A Fé Ativa construindo uma Nova Era 11
Módulo/Eixo Temático: A Fé Ativa
Os Milagres
do Evangelho
(Allan Kardec, in “A Gênese” – cap. XV)
Curas
Numerosas curas operadas por Jesus
26. - Jesus ia por
toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e
curando todos os langores e todas as enfermidades no meio do povo. - Tendo-se a
sua reputação espalhado por toda a Síria; traziam-lhe os que estavam doentes e
afligidos por dores e males diversos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos
e ele a todos curava. - Acompanhava-o grande multidão de povo da Galileia, de
Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além Jordão. (S. Mateus, cap. IV, vv.
23, 24, 25.)
27. - De todos os
fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há
contestar, as curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o
daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à
curiosidade dos indiferentes, por meio de coisas extraordinárias.
Aliviando os
sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais
numerosos e sinceros, do que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os
olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que se se limitasse a produzir
surpreendentes fatos materiais, conforme os fariseus reclamavam, a maioria das
pessoas não teria visto nele senão um feiticeiro, ou um mágico hábil, que os
desocupados iriam apreciar para se distraírem.
Assim, quando João
Batista manda, por seus discípulos, perguntar-lhe se ele era o Cristo, a sua resposta
não foi:« Eu o sou», como qualquer impostor houvera podido dizer. Tampouco lhes
fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas; responde-lhes simplesmente: «Ide
dizer a João: os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o
Evangelho é anunciado aos pobres. »
O mesmo era que
dizer: «Reconhecei-me pelas minhas obras; julgai da árvore pelo fruto»,
porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua missão divina.
28. - O
Espiritismo, igualmente, pelo bem que faz é que prova a sua missão providencial.
Ele cura os males físicos, mas cura, sobretudo, as doenças morais e são esses
os maiores prodígios que lhe atestam a procedência. Seus mais sinceros adeptos
não são os que se sentem tocados pela observação de fenômenos extraordinários,
mas os que dele recebem a consolação para suas almas; os a quem liberta das
torturas da dúvida; aqueles a quem levantou o ânimo na aflição, que hauriram
forças na certeza, que lhes trouxe, acerca do futuro, no conhecimento do seu
ser espiritual e de seus destinos. Esses os de fé inabalável, porque sentem e
compreendem.
Os que no
Espiritismo unicamente procuram efeitos materiais, não lhe podem compreender a
força moral. Daí vem que os incrédulos, que apenas o conhecem através de
fenômenos cuja causa primária não admitem, consideram os espírita meros
prestidigitadores e charlatães. Não será, pois, por meio de prodígios que o
Espiritismo triunfará da incredulidade será pela multiplicação dos seus
benefícios morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem os prodígios,
não menos certo é que conhecem, como toda gente, o sofrimento e as aflições e
ninguém recusa alívio e consolação.
Possessos
29. - Vieram em
seguida a Cafarnaum e Jesus, entrando primeiramente, em dia de sábado, na
sinagoga, os instruía. - Admiravam-se da sua doutrina, porque ele os instruía
como tendo autoridade e não como os escribas.
Ora, achava-se na
sinagoga um homem possesso de um Espírito impuro, que exclamou: - Que há entre
ti e nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de
Deus. - Jesus, porém, falando-lhe ameaçadoramente, disse: Cala-te e sai desse
homem. - Então, o Espírito impuro, agitando o homem em violentas convulsões,
saiu dele.
Ficaram todos tão
surpreendidos que uns aos outros perguntavam: Que é isto? Que nova doutrina é
esta? Ele dá ordem com império, até aos Espíritos impuros, e estes lhe
obedecem. (S. Marcos, cap. I, vv. 21 a 27.)
30. - Tendo eles
saído, apresentaram-lhe um homem mudo, possesso do demônio. - Expulso o demônio
o mudo falou e o povo, tomado de admiração, dizia: Jamais se viu coisa
semelhante em Israel.
Mas os fariseus,
ao contrário, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios.
(S. Mateus, capítulo IX, vv. 32 a 34.)
