EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – V
POR ALLAN KARDEC
INTRODUÇÃO lV: SÓCRATES, PLATÃO,
PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO
Estamos estudando a introdução de Kardec a este livro. Vimos os itens I: Objetivo da obra e o II: Autoridade da doutrina espírita. Deveríamos iniciar o estudo do item III: Notícias históricas, no qual Kardec explica o significado de determinadas palavras que aparecem nos textos evangélicos: samaritanos, nazarenos, publicanos, peageiros, fariseus, escribas, sinagoga, saduceus, essênios e terapeutas.
Considerando, porém, que este estudo é feito para um site, decidimos
fazer aquelas explicações quando os termos surgirem no texto a ser estudado ou
relacionados com ele.
Deste modo, iniciamos o item IV, com a explicação do termo essênios,
citado por Kardec no texto.
Trata-se de uma seita judaica, existente, segundo Flávio Josefo (Jerusalém,
37D.C.- Roma,100) em sua obra História dos Hebreus, desde o ano 150 A C.
A palavra essênios vem de hassidim = piedosos, que derivou para essenói
em grego e esseni em latim.
Os essênios possuíam seus próprios livros sagrados e comunidades em
vários pontos da Palestina, sempre longe das cidades, onde se dedicavam,
principalmente, à agricultura. Usavam roupas brancas, rejeitavam o sacrifício
de animais, acreditavam na ressurreição e na imortalidade da alma, com castigos
e recompensas futuras. Confiavam na providência de Deus. Eram celibatários, mas
cuidavam das crianças que lhes eram dadas para instruírem e educá-las na
virtude.
Moravam em edifícios semelhantes a mosteiros; viviam em estreita união,
usufruindo seus bens em comum, numa vida virtuosa, austera e metódica.
Flávio Josefo escreveu que a virtude dos essênios “é tão admirável que
supera de muito a dos gregos e os de outras nações, porque eles fazem disso
todo o seu empenho e preocupação, e a ela se aplicam continuamente."
Destaca também o hábito do silêncio nas comunidades essênicas;” Jamais se ouve
barulho em suas casas; nunca se vê a menor perturbação, cada qual fala por sua
vez e sua posição e seu silêncio causam respeito aos estrangeiros. Tão grande
moderação é efeito de sua contínua sobriedade; não comem, nem bebem mais do que
é necessário para o sustento da vida." Obra citada acima vol. 5 e 7,
respectivamente.
Os essênios tinham um modo de vida semelhante ao dos primeiros cristãos
e seus princípios morais "fizeram algumas
pessoas suporem que Jesus fizera parte dessa seita, antes do início de sua
missão pública. O que é certo, é que Ele devia conhecê-la, mas nada prova que
lhe fosse filiado, e tudo quanto se tem escrito a respeito é hipotético" (
Allan Kardec).
Na atualidade, os essênios têm sido citados por causa dos Manuscritos do
Mar Morto, encontrados em onze cavernas entre l947 e l956, na região de Qumran,
costa noroeste do Mar Morto.
Entrando agora no estudo do item IV, Kardec inicia dizendo que a
suposição de que Jesus conhecia a seita dos essênios, não revela que Ele
aprendera com os mesmos os ensinos que ensinou e exemplificou.
Sendo Jesus o Espírito mais perfeito que viveu na Terra e considerando
que já era perfeito quando a Terra ainda não existia, não podemos aceitar
alguém ensinando algo a Ele.
Kardec escreve dizendo que todas as grandes idéias novas que têm por
base a verdade nunca surgem de repente. Vão aparecendo devagar, através de
precursores, que vão preparando o terreno, aqui e ali, até que alguém vem com a
missão de resumir, coordenar e completar os ensinos esparsos.
Assim, as idéias cristãs não sugiram todas com Jesus. Houve precursores,
dos quais Kardec destaca como os maiores Sócrates e Platão.
Faz então, uma comparação entre alguns fatos das vidas de Sócrates e
Jesus.
Ambos nada escreveram. Ensinaram através das palavras e dos exemplos.
Seus ensinos chegaram até nós através dos seus discípulos.
Ambos foram considerados criminosos pela justiça dos poderosos da época,
condenados à morte, por haverem combatido os preconceitos religiosos, por
ensinarem verdades que poucos na época poderiam compreender.
Jesus foi acusado de corromper o povo com seus ensinos, Sócrates por
corromper a juventude, ao proclamar a unicidade de Deus, a imortalidade da alma
e a existência da vida futura.
Ressalta Kardec que essa comparação em nada diminui a grandeza da missão
divina de Jesus e que se trata de fatos históricos que não podem ficar
escondidos. " O homem atingiu um ponto
em que a luz sai por si mesma debaixo do alqueire e o encontra maduro para a enfrentar.
