e outros de
comunicação direta com os Espíritos. Mas, como Kardec acentua no capítulo
acima, essas complicações têm utilidade relativa e aumentam a desconfiança dos
céticos. Dispensar a mediunidade, excluir o intermediário humano é outra
preocupação de pessoas interessadas no aspecto puramente científico do
Espiritismo. Mas as comunicações dependem como a Doutrina esclarece, da
inter-relação psíquica, de Espírito a Espírito, através dos elementos
constitutivos do perispírito. As máquinas só podem servir como instrumentos
acionados por médiuns. E a independência do Espírito comunicante se prova
melhor através dos meios naturais de comunicação, como acentua Kardec. É o
aperfeiçoamento do homem como médium, e não o aprimoramento dos processos ou a
invenção de máquinas para comunicação, o que tornará cada vez mais evidente a
existência e comunicabilidade dos Espíritos".
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Médiuns: 2.
Tereza
Cristina D'Alessandro
Agosto
/ 2005
Centro
Espírita Batuira
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