A Fé Ativa construindo uma Nova Era 8
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
Curas
(Allan Kardec, in “A Gênese” – cap. XIV, item 33)
A ação magnética
pode produzir-se de muitas maneiras:
1º pelo próprio
fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano,
cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2º pelo fluido dos
Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja
para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico
espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral
qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das
qualidades do Espírito 3;
3º pelos fluidos
que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse
derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem,
humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe
imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos
Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo
do magnetizador.
3 Exemplos: Revue
Spirite, fevereiro de 1863, pág. 64; - abril de 1865, pág. 113; - setembro de
1865, pág. 264.
Os Milagres do Evangelho (Allan
Kardec, in “A Gênese” – cap. XV)
Superioridade da natureza de Jesus
1. - Os fatos que
o Evangelho relata e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na
sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa
primária as faculdades e os atributos da alma.
Confrontando-os
com os que ficaram descritos e explicados no capítulo precedente,
reconhecer-se-á sem dificuldade que há entre eles identidade de causa e de
efeito. A História registra outros análogos, em todos os tempos e no seio de todos
os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas e desencarnadas, os
mesmos efeitos forçosamente se produziram. Pode-se, é certo, contestar, no que
concerne a este ponto, a veracidade da História; mas, hoje, eles se produzem às
nossas vistas e, por assim dizer, à vontade e por indivíduos que nada têm de
excepcionais. O só fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas,
basta para provar que ele é possível e se acha submetido a uma lei, não sendo,
portanto, miraculoso.
O princípio dos
fenômenos psíquicos repousa, como já vimos, nas propriedades do fluido
perispiritual, que constituí o agente magnético; nas manifestações da vida
espiritual durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente, no estado
constitutivo dos Espíritos e no papel que eles desempenham como força ativa da
Natureza.
Conhecidos estes
elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se, como consequência, de admitir
a possibilidade de certos fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía
uma origem sobrenatural.
2. - Sem nada
prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro
desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de
reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes,
muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que
produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas
missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para
cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que ele fosse o próprio Deus,
mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria
mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino.
Como homem, tinha
a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da
matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de
cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens
não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito,
que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da
parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (cap. XIV, nº 9). Sua alma,
provavelmente, não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente
indispensáveis.
Constantemente
desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de
excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens
comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que
dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos
lhe conferia imensa forca magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer
o bem.
Agiria como médium
nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não,
porquanto o médium é um intermediário, um instrumento de que se servem os
Espíritos desencarnados e o Cristo não precisava de assistência, pois que era
ele quem assistia os outros. Agia por si mesmo, em virtude do seu poder
pessoal, como o podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas
forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos
e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse só de
Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era médium de
Deus.
Sonhos
3. - José, diz o
Evangelho, foi avisado por um anjo, que lhe apareceu em sonho e que lhe
aconselhou fugisse para o Egito com o Menino. (S. Mateus, cap. II, vv. 19 -23.)
Os avisos por meio
de sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões.
Sem garantir a exatidão de todos os fatos narrados e sem os discutir, o
fenômeno em si mesmo nada tem de anormal, sabendo-se, como se sabe, que,
durante o sono, é quando o Espírito, desprendido dos laços da matéria, entra
momentaneamente na vida espiritual, onde se encontra com os que lhe são
conhecidos. É com frequência essa a ocasião que os Espíritos protetores
aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais
diretos.
São numerosos os
casos de avisos em sonho, porém, não se deve inferir daí que todos os sonhos
são avisos, nem, ainda menos, que tem uma significação tudo o que se vê em
sonho. Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de
interpretar os sonhos. (Cap. XIV, nos 27 e 28.)
Estrela dos magos
4. - Diz-se que
uma estrela apareceu aos magos que foram adorar a Jesus; que ela lhes ia à
frente indicando-lhes o caminho e que se deteve quando eles chegaram. (S.
Mateus, cap. II, vv. 1-12.)
Não se trata de
saber se o fato que S. Mateus narra é real, ou se não passa de uma figura
indicativa de que os magos foram guiados de forma misteriosa ao lugar onde
estava o Menino, dado que não há meio algum de verificação; trata-se de saber
se é possível um fato de tal natureza.
O que é certo é
que, naquela circunstância, a luz não podia ser uma estrela. Na época em que o
fato ocorreu, era possível acreditassem que fosse, porquanto então se cria
serem as estrelas pontos luminosos pregados no firmamento e suscetíveis de cair
sobre a Terra; não hoje, quando se conhece a natureza das estrelas.
Entretanto, por
não ter como causa a que lhe atribuíram, não deixa de ser possível o fato da
aparição de uma luz com o aspecto de uma estrela. Um Espírito pode aparecer sob
forma luminosa, ou transformar uma parte do seu fluido perispirítico em foco
luminoso. Muitos fatos desse gênero, modernos e perfeitamente autênticos, não
procedem de outra causa, que nada apresenta de sobrenatural. (Cap. XIV, nos 13
e seguintes.)
Dupla vista
Entrada de Jesus em Jerusalém
5. Quando eles se
aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, perto do Monte das Oliveiras,
Jesus enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: - Ide a essa aldeia que
está à vossa frente e, lá chegando, encontrareis amarrada uma jumenta e junto
dela o seu jumentinho; desamarrai-a e trazei-mos. - Se alguém vos disser
qualquer coisa, respondei que o Senhor precisa deles e logo deixará que os
conduzais. - Ora, tudo isso se deu, a fim de que se cumprisse esta palavra do
profeta: - Dizei à filha de Sião: Eis o teu rei, que vem a ti, cheio de doçura,
montado numa jumenta e com o jumentinho da que está sob o jugo. (Zacarias, cap.
