O
LIVRO DOS MÉDIUNS
(Guia
dos Médiuns e dos Doutrinadores)
por
ALLAN KARDEC
Contém
o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de
manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento
da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática
do Espiritismo.
SEGUNDA
PARTE
DAS
MANIFESTAÇÕES ESPIRITAS
CAPITULO
XIV
OS
MÉDIUNS
Estudo 52 - Item 159
"Todo aquele que sente, num grau
qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium(...)".
Nesta definição, o verbo "sentir"
expressa a idéia básica sobre a mediunidade: um sentido psíquico, de ordem
paranormal, capaz de ampliar a capacidade do ser humano assegurando-lhe
condições de servir de instrumento para a comunicação do Mundo Espiritual com o
Mundo Material.
Allan Kardec também registrou:
"(...) Essa faculdade é inerente
ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que
não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos
são mais ou menos médiuns(...)".
A capacidade mediúnica é considerada uma percepção
inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos
mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral,
mas a moral do médium é que responde pelo seu uso. Ela é
simplesmente uma das funções psicofisiológicas do Homem, podendo ser enquadrada
como um dos sentidos que o Espírito encarnado utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se,
gradativamente, para a plenitude da Vida.
Continuando, Allan Kardec faz uma ressalva:
"(...) Usualmente, porém, essa
qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem
caracterizada, que se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que
depende de uma organização mais ou menos sensitiva.".
Com essa definição foi estabelecida uma linha
demarcatória entre os indivíduos capazes de agir no campo objetivo, favorecendo
a expressão do pensamento e da intenção dos Espíritos e aqueles que atuam num
campo subjetivo, expressando a manifestação dos Espíritos de forma imprecisa,
indefinida, muitas vezes sem consciência alguma dessas ocorrências.
Há, portanto, dois níveis funcionais bem
caracterizados: um, ostensivo, explícito, em que os pensamentos dos Espíritos
comunicantes, apesar da influência do médium, podem sobrepor-se ao deste; e,
outro, discreto, velado, a manifestar-se no campo da inspiração, em que o
pensamento do Espírito se mescla com o do médium, se diluindo no conjunto de
suas ideias.
Além dessa divisão funcional (de uso, serventia), o
Codificador ao estudar os fenômenos mediúnicos, os classificou em duas grandes
áreas bem diferenciadas: a mediunidade de efeitos físicos e a mediunidade de
efeitos inteligentes.
É necessário ressaltar que todas essas divisões têm
efeito metodológico, visando facilitar nosso entendimento, pois a
mediunidade é uma só, um todo, mas pode ser analisada em seus vários aspectos
funcionais, caracterizados como formas variadas de manifestação.
Apresentamos abaixo as divisões fenomênicas e
funcionais, identificadas por Allan Kardec ao estudar a faculdade mediúnica, e
que se encontram catalogadas em "O Livro dos Médiuns":
1. Fenômenos psíquicos:
1.1 - manifestações anímicas: o próprio médium se
manifestando
1.2 - manifestações mediúnicas: O Espírito
desencarnado se manifestando através de um médium.
2. Manifestações mediúnicas:
2.1 - manifestações de efeito físico: que tem poder
de provocar efeitos materiais ou as manifestações ostensivas (sensíveis aos 5
sentidos).
2.2 - manifestações de efeitos inteligentes: são
mais aptas a transmitir e receber as comunicações inteligentes.
3. Quanto à função / uso da
mediunidade:
3.1 – generalizada
3.2 - ostensiva (mediunato)
4. Quanto aos médiuns: (Este será o objeto de nossos estudos no
desenvolvimento do capítulo XIV de O Livro dos Médiuns, aqui estudado).
4.1 - de efeitos físicos: - São os mais aptos,
especialmente, à produção de fenômenos materiais, como o movimento de corpos
inertes, os ruídos, o deslocamento, o levantamento e a translação de objetos
etc. Estes fenômenos podem ser espontâneos ou provocados. Em todos os casos,
exigem o concurso voluntário ou involuntário de médiuns dotados de faculdades
especiais. Em geral, têm por agentes Espíritos de ordem inferior, uma vez que
os Espíritos elevados só se preocupam com comunicações inteligentes e
instrutivas.
Podem ser divididos em médiuns facultativos
e médiuns involuntários.
Os médiuns facultativos têm
consciência do seu poder e produzem fenômenos espíritas pela própria vontade.
Os médiuns involuntários ou naturais são
os que exercem a sua influência sem querer. Não tem nenhuma consciência do seu
poder e quase sempre o que acontece de anormal ao seu redor não lhes parece
estranho, porque essas coisas fazem parte da sua própria maneira de ser.
4.2 - de efeitos
intelectuais: Os que são mais especialmente aptos a receber e a transmitir as
comunicações inteligentes.
Analisando os diversos fenômenos produzidos sob
influência mediúnica, percebe-se que há em todos um efeito físico e que aos
efeitos físicos se junta quase sempre um efeito inteligente.
É, às vezes, difícil estabelecer o limite entre
ambos, mas isso não acarreta nenhuma dificuldade. Pode-se incluir na
classificação de médiuns de efeitos intelectuais os que podem mais
especialmente servir de instrumentos para as comunicações regulares e
contínuas.
Afirma Allan Kardec que a faculdade mediúnica não
se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, aptidão
especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, que os divide em tantas
variedades quantas são as espécies de manifestações. As principais são: médiuns
de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, auditivos, falantes,
videntes, sonâmbulos, curadores, pneumatógrafos, escreventes ou psicógrafos.
Através dessas divisões identificamos a seguinte
realidade: - Quantos não são médiuns sem o saberem? Quantos estão criando,
produzindo inconscientemente boas ou más obras? Se tal inconsciência se
prolonga, aumentam as chances de manipulação e assédio dos Espíritos
imperfeitos. Sabemos que moral elevada é barreira ao assédio, e passar da
condição de médium involuntário para facultativo, através da conscientização
que decorre do estudo e do viver adequado, deve ser meta de todo médium. A
mediunidade deve ser consentida, lúcida, forma de adesão ao trabalho da vida,
para que produza bons frutos em prol dos famintos do caminho.
Compreender a mediunidade por meio do estudo, do
exercício equilibrado, leva a perceber que, se não podemos nos furtar à
influência dos Espíritos, necessário é conscientizarmo-nos dela, a fim de nos
tornarmos seletivos, escolhendo as companhias espirituais adequadas,
transformando-nos no que Allan Kardec classificou de o Bom Médium!
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.
Ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap XIV - 2ª Parte.
NEVES, J.; AZEVEDO, G.; CALAZANS, N.; FERRAZ, J. In
"Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap.
1 - Conceitos. LEAL. 1ª edição. Salvador. 1994.
Tereza
Cristina D'Alessandro
Dezembro / 2005
Dezembro / 2005
Centro
Espírita Batuira
Ribeirão
Preto - SP
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