31. - Quando ele
foi vindo ao lugar onde estavam os outros discípulos, viu em torno destes uma
grande multidão de pessoas e muitos escribas que com eles disputavam. - Logo
que deu com Jesus, todo o povo se tomou de espanto e temor e correram todos a
saudá-lo.
Perguntou ele
então: Sobre que disputáveis em assembleia? - Um homem, do meio do povo,
tomando a palavra, disse: Mestre, trouxe-te meu filho, que está possesso de um
Espírito mudo; - em todo lugar onde dele se apossa, atira-o por terra e o
menino espuma, rilha os dentes e se torna todo seco. Pedi a teus discípulos que
o expulsassem, mas eles não puderam.
Disse-lhes Jesus:
Oh! Gente incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei?
Trazei-mo.
Trouxeram-lho e
ainda não havia ele posto os olhos em Jesus, e o Espírito entrou a agitá-lo
violentamente; ele caiu no chão e se pôs a rolar espumando.
Jesus perguntou ao
pai do menino: Desde quando isto lhe sucede? - Desde pequenino, diz o pai. - E
o Espírito o tem lançado, muitas vezes, ora à água, ora ao fogo, para fazê-lo
perecer; se alguma coisa puderes, tem compaixão de nós e socorre- nos.
Respondeu-lhe
Jesus: Se puderes crer, tudo é possível àquele que crê. - Logo exclamou o pai
do menino, banhado em lágrimas: Senhor, creio, ajuda-me na minha incredulidade.
Jesus, vendo que o
povo acorria em multidão, falou em tom de ameaça ao Espírito impuro,
dizendo-lhe: Espírito surdo e mudo sai desse menino e não entres mais nele. -
Então, o Espírito, soltando grande grito e agitando o menino em violentas
convulsões, saiu, ficando como morto o menino, de sorte que muitos diziam que
ele morrera. - Mas Jesus, tomando-lhe as mãos e amparando-o, fê-lo levantar-se.
Quando Jesus
voltou para casa, seus discípulos lhe perguntaram, em particular: Por que não
pudemos nós expulsar esse demônio? - Ele respondeu: Os demônios desta espécie
não podem ser expulsos senão pela prece e pelo jejum. (S. Marcos, cap. IX, vv.
13 a 28.)
32. -
Apresentaram-lhe então um possesso cego e mudo e ele o curou, de modo que o
possesso começou a falar e a ver: - Todo o povo ficou presa de admiração e dizia:
Não é esse o filho de David?
Mas os fariseus,
isso ouvindo, diziam: Este homem expulsa os demônios com o auxílio de Belzebu,
príncipe dos demônios.
Jesus,
conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino que se dividir contra si
mesmo será arruinado e toda cidade ou casa que se divide contra si mesma não
pode subsistir. - Se Satanás expulsa a Satanás, ele está dividido contra si
mesmo, como, pois, o seu reino poderá subsistir? - E, se é por Belzebu que eu
expulso os demônios, por quem os expulsarão vossos filhos? Por isso, eles
próprios serão os vossos juízes. - Se eu expulso os demônios pelo Espírito de
Deus, é que o reino de Deus veio até vós. (S. Mateus, cap. XII, 22 a 28.)
33. - Com as
curas, as libertações de possessos figuram entre os mais numerosos atos de
Jesus. Alguns há, entre os fatos dessa natureza, como os acima narrados, no nº
30, em que a possessão não é evidente. Provavelmente, naquela época, como ainda
hoje acontece, atribuía-se à influência dos demônios todas as enfermidades cuja
causa se não conhecia, principalmente a mudez, a epilepsia e a catalepsia.
Outros há, todavia, em que nada tem de duvidosa a ação dos maus Espíritos,
casos esses que guardam com os de que somos testemunhas tão frisante analogia,
que neles se reconhecem todos os sintomas de tal gênero de afecção. A prova da
participação de uma inteligência oculta, em tal caso, ressalta de um fato
material: são as múltiplas curas radicais obtidas, nalguns centros espíritas,
pela só evocação e doutrinação dos Espíritos obsessores, sem magnetização, nem
medicamentos e, muitas vezes, na ausência do paciente e a grande distância
deste. A imensa superioridade do Cristo lhe dava tal autoridade sobre os
Espíritos imperfeitos, chamados então demônios, que lhe bastava ordenar se retirassem
para que não pudessem resistir a essa injunção. (Cap. XIV, nº 46.)