IX, vv. 9 e 10.)
Os discípulos
então foram e fizeram o que Jesus lhes ordenara. - E, tendo trazido a jumenta e
o jumentinho, a cobriram com suas vestes e o fizeram montar. (S. Mateus, cap.
XXI, vv. 1 a 7.)
Beijo de Judas
6. - Levantai-vos,
vamos, que já esta perto daqui aquele que me há de trair. - Ainda não acabara
de dizer essas palavras e eis que Judas, um dos doze, chegou e com ele uma
tropa de gente armada de espadas e paus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes
e pelos anciãos do povo. - Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal para o
reconhecerem, dizendo-lhes: Aquele a quem eu beijar é esse mesmo o que
procurais; apoderai-vos dele. - Logo, pois, se aproximou de Jesus e lhe disse:
Mestre, eu te saúdo; e o beijou. - Jesus lhe respondeu: Meu amigo, que vieste
fazer aqui? Ao mesmo tempo, os outros, avançando, se lançaram a Jesus e dele se
apoderaram. (S. Mateus, cap. XXVI, vv. 46 a 50.)
Pesca milagrosa
7. - Um dia,
estando Jesus a margem do lago de Genesaré, como a multidão de povo o
comprimisse para ouvir a palavra de Deus, - viu ele duas barcas atracadas à
borda do lago e das quais os pescadores haviam desembarcado e lavavam suas
redes. - Entrou numa dessas barcas, que era de Simão, e lhe pediu que a
afastasse um pouco da margem; e, tendo-se sentado, ensinava ao povo de dentro
da barca.
Quando acabou de
falar, disse a Simão: Avança para o mar e lança as tuas redes de pescar. -
Respondeu-lhe Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda e nada apanhamos;
contudo, pois que mandas, lançarei a rede. - Tendo-a lançado, apanharam tão
grande quantidade de peixes, que a rede se rompeu. - Acenaram para os
companheiros que estavam na outra barca, a fim de que viessem ajudá-los. Eles
vieram e encheram de tal modo as barcas, que por pouco estas não se
submergiram. (S. Lucas, cap. V, vv. 1 a 7.)
Vocação de Pedro, André, Tiago, João e Mateus
8. - Caminhando ao
longo do mar da Galileia, viu Jesus dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André,
seu irmão, que lançavam suas redes ao mar, pois que eram pescadores; - e lhes
disse: Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens. - Logo eles deixaram
suas redes e o seguiram.
Daí, continuando,
viu ele dois outros irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que
estavam numa barca com Zebedeu, pai de ambos, os quais estavam a consertar suas
redes, e os chamou. - Eles imediatamente deixaram as redes e o pai e o
seguiram. (S. Mateus, cap. IV, vv. 18 a 22.)
Saindo dali, Jesus,
ao passar, viu um homem sentado à banca dos impostos, chamado Mateus, ao qual
disse:
Segue-me; e o
homem logo se levantou e o seguiu. (S. Mateus, cap. IV, v. 9.)
9. - Nada
apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conheça o poder da dupla
vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. Jesus a possuía em grau
elevado e pode dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o
atesta grande número de atos da sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os
fenômenos magnéticos e o Espiritismo.
A pesca
qualificada de miraculosa igualmente se explica pela dupla vista. Jesus não
produziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da
alma, como teria podido fazê-lo um lúcido vigil, o lugar onde se achavam os
peixes e disse com segurança aos pescadores que lançassem aí suas redes.
A acuidade do
pensamento e, por conseguinte, certas previsões decorrem da vista espiritual.
Quando Jesus chama a si Pedro, André, Tiago, João e Mateus, é que lhes conhecia
as disposições íntimas e sabia que eles o acompanhariam e que eram capazes de
desempenhar a missão que tencionava confiar-lhes. E mister se fazia que eles
próprios tivessem intuição da missão que iriam desempenhar para, sem hesitação,
atenderem ao chamamento de Jesus.
O mesmo se deu
quando, por ocasião da Ceia, ele anunciou que um dos doze o trairia e o
apontou, dizendo ser aquele que punha a mão no prato; e deu-se também, quando
predisse que Pedro o negaria.
Em muitos passos
do Evangelho se lê: «Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, lhes diz... »
Ora, como poderia ele conhecer os pensamentos dos seus interlocutores, senão
pelas irradiações fluídicas desses pensamentos e, ao mesmo tempo, pela vista
espiritual que lhe permitia ler-lhes no foro íntimo?
Muitas vezes,
supondo que um pensamento se acha sepultado nos refolhos da alma, o homem não
suspeita que traz em si um espelho onde se reflete aquele pensamento, um
revelador na sua própria irradiação fluídica, impregnada dele. Se víssemos o
mecanismo do mundo invisível que nos cerca, as ramificações dos fios condutores
do pensamento, a ligarem todos os seres inteligentes, corporais e incorpóreos,
os eflúvios fluídicos carregados das marcas do mundo moral, os quais, como
correntes aéreas, atravessam o espaço, muito menos surpreendidos ficaríamos
diante de certos efeitos que a ignorância atribui ao acaso. (Cap. XIV, nos 15,
22 e seguintes.)
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