O LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores)
Por
ALLAN KARDEC
Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos
os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o
desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem
encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO XIII
PSICOGRAFIA
Estudo 51 - Item 152 a 156
Psicografia Indireta
Neste capítulo sobre
a psicografia recordamos estudo sobre as mesas girantes.
Afirma Allan Kardec
na introdução do cap. XIII que a Ciência Espírita progrediu como todas as
outras e mais rapidamente que as outras, porque apenas alguns anos separam as
experiências por meios primitivos e incompletos chamadas, trivialmente, de
mesas falantes, das comunicações entre homens e Espíritos através da escrita
(psicografia) e da palavra (psicofonia).
A escrita tem a
vantagem de demonstrar de maneira mais material a intervenção de uma potência
oculta, deixando traços que podemos conservar, como fazemos com nossa
correspondência. O primeiro meio empregado foi o das pranchetas e das cestas
munidas de lápis. Vejamos a descrição que o Codificador faz desses processos:
Sabemos que uma
pessoa dotada de aptidão especial pode imprimir movimento de rotação a uma mesa
ou a outro objeto qualquer. Tomemos, em vez da mesa, uma cestinha de quinze a
vinte centímetros de diâmetro (de madeira ou de vime, a substância pouco
importa). Se fizermos passar pelo fundo dessa cesta um lápis e o prendermos
bem, com a ponta de fora e para baixo; se mantivermos o aparelho assim formado
em equilíbrio sobre a ponta do lápis, apoiado este sobre uma folha de papel, e
apoiarmos os dedos nas bordas da cesta, ela se porá em movimento; mas, em vez de
girar, fará que o lápis percorra, em diversos sentidos, o papel, traçando
riscos sem significação ou letras. Se um Espírito for evocado e, caso queira se
comunicar, ele responderá não por meio de pancadas, como na tiptologia, porém,
escrevendo palavras. O movimento da cesta já não é automático, como no caso das
mesas girantes, pois torna-se inteligente. Com esse dispositivo, o lápis, ao
chegar à extremidade da linha, não volta ao ponto de partida para começar
outra; continua a mover-se circularmente, formando uma espiral, tornando
necessário voltear muitas vezes o papel para se ler o que está grafado. Nem
sempre é muito legível a escrita assim feita, por não ficarem separadas as
palavras. Entretanto, o médium, por uma espécie de intuição, facilmente a decifra.
Por economia, o papel e o lápis comum podem ser substituídos por uma lousa com
o respectivo lápis.
Designaremos este
gênero de cesta pelo nome de cesta-pião.
Muitos outros
dispositivos se têm imaginado para a obtenção do mesmo resultado. O mais cômodo
é o a que chamaremos cesta de bico e que consiste em adaptar-se à cesta uma
haste inclinada, de madeira, prolongando-se dez a quinze centímetros para o
lado de fora, na posição do mastro numa embarcação.
Por um buraco aberto
na extremidade dessa haste, ou bico, passa-se um lápis bastante comprido para
que sua ponta assente no papel. Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o
aparelho todo se agita e o lápis escreve, como no caso anterior, com a
diferença, porém, de que, em geral, a escrita é mais legível, com as palavras
separadas e as linhas sucedendo-se paralelas, como na escrita comum, por poder
o médium levar facilmente o lápis de uma linha a outra. Obtêm-se assim
dissertações de muitas páginas, tão rapidamente como se se escrevesse com a
mão.
Ainda por outros
sinais inequívocos se manifesta amiúde a inteligência que atua. Chegando ao fim
da página, o lápis faz espontaneamente um movimento para virar o papel. Se ele
se quer reportar a uma passagem já escrita, na mesma página, ou noutra,
procura-a com a ponta do lápis, como qualquer pessoa o faria com a ponta do
dedo, e sublinha-a. Se, enfim, o Espírito quer dirigir-se a alguém, a
extremidade da haste de madeira se dirige para esse alguém. Por abreviar,
exprimem-se frequentemente as palavras sim e não, pelos sinais de afirmação e
negação que fazemos com a cabeça. Se o Espírito quer exprimir cólera, ou
impaciência, bate repetidas pancadas com a ponta do lápis e não raro a quebra.
Em vez de cesta,
algumas pessoas se servem de uma espécie de mesa pequenina, tendo de doze a
quinze centímetros de comprimento, por cinco a seis de altura, e três pés a um
dos quais se adapta um lápis. Os dois outros são arredondados, ou munidos de
uma bola de marfim, para deslizar mais facilmente sobre o papel. Outros se
utilizam apenas de uma prancheta de quinze a vinte centímetros quadrados,
triangular, oblonga, ou oval. Numa das bordas, há um furo oblíquo para
introduzir-se o lápis. Colocada em posição de escrever, ela fica inclinada e se
apoia por um dos lados no papel. Algumas trazem desse lado rodízios para lhe
facilitarem o movimento. E de ver-se, em suma, que todos esses dispositivos
nada têm de absoluto. O melhor é o que for mais cômodo.
Com qualquer desses
aparelhos quase sempre é preciso que os operadores sejam dois, mas não é
necessário que ambos sejam médium. Um serve unicamente para manter o equilíbrio
do aparelho e diminuir a fadiga do médium.
Concluímos esse
estudo relembrando a importância de revisar esses métodos, hoje ultrapassados,
mas que na época de seu surgimento chamaram a atenção dos homens para a
existência da realidade espiritual. As mesas girantes, cestinhas, pranchetas,
etc., representam o ponto de partida da Codificação Espírita e, por essa razão,
necessitamos recordar sua origem, seu modo de operar, e compreendendo seu
mecanismo, teremos elementos para a decifração de outros efeitos mais
complexos.
Ressalte-se que o
Espiritismo não inventou nem descobriu essas manifestações e que Allan Kardec,
ao deter-se sobre esses fenômenos, afirmaria mais tarde: ..."vislumbrei
naqueles fenômenos a chave do problema do passado e do futuro da Humanidade,
tão confuso e tão controvertido, a solução daquilo que eu havia buscado toda a
minha vida."
Bibliografia:
KARDEC,
Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap. XIII - 2ª
Parte
BIGHETTI,
Leda M. - Allan Kardec em Verdade e Luz: 1.ed. Capivari: EME (para USE Ribeirão
Preto - Edição Comemorativa ao Bicentenário de Allan Kardec) - 1ª Parte, pág 74
e 80.
Tereza
Cristina D'Alessandro
Outubro /
2005
Centro
Espírita Batuira
cebatuira@cebatuira.org.br
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