(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores) Contém o ensino especial dos Espíritos sobre a
teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o
Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os
escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.
SEGUNDA PARTE
CAPITULO VII MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS BICORPOREIDADE E
TRANSFIGURAÇÃO
Estudo 44 - Item 125 – Agênere
O que é um agênere? É
uma aparição em que o desencarnado se reveste de forma mais precisa, das
aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão ao observador,
que supõe ter diante de si um ser corpóreo.
Esse fato ocorre
devido à natureza e propriedades do perispírito que possibilitam ao Espírito,
por intermédio de seu pensamento e vontade, provocar modificações nesse corpo
espiritual a ponto de torná-lo visível. Há uma condensação (os Espíritos usam
essa palavra a título de comparação apenas) tal, que o perispírito, por meio
das moléculas que o constituem, adquire as características de um corpo sólido,
capaz de produzir impressão ao tato, deixar vestígios de sua presença,
tornar-se tangível, conservando as possibilidades de retomar instantaneamente
seu estado etéreo e invisível.
Para que um Espírito condense seu perispírito,
tornando-se um agênere, são necessárias, além da sua vontade, uma combinação de
fluidos afins peculiares aos encarnados, permissão, além de outras condições
cuja mecânica se desconhece. Nesses casos a tangibilidade pode chegar a tal
ponto que é possível ao observador tocar, palpar, sentir a resistência da
matéria, o que não impede que o agênere desapareça com a rapidez de um
relâmpago, através da desagregação das moléculas fluídicas.
Os seres que se apresentam
nessas condições não nascem e nem morrem como os homens; daí o nome: agênere - do grego: a privativo, e géine, géinomai, gerado: não gerado, ou seja, que não foi gerado.
Podendo ser vistos,
não se sabe de onde vieram, nem para onde vão. Não podem ser presos, agredidos,
visto que não possuem um corpo carnal. Desapareceriam, tão logo percebessem a
intenção diferente ou que os quisessem tocar, caso não o queiram permitir.
Os agêneres, embora
possam ser confundidos com os encarnados, possuem algo de insólito, diferente.
O olhar não possui a nitidez do olhar humano e, mesmo que possam conversar, a
linguagem é breve, sentenciosa, sem a flexibilidade da linguagem humana. Não
permanecem por muito tempo entre os encarnados, não podendo se tornar comensais
de uma casa, nem figurar como membros de uma família.
Transcrevemos a
seguir um exemplo extraído da Revista Espírita de 1859 - Fevereiro (EDICEL):
"Uma pobre
mulher estava na igreja de Saint-Roque em Paris, e pedia a Deus vir em ajuda de
sua aflição. Em sua saída da igreja, na rua Saint-Honoré, ela encontrou um
senhor que a abordou dizendo-lhe: "Minha brava mulher, estaríeis contente
por encontrar trabalho? - Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me
fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. - Pois bem! Ide em tal rua, em tal
número; chamareis a senhora T...; ela vo-lo dará." Ali continuou seu
caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado - Tenho,
com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não
chamei ninguém, como ocorre que vindes me procurar? A pobre mulher, percebendo
um retrato pendurado na parede, disse: - Senhora, foi esse senhor ali, que me
enviou. - Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o
retrato de meu filho, que morreu há três anos. - Não sei como isso ocorre, mas
vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde
fui pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me
enviou aqui.
O Espírito São Luiz
consultado a respeito, forneceu instruções muito interessantes:
* Reafirma: - não basta a vontade do Espírito; é
também necessário permissão para ocorrer o fenômeno.
* Existem, muitas vezes na Terra, Espíritos
revestidos dessa aparência.
* Podem pertencer à categoria de Espíritos elevados
ou inferiores.
* Têm as paixões dos Espíritos, conforme sua
inferioridade; se inferiores buscam prazeres inferiores; se superiores visam
fins elevados.
* Não podem procriar.
* Não temos meios de identificá-los, a não ser pelo
seu desaparecimento inesperado.
* Não têm necessidade de alimentação e não poderiam
fazê-la; seu corpo não é real.
Encerrando nosso
estudo sobre os agêneres, relembramos que, por mais extraordinário que possam
parecer, esses fatos se produzem dentro das leis da Natureza, sendo apenas
efeito e aplicação dessas mesmas leis. Recomendamos aos leitores continuem a
pesquisa sobre o tema nas Obras Básicas e na Revista Espírita, Fevereiro de
1859, 1860 e 1863.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VII - 2ª
Parte.
KARDEC, Allan - Revista Espírita - 1859 - Fevereiro: 1. ed. São Paulo: EDICEL, 1985.
Tereza Cristina D'Alessandro
Março / 2005
Março / 2005
Centro Espírita Batuira
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