34. - O fato de
serem alguns maus Espíritos mandados meter-se em corpos de porcos é o que pode
haver de menos provável. Aliás, seria difícil explicar a existência de tão
numeroso rebanho de porcos num país onde esse animal era tido em horror e
nenhuma utilidade oferecia para a alimentação. Um Espírito, porque mau, não
deixa de ser um Espírito humano, embora tão imperfeito que continue a fazer
mal, depois de desencarnar, como o fazia antes, e é contra todas as leis da
Natureza que lhe seja possível fazer morada no corpo de um animal. No fato,
pois, a que nos referimos, temos que reconhecer a existência de uma dessas
ampliações tão comuns nos tempos de ignorância e de superstição; ou, então,
será uma alegoria destinada a caracterizar os pendores imundos de certos
Espíritos.
35. - Parece que,
ao tempo de Jesus, eram em grande número, na Judéia, os obsidiados e os
possessos, donde a oportunidade que ele teve de curar a muitos. Sem dúvida, os
Espíritos maus haviam invadido aquele país e causado uma epidemia de
possessões. (Cap. XlV, nº 49.)
Sem apresentarem
caráter epidêmico, as obsessões individuais são muitíssimo frequentes e se
apresentam sob os mais variados aspectos que, entretanto, por um conhecimento
amplo do Espiritismo, facilmente se descobrem.
Podem, não raro,
trazer consequências danosas à saúde, seja agravando afecções orgânicas já
existentes, seja ocasionando-as. Um dia, virão a ser, incontestavelmente,
arroladas entre as causas patológicas que requerem, pela sua natureza especial,
especiais meios de tratamento. Revelando a causa do mal, o Espiritismo rasga
nova senda à arte de curar e fornece à Ciência meio de alcançar êxito onde até
hoje quase sempre vê malogrados seus esforços, pela razão de não atender à
primordial causa do mal. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)
36. - Os fariseus
diziam que por influência dos demônios é que Jesus expulsava os demônios;
segundo eles, o bem que Jesus fazia era obra de Satanás; não refletiam que, se
Satanás expulsasse a si mesmo, praticaria rematada insensatez. É de notar-se
que os fariseus daquele tempo já pretendessem que toda faculdade transcendente
e, por esse motivo, reputada sobrenatural, era obra do demônio, pois que, na
opinião deles, era do demônio que Jesus recebia o poder de que dispunha. É esse
mais um ponto de semelhança daquela com a época atual e tal doutrina é ainda a
que a Igreja procura fazer que prevaleça hoje, contra as manifestações
espíritas 4.
4 Nem todos os
teólogos, porém, adotam opiniões tão absolutas sobre a doutrina demoníaca. Aqui
está uma cujo valor o clero não pode contestar, emitida por um eclesiástico,
Monsenhor Freyssinous, bispo de Hermópolis, na seguinte passagem das suas
Conferências sobre a religião, tomo 2º, pág. 341 (Paris, 1825): "Se Jesus
operasse seus milagres pelo poder do demônio, este houvera trabalhado pela
destruição do seu império e teria empregado contra si próprio o seu poder.
Certamente, um demônio que procurasse destruir o reinado do vício para
implantar o da virtude, seria um demônio muito singular. Eis porque Jesus, para
repelir a absurda acusação dos judeus, lhes dizia: "Se opero prodígios em
nome do demônio, o demônio está dividido consigo mesmo, trabalha,
conseguintemente, por se destruir a si próprio!" resposta que não admite
réplica. É precisamente o argumento que os espíritas opõem aos que atribuem ao
demônio os bons conselhos que os Espíritos lhes dão. O demônio agiria então
como um ladrão profissional que restituísse tudo o que houvesse roubado e
exortasse os outros ladrões a se tornarem pessoas honestas.
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