Tanto pior para os que temem abrir os
olhos. É chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não
mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de
castas ".
Propõe-se Kardec a provar que “se Sócrates e Platão pressentiram as
idéias cristãs, encontram-se, igualmente, na sua doutrina os princípios
fundamentais do espiritismo.
Antes, porém, vamos transcrever algo sobre Sócrates e Platão.
O primeiro nasceu em Atenas em 470 ou 469 A C. no início da fase áurea
da democracia ateniense e, filho de um escultor, Sofronisco e de uma
parteira Fenareta. Beneficiou-se da atmosfera cultural da época, das mais
brilhantes da cultura grega. Era o famoso “século de Péricles”.
"Atenas é, no tempo de
Sócrates, um ponto de convergência cultural e um laboratório de experiências
políticas, onde se firmara, pela primeira vez na história dos povos, a
tentativa de um governo democrático, exercido diretamente por todos os que
usufruíam dos direitos de cidadania."
Na preparação do indivíduo para a vida pública, importantíssimo era
ensiná-lo ao uso correto e hábil da palavra na arte da persuasão.
Sócrates acreditava ter uma missão, devido à declaração do oráculo de
Delfos a seu amigo Querefonte, de que ele (Sócrates) era o mais sábio dos
homens, que ele entendera que se assim era, seria por ele saber que nada sabia.
Considerando então, que "essa consciência da ignorância sobre coisas era
sinal e começo da autoconsciência, pôs-se a ensinar aos jovens a pensar por si,
partindo do conhecimento de si mesmo dizia Sócrates ser orientado por seu
daimon (demônio), provavelmente seu Espírito Guia e Protetor.
Seu método de ensino era conversar com alguém que poderia tornar-se seu
discípulo, e através das questões propostas, levá-lo a formular suas próprias
idéias. Assim, o interlocutor-discípulo era conduzido a ser ele mesmo e não
aceitar o que sua consciência repelia. Sócrates procurava auxiliar as pessoas
na concepção de idéias próprias, conseguindo assim, conhecer-se a si próprio,
como prescrevia a inscrição do templo de Delfos e de fazer de si próprio o
ponto de partida.
Condenado, por perverter a juventude, a beber cicuta, desencarnou em 399
A C. PLATÃO nasceu em Atenas em 428 A C. e morreu em 348 A C.. Viveu entre a
fase áurea da democracia ateniense e o final do período helênico.
Foi discípulo de Sócrates, ao qual considerava " o mais sábio e o
mais justo dos homens". Com ele aprendeu a necessidade de fundamentar
qualquer atividade em conceitos claros e seguros.
No próximo estudo iniciaremos o estudo de Kardec: Resumo da Doutrina de
Sócrates e Platão.
Escreveu muitas obras, iniciando seus primeiros “Diálogos"
geralmente chamados " diálogos socráticos" porque o principal
personagem era Sócrates. Em "Apologia de Sócrates" reproduz a defesa
feita pelo mesmo, diante da Assembléia que o julgou e o condenou. Em outros
Diálogos também fez defesa de Sócrates, mostrando que não era ímpio, nem
pervertia os jovens.
Em 387 A C. Platão funda em
Atenas a Academia, sua escola de investigação científica e filosófica,
importantíssima para a história do pensamento ocidental Platão foi assim, o
primeiro dirigente de uma instituição permanente, voltada para pesquisa.
Dentre suas muitas obras, lembramos República, onde apresenta uma
organização da cidade ideal, com o objetivo de que todos seus habitantes fossem
felizes.
No platonismo, a construção do conhecimento “é uma conjugação de
intelecto e emoção, de razão e vontade: a ciência é fruto de inteligência e de
amor."
Alguns dados sobre os essênios estão no livro A Grande Espera do
Espírito Eurípedes Barsanulfo, médium Corina Novelino; os dados sobre Sócrates
e Platão foram tirados dos volumes Sócrates e Platão da coleção Os Pensadores
da Editora Nova Cultural de São Paulo.
No próximo mês iniciaremos o estudo do Resumo da Doutrina de Sócrates e
Platão, escrito por Allan Kardec, em prosseguimento ao estudo de O Evangelho
Segundo o Espiritismo.
Leda de Almeida Rezende Ebner
Abril/2002
Centro Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
Ribeirão Preto (SP)
Ribeirão Preto (SP)
O CENTRO ESPÍRITA BATUIRA
esclarece que permanece divulgando os estudos elaborados pela Sra Leda de
Almeida Rezende Ebner após o seu desencarne, com a devida AUTORIZAÇÃO da
família e por ter recebido a DOAÇÃO DE DIREITOS AUTORIAIS, conforme registros
em livros de Atas das reuniões de diretoria deste Centro.
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