EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – IV
POR ALLAN KARDEC
INTRODUÇÃO: AUTORIDADE DA DOUTRINA
ESPÍRITA
CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS
ESPÍRITOS
Kardec inicia dizendo
que se a doutrina espírita fosse obra de um só homem, ela teria as luzes de um
só homem, portanto seria falha. Se, por outro lado, os Espíritos a houvessem
revelado a um só homem, que garantia se teria de sua autenticidade?
Da forma como os
Espíritos se manifestaram, em todas as partes do mundo, utilizando-se de muitos
e muitos médiuns, independente da nacionalidade, da crença religiosa, do grau
de instrução, da classe social deixou claro que esses ensinos vieram de um
plano mais elevado, não sendo, portanto, obra de homens.
E Kardec escreve: “Era
necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à
fraternidade, pois se não se colocasse em terreno neutro, teria mantido as
dissenções, em lugar de apaziguá-las "
Destaca-se assim o
caráter da universalidade dos ensinos do espiritismo, fortalecendo-o e sendo a
causa de sua rápida propagação, pois foram milhares de vozes fazendo-se ouvir,
simultaneamente, proclamando os mesmos princípios, tanto aos mais sábios quanto
aos mais ignorantes.
A força, a autoridade
do espiritismo está pois, nessa universalidade de seus ensinos, que lhe é
também causa de sua rápida propagação e a garantia contra cismas que poderiam
suscitar, por causa da ambição de alguns ou pelas contradições de certos
Espíritos.
O fato desses ensinos
terem sido revelados por muitos e muitos Espíritos, em toda parte, por muitos e
muitos médiuns, fortalece a veracidade deles e demonstram a qualidade
espiritual da equipe organizadora desta revelação.
É garantia espiritual
contra divergências, que poderiam e podem provocar divisões, porque qualquer
explicação ou interpretação nova de algum ponto doutrinário, vinda de um autor
espiritual ou encarnado, ainda que seja de nomes respeitáveis, só será aceita
se houver a concordância de outros Espíritos de ordem elevada, através de
outros médiuns.
E Kardec escreve
sobre as características dos Espíritos, que são as mesmas dos encarnados, pois
são as almas que já viveram na Terra. Eles também estão longe de conhecer,
individualmente, toda a verdade; seu saber é limitado, proporcional ao seu grau
evolutivo; há entre eles os presunçosos, os pseudo-sábios, ambiciosos e
embusteiros.
Daí que " para
tudo o que está fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que alguém
possa obter são de caráter individual, sem autenticidade, e devem ser
consideradas como opiniões deste ou daquele Espírito, sendo imprudência
aceitá-las e propagá-las, levianamente, como verdades absolutas."
Mas como distinguir a
verdade da impostura? Como saber se o que tal Espírito diz é verdadeiro ou falso?
Kardec apresenta dois
controles. O primeiro é o da razão, que deve estar sempre analisando tudo o que
vem dos Espíritos. Tudo aquilo que contradiz com o bom-senso, com uma lógica
rigorosa e com os dados que se possui," por mais respeitável que seja o
nome que a assina deve ser rejeitada". O segundo, evitando interpretações
pessoais, Kardec aconselha a necessidade de conversação, do aconselhamento
entre os espíritas, observando sempre a opinião da maioria, no tocante às
revelações dos Espíritos.
A concordância pois,
nesses ensinos é o seu controle, mas ainda assim é necessário que esse controle
aconteça em certas condições ou seja, que as revelações sejam feitas,
espontaneamente, sem evocações e indagações, através de um grande número de
médiuns, estranhos uns aos outros, em diversos lugares.
Assim fez Kardec.
Recebeu milhares de comunicações, vindas de muitos países, de mil centros
espíritas e, usando o crivo da razão, percebendo a
concordância entre eles e com a assistência dos Espíritos Superiores codificou
a doutrina sublime que nos esclarece o porto no qual vamos chegar, indica o
caminho a ser percorrido, como percorrê-lo no conhecimento das leis divinas.
"Esse controle
universal é uma garantia para a unidade futura do espiritismo e anulará todas
as teorias contraditórias. É nele que no futuro, se procurará o critério da
verdade."
Graças a Deus e a
esse critério, tão bem enunciado por Kardec é que o espiritismo continua sem
alteração em nada do que ele escreveu.
Transforma- se sim, a
interpretação, o entendimento, cada vez maior em quem se propõe a estudá-lo com
perseverança e dedicação, procurando interpretar as situações, os
acontecimentos da vida segundo esses ensinos. Percebe-se então, a veracidade, a
sublimidade, a racionalidade dos mesmos e, o entendimento se amplia em
profundidade e em extensão.
"O que
determinou o sucesso da doutrina formulada em O Livro de Espíritos e em O Livro
dos Médiuns foi que por toda parte, cada qual pode receber, diretamente dos
Espíritos a confirmação do que eles afirmavam. “...”Assim acontecerá com todas
as idéias emanadas dos Espíritos ou dos homens que puderem suportar a prova
desse controle cujo poder ninguém pode contestar."
Alerta Kardec sobre a
necessidade de prudência nas publicações de instruções dadas pelos Espíritos
sobre pontos da doutrina não esclarecidos, e no caso de publicações, que elas
devam ser publicadas como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, mas
tendo necessidade de confirmação.
Há hoje, publicações
sobre temas não explícitos na doutrina que podemos classificar seus autores,
espirituais ou encarnados, em dois tipos: 1) autores que os apresentam, com
seus argumentos, como hipóteses prováveis; 2) autores que apresentam suas opiniões
como verdades. Nessa observação já se pode definir o sério do leviano. Cabe
pois, ao leitor e ao estudioso da doutrina analisar, usando os critérios que
Kardec usou. Ele continua sendo o modelo de quem quer conhecer o espiritismo.
Sua metodologia continua sendo válida para todos que aspiram conhecê-la e viver
de acordo com seus princípios.
Em O Livro dos
Médiuns, capítulo XX item 230, o Espírito Erasto nos alerta: "É preferível
rejeitar dez verdades do que aceitar uma mentira.".
Esclarece ainda Kardec,
nessa apresentação, que os Espíritos Superiores sempre agem com extrema
prudência, abordando as grandes questões de maneira gradual," à medida que
a inteligência se torna apta a compreender as verdades de uma ordem mais
elevada e que as circunstâncias são próprias para a emissão de uma idéia
nova."
Assim pois, a
universalidade dos ensinos dos Espíritos é o preventivo e o remédio contra
alterações, distorções, opiniões individuais que possam prejudicar a pureza
doutrinária ou ocasionar cismas ou dissensões.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Setembro / 2001
Setembro / 2001
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)
Ribeirão Preto (SP)
O CENTRO
ESPÍRITA BATUIRA esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela
Sra Leda de Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida
AUTORIZAÇÃO da família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme
registros em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.
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