A Fé Ativa construindo uma Nova Era 10
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
Os Milagres
do Evangelho
(Allan Kardec, in “A Gênese” – cap. XV)
Curas
Cego de nascença
24. - Ao passar,
viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; - e seus discípulos lhe fizeram
esta pergunta: Mestre, foi pecado desse homem, ou dos que o puseram no mundo,
que deu causa a que ele nascesse cego? -
Jesus lhes
respondeu: Não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas, para que
nele se patenteie mas obras do poder de Deus. É preciso que eu faça as obras
daquele que me enviou, enquanto é dia; vem depois a noite, na qual ninguém pode
fazer obras. - Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Tendo dito isso,
cuspiu no chão e, havendo feito lama com a sua saliva, ungiu com essa lama os
olhos do cego – e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé, que significa
Enviado. Ele foi, lavou-se e voltou vendo claro.
Seus vizinhos e os
que o viam antes a pedir esmolas diziam: Não é este o que estava assentado e
pedia esmola?
Uns respondiam: É
ele; outros diziam: Não, é um que se parece com ele. O homem, porém, lhes
dizia: Sou eu mesmo. – Perguntaram-lhe então: Como se te abriram os olhos? -
Ele respondeu: Aquele homem que se chama Jesus fez um pouco de lama e passou
nos meus olhos, dizendo: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me e
vejo. - Disseram--lhe:
Onde está ele?
Respondeu o homem: Não sei.
Levaram então aos
fariseus o homem que estivera cego. - Ora, fora num dia de sábado que Jesus
fizera aquela lama e lhe abrira os olhos.
Também os fariseus
o interrogaram para saber como recobrara a vista. Ele lhes disse: Ele me pôs
lama nos olhos, eu me lavei e vejo. - Ao que alguns fariseus retrucaram: Esse
homem não é enviado de Deus, pois que não guarda o sábado. Outros, porém, diziam:
Como poderia um homem mau fazer prodígios tais? Havia, a propósito, dissensão
entre eles.
Disseram de novo
ao que fora cego: E tu, que dizes desse homem que te abriu os olhos? Ele
respondeu: Digo que é um profeta. - Mas, os judeus não acreditaram que aquele
homem houvesse estado cego e que houvesse recobrado a vista, enquanto não
fizeram vir o pai e a mãe dele - e os interrogaram assim: É este o vosso filho,
que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora vê? - O pai e a mãe
responderam: Sabemos que esse é nosso filho e que nasceu cego; - não sabemos,
porém, como agora vê e tampouco sabemos quem lhe abriu os olhos. Interrogai-o;
ele já tem idade, que responda por si mesmo.
Seu pai e sua mãe
falavam desse modo, porque temiam os judeus, visto que estes já haviam
resolvido em comum que quem quer que reconhecesse a Jesus como sendo o Cristo
seria expulso da sinagoga. - Foi o que obrigou o pai e a mãe do rapaz a
responderem: Ele já tem idade; interrogai-o.
Chamaram segunda
vez o homem que estivera cego e lhe disseram: Glorifica a Deus; sabemos que
esse homem é um pecador. Ele lhes respondeu: Se é um pecador, não sei, tudo o
que sei é que estava cego e agora vejo. - Tornaram a perguntar-lhe: Que te fez
ele e como te abriu os olhos? - Respondeu o homem: Já vo-lo disse e bem o
ouvistes; por que quereis ouvi-lo segunda vez? Será que queirais tornar-vos
seus discípulos? - Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: Sê tu
seu discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. - Sabemos que Deus
falou a Moisés, ao passo que este não sabemos donde saiu.
O homem lhes
respondeu: É de espantar que não saibais donde ele é e que ele me tenha aberto
os olhos. - Ora, sabemos que Deus não exalça os pecadores; mas, àquele que o
honre e faça a sua vontade, a esse Deus exalça. – Desde que o mundo existe,
jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. -
Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de tudo o que
tem feito.
Disseram-lhe os
fariseus: Tu és todo pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a
nós? E o expulsaram. (S. João, cap. IX, vv. 1 a 34.)
25. - Esta
narrativa, tão simples e singela, traz em si evidente o cunho da veracidade.
Nada aí há de fantasista, nem de maravilhoso. É um cena da vida real apanhada
em flagrante. A linguagem do cego é exatamente a desses homens simples, nos
quais o bom-senso supre a falta de saber e que retrucam com bonomia aos
argumentos de seus adversários, expendendo razões a que não faltam justeza, nem
oportunidade. O tom dos fariseus, por outro lado, é o dos orgulhosos que nada admitem acima de suas
inteligências e que se enchem de indignação à só ideia de que um homem do povo
lhes possa fazer observações. Afora a cor local dos nomes, dir-se-ia ser do
nosso tempo o fato.
Ser expulso da
sinagoga equivalia a ser posto fora da Igreja. Era uma espécie de excomunhão.
Os espíritas, cuja doutrina é a do Cristo de acordo com o progresso das luzes
atuais, são tratados como os judeus que reconheciam em Jesus o Messias.
Excomungando-os, a Igreja os põe fora de seu seio, como fizeram os escribas e
os fariseus com os seguidores do Cristo. Assim, aí está um homem que é expulso
porque não pode admitir seja um possesso do demônio aquele que o curara e
porque rende graças a Deus pela sua cura!
Não é o que fazem
com os espíritas? Obter dos Espíritos salutares conselhos, a reconciliação com
Deus e com o bem, curas, tudo isso é obra do diabo e sobre os que isso
conseguem lança-se anátema. Não se têm visto padres declararem, do alto do
púlpito, que é melhor uma pessoa conservar-se incrédula do que recobrar a fé
por meio do Espiritismo? Não há os que dizem a doentes que estes não deviam ter
procurado curar-se com os espíritas que possuem esse dom, porque esse dom é
satânico? Não há os que pregam que os necessitados não devem aceitar o pão que
os espíritas distribuem, por ser do diabo esse pão? Que outra coisa diziam ou
faziam os padres judeus e os fariseus? Aliás, fomos avisados de que tudo hoje
tem que se passar como ao tempo do Cristo.
A pergunta dos
discípulos: Foi algum pecado deste homem que deu causa a que ele nascesse cego?
Revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do
contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa
de uma enfermidade de nascença, se cometido antes do nascimento, portanto, numa
existência anterior. Se Jesus considerasse falsa semelhante ideia, ter-lhes-ia
dito: « Como houvera este homem podido pecar antes de ter nascido? » Em vez
disso, porém, diz que aquele homem estava cego, não por ter pecado, mas para
que nele se patenteasse o poder de Deus, isto é, para que servisse de
instrumento a uma manifestação do poder de Deus. Se não era uma expiação do
passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto
Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade.
Quanto ao meio
empregado para a sua cura, evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva
e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser pela ação do fluido curativo
de que fora impregnada. É assim que as mais insignificantes substâncias, como a
água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação
do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se
quiserem, de reservatório